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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Natal dos primeiros cristãos

Na página do SNPC há uma entrada do Fr. Isidro Lamelas sobre o Natal dos primeiros cristãos que quero partilhar com os leitores deste blogue. A forma como os padres da Igreja o viviam e como reflectiram sobre o sentido do nascimento do Menino Deus é uma fonte de inspiração para os cristãos do século XXI viverem em profundidado este Mistério Natalício. (Ler mais em http://www.snpcultura.org/natal_primeiros_cristaos.html)

Cito alguns excertos:
«No firmamento brilhou uma estrela maior do que todas as outras! A sua luz era indescritível. A sua novidade causou estranheza. Mas todos os demais astros, incluindo o Sol e a Lua, fizeram coro à Estrela. Esta, porém, ia arremessando a sua luz por sobre todos os demais. Houve, por isso, agitação. Donde lhes viria tão estranha novidade? Desde então, desfez-se toda a magia; suprimiram-se todas as algemas do mal. Dissipou-se toda a ignorância; o primitivo reino corrompeu-se, quando Deus se manifestou humanamente para a novidade de uma vida eterna».

« (...)que aprendamos a tornar-nos ricos nele que se fez pobre por nós; que busquemos nele a liberdade, tendo Ele mesmo assumido por nós a condição de servo; que entremos na posse do céu, tendo Ele por nós surgido da terra».

«Jesus é o novo sol que atravessa as paredes, invade os infernos, perscruta os corações. Ele é o novo sol que com os seus espíritos faz reviver o que está morto, restaura o que está velho, levanta o que está decadente e purifica ainda, com o seu calor, aquilo que é impuro, aquece o que está frio e consome o que o que não presta».

«Preparemo-nos pois, irmãos, para acolher o natal do Senhor, adornemo-nos com vestes puras e elegantes! Falo, claro está, das vestes da alma, não do corpo… Adornemo-nos não com seda, mas com obras boas! Pois as vestes elegantes ornam o corpo, mas não podem adornar a consciência; pois seria muito vergonhoso trazer sob elegantes vestes elegantes, uma consciência contaminada. Procuremos acima de tudo embelezar os nossos afetos íntimos, e poderemos então vestir belas roupas; lavemos as manchas da alma para usarmos dignamente roupas elegantes! »

«Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis. Tudo isto para que a fraqueza se tornasse forte e a prepotência se tornasse fraqueza. Por isso, não só não menosprezamos, mas mais admiramos o seu nascimento corporal e reconhecemos neste acontecimento quanto a sua imensa dignidade se humilhou por nós».

ALELUIA

postal de Natal do SNPC 2011
poema inédito de Jorge Sousa Braga, fotografia de Rui Aleixo

O Advento dos Cristãos

Se o Advento não for, concretamente, tempo de preparação da vinda de Cristo, mentimo-nos como cristãos, traímos o anúncio da Boa-Nova. E preparar a vinda de Cristo implica tentar todos os dias, cada dia, pôr o Evangelho na vida. Nós cristãos contentámo-nos, com um sacramentalismo que não andou de par com a leitura da Escritura. Explico-me: a falta de leitura da Palavra não nos abre às exigências concretas contidas nos Evangelhos ou nas epístolas. Somos cristãos de prática religiosa, rotineira ou cristãos vagamente vocacionados para um anúncio teórico e utópico da BoaNova. Somos sociologicamente bons burgueses, como os outros, esquecidos da nossa condição de batizados ou seja de portadores de uma mensagem de salvação, que é a de Cristo. (...) Como vamos nós anunciar, hoje, em Portugal,

Maria de Lourdes Belchior

imagem de Rui Aleixo para a Capela do Rato (dezembro 2011)

in SNPC 

A expectativa do mistério de Deus


Sentinelas que esperamos a aurora

Quando descobrimos nas nossas vidas a importância do mistério de Deus, entrámos em expectativa. A resposta que é dada a esta espera não consiste em satisfazê-la, mas em aprofundá-la mais. Aí alcançamos o que há de mais espantoso na relação do homem com o mistério de Deus: se este mistério se anuncia em nós, ele não suprime a carência que nos permitiu estarmos atentos a esta revelação. Se o mistério de Deus se revela a partir da expectativa, não é suprimindo a expectativa, é tornando-a mais quotidiana, mais permanente, mais necessária. Por exemplo, o amor não satisfaz a expectativa do amor, a aproximação da verdade não diminui a paixão da verdade. Bastar-nos-ia então estar apaixonados pela verdade para que a nossa vida fosse verdadeira, ser desejosos de amor para amar e ser amado, estar na expectativa do mistério de Deus para que Deus seja presente em nós?

A atitude espiritual que então seria a nossa consistiria em esperar a revelação de Deus mais do que pretender possuir as certezas dela. De qualquer modo, àqueles que estão pouco certos de estarem certos, é proposto serem, na noite, sentinelas que esperam a aurora. Não nos é pedido que tenhamos fé como se possuíssemos o mistério de Deus, mas que sejamos sentinelas que sabem que a noite é a noite e que esperam que a aurora será a aurora. Na paciência que precede o dia, estamos atentos a essa experiência espiritual do mistério de Deus em nós, e estamos dispensados de pronunciar o seu nome.

Mas nós lembramo-nos do seu nome, quando perdemos o rasto. Como é espantoso poder evocar a memória do seu nome, precisamente quando somos os seres do começo, há pouco anunciados. Talvez esteja aí o futuro da fé: Deus é sempre vindouro. Se não houvesse a noite e o dia, as idades e as estações, a alegria e o cansaço, teríamos a «fé dos anjos». A nossa fé é a do tempo do homem, da evidência da juventude à idade madura em que se descobre que a impaciência do tempo se tornou paixão da interioridade.

Sentinelas dessa madrugada que nasce entre nós… Atentos a essas palavras que não podemos pronunciar, que quereriam dizer tudo aquilo que somos e que se entregam num olhar, num silêncio, numa emoção contida. Sentinela do nosso ser que desperta, sentinela do outro, da sua felicidade, e sentinela junto da infelicidade do outro.

Tudo nos vem por reflexo, por eco, por transparência. Entre aquilo que ignoramos do infinito de Deus e aquilo que descobrimos de nós mesmos, nós penetramos no universo maravilhoso das correspondências. Captá-las quando elas passam é a contemplação de que somos capazes.

Bernard Feillet – Les arbres dans la mer. Paris, DDB, 2002, p.70-72.

domingo, 24 de julho de 2011

Um Papa aberto ao mundo da Arte

Discurso de Bento XVI na inauguração da exposição "O esplendor da verdade, a beleza da caridade"


Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Caros Amigos,

é para mim uma grande alegria encontrar-vos e receber a vossa homenagem criativa e multifacetada por ocasião do 60.º aniversário da minha ordenação sacerdotal. Sou-vos sinceramente grato pela vossa proximidade nesta ocasião tão significativa e importante para mim. Na celebração eucarística do passado 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo [dia do 60.º aniversário da ordenação sacerdotal de Bento XVI], agradeci ao Senhor pelo dom da vocação sacerdotal. Hoje agradeço-vos pela amizade e gentileza que me manifestastes. Saúdo cordialmente o Cardeal Angelo Sodano, decano do sacro Colégio [Cardinalício], e o Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, que, juntamente com os seus colaboradores organizaram esta singular manifestação artística, e agradeço-vos pelas palavras amáveis que me dirigiram. Endereço também a minha saudação a todos os presentes, de modo particular a vós, caros artistas, que acolhestes o convite para a apresentar uma criação vossa nesta mostra.

O nosso encontro de hoje, no qual tenho a alegria e a curiosidade de admirar as vossas obras, pretende ser uma nova etapa deste percurso de amizade e diálogo que estabelecemos a 21 de novembro de 2009, na Capela Sistina, um acontecimento que trago ainda gravado no coração. A Igreja e os artistas tornam a encontrar-se, a falar-se, a sustentar a necessidade de uma conversa que quer e deve tornar-se sempre mais intensa e articulada, mesmo para oferecer à cultura, sobretudo às culturas do nosso tempo, um exemplo eloquente de diálogo fecundo e eficaz, orientado para tornar este nosso mundo mais humano e mais belo.
Hoje apresentais-me o fruto da vossa criatividade, da vossa reflexão, do vosso talento, expressões dos variados âmbitos artísticos que representais: pintura, escultura, arquitetura, joalharia, fotografia, cinema, música, literatura e poesia. Antes de as admirar juntamente convosco, permiti-me que nos detenhamos um breve momento sobre o sugestivo título desta Exposição: “O esplendor da verdade, a beleza da caridade”. Precisamente na homilia da missa pro eligendo pontifice [eucaristia para a eleição pontifícia, em 18.4.2005, presidida por Bento XVI, então cardeal Joseph Ratzinger], comentei a bela expressão de São Paulo da Carta as Efésios “veritatem facientes in caritate” (4,15), e disse que “fazer a verdade na caridade” como uma fórmula fundamental da existência cristã. E acrescentei: “Em Cristo, coincidem verdade e caridade. Na medida em que nos aproximamos de Cristo, também na nossa vida, verdade e caridade fundem-se. A caridade sem verdade seria cega; a verdade sem caridade seria como "um címbalo que retine" (1 Cor 13, 1).”

É da união, eu diria da sinfonia, da perfeita harmonia de verdade e caridade, que emana a autêntica beleza, capaz de suscitar admiração, deslumbramento e alegria verdadeiras no coração dos homens. O mundo em que vivemos tem necessidade de que a verdade resplandeça e não seja ofuscada pela mentira ou pela banalidade; tem necessidade de que a caridade se incendeie e não seja vencida pelo orgulho e pelo egoísmo. Precisamos que a beleza da verdade e da caridade atinja o íntimo do nosso coração e o torne mais humano.
Caros amigos, gostaria de renovar a vós e a todos os artistas um apelo amigo e apaixonado: nunca separeis a criatividade artística da verdade e da caridade, nunca procureis a beleza longe da verdade e da caridade, mas com a riqueza do vosso génio, do vosso impulso criativo, sede sempre, com coragem, buscadores da verdade e testemunhos da caridade; fazei resplandecer a verdade nas vossas obras e fazei de modo que a sua beleza suscite no olhar e no coração de quem as admira o desejo e a necessidade de tornar bela e verdadeira a existência, toda a existência, enriquecendo-a daquele tesouro infalível, que faz da vida uma obra-prima e de cada homem um extraordinário artista: a caridade, o amor.

O Espírito Santo, artífice de toda a beleza que há no mundo, vos ilumine sempre e vos guie para a Beleza última e definitiva, que aquece a nossa mente e o nosso coração e que esperamos poder contemplar um dia em todo o seu esplendor. Uma vez mais, obrigado pela vossa amizade, pela vossa presença e por trazeres ao mundo um raio desta Beleza, que é Deus. De todo o coração vos concedo, aos vossos queridos e a todo o mundo da arte a minha Bênção Apostólica.

Bento XVI
Vaticano, 04.06.2011
Trad.: Rui Martins
in SNPC | 05.07.11 

Pensar a crise

Os Encontros do Lumiar (nas Monjas Dominicanas) do próximo ano vai abordar o tema Do Bom uso das Crises.

Programa:


15,30 H. CONFERÊNCIA
Seguida de debate e intervalo para o chá
EUCARISTIA

22 Out. É este o tempo de semear?
Serão as crises uma oportunidade?
P. Anselmo Borges

12 Nov. “Entre a dor e o riso”
Tempos interiores de mudança
Leonor Xavier e Alice Vieira

17 Dez. O elogio das crises de Fé
P. José Tolentino Mendonça

14 Jan. Da necessidade do caos para gerar
a estrela que dança
Uma conversa sobre economia
João Meneses

11 Fev. Crise e esperança no itinerário
espiritual de Etty Hillesum
P. Nélio Pita

10 Mar. A crise Pascal e a refiguração
do mundo
Isabel Allegro de Magalhães

12 Maio A crise como caminho para
a Sabedoria em José Augusto Mourão
Teresa Cruz

23 Jun. Viver no aberto de Deus e do mundo
P. José Tolentino Mendonça

25 -29 Jun. TARDES DE RETIRO
P. José Tolentino Mendonça


Num tempo em que escasseiam os mestres, não serão as crises os grandes mestres que têm alguma
coisa a ensinar-nos? É verdade que as crises representam, muitas vezes, aprendizagens interiores e históricas difíceis, para as quais raramente nos considerámos preparados. Mas não escutar, aturadamente, o que as crises nos dizem é desperdiçar uma oportunidade para aceder àquela profundeza que pode devolver sentido à vida.
Talvez precisemos compreender que, no decurso do nosso caminho, colectivo e pessoal, as crises nos
acontecem para que seja evitado algo pior. E pior o que é? Christiane Singer escreve: «O pior é ter tido a infelicidade de atravessar a vida sem naufrágios, é ter ficado apenas à superfície das coisas, ter dançado um enganador baile de máscaras, ter ficado a chapinhar na rasura do diz que diz, das meras aparências e nunca ter habitado uma vida que lhe pertencesse.»
Pe. José Tolentino de Mendonça

Contactos:
Mosteiro de Santa Maria
Quinta do Frade, à Praça Rainha Dª Filipa
1600-681 LISBOA
Tel.: 21 758 96 12
e-mail: monjas.op.lisboa@sapo.pt

Descansar sem "fechar para férias"

Vá para fora por dentro!
Tempo de férias, tempo de paragem. Tempo de passear, de ler, de fazer o que se quiser. Ir à praia, fazer uma viagem, ir visitar os amigos, encontrar alguém da família. Também pode ser um tempo para ficar simplesmente em casa, de arrumar tudo o que se foi acumulando ao longo do ano, de fazer limpezas a fundo, de pôr as coisas de novo em ordem. Talvez este ano seja mesmo um tempo em que muitos ficarão mais por casa.

“Vá para fora cá dentro!”, ouvimos nos anúncios de promoção do turismo em Portugal. Em tempo de crise, esta é capaz de ser mesmo uma grande oportunidade de passear mais no nosso país, de descobrir toda a sua beleza, por vezes ali mesmo ao virar da esquina. Oportunidade para valorizar a serenidade de dias com tempo, sem pressas.

Férias são sobretudo um tempo de descanso, de reparação, de ganhar forças. Por isso, talvez fosse bom encarar estes dias não com a urgência de conseguir encaixar tudo o que se ansiou e sonhou ao longo do ano de trabalho, mas com a expectativa do que nos pode trazer cada dia, deixando-nos levar sem pressas. Em que é que descansamos? O que é que nos descansa de verdade? Pensava como por vezes estamos tão cansados interiormente, tão dispersos, com tanto ruído, com tantas preocupações que nos consomem e tiram ânimo, liberdade, lucidez. Nada que uns dias na praia não resolvam, pensamos nós. Sim, é verdade, os dias na praia com certeza que ajudam a acalmar. Mas o verdadeiro descanso precisa também de uma paragem e de um reencontro interior.

“Vá para fora por dentro!”, este poderia ser o mote para umas férias de fundo, em que a paragem exterior é acompanhada por uma renovação interior. Fazer silêncio e ir abrandando os motores, deixando a poeira assentar, deixando vir ao de cima tudo o que vai ficando abafado com o imediato do dia a dia. Ordenar a vida, arrumar “a casa”, perceber o que me tem vindo a cansar ao longo do ano, perceber onde me encontro, onde descanso, onde me sinto em paz, e onde me sinto dividido. Dar tempo às limpezas internas, deixando o sol entrar bem por todos os poros. Isto sim, é descansar.

Atrevermo-nos a reservar uns dias das nossas férias para pararmos por dentro e descansarmos em Deus, é sem dúvida uma aposta ganha. Não se trata apenas de trazer Deus para as férias, trata-se de reservar um tempo para estar de férias sobretudo com Ele. Nem sempre a vida permite “este tempo”, mas cada um, segundo a sua realidade e as suas possibilidades, pode procurar como pôr este plano em prática, na certeza de que o “vá de férias por dentro” se pode sempre concretizar, por mais magro que seja o nosso orçamento de férias e por menos tempo que tenhamos apenas por nossa conta. Fazer um retiro de fim de semana em algum centro de espiritualidade? Fazer uma peregrinação? Fazer um retiro de silêncio de uma semana? Procurar uma abadia com hospedaria onde possa ter um tempo mais forte de oração e contemplação da natureza? Várias e diversas são as ofertas neste “nicho de mercado”, cada um deverá descobrir o “pacote turístico” que mais lhe convier. Trata-se de pôr a criatividade a funcionar e “partir” para um tempo e espaço tendo como principal bagagem nós próprios.

Encarar as férias como tempo para voltar ao essencial faz com que a nossa atenção fique mais desperta, a nossa sensibilidade mais apurada. Tudo passa a ocupar o lugar que lhe é devido e ficamos mais preparados para viver cada dia agradecidos, enfrentando com mais força as dificuldades que vão surgindo. O regresso ao dia a dia e ao trabalho será mais suave e com mais sentido.

Com estes dias pelo meio, as férias por fora ganham então outra dimensão: o mar na praia envolve-nos na sua imensidão, as montanhas onde fazemos caminhadas falam-nos do mistério da Criação; os jantares e petiscos com os amigos tornam-se espaços de partilha de vida; os dias passados na nossa terra trazem-nos à memória a nossa história; os dias de descanso passados em casa são de facto reparadores. E esta paz de fundo vai-se prolongando no regresso à vida do dia a dia, deixando a marca que nos faz ir percebendo quando devemos parar no meio das correrias, nos curtos espaços de tempo possíveis.

É o Senhor que nos diz “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11, 25-30)Pois é isso mesmo, aqui está um bom convite para estas férias!

Margarida Alvim
Fundação Evangelização e Culturas
In Agência Ecclesia, publicado por SNPC

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lucian Freud

Morreu um grande homem das artes, foi um marco na pintura do século XX. Chama-se Lucian Freud. A ele presto a minha homenagem e fico-lhe grato pelo contributo que deu ao mundo.

Ler aqui e aqui um artigo sobre a sua vida, obra e morte.

Ver trabalho de Lucian Freud no Porto

Uma das mais famosas pinturas de Lucian Freud, que morreu quarta-feira em Londres, está patente no Espaço Fundação EDP Porto até 23 de outubro, integrada na exposição «My Choice - Obras Selecionadas por Paula Rego na Colecção British Council».

Para conhecer melhor o trabalho de Lucian Freud, pode visitar algumas das suas obras aqui.

sábado, 2 de julho de 2011

Festival ao Largo 2011

O Verão está aí e com ele mais uma proposta cultural

Festival ao Largo 2011 - Exterior ao Teatro S. Carlos
30 Jun a 31 Jul

O Festival ao Largo promete animar as noites de Verão, transformando um dos seus largos mais emblemáticos num palco de excelência, com perto de duas dezenas de espectáculos de música sinfónica, coral-sinfónica e dança entre 30 de Junho e 31 de Julho, sempre às 22h e de entrada gratuita.

Programação Festival ao Largo 2011

30 Jun( 5ª F)
1001 Noites
Orquestra Gulbenkian
Susana Gaspar, soprano
Martin André, direcção musical

2 Jul( Sábado)
Polichinelo e O Amor Feiticeiro
Orquestra Gulbenkian
Patrycja Gabrel, soprano
Joana Nascimento, contralto
Mário João Alves, tenor
João Fernandes, baixo
Pedro Neves, direcção musical

4, 5 Jul( 2ª e 3ª F)
Músicas do Mundo - Canto Harmónico de Tuva
Ensemble TUVA (República de Tuva, Rússia)

7, 8 Jul( 5ª e 6ª F)
Estrelas e Planetas
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Jorge Vaz de Carvalho, barítono
Julia Jones, direcção musical

9, 10 Jul( Sábado e Domingo)
Noite Italiana
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Cesário Costa, direcção musical

13, 14 Jul( 4ª e 5ªF)
Diálogos, Piano & Percussão
Mário Laginha e Bernardo Sassetti, piano
Elizabeth Davis, Pedro Carneiro, percussão
Artur Pizarro e Vita Panomariovaite, piano

16, 17 Jul( Sábado e Domingo)
Baile Vienense
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Peter Guth, direcção musical

19 Jul(3ªF)
Noites de Ópera: Os Grandes Coros
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Kodo Yamagishi, piano
Giovanni Andreoli, direcção musical

22, 23 Jul( Sábado e Domingo)
Noites de Ópera: Grandes Aberturas
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Martin André, direcção musical

27, 28 Jul ( 4ª e 5ª F)
Uma coisa em forma de assim
Companhia Nacional de Bailado
Co-criação de 9 Coreógrafos
Música e Interpretação de Bernardo Sassetti (Piano)

30, 31 Jul( Sábado e Domingo)
Noite de Ronda
Companhia Nacional de Bailado
Olga Roriz, coreografia

S. Bento celebrado em Tibães: cultura no mosteiro

Mosteiro de Tibães evoca S. Bento com música, liturgia e cinema

O Mosteiro de S. Martinho de Tibães, na arquidiocese de Braga, realiza em julho a iniciativa "Mês de S. Bento".

As oito atividades culturais e religiosas, que resultam de uma parceria com a paróquia de Mire de Tibães e a Direção Regional de Cultura do Norte, visam evocar a memória e atualidade de um dos santos padroeiros da Europa, festejado liturgicamente a 11 de julho.

Os eventos têm entrada livre e gratuita, excepto o jantar para o qual é necessária inscrição (25 euros)

Programa

Dia 2
17h30: Concerto: Percursos da Polifonia Sacra (Curso de Licenciatura em Música da Universidade do Minho)

Dia 8
21h30: Cinema: “O Grande Silêncio” (ao ar livre, na plataforma do Claustro do Refeitório)

Dia 9
18h30: Concerto: Percursos dos tempos litúrgicos (Coro Gregoriano do Porto)

Dia 10
18h30: Vésperas I da solenidade de São Bento (presididas pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga)

20h00: Jantar de São Bento (preço de 25 Euros, por inscrição) (Restaurante “L’Éau Vive” de Tibães (ementa monástica, encontrada nos arquivos do Mosteiro de Tibães))

Dia 16
18h30: Concerto: Cappella Bracarensis

Dia 23
21h30: Cinema: “Dos homens e dos deuses” (ao ar livre, na plataforma do Claustro do Refeitório)
Nota: já se escreveu neste blogue sobre este filme. Quem puder ver, não perca a oportunidade!

Dia 24
18h00: Concerto: Capella Musical Cupertino de Miranda (no âmbito do Festival Internacional de Polifonia Portuguesa)

Noites de Verão nos Museus

Palácio de Seteais (nota: este palácio não consta no programa)
5.as à Noite nos Museus. Verão 2011
30 Junho a 8 Setembro 2011

Alguns Museus e Palácios do Instituto dos Museus e da Conservação de Lisboa, Porto, Guimarães e Évora
Horário: 18h00-23h00
Entrada gratuita (algumas actividades requerem pagamento)

Ler aqui o programa, datas e museus

O projecto conta com a abertura nocturna à quinta-feira de alguns Museus e Palácios do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC). Ao longo de 9 quintas-feiras, 13 espaços museológicos do IMC vão abrir as suas portas “fora de horas”, proporcionando aos visitantes experiências culturais únicas, numa atmosfera inovadora, que poderão incluir: visitas encenadas, espectáculos de música erudita e popular, dança e teatro.

Região de Lisboa: Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves; Museu de Arte Popular; Museu Nacional de Arqueologia; Museu Nacional de Arte Antiga; Museu do Chiado /Museu Nacional de Arte Contemporânea; Museu Nacional do Azulejo; Museu Nacional dos Coches; Palácio Nacional da Ajuda; Palácio Nacional de Mafra 

Porto: Museu Nacional Soares dos Reis 

Região Norte (Guimarães): Museu de Alberto Sampaio; Paço dos Duques

Poema português no Vaticano

O padre e poeta José Tolentino Mendonça é um dos 60 convidados para a homenagem dos artistas a Bento XVI, por ocasião do 60.º aniversário da sua ordenação sacerdotal que ocorreu a 29 de junho.

No encontro dos artistas com o Papa que vai decorrer esta segunda-feira, 4 de julho, no Vaticano, o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura vai estar presente com um poema, que apresentará pessoalmente a Bento XVI.


O Mistério está todo na infância
E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder

Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente

Qual de nós dois é a sombra do outro?
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore

O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura

A tradução para italiano que Bento XVI vai ler foi feita por Manuele Masini.

Tutto il mistero risiede nell’infanzia
E, finalmente, Dio ritorna
carico di intimità e d’imprevisto
i secoli ormai lo osservano dall’alto
umile misura di un orale silenzio
che credevamo destinato alla sconfitta

Ecco che Dio sale la scala ripida
che abbiamo ripetuto mille volte
e si trattiene in attesa senza nessuna impazienza
con la dolcezza di un agnello malato

Di noi due, chi sarà l’ombra dell’altro?
Anche se nessuna pietà conserverà le mappe
scenderemo quasi subito
smisurati e vuoti
come il tronco di un albero

Tutto il mistero risiede nell’infanzia:
è necessario che l’uomo segua
ciò che di più luminoso esiste
come fosse il fanciullo futuro

José Tolentino Mendonça
in SNPC

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Carta aberta dos cristãos LGBT para Bento XVI

foto: Teleny
O fórum europeu de grupos cristãos LGBT elaborou uma carta aberta a Bento XVI que apela ao respeito pelos direitos humanos e o respeito pela verdadeira integridade das pessoas LGBT.

Em 10 de Junho de 2011, o Fórum Europeu de grupos cristãos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Transexuais redigiu uma carta ao Papa Bento XVI apelando ao respeito pelos direitos humanos e da verdadeira "integridade pessoal" das pessoas LGBT. O Fórum representa 44 grupos cristãos de 23 países europeus.

Com esta carta, o Fórum pede ao Papa que uma posição clara contra a violência homofóbica e contra qualquer pressão das autoridades religiosas se submeter a "terapia reparadora", que muitas vezes causam danos psicológicos significativos.

A carta foi apresentada ao público na Conferência Europeia "As pessoas homossexuais e transexuais e as igrejas cristãs na Europa", organizado por ocasião da EuroPride Roma. A conferência, organizada pelo grupo "Nova Proposta", em Roma, com o apoio de grupos cristãos em colaboração com o Fórum Europeu, teve como palestrante John McNeil, um dos fundadores da teologia gay, excluído pela ordem dos jesuítas por causa da sua homossexualidade.

Segue-se uma tradução livre para português do documento:

Uma carta aberta dos cristãos LGBT para Bento XVI ter em atenção os direitos humanos

Santo Padre, nós apelamos que condene a violência contra Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgéneros e Transexuais (LGBT) e pedimos a colaboração de Sua Santidade para a descriminalização dos atos homossexuais no mundo.

O silêncio de Sua Santidade muitas vezes é interpretado por pessoas que cometem atos de violência, tortura e assassinato como um parecer favorável às suas ações.

Por exemplo, em janeiro deste ano, David Kato, um ativista na luta pelos direitos LGBT, foi brutalmente assassinado no Uganda.

A violência, tortura e assassinato contra as pessoas LGBT são frequentes em diferentes partes do mundo e que muitas vezes os seus actores parecem convencidos que estão a respeitar a vontade da Igreja Católica .

Esta convicção é reforçada pelo fato de que em dezembro de 2008, a Santa Sé se recusou a apoiar a Declaração da ONU sobre orientação sexual e identidade de género.

A Declaração contém um parágrafo que apela a todos os Estados a assegurar que a orientação sexual ou identidade de género não podem ser em qualquer circunstância, a base para a aplicação de sanções penais, incluindo execuções, prisões ou detenções.

Apelamos pois a Sua Santidade, que forneça informações claras a todos os cristãos sobre as passagens bíblicas que são usados ​​para tentar justificar esses atos abomináveis.

Tal como as medidas a favor da escravidão, os versos usados para apoiar o assassinato de pessoas envolvidas em atividades sexuais com pessoas do mesmo sexo não devem ser interpretados literalmente.

Existe ainda uma forma de pressão de alguns membros do clero da Igreja Católica de Roma para que os cristãos LGB se submetam a "terapias reparadoras" para mudar a sua orientação sexual. Esta estratégia da Igreja e o pedido para que as pessoas LGBT vivam na castidade são a causa de muitas tragédias, incluindo suicídios e estados graves de depressão entre aqueles que heroicamente tentam observar e seguir os ensinamentos da Igreja.

Além disso, de acordo com estudos recentes da psiquiatria e da psicologia, a orientação sexual não pode ser mudado e essas tentativas muitas vezes resultam em graves danos psicológicos. Além disso, uma vida de castidade não pode ser forçada aqueles que não se sente dentro de si esta vocação.

Para os cristãos LGBT não pode ser negado o direito fundamental de um relacionamento amoroso, independentemente do sexo da pessoa amada.

Porque a ciência provou que a homossexualidade é uma variante da sexualidade, pedimos esta evidência científica esteja incluída nos ensinamentos da Igreja.

Assim, solicitamos que Sua Santidade não dê mais como uma indicação de que as pessoas homossexuais devem submeter-se ao tratamento, mas sim que eles têm direito a uma vida que também inclui uma relação amorosa como um sinal de lealdade.

Os benefícios sociais e pessoais disto são: uma vida feliz, saúde mental, a capacidade de dar o seu melhor no trabalho e em ajudar os outros.

Viver de outra forma, muitas vezes se transforma numa triste existência com uma série de tratamentos psicológico e psiquiátrico desnecessários, perda da fé em Deus, na humanidade e no amor, como evidenciado pelas cartas frequentes e bons exemplos de cristãos LGBT.

Mundialmente, muitas lésbicas, gays, transgéneros e transexuais vivem relações baseadas no amor, na fidelidade e na assistência mútua.

Assim como em relações heterossexuais maduras, o amor é essencialmente uma experiência espiritual e também física. Infelizmente, por causa do preconceito e da desinformação, muitas pessoas associam o conceito de homossexualidade só o amor físico.

No que diz respeito à declaração de Sua Santidade, em dezembro de 2008, sobre a necessidade de proteger a humanidade como o ecossistema de uma floresta tropical, após a mesma metáfora, podemos dizer que as pessoas LGBT são menos numerosas, mas uma espécie que se encontra constantemente no ecossistema e, como sabemos, cada espécie é importante e necessária para assegurar um equilíbrio criado por Deus.

Pedimos-lhe que reconsidere a posição da Igreja sobre as relações entre as pessoas do mesmo sexo e sobre pessoas transexuais, além de apoiar a aceitação e bênção destas relações no seio da Igreja.

Fazemos um apelo a Sua Santidade para que deixe de exercer pressão sobre os católicos para votarem contra leis que reconheçam as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Relações entre pessoas do mesmo sexo ou com pessoas transexuais não são um perigo para a existência da família tradicional. Pelo contrário, vêem apoiar e reforçar os valores da família e do casamento. As pessoas LGBT representam apenas uma pequena percentagem da população, número que permanece constante ao longo dos tempos.

A experiência de não aceitação de jovens LGBT por parte de suas famílias e da Igreja, quase sempre leva a problemas no desenvolvimento de suas personalidades. As consequências são muitas vezes dramáticas e podem resultar, por exemplo, em tentativas desesperadas para entrar em casamentos heterossexuais, para mascarar a sua orientação sexual ou a escolher a vida religiosa, mesmo sem vocação.

Tendo em conta os motivos que temos apresentado, compreende-se como criar ambiente seguro e acolhedor, permitindo que as pessoas LGBT sejam elas próprios, é importante para a sociedade em geral.

O Catecismo da Igreja Católica diz que os homossexuais devem ser tratados com compaixão, respeito e sensibilidade. Respeito e sensibilidade deve ser concedido a todos, independentemente da orientação sexual ou identidade de género. Se fosse realmente assim, a compaixão não seria necessária. Os comportamentos e pontos de vista homofóbicos são particularmente dolorosos quando agitados por aqueles que se afirmam cristãs, seja seculares ou religiosos, e certamente não são uma forma de respeito.

Deus abençoe a Sua Santidade

Berlim, 7 de maio de 2011

Diane Xuereb (Holanda / Malta) - Dr. Michael Brinkschröder (Alemanha)

(Co-Presidentes dos Grupos do Fórum Europeu de Cristãos Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Transexuais em nome dos grupos membros)



Mais informações em: www.euroforumlgbtchristians.eu
in Portugalgay

Há espaço para a Cultura no contexto da Crise Financeira?

fotografia do espectáculo
Paixão de São João Hospitaleiro,

 uma produção do Teatro Nacional D. Maria

Cultura é essencial na crise
O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura considera que a cultura emerge como elemento fundamental na época de crise que Portugal está a viver.

«A cultura não é uma questão de dinheiro, mas dos valores e do núcleo estruturante daquilo que somos», frisou o padre José Tolentino Mendonça em declarações à Rádio Vaticano.

«Precisamente porque a época é de crise e dificuldades enormíssimas, precisamos de lembrar uns aos outros aquilo que é essencial. E a cultura ajuda-nos a descobrir o que é o mais importante», salientou.

O responsável reconhece que o discurso «vigoroso e inspirador» proferido pelo papa Bento XVI a 12 de maio de 2010 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, «trouxe um ânimo novo à Pastoral da Cultura em Portugal».

«A frase final com que ele acabou o seu discurso – “fazei coisas belas mas sobretudo transformai as vossas vidas em lugares de beleza” – é um desafio que cada um traz no seu coração como uma espécie de emblema e caminho.»

O poeta e biblista defende que «a cultura tem de ser não só um lugar esporádico da beleza, mas sobretudo um lugar onde a vida das mulheres e dos homens se torna a obra-prima e o lugar da afirmação do sentido e da epifania de Deus».

Referindo-se ao festival de cinema Festroia, que decorre em Setúbal entre 3 e 12 de junho, o responsável recorda que o certame «tem uma ligação histórica com a Igreja Católica».

«Alguns dos seus fundadores vinham da militância católica, que era também cultural», assinalou, lembrando que «em Portugal houve pessoas que tiveram uma paixão enorme pela divulgação, debate e exibição do melhor cinema, geração essa que está na origem do Festroia».

«Depois de se ter achado que o cinema ia morrer, hoje assistimos ao renascimento do interesse e ao aumento dos públicos, pelo menos em Portugal. O cinema tornou-se um espelho muito grande para perceber a condição humana e a cultura do nosso tempo, ao mesmo tempo que é um lugar muito especial, uma espécie de observatório, para traduzir os grandes valores éticos e da procura espiritual», afirmou.

A Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais está a «tentar renovar a presença da Igreja no mundo do cinema», prestando «uma atenção muito grande às iniciativas que existem em Portugal», nomeadamente com a «presença em festivais de cinema e através do diálogo com criadores».
Por outro lado, a Comissão «acompanha e sinaliza o melhor que se pode ver, valorizando a crítica cinematográfica, que durante anos esteve ausente», prioridade que a Igreja vê como um “serviço” para «ajudar a fazer uma interpretação de alguns dos mais importantes filmes».

Os secretariados nacionais da Pastoral da Cultura e das Comunicações Sociais da Igreja marcam presença desde há dois anos no IndieLisboa, festival internacional de cinema independente, e publicam semanalmente críticas sobre obras da Sétima Arte.

Rádio Vaticano / Rui Martins
© SNPC | 11.06.11 

Concerto de Música Renascentista na Praça de Londres

O Banquete

Um concerto de música Renascentista do grupo IL DOLCIMELO, com direcção de Isabel Monteiro
Local: Auditório da ig. S. João de Deus, Praça de Londres, Lisboa

18 de Junho de 2011 às 17h, com Entrada Livre

O simples e o complexo

Há uma estação no nosso caminho em que o simples e o complexo convivem numa harmonia que nos ajuda a perceber mais profundamente a promessa profética de que o lobo e o cordeiro passearão juntos. A verdade é que, por muito tempo, olhamos para essas realidades em contraposição. Orientamos a nossa vida no desejo de uma coisa ou de outra, numa visão balizada, tranquilamente dicotómica, por acreditarmos que o simples e o complexo são coisas bem distintas.

À primeira vista parece que fomos criados para verdades simples e só essas respondem cabalmente às expectativas do coração humano. Uns dirão que a razão disso repousa unicamente na nossa incurável necessidade de segurança, e que verdadeiramente nada é simples, nada se colhe até ao fim num vislumbre imediato, e que o caminho que todos fazemos é do simples (que tem de ser deixado) para alcançar o complexo (que é o fatal ponto de chegada). E dão como exemplo a infância, a idade das evidências. À medida que crescemos essas evidências empalidecem, desdobram-se, diferenciam-se, entreabrem-se, interrogam-se, dividem-se. O que parecia simples escapa-nos, num processo de complexificação que não dominamos completamente e que, em grande medida, acaba por se nos impor. Creio, porém, que a experiência de que o essencial é simples, e que de modo ainda mais simples se deixa acolher, nos acompanha até ao fim. Mas também sei que, como existe uma conversão do coração ao modo simples que a vida tem de se exprimir (pelo menos, em certas horas), precisamos de trabalhar o nosso coração para aceitar, como condição de autenticidade, a dicção complexa da vida.

Recordo aquela frase que Paulo de Tarso cunhou: «agora vemos como num espelho, e de maneira confusa». Isto é, todas as visões são provisórias e o nosso olhar não é senão  chamado à itinerância. O problema não é que o que nos tinham prometido ser simples depois se torna, sem aviso, complexo. Ou que o que esperávamos complexo se revela, desconcertantemente, simples. É necessário compreender, com humildade, que o problema não é da realidade, mas do modo como lidamos com ela. A questão é a da aprendizagem que o nosso olhar faz ou não faz do real.

Para quem a quiser ouvir, a vida lança-nos o desafio (a sugestão, a prece) de um amor sem posse. Não é o que sabíamos o mais importante, mas o que vamos sabendo. Não é o conhecimento armazenado de um dia que nos pode servir de mapa, mas a meditação do acontecer. Somos convocados para peregrinar, para aferir a profundidade no movimento, para vislumbrar através da incessante deslocação aquilo que permanece. O nosso olhar nem sempre aceita que é pobre, mas quando aceita, percebe finalmente aquilo que está dito num verso de Rainer Maria Rilke e em tantos outros lugares: «A pobreza é um grande brilho que vem de dentro...».

São de sabedoria as palavras do místico São João da Cruz: «Para chegares a saborear tudo,/não queiras ter gosto em coisa alguma.//Para chegares a possuir tudo,/não queiras possuir coisa alguma.//Para chegares a ser tudo,/não queiras ser coisa alguma.//Para chegares a saber tudo,/não queiras saber coisa alguma.//Para chegares ao que queres,/hás de ir por onde não queres.//Para chegares ao que não sabes,/hás de ir por onde sabes.//Para ires ao que não possuis,/hás de ir por onde possuis.//Para chegares ao que não és,/hás de ir por onde és».

José Tolentino Mendonça
In Diário de Notícias (Madeira)
publicado in SNPC

domingo, 12 de junho de 2011

Horto Sereníssimo

uma das mais belas páginas de música dedicada à Virgem.

O vos omnes

In Paradisum

mais uma obra do Eurico Carrapatoso, do "Requiem à memória de Passos Manuel"

alleuia do Salmo CL

Entrevista a Eurico Carrapatoso

foto de Pascal Renoux

Eurico Carrapatoso e o insondável
Como reagiu quando lhe foi anunciado que a Igreja Católica em Portugal, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, o distinguiu com o prémio "Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes"?
Senti-me emocionado. O P. José Tolentino de Mendonça, poeta e pensador que tanto admiro, usou o telefone do meu querido amigo e mestre compositor João Madureira para me comunicar a distinção. Quando atendi a chamada, reconhecendo o número do João no visor do meu telemóvel, e depois de o saudar no ímpeto da nossa amizade secular, longe estava eu de que o motivo daquela chamada era, afinal, outro. Disse-me o João: tenho aqui ao pé de mim uma pessoa que te quer transmitir uma boa nova. Foi então que passou o telefone ao P. José. Nunca tínhamos falado pessoalmente. E a primeira conversa que teve comigo foi para me dizer que o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, em conjunto com outras distintas personalidades, me tinham considerado digno de receber o prémio "Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes". Apanhou-me desprevenido. Primeiro, corei de espanto. Depois, a emoção sincera.

Que importância atribui a esta distinção?
É uma distinção que prezo especialmente, pois consagra, de qualquer forma, a dimensão do insondável que eu sempre desejei, certamente, e seguramente, tentei, inocular naquilo que penso, que invento, que faço e que escrevo. O simples facto de sentir que aqueles que atravessam o século comigo têm recebido e descodificado esta mensagem, tantas vezes plasmada na minha obra de forma subliminar, é, só por si, uma manifestação de ressonância e de cumplicidade. É um doce ciclo de experiência humana que se consuma. Mas também tem o peso das coisas terríveis, no que esta palavra conserva etimologicamente: é grande e pesada a minha missão, responsabilizada agora e mais do que nunca pela volumetria dos mestres que receberam o prémio em anteriores edições: Adriano Moreira, Manoel de Oliveira, Maria Helena da Rocha Pereira, P. Luís Archer, Fernando Echevarria. Todos eles emitem o som cavo e inaudível que só as personalidades que navegam as águas profundas da subtileza parecem emitir. Sim: esse som cavo e appena sentito, que sempre adivinhei como um som semelhante ao do plasma eléctrico da espada do Darth Vader.
Bem sei que tenho barba branca e o cabelo, pouco que é, vai para mais que nevado. Mas tenho apenas 49 anos. Penso em Manoel de Oliveira. E coro de novo, perguntando-me que faço nesta galeria, e se não terá havido, por parte de quem me achou digno de receber o prémio, alguma precipitação.
Uma palavra para o P. Manuel Antunes, insigne pensador e pedagogo com tamanho legado, meu patrono espontâneo, a par de P. Luís Archer, ambos grandes jesuítas. Faço com eles uma viagem elíptica na minha vida, regressando ao Minho, ao Instituto Nun’Alvres, Caldinhas para os amigos, onde aprendi muito e bem. Respiro bem por aqui, por entre estes altos pinheiros do norte. Estou em óptima companhia, que é a Companhia de Jesus.

Que obras da sua autoria mais reflectem e manifestam o património cristão a nível cultural, artístico, bíblico e devocional?
Para não ser exaustivo, referiria três obras importantes na minha carreira. Aquele que considero ser o meu opus 1:Ciclo de Natal, de 1991. Este é um tema, aliás, que recorre na minha escrita, seja através de composições originais, como no caso referido, onde faço o tratamento dos célebres textos natalícios em latim, à guisa de motete, na depurada forma a-cappellaO magnum mysterium, Puer natus estVerbum carum factus est e Quem vidistis pastores?. Já vinha compondo desde 1987. Já escrevera, até, música mais façanhuda. Mas aqui, olhando para o presépio, ter-me-ei encontrado como compositor, no registo enxuto da sinceridade. O mestre, a inspiração, é o Mozart do Ave verum, onde o enigma que separa a simplicidade do meio da transcendência do fim é tamanha, que a coisa mais parece ser do foro de um saber alquímico. Mozart opera ali magia. Comove-nos, sejamos crentes ou ateus. Lembro-me com emoção, a este propósito, do êxtase de Fernando Lopes-Graça a escutar o meu Coral de Letras da Universidade do Porto num concerto realizado na igreja do Foco, na Cidade Invicta. Fazíamos, nesse concerto, reportório essencialmente seu. Mas quando começámos a cantar aquele licor mozartiano, Lopes-Graça elevou a cabeça para o alto e, enquanto as suas sobrancelhas oblíquas pareciam desenhar uma ogiva, os óculos embaciavam-se-lhe de emoção.
Em 1994 compus a minha primeira obra maior, com meios sinfónicos: In paradisum, para coro, quarteto vocal masculino e cordas, dedicada à doce memória de minha tia, Irmã Maria de Lourdes, que falecera em total ataraxia na Consoada de 1993. Data providencial, com algo de cíclico: morreu para renascer. A obra, para minha grande alegria, foi na altura, e tem vindo a ser desde então, interpretada em conjunto e na sequência do impalpávelRequiem de Fauré. Um pouco na linha desta obra, e citando o mestre francês, esta peça est d'un caractère doux comme moi-même. Fauré, outra das minhas grandes referências, tem uma visão mais introspectiva do que teatral. A minha leitura é também assim: íntima e serena.
Como já referi noutra ocasião, quando era criança, na fase de aprender as cores, minha mãe confrontou-me com a cor-de-rosa, cuja designação desconhecia. Depois de hesitar um pouco, disparei: isso é vermelho devagar. Seguindo este mote, este In paradisum é azul devagar. Tal como In paradisum, o Requiem à memória de Passos Manuel, composto dez anos depois, em 2004, que é uma extensão natural daquela obra, tendo com ela grandes afinidades, tem um tempo harmónico tendencialmente lento, que paira e produz uma sensação de textura lisa e fluente. Com excepção do Sanctus, que tem a energia dinâmica de um foguetão, com as tompas de capelo alçado, em registo éclatant, prevalece a sonoridade vaporosa da orquestração, criando um ambiente asséptico, andrógino e levemente enigmático. No último andamento, oIn paradisum propriamente dito, a música faz lembrar a inquietante imagem de São João Baptista no quadro A Virgem dos Rochedos, de Leonardo, assim indefinida, cheia de mistério, encoberta como está no sfumato dos harmónicos das cordas e no chiaroscuro das trompas mais a harpa. Esta atmosfera vaporosa como que paira na estratosfera. Cheira a ozono.
Poder-se-ia dizer que a música parte de ideias simples, de processos técnicos claros. A gramática é transparente. A concepção não pretende ser alta como o Everest. Nem sequer como a Serra da Estrela. Chega-lhe bem ter a altitude da minha amada Serra de Bornes: mais pequena, mas minha. Mais do que no tempo-curto das paixões humanas, tentei lançar estas minhas obras no tempo-longo, naquele tempo que emana do abismo dantesco sobre o Douro no Penedo Durão, perto de Freixo de Espada à Cinta, ou que ressalta dos magalitos do Cromeleque dos Almendres, ali ao pé de Évora, que estão no mesmo sítio há quatro milénios e lá permanecerão outros tantos, após todos nós – eu, que escrevo, e vós, que ledes - sermos varridos da face da terra, na voragem da morte.

Qual a composição da sua autoria que lhe é mais querida? Porquê?
Antes de individualizar uma obra, gostaria de referir que tenho três campos de acção composicional principais: a música para ou com crianças (a ópera A Floresta, sobre a história de Sophia de Mello Breyner Andresen, a cantata cénica O lobo Diogo e o mosquito Valentim, sobre a fábula de António Pires Cabral, O meu poemário infantil sobre texto de Violeta Figueiredo, e A arca do tesouro, sobre texto de Alice Vieira, minha última obra). Outro campo de acção importante é a harmonização da melodia popular portuguesa. Por questões matriciais de identidade, prezo especialmente este conjunto de peças que se constitui como uma espécie de projecto de vida. São já várias séries de harmonizações para coro a-cappella, que designo com o título genérico O que me diz o vento de… (até agora de Miranda, de Serpa, de Arganil, de Óbidos, daCalma que vai caindo, dos Trópicos e de Timor). É um projecto a que regresso sempre que estou desassossegado. Faz-me bem, aguçando-me o estilo, calibrando-me o lápis, oxigenando-me a alma. Vivemos numa época de agressiva globalização cultural segundo o execrável modelo pop anglo-saxónico. Portugal tem uma imensa e antiquíssima tradição poética, desde tempos trovadorescos, numa altura em que outras línguas se libertavam paulatinamente da guturalidade. Hoje a nossa identidade está em risco. Vivemos uma época de massificação. Ainda recentemente assistimos a um facto que comprova à saciedade esta subserviência cultural massificada e grotesca, com a RTP, o canal público televisivo, pago pelo dinheiro de todos nós, a dar um tempo de antena obsceno a uma cerimónia matrimonial anglicana que não nos diz minimamente respeito. A BBC e a casa real agradecem o pagamento dos direitos chorudos da transmissão televisiva, com certeza. E ainda levamos com esta merde* na abertura de todos os telejornais (*passando a gosseria, apenas estou citando Napoleão Bonaparte, que dizia que os ingleses, comerciantes indómitos, eram um povo com um jeito nato para o negócio, até da merde fazendo fortunas). Não há critério, tão pouco juízo crítico. Triunfou a pré-filosofia. A harmonização é um antídoto identitário. Nestas harmonizações de música popular de várias origens e de vários mundos, da Estrela ao Ramelau, do Douro ao Zambeze, cada som é essencial e também testemunha dessa portugalidade filtrada pela minha própria linfa transmontana. Eis, na minha existência, dos poucos valores matriciais que não discuto.
Por fim (os últimos são os primeiros), sublinho o campo sacro, seja através do tratamento de textos canónicos (muitas vezes a par com textos profanos, tais como textos populares, oriundos da antiquíssima tradição devocional portuguesa, por exemplo), seja através de uma inspiração: um quadro, uma escultura. Stigmata, para violeta e arcos, é uma obra concebida literalmente après une lecture de El Greco: inspirada no seu maravilhoso quadro O êxtase de S. Francisco (1580).
Respondendo directamente à sua pergunta, de entre todas as minhas obras, escolho como obra dilecta o Tríptico Mariano, a minha grande obra sacra, escrito em momentos diversos da minha vida. O primeiro quadro,Horto sereníssimo, composto em 2000, trata a Anunciação, inspirado nas serenas representações quatrocentistas de Fra’Angelico.
O segundo quadro deste tríptico, Magnificat em talha dourada, escrito anteriormente (em 1998), trata de Exultação da Virgem, inspirado na Madonna do pescoço comprido, obra-prima quinhentista de Parmigianino, um colo de inquietante desproporção que só Lhe eleva a santidade.
O terceiro quadro, Stabat Mater, composto em 2008, tratando da Dor da Mãe, é fortemente inspirado em duas obras: La Pietà Rondanini, a escultura pungente de Michelangelo Buonarroti (ca. 1564), e o dramático escorço de Andrea Mantegna, Cristo morto (ca. 1500).
Relativamente ao primeiro dos três quadros, o Horto sereníssimo, foi estreado na igreja de Nossa Senhora do Pópulo, nas Caldas da Rainha. Conheci o espaço num dia quentíssimo de Junho de 2000. Tive por aquela igreja uma espécie de paixão à primeira vista. Sendo sóbria, pequena e de uma ornamentação contida, ela tinha contudo aquela inefável harmonia de proporções que dão às formas um carácter universal no espaço e eterno no tempo. Visitei-a ao meio dia, no pino do calor. Havia no ar o odor iniciático das águas sulfurosas. Logo que entrei na igreja, a temperatura desceu subitamente, tornando-se balsâmica naquela frescura. Havia um ambiente de silêncio absoluto, aquele ambiente seráfico das Anunciações de Fra’Angelico, suscitando-me instintivamente o título da peça: Horto sereníssimo. A música seria de uma calma imperturbável como calmo era aquele sítio. Veio depois a grande provação da escrita da obra. Mais do que nunca, precisei eu que um anjo me fizesse uma visita e que me guiasse numa serena harmonia.
Quanto ao Magnificat em talha dourada, a obra foi concebida e escrita na minha aldeia em Trás-os-Montes, durante o mês de Julho de 1998, na companhia da canícula e da maré vaza do tempo. Foi estreada no espaço inefável da Igreja de São Roque, em Lisboa, no dia 24 de Outubro de 1998, por ocasião da celebração dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia. O Magnificat é uma obra tonal em Sol Maior, que é a tonalidade que sinto nas talhas douradas e nos espaços reverberantes de Deus. É uma homenagem ao Barroco, o estilo onde triunfa o movimento, as espirais inebriantes, o puro concerto dos sentidos. Como é natural, o espírito de Bach ecoa, pairando sobre a obra tal como, no princípio, o espírito pairava sobre as águas. Foi acrescentado ao texto canónico em latim, um conjunto de trechos em português que lhe é estranho, uma prática detropização e de contrafacta que foram muito comuns em tempos medievais. Esses trechos ou tropos profanos, acrescentados ao texto sacro, têm uma temática afim, provindos do culto mariano popular sob a forma de cantos de romaria e de cantos populares natalícios. Devido a este cruzamento de referências e a esta miscigenação de gestos, a obra está cheia de folia estilística, qual tapeçaria de Arraiolos de múltiplas cores e padrões. Para dar um pouco de unidade a tudo isto, o Magnificat em talha dourada sustenta a sua arquitectura em três grandes pilares firmados no princípio, no meio e no fim da obra, onde se pode escutar a citação da inefável melodia popular alentejana de Natal, Ó meu Menino, que confere à música não apenas um grande arco discursivo, assim como uma calma de todo o Alentejo deste mundo. Este aspecto trinitário, altamente simbólico e onde se cruzam o sacro e o profano, colheu-me desde o princípio.
Sobre o Stabat Mater, devo referir que, a propósito do tratamento que fiz do texto, e tomando como exemplos comparativos o tratamento que Luigi Nono faz do texto na sua obra Il canto sospeso (1956), com tendência a fragmentá-lo num gesto pontilhista, ou, para não ir tão longe, o tratamento que Emmanuel Nunes faz do poemaVislumbre (1986), de Mário de Sá Carneiro, decompondo-o serialmente nas suas várias dimensões, da gramatical à fonética, devo dizer que, tendo destas abordagens suficiente curiosidade e até bastante interesse, na qualidade de professor de análise, não me interessam minimamente, contudo, na qualidade de compositor. As várias obras de minha autoria que tratam textos, principalmente as que contêm textos sagrados, ancoram-se em dois grandes esteios: primado do texto e primado da melodia. Por isso, o meu tratamento do texto Stabat Materé fundamentalmente silábico e homofónico, para que não se perca uma única gota que seja da sua essência, e para que a sua mensagem não sofra qualquer distúrbio no seu percurso entre o intérprete e o ouvinte.
Referiria, para terminar, um momento no Stabat Mater com um significado especial: o tratamento do soneto de Camões, Deus benino. Mais uma vez um tropo, qual corpo extrínseco à sequência Stabat Mater. É um poema natalício de uma beleza solar, que faz faísca no eixo nevrálgico da obra. Ei-lo:
– Dece do Ceo imenso Deus benino
Para encarnar na Virgem soberana.
– Por que dece Divino em cousa humana?
– Para subir o humano a ser divino.
– Poos como vem tão pobre e tão minino,
Rendendo-se ao poder de mão tirana?
– Porque vem receber morte inumana,
Para pagar de Adão o desatino.
– Pois como? Adão e Eva o fruto comem,
Que por seu próprio Deus lhe foi vedado?
– Si, porque o próprio ser de Deoses tomem.
– E por essa razão foi humanado?
– Si, porque foi com causa decretado:
Se o homem quis ser Deus, que Deus seja homem.
Descida do divino em coisa humana e a ascensão do humano a divino! Esta coisa imaterial que é a ascensão, depois da dor, é a transcendência das transcendências. Se acreditamos, ressoamos na primeira pessoa. Se não acreditamos, ressoamos na terceira pessoa. Mas ressoamos.

Entrevista concedida por escrito em 30.4.2011.
Eurico Carrapatoso escreve de acordo com a antiga ortografia.

Eurico Carrapatoso
in SNPC

Eurico Carrapatoso distinguido pela Pastoral da Cultura

foto de João Tuna

Igreja Católica distingue compositor Eurico Carrapatoso com prémio "Árvore da Vida"

A Igreja Católica distinguiu o compositor Eurico Carrapatoso com a sétima edição do prémio “Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes”, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, em parceria com a Renascença.

A justificação do júri sublinha que a «pessoalíssima gramática sonora» do autor «mergulha profundamente na tradição musical portuguesa», tendo por diversas vezes «origem ou motivação religiosa».

O júri, presidido pelo bispo do Porto e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Manuel Clemente, assinala igualmente o «diálogo» que o compositor mantém com autores do «cânone literário» português.

As referências à «paisagem, tanto a geográfica como aquela mental» do território nacional, fazem da obra de Eurico Carrapatoso «uma preciosa e inspirada meditação sobre Portugal» e o «destino comum» dos portugueses, acrescenta o júri.

«É uma distinção que prezo especialmente, pois consagra, de qualquer forma, a dimensão do insondável que eu sempre desejei, certamente, e seguramente, tentei, inocular naquilo que penso, que invento, que faço e que escrevo», realça Eurico Carrapatoso em entrevista publicada no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Entre as obras da sua autoria, o compositor elege como preferida o “Tríptico Mariano”, composto por “Horto sereníssimo” (2000), “Magnificat em talha dourada” (1998) e “Stabat Mater” (2008).
Além de D. Manuel Clemente, o júri teve a seguinte constituição: cónego João Aguiar, presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, patrocinadora do prémio; António Vaz Pinto, diretor da Revista “Brotéria”; Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura; Maria Teresa Dias Furtado, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Nas edições anteriores, o prémio “Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes” distinguiu o poeta Fernando Echevarria, o cientista Luís Archer, o cineasta Manoel de Oliveira, a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira, o político e intelectual Adriano Moreira e o trabalho de diálogo entre Evangelho e Cultura realizado pela diocese de Beja.

Entre as personalidades premiadas até esta edição, Eurico Carrapatoso é a mais nova, com 49 anos.

por Rui Martins in SNPC

O prémio será entregue na próxima sexta feira, em Fátima, por ocasião das Jornadas da Pastoral da Cultura


Justificação do Júri
O Júri do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes deliberou, por unanimidade, atribui-lo, nesta que é a sua sétima edição, ao compositor Eurico Carrapatoso.

Eurico Carrapatoso nasceu no distrito de Bragança, em 1962. Iniciou os seus estudos musicais na década de oitenta, tendo sido aluno de José Luís Borges Coelho, Fernando Lapa, Cândido Lima, Constança Capdeville e, finalmente, de Jorge Peixinho, com quem concluiu, em 1993, o Curso Superior de Composição no Conservatório Nacional de Lisboa. Tem, desde então, desenvolvido ampla atividade no ensino e construído uma extraordinária obra no âmbito da criação musical, com trabalhos que vão da música orquestral, à música de câmara e coral, e que têm suscitado um justo reconhecimento, dentro e fora do país.

A sua pessoalíssima gramática sonora mergulha profundamente na tradição musical portuguesa, que tem, não raras vezes, uma origem ou motivação religiosa. Mas não apenas a tradição musical é revisitada por esta obra singular: o diálogo que tem sabido manter com autores do nosso cânone literário (de Bernardo Soares a Sophia de Mello Breyner Andresen, de Manuel Teixeira Gomes a Matilde Rosa Araújo, Alice Vieira, A.M. Pires Cabral, entre outros) e, curiosamente, com a própria paisagem, tanto a geográfica como aquela mental, do nosso território, fazem dela uma preciosa e inspirada meditação sobre Portugal e o nosso destino comum. 
O Júri do Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes teve a seguinte constituição: D. Manuel Clemente, Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais; Cónego João Aguiar, Presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, patrocinadora deste Prémio; António Vaz Pinto S.J., Diretor da Revista “Brotéria”; Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Centro Nacional de Cultura; Maria Teresa Dias Furtado, Professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; José Tolentino Mendonça, Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Esta é a sétima atribuição do «Prémio de Cultura Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes», instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura em parceria com a Rádio Renascença, e que, nas edições anteriores, distinguiu já o poeta Fernando Echevarria, o cientista Luís Archer s.j., o cineasta Manoel de Oliveira, a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira, o político e intelectual Adriano Moreira e o trabalho de diálogo entre Evangelho e Cultura levado a cabo pela Diocese de Beja.

in SNPC

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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As imagens que ilustram as mensagens são retiradas da Internet. Quando se conhece a sua autoria, esta é referida. Quando não se conhece não aparece nenhuma referência. Caso detectem alguma fotografia não identificada e conheçam a sua autoria, pedimos que nos informem da mesma.

As imagens são ilustrativas e não são sempre directamente associáveis ao conteúdo da mensagem. É uma escolha pessoal do autor do blogue. Há um critério de estética e de temática ligado ao teor do blogue. Espero, por isso, que nenhum leitor se sinta ofendido com as associações livres entre imagem e conteúdo.

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