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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.
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segunda-feira, 19 de março de 2018

A apóstola dos apóstolos

As mil manipulações de Maria Madalena

Historiadora que há décadas estuda a realidade feminina em relação com a tradição cristã, e diretora de “donne chiesa mondo”, o suplemento mensal do jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, de que é editora e consultora, Lucetta Scaraffia explica em entrevista à edição mais recente de “Le Monde de la Bible” como ao longo dos séculos a Igreja eliminou pouco a pouco o papel de apóstola de Maria Madalena, sobrepondo-lhe o rosto de pecadora arrependida.

Maria Madalena é mais a pecadora ou a apóstola?
Gostava de começar com uma recordação pessoal. Quando era jovem, em Milão, depois do Maio de 1968, muitas mulheres nos ambientes feministas italianos chamavam as suas filhas de Madalena. Para elas era claramente em antítese de Maria: tratava-se de contrapor à figura da mulher obediente a da dona livre e pecadora. Foi então que comecei a interessar-me por Maria Madalena, que penso ter sido uma das figuras mais manipuladas da história. Da parte quer da Igreja quer das feministas, entre outros.

Porquê este olhar dúplice sobre Maria Madalena?
Maria Madalena é uma figura forte desde os inícios do cristianismo. Mas, numa sociedade patriarcal, que Jesus ressuscitado tenha aparecido em primeiro lugar a uma mulher, confiando-lhe a missão de anunciar aos apóstolos a sua ressurreição – a mais alta missão possível! –, foi um problema para os homens do seu tempo.

Isto traduziu-se de várias formas. Por exemplo, no gnosticismo, a primeira heresia cristã, que tinha grande interesse por Madalena: os gnósticos pensavam que Cristo tinha transmitido um ensinamento secreto, recolhido na “Pìstis sophìa”. Madalena aparece como uma apóstola de pleno direito, que chega a opor-se a Pedro, ao ponto de o vencer depois de se ter tornado num homem, ou melhor, uma espécie de ser andrógino.

Com Maria Madalena coloca-se a pergunta sobre a sexualidade de Jesus, verdadeiro filão de toda uma série de autores que apreciam o escândalo, a começar por Dan Brown…
Se Jesus tivesse tido relações sexuais com mulheres ter-se-ia sabido! Nos Evangelhos ouvem-se as críticas dos fariseus porque comia e bebia juntamente com publicanos e pecadores (cf. Mateus 9, 11), pelo que se pode muito bem imaginar que se tivesse tido uma mulher, saber-se-ia. Todavia não penso que para Ele a ausência de uma mulher exprimisse antes de tudo uma recusa radical da sexualidade. Havia, porém, o risco de uma família hereditária. Se tivesse tido uma criança, a identidade de Filho de Deus seria posta em perigo e isto teria marcado o fim do cristianismo. De resto, são conhecidas as dificuldades, no seio da Igreja primitiva, entre quantos vinham do paganismo e os judeo-cristãos agrupados em torno da família natural de Jesus. Não, realmente, se Jesus tivesse tido filhos, ter-se-ia sabido!

A questão das relações familiares é em todo o caso importante porque o facto de Jesus, após a sua ressurreição, ter escolhido aparecer a Madalena em primeiro lugar, e não à sua mãe, está efetivamente em contraste com as tradições familiares da época. Daí nasceu toda uma série de lendas segundo as quais Jesus teria aparecido antecipadamente e em segredo a Maria e só depois a Madalena; era uma forma de salvaguardar as relações familiares tradicionais. Mas essas narrativas não estão reportadas nos textos canónicos. Quando penso que se os Evangelhos, escritos por homens – e por homens daquele tempo, em que a mulher era considerada como tendo uma dignidade inferior – conservaram a tradição da aparição de Jesus a Madalena em primeiro lugar, é verdadeiramente porque não podiam fazer de outra forma!

Porque é que então se impôs a imagem de Maria Madalena como pecadora?
Começou a assimilar-se a figura de Madalena à de outras duas Marias presentes no Evangelho: a irmã de Marta (cf. Lucas 10, 38-41) e a prostituta que lhe lavou os pés com as suas lágrimas (Lucas 7, 36-50). Maria de Betânia, irmã de Marta, é também irmã de Lázaro, o amigo de Jesus (cf. João 11, 1-45); é, por isso, uma figura quase de família que permite tornar menos perigosa e menos inquietante a sua proximidade a Jesus. Quanto à prostituta, é fácil lançar sobre ela um véu de suspeição e permitir assim a Maria Madalena estar menos em competição com a figura de Maria.

Por outro lado deve sublinhar-se que as tradições do Oriente e do Ocidente sobre este ponto entram em oposição: o Oriente cristão festeja separadamente Maria de Betânia e Maria de Magdala, enquanto que o Ocidente, a partir do século IV, acomunou-a com a prostituta na figura de Maria Madalena. Esta escamoteação transformou Maria Madalena em mulher arrependida que chora pelos seus pecados e por isso deixa de ser a missionária encarregada de anunciar a notícia da ressurreição.

Porquê esta escamoteação?
Escolher a imagem da pecadora arrependida permite ocultar a ligação de Jesus às mulheres, de quem, ao contrário, Ele gostava muito. Mesmo aquelas com uma vida “irregular” são sempre muito importantes em todos os Evangelhos. Jesus vê que as mulheres amam mais que os homens, que compreendem melhor do que os homens o amor. Assim é a samaritana, a primeira pessoa à qual anuncia que é o Messias (cf. João 4, 26). Mesmo se ela teve uma vida desregrada – o Evangelho refere-nos que teve cinco maridos e aquele que agora tem não o é, diz-lhe Jesus –, é uma mulher que procura amor e para Jesus esta é a coisa mais importante.

Dizer que Madalena é uma prostituta é portanto uma maneira de a diminuir, mas mostra também a proximidade de Jesus a estas mulheres à procura de amor, mulheres que Ele muito amou que são muitas vezes apagadas no Evangelho, significando o lugar que Jesus lhes dava. De resto, não se pode excluir que Jesus tenha tido outros relacionamentos com mulheres não reportados pelos Evangelhos. Mas teria sido realmente impossível esconder Maria Madalena a partir do momento em que foi uma figura central na vida de Jesus. Assim, transformá-la em pecadora permitiu eliminar o seu papel de apóstola durante dois mil anos e bloquear o papel das mulheres na Igreja.

Esta eliminação foi completa na Igreja?
Sim. À exceção, talvez, da França, onde uma tradição popular se apropriou da figura de Maria Madalena, confundindo-a, possivelmente, com a figura de Maria Egiziaca, a santa da Palestina que vive na luxúria antes de se retirar para uma gruta no deserto. Uma tradição refere que Maria Madalena teria chegado às costas da Gália e começado a evangelizá-la, antes de terminar os seus dias numa gruta no deserto, em Sainte-Baume. Fazer de Maria Madalena a evangelizadora da Gália permitia à Igreja em França reivindicar uma origem apostólica a par com Roma (Pedro), Bizâncio (André) ou Espanha (Tiago), ainda que aqui se trate de uma mulher. É assim que a tradição popular a acolheu como apóstola, enquanto a Igreja a constrangia ao seu papel de pecadora.

Na prática, como se expressou esse papel?
Um exemplo é o dos numerosos institutos criados ao longo da história e destinados às pecadoras, às prostitutas, às jovens que tinham “pecado” e que, mais ou menos obrigadas, escolhiam arrepender-se numa vida de género religioso. Quase todas essas casas, que as convertiam numa boa vida de família, estavam sob a proteção de Maria Madalena, incluindo aquelas para as viúvas, por seu lado suspeitas porque conheciam o sexo. As virgens, ao contrário, iam para outras instituições, a maior parte sob a proteção de Maria.

Vem à mente o filme “Madalena” [2001] sobre a terrível condição das jovens nesses institutos do século XX na Irlanda…
Felizmente não havia só esses. Havia também muitos conventos em que as coisas funcionavam bem. Em Itália, em muitos deles, ensinava-se um ofício às mulheres ou até se lhes dava um dote para que se casassem. Só havia a preocupação de lhes oferecer uma vida familiar honesta e regular.

Outro exemplo do desenvolvimento da figura de Maria Madalena como pecadora está na pintura. Ainda que a maior parte das modelos dos pintores eram prostitutas, em Roma era proibido representá-las. Não se podia de facto admitir que houvesse prostitutas na cidade do papa! Pintavam-se por isso prostitutas “venezianas” ou Maria Madalena como pecadora arrependida. Era igualmente uma maneira para os pintores fazerem passar conteúdos eróticos, com amplos decotes e copas vermelhas, sinal da paixão sexual.

Porque é que a figura de Maria Madalena como apóstola voltou ao primeiro plano?
Nestes últimos anos muitas mulheres exegetas releram os Evangelhos e começaram a protestar. O seu trabalho permitiu compreender melhor as relações de Jesus com as mulheres, ver melhor o lugar dos vários personagens que compõem a figura atual de Maria Madalena e redescobrir o seu papel de apóstola. Restabelecer a verdade.

Mas o mesmo vale para Maria: fez-se dela um exemplo de obediência de humildade que todas as mulheres deviam seguir. Mas Maria é antes de tudo um exemplo de coragem! Esta jovem aceita ficar grávida ainda antes de se casar, mesmo sabendo que arriscava a lapidação; precisou de uma coragem incrível. Mas, durante séculos, ninguém sublinhou este aspeto.

A 10 de junho de 2016 o Vaticano elevou a memória litúrgica de Santa Maria Madalena a festa litúrgica e publicou um novo prefácio [da oração eucarística] para ela que é agora «a apóstola dos apóstolos». Porque é que esta decisão é importante?
Trata-se de uma decisão do papa Francisco. Que tenha dado a Maria Madalena o título de «apóstola dos apóstolos» é fundamental! Para mim, colocar Madalena no mesmo plano dos apóstolos é ainda mais importante que ordenar mulheres sacerdotes, porque atribui às mulheres uma igualdade ainda mais profunda no âmbito da evangelização. Retenho que é uma decisão tão importante como a de Paulo VI que, em 1970, atribuiu a Teresa de Ávila e Catarina de Sena o título de doutoras da Igreja. Creio que é uma decisão litúrgica e teológica que não será possível eliminar e a partir da qual se poderá chegar à plena igualdade em cada âmbito.

In L'Osservatore Romano, 8.3.2018
Tradução de SNPC a 7 de março de 2018

Não ordenação de mulheres e inconstitucionalidades

Diário de uma teocracia suave

"Se proibissem o sacerdócio a negros, ou a ciganos, acaso isso não seria considerado evidentemente inconstitucional?" A pergunta é da professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa Teresa Pizarro Beleza, e li-a esta semana no seu Facebook. Uma pergunta tão simples e óbvia que me perguntei por que raio não me tinha ainda ocorrido.

Não ser religiosa, e portanto não me interessar pelo funcionamento interno de uma igreja, é um dos motivos que poderia invocar. Mas já fiz vários trabalhos sobre a exclusão das mulheres e homossexuais do sacerdócio e os pronunciamentos papais e vaticanos sobre o papel das mulheres (como a Carta aos Bispos da Igreja Católica Sobre a Colaboração do Homem e da Mulher na Igreja e no Mundo, de 2004, da autoria de Ratzinger quando ainda Prefeito da Doutrina da Fé sob o papa João Paulo II). Ou seja, conheço os argumentos "oficiais" e os contra-argumentos daqueles que, dentro da igreja, contestam estas regras. Como o teólogo alemão Hans Küng, que fala numa "difamação fundamental das mulheres" e afirma que "não há razões teológicas sérias contra as mulheres como sacerdotisas", e as teólogas portuguesas Teresa Toldy e Julieta Dias, esta última freira da Ordem do Sagrado Coração de Maria. Toldy vê como "insultuoso" um dos argumentos do Vaticano para vedar o sacerdócio às mulheres, o de que "Jesus Cristo era homem e portanto não pode ser representado por uma mulher no altar"; Julieta Dias cita a Carta de São Paulo aos Gálatas - "Em Jesus Cristo não há homem nem mulher, senhor nem servo..." - e, acusando o Vaticano de "um proverbial medo das mulheres, derivado da ideia da mulher como um mal", aponta a contradição do papa João Paulo II (e de Bento XVI e Francisco): "Fala das mulheres como sendo muito melhores que os homens em tudo, para concluir que não podem ser ordenadas; é um total contrasenso."

Toldy desmonta também o segundo argumento vaticano, o da "tradição": "Dizem que os apóstolos eram só homens, que só havia homens na última ceia, e que os padres têm sido sempre homens. Mas se apóstolo é o que segue, acompanha e anuncia, que é Maria Madalena, que com outras mulheres acompanhava Jesus e é denominada, desde Santo Agostinho, como "a apóstola dos apóstolos", senão apóstola? E Ele contemplou-a com a coisa mais importante, assistir à ressurreição. Escolheu-a. Há aliás, num dos textos apócrifos [os textos que, na seleção para a coletânea que é a Bíblia, foram deixados de fora], o Evangelho de Maria, um diálogo entre Pedro e Maria Madalena em que este não percebe por que é que Jesus lhe apareceu a ela e não a ele". Além disso, lembra, foram as mulheres que ficaram com Jesus na crucificação: "Os homens desapareceram."

Paradoxalmente, foi talvez o ter-me interessado pelo debate interno, religioso, a impedir-me de fazer a tão límpida pergunta de Teresa Beleza. Como é que num país cuja Constituição proíbe a discriminação com base no género e na orientação sexual, que subscreveu uma Convenção Europeia com o mesmo princípio, se convive tão pacificamente com esta? Seria igualmente pacífica a convivência caso a interdição fosse "racial"? Se o papa dissesse "está fora de questão negros serem padres" a reação seria a mesma que ante o reiterar da interdição das mulheres? Por que é que o racismo parece ser tão mais inadmissível, como princípio proclamado, que o machismo? Por que é que a exclusão de não brancos de certas funções nos cultos, como sucedeu na Igreja Mórmon americana até ao final dos anos 1970 -- quando foi obrigada a proclamar uma "revelação divina" para mudar a regra -- parece muito mais chocante que a exclusão das mulheres ainda hoje?

Um dos motivos é que a existência de uma diferença "fundamental" entre homens e mulheres que lhes determina "funções diferentes" e uma hierarquia de poder é uma crença ainda profundamente arreigada e "naturalizada", mesmo nas sociedades ocidentais. Aliás o próprio Estado português desrespeitou a Constituição ao decretar as Forças Armadas parcialmente interditas às mulheres até à última década do século XX. Outra razão é a ideia de que esta é "uma questão religiosa", na qual o Estado não pode nem deve interferir, pelo princípio da separação e pelo respeito pela liberdade religiosa. Mas pode uma discriminação tão flagrante e ofensiva ser só e apenas "uma questão religiosa"? Uma empresa pôr um anúncio a dizer que só contrata homens é ilegal, mas uma instituição religiosa estabelecer que mulheres não prestam para líderes espirituais não é? A religião é uma isenção das regras constitucionais?

O princípio da separação implica que o Estado não sabe - não conhece, não toma partido -- de religiões; não que as coloca acima de escrutínio legal. Permitir discriminações inconstitucionais invocando tratar-se de princípios religiosos é dizer que se considera existir uma ordem superior à constitucional - ou seja, submeter o Estado à religião, numa espécie de teocracia soft. A estreia em Portugal de Diário de uma serva, a série baseada no livro da canadiana Margaret Atwood que descreve uma sociedade dominada, por via de um golpe de Estado, pela literalidade bíblica e na qual as mulheres perderam todos os direitos, é um bom mote para este debate que nunca tivemos a coragem de fazer.

por Fernanda Câncio, a 25 de dezembro de 2017 no DN

sábado, 17 de março de 2018

Hino às mulheres

Frida Kahlo
Palavras da Índia

"Quem é a mulher? – Uma criação divina.
Como é a sua natureza? – Saturada de graça.
Com que é que se parece a mulher? – Com a bondade e a inteireza.
Que destino é o seu? – Seguir Jesus e continuar a obra divina pela palavra e pela vida.

O espírito da mulher é sublime: um dom de Deus.
A sua alma é divina: chega às estrelas.
O corpo feminino é sagrado: merece o nosso respeito.
O seu trabalho é santo: que o possa realizar em paz.
O seu gesto de afeto alimenta: aceitemo-lo com alegria.
As palavras da mulher são belas: há que ouvi-las atentamente.
O cuidado feminino conforta e acalma.

O seu contributo é sacerdotal: abençoado do Alto.
O alimento é vital para a mulher: há que alimentá-la bem.
Os milagres femininos são magníficos: acreditai e rejubilai.
São como diamantes as lágrimas das mulheres: guardai-as com carinho.
A zanga das mulheres é criativa: procurai a sua razão.

O suor das mulheres é para a sobrevivência: entendei e cooperai.
Os abraços das mulheres dão bem-estar: alegrai-vos ao acolhê-los.
A compaixão das mulheres é eficaz: cheia de misericórdia.
A solidão das mulheres é real: cuidai da sua inclusão.
As mulheres são exímias na cozinha: apreciai a sua comida.
A sua dança é esplêndida: segui os seus passos.

O tempo livre das mulheres é precioso:
contribuí para que se divirtam mais.
O seu dinheiro é cheio de bondade: fazei que se multiplique.
As necessidades femininas são essenciais: ajudai-a a satisfazê-las.
Os seus problemas são graves: colaborai na sua resolução.
O amor das mulheres brilha qual arco-íris:
deixai-vos aquecer e partilhar desse brilho.
O pensamento feminino é flexível: reconhecei a força da sua mente.
A gentileza das mulheres é enorme: observai-a para com ela aprenderdes.
A sua beleza é única: admirai o seu carácter.
As suas falas são fecundas: dai a conhecer o seu bom-senso.
A alegria feminina é contagiosa: sorri e ecoai essa alegria.
A carga das mulheres é pesada: ajudai-as a carregá-la.
Os seus sonhos são dinâmicos: que eles se tornem realidade.

O conselho das mulheres é admirável: fundado na experiência.
As mulheres têm falhas e negligências: perdoai-as e esquecei.
As suas feridas podem ser dolorosas: rezai para que sarem.
A sua escrita é valiosa: dai-lhe atenção.
As mulheres dão ordens importantes: obedecei-lhes com gosto.
As suas esperanças dão sustento: dai-lhes apoio.

A maternidade é salvífica: um privilégio para todos.
Das mulheres, a privacidade é limitada: há que dar-lhe mais espaço.
A sua esperança de vida é longa: expandi-a mais ainda.
Os gritos das mulheres ainda se fazem ouvir: correi a defendê-las.
A casa das mulheres irradia segurança: ajudai-as a manter tal segurança.
Os seus direitos dão-lhe dignidade: ajudai-as a mantê-los.
A sua coragem é contagiosa: aprendei com a sua coragem.
A legislação feita por mulheres é poderosa: elegei mais mulheres.
Quando cantam, as mulheres são expressivas: assimilai os seus temas.
O seu serviço é genuíno: possamos todas fazer florir esse impulso.
O seu sucesso é imenso: recompensemo-lo em abundância.
A firmeza das mulheres transborda ternura: aprendamos a sua força.

A sua paciência é transbordante: que em nós ressoe em profundidade.
A sua política é corajosa: assumamos a mesma bandeira.
O calor feminino dá energia: confiemos no seu olhar.
A construção feminina da paz é fonte de vida: apoiemos o seu esforço.
As mulheres sabem como rezar: Deus escuta-as sem demora.
A sua caridade é singular: dirige-se ao coração.

Que Deus abençoe todas as mulheres da Terra,
e nos abençoe a nós também!"

Pearl Drego, Membro do Movimento Graal, Índia
In “Deus é o existirmos e isto não ser tudo”, ed. Paulinas

O Papa e a Mulher

Papa denuncia machismo

"Sonha uma Igreja pobre, mas também uma Igreja «esposa e mãe», porque «a mulher é o grande dom de Deus, é a harmonia do mundo». Há muitas vezes intensidade lírica quando o papa Francisco fala das mulheres. Mas há também profundidade teológica – como emergiu há alguns dias na decisão de inscrever no calendário litúrgico a memória da Virgem Maria Mãe da Igreja – e paixão civil, como quando, na semana passada, denunciou «a persistência de uma certa mentalidade machista, inclusive nas sociedades mais avançadas, nas quais se consumam atos de violência contra as mulheres, vítimas de maus-tratos, de tráfico e lucro, bem como reduzidas a objetos em alguma publicidade ou na indústria do entretenimento».

Mas se, no dia dedicado à mulher, tivéssemos de ir à procura da “marca feminina” mais original de Francisco, só poderíamos salientar a sua atenção ao papel materno. E não só pelos muitos acenos dirigidos nestes anos à mãe Virgem Maria e à avó Rosa, mas sobretudo pelo que escreveu nos seus textos mais significativos. Na “Amoris laetitia”, refletindo sobre a queda da natalidade, anota: «O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra». Um compromisso materno que, a par das suas qualidades tipicamente femininas, «conferem-lhe também deveres, já que o seu ser mulher implica também uma missão peculiar nesta terra, que a sociedade deve proteger e preservar para bem de todos» (n. 173).

Também é forte no papa o tema da paridade e da reciprocidade homem-mulher, na convicção de que uma mãe, para destacar as suas características de maneira equilibrada, precisa de interagir com um homem-pai num plano de igual dignidade. Recordou-o, entre muitas outras ocasiões, na audiência geral de 22 de abril de 2015: «Quando finalmente Deus apresenta a mulher, o homem reconhece, exultante, que essa criatura, e só ela, é parte dele. (…) Finalmente há um espelhamento, uma reciprocidade. A mulher não é uma “réplica” do homem; vem diretamente do gesto criador de Deus». Homem e mulher – sublinhou – são da mesma substância e são complementares.

É a mesma convicção profunda que anima o papa nas suas frequentes referências à teoria do género. Não são referências casuais a uma lógica criticada a partir de uma perspetiva ideológica, mas desejo de não fragilizar a «beleza e a verdade» da reciprocidade homem-mulher. A 4 de outubro de 2017, dirigindo-se à Academia Pontifícia para a Vida, vincou que a denominada “utopia do neutro”, «em vez de contrastar as interpretações negativas da diferença sexual, que mortificam o seu valor irredutível para a dignidade humana», pretende eliminar, de facto, essa diferença, propondo técnicas e práticas que a tornam irrelevante para o desenvolvimento da pessoa e para as relações humanas. E, em última instância, traduz-se mais uma vez em discriminação contra a mulher.

Trata-se de temas que já tinha relevado a 7 de fevereiro de 2015, no discurso à assembleia plenária do Conselho Pontifício da Cultura, quando encorajou as mulheres as não se sentirem «hóspedes», mas «plenamente participantes dos vários âmbitos da vida social e eclesial», desejando também um maior envolvimento das mulheres nas «responsabilidades pastorais». Quais, em particular? Uma frente, esta, que espera uma especificação mais atenta, para além da poeira levantada pela questão das “diaconisas”, que por agora permanece ao nível – ainda assim importante – de uma comissão encarregada de estudar historicamente o tema.

Mas que o papa deseja um aprofundamento teológico da presença da mulher na Igreja está fora de dúvida. Logo nos primeiros meses do pontificado, a 12 de outubro de 2013, falando ao então Conselho para os Leigos, questionava-se sobre «que presença tem a mulher na Igreja». Se a perspetiva é a da reciprocidade e da igual dignidade – como várias vezes por ele sublinhado –, é fácil imaginar com que atitude Francisco acolheu denúncias como a publicada há alguns dias na revista “Donne Chiesa Mondo”, ligada ao “Osservatore Romano”, sobre religiosas muitas vezes tratadas como escravas pelos seus superiores, sem horário de trabalho e retribuição salarial. Ele próprio, de resto, no prólogo do livro “Dez coisas que o papa Francisco propõe às mulheres”, declarou-se preocupado que «na própria Igreja o papel de serviço a que cada cristão é chamado desliza, no caso das mulheres, por vezes, para papéis que são mais de servidão do que de verdadeiro serviço»."

Luciano Moia, In Avvenire
Tradução de SNPC, Publicado em 8 de março de 2018

Hildegarda de Bingen

Uma mulher de palavra

Bastaria citar Hildegarda de Bingen (1098-1179) para compreender quão pouco conhecemos do papel da mulher na Igreja e o quanto alguns santos serviram de alimento a gente distante da fé. Vive num tempo de papas e antipapas e consegue, surpreendentemente, subtrair-se ao influente clero de Mainz, oferecendo uma leitura totalmente pessoal do seu tempo.

Hildegarda deixa a abastada Disibodenberg, transferindo-se para uma região rupestre, Rupertsberg, fundando um novo mosteiro. Deste “púlpito” fala a papas e imperadores, entra em diálogo com figuras do calibre de S. Bernardo, permanecendo submissa às legítimas autoridades, eclesiásticas e não.

Apresentando a relação entre homem e mulher com surpreendente liberdade, Hildegarda ensina às suas religiosas a serem antes de tudo mulheres, depois cristãs, depois monjas. Com uma antecipação de oito séculos relativamente a Bonhoeffer (que, aprisionado pelos nazis, afirmava a necessidade de se ser crente, e não religioso), exalta a experiência do crente contra categorias religiosas que sufocam o real conhecimento do divino.

Uma mulher assim não deslizou para análises estéreis da realidade, que nunca levam à salvação, mas propôs uma experiência de vida. Lançou uma proposta nova, num tempo difícil dominado por homens. (...) Foi um desafio para a estrutura política e religiosa do seu tempo. E também não vestiu roupas “modernas” para agradar ao seu mundo em mudança. Permaneceu monja, educando as suas irmãs através do teatro e do canto, a exprimir-se em beleza, santidade e fé. Não lhe faltaram críticas e transtornos, e no entanto hoje é fonte inesgotável de inspiração para leigos e consagrados.

Fazem falta pessoas assim: figuras políticas, masculinas e femininas, figuras religiosas capazes de produzir frutos constituídos por factos, não por palavras. Pessoas de escolhas corajosas e contracorrente que voltem aos princípios fundadores de uma existência humana digna desse nome e de uma política que ofereça ao cidadão a garantia da vida, sã no corpo e na mente.


Gloria Riva, In Avvenire
Tradução e edição: SNPC

segunda-feira, 12 de março de 2018

Uma presença feminina mais capilar e incisiva

Mulheres não são «hóspedes» mas «plenamente participantes» na vida da Igreja

O papa recebeu (...) no Vaticano membros e consultores do Pontifício Conselho da Cultura, a quem frisou que a plena participação das mulheres na vida das comunidades católicas é uma tarefa inadiável.

As palavras de Francisco foram proferidas na audiência aos participantes na assembleia plenária daquele organismo que se encontra[ra]m em Roma para debater o tema “Culturas femininas – Igualdade e diferença”.

«O tema por vós escolhido está no meu coração, e já em várias ocasiões tive oportunidade de o tocar e de convidar a aprofundá-lo. Trata-se de estudar critérios e modalidades novas, a fim de que as mulheres se sintam não hóspedes mas plenamente participantes dos vários âmbitos da vida social e eclesial. Este é um desafio que não se pode continuar a adiar», frisou.

«Digo-o aos pastores das comunidades cristãs, aqui em representação da Igreja universal, mas também às leigas e leigos de vários modos comprometidos na cultura, na educação, na economia, na política, no mundo do trabalho, nas famílias, nas instituições religiosas», afirmou Francisco.

Francisco manifestou-se convencido da «urgência de oferecer espaços às mulheres na vida da Igreja e de as acolher, tendo em conta as específicas e mutáveis sensibilidades culturais e sociais», pelo que «é desejável» uma presença feminina «mais capilar e incisiva nas comunidades», para que se «possam ver muitas mulheres envolvidas nas responsabilidades pastorais, no acompanhamento de pessoas, famílias e grupos, assim como na reflexão teológica».

Na intervenção, Francisco baseou-se no programa da assembleia (...) para apresentar linhas orientadoras que concretizem a integração da mulher na sociedade e na Igreja, «no coração de todas as culturas, em diálogo com várias pertenças religiosas».

«A primeira temática é: entre igualdade e diferença, à procura de um equilíbrio. Este aspeto não deve ser enfrentado ideologicamente, porque a “lente” da ideologia impede que se veja bem a realidade. A igualdade e a diferença das mulheres – como, de resto, dos homens – percecionam-se melhor na perspetiva do “com”, da relação, do que na [perspetiva] do “contra”, apontou.

Para Francisco, «ficou para trás, pelo menos nas sociedades ocidentais, o modelo da subordinação social das mulheres ao homem, um modelo secular que, todavia, nunca esgotou os seus efeitos negativos», ao mesmo tempo que foi igualmente superado «um segundo modelo, o da pura e simples paridade, aplicada mecanicamente, e da igualdade absoluta».

«Configurou-se assim um novo paradigma, o da reciprocidade na equivalência e na diferença. A relação homem-mulher, portanto, deverá reconhecer que ambos são necessários enquanto possuem, sim, uma idêntica natureza, mas com modalidades próprias. Uma é necessária ao outro, e vice-versa, para que se cumpra verdadeiramente a plenitude da pessoa», declarou.

Centrando-se na “generatividade” como código simbólico, outro dos temas do encontro, o papa disse que ela «dirige um olhar intenso a todas as mães, e alarga o horizonte à transmissão e à tutela da vida, não limitada à esfera biológica».

«Neste âmbito, tenho presente e encorajo o contributo de muitas mulheres que trabalham na família, no campo da educação da fé, na atividade pastoral, na formação escolar, mas também nas estruturas sociais, culturais e económicas. Vós, mulheres, sabeis incarnar o rosto terno de Deus, a sua misericórdia, que se traduz em disponibilidade a dar tempo mais do que a ocupar espaços, a acolher em vez de excluir. Neste sentido, agrada-me descrever a dimensão feminina da Igreja como ventre acolhedor que regenera a vida», observou.

Rui Jorge Martins, publicado no SNPC a 7 de fevereiro de 2015

Uma Igreja demasiado masculina

O que afasta as mulheres da Igreja

"A teóloga francesa Anne-Marie Pelletier considera que o afastamento das mulheres em relação à Igreja se deve ao facto de ela continuar a orientar-se segundo conceções marcadamente masculinas, dilatando a diferença face à identidade que o feminino tem adquirido na sociedade.

A exegeta foi uma das intervenientes na assembleia plenária do Pontifício Conselho da Cultura, que debateu em Roma o tema “As culturas femininas: igualdade e diferença”.

Anne-Marie Pelletier, que em 2014 foi a primeira mulher a receber o Prémio Ratzinger, conhecido como o “Nobel da Teologia”, animou o debate denominado “Mulheres e religião: fuga ou procura de novos modelos participativos?”(...).

Em entrevista à Rádio Vaticano, a biblista mostrou-se convicta de que as instâncias eclesiais devem interrogar-se sobre o que «afasta as mulheres» da «participação na vida da Igreja, e por vezes, mesmo, da prática cristã».

«Há uma forte tendência, uma tendência pesada, provavelmente desde sempre e talvez um pouco menos hoje do que no passado, de ignorar este género de problemas. E o interesse destes encontros é precisamente dar visibilidade à questão», salientou.

A causa de «desafetação» do feminino em relação à Igreja reside na existência de «uma distância muito notória entre as grandes evoluções que ocorrem hoje na sociedade, onde as mulheres adquirem cada vez mais autonomia e capacidade de intervenção na esfera social, política e económica», e uma «Igreja católica que continua, quer se queira ou não, fundamentalmente masculina».

O título da assembleia plenária remete para a pluralidade do feminino, acentuação que para a teóloga é crucial: «É absolutamente capital lembrar que a mulher só existe através de mulheres. E, portanto, através da especificidade de perfis pessoais, bem como da especificidade das culturas do mundo».

Evidenciar a multiplicidade de culturas femininas torna-se ainda mais premente quando, «especialmente na Igreja», se fala “da” mulher no singular, e ainda mais, acrescentando por vezes uma maiúscula – a “Mulher”».

Referindo-se ao Prémio Ratzinger, Anne-Marie Pelletier afirmou que pode dar «um pouco mais de peso» às suas atividades de ensino, destacando também que a distinção vale sobretudo em termos coletivos: «Através de mim, foi efetivamente um reconhecimento do trabalho colossal que as mulheres realizam ao serviço do Evangelho nas nossas sociedades».

Para Anne-Marie Pelletier, as intervenções de Francisco sobre a mulher na Igreja inscrevem-se na linha traçada pelos antecessores, ao mesmo tempo que relançam a questão ao transmitirem a ideia de que o que se fez no passado «não é suficiente e que «ainda há muito a fazer», perspetiva partilhada por «muitas mulheres» católicas.

Rui Jorge Martins, publicado no SNPC a 7 de fevereiro de 2015

domingo, 11 de março de 2018

Reinventar a presença da Mulher na Igreja

Albert Lynch "Jeanne d'Arc"
As culturas femininas

Há dois anos a Assembleia plenária do Pontifício Conselho da Cultura foi dedicada ao tema "As culturas femininas: igualdade e diferença. Transcrevo um artigo publicado antes da mesma, com o texto que lhe servia de base, na esperança que estas reflexões passem do papel e se vão tornando carne.

"«Porque há tão poucas respostas e tão inadequadas à valorização do corpo, do amor físico, aos problemas da maternidade responsável? Porque é que uma presença tão grande de mulheres na Igreja não incidiu nas suas estruturas? Porquê atribuir à mulher na prática pastoral só aquelas tarefas que lhes atribui um esquema algo rígido de resíduos ideológicos e ancestrais?» «O que é que não funciona hoje, quando a imagem de mulher que têm os homens da Igreja já não corresponde, em geral, à realidade?»

(...) Referindo-se à participação da mulher na vida da Igreja, refere-se que «o terreno está minado pelo preconceito e enraizado em posições ancestrais alimentadas com o combustível da tradição e de uma excessiva presença masculina, muitas vezes refratária a qualquer confrontação. Já passou a hora de qualificar automaticamente toda a petição feminina com a etiqueta de feminismo, na qual há frequentemente reivindicações mais ou menos aceitáveis».

O texto, que apresentamos na íntegra, divide-se em quatro secções: "Entre igualdade e diferença: a procura de um equilíbrio", "A 'generatividade' como código simbólico", "O corpo feminino: entre cultura e biologia" e "As mulheres e a religião: fuga ou novas formas de participação na vida da Igreja?".

O encontro conta com a participação de dois portugueses: o bispo D. Carlos Azevedo, delegado daquele organismo da Cúria da Santa Sé, e o padre José Tolentino Mendonça, consultor do mesmo departamento.

A assembleia é presidida pelo presidente do Pontifício Conselho da Cultura, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi (...).

Documento de trabalho da assembleia plenária do Pontifício Conselho da Cultura
Premissa

«Estou convencida de que a espécie "humana" se desenvolve como espécie dupla "varão" e "mulher", que a essência do ser humano, à qual não deve faltar nenhuma característica, tanto num como na outra, se manifesta de maneira dupla, e que toda a estrutura da essência coloca em evidência esta marca específica» (Edith Stein).

O trabalho da assembleia plenária, graças ao inestimável contributo dos membros e consultores, através de quatro etapas temáticas, tratará de captar alguns aspetos das culturas femininas para identificar possíveis itinerários pastorais, de modo que as comunidades cristãs sejam capazes de escutar e dialogar com o mundo contemporâneo também neste âmbito.

Usar a expressão "culturas femininas" não significa separá-las das masculinas, mas manifesta a consciência de que existe um "olhar" sobre o mundo e sobre tudo o que nos rodeia, sobre a vida e sobre a experiência, que é próprio das mulheres.

Esta perspetiva singular faz-se presente tendencialmente no tecido de todas as culturas e sociedades, e pode ser captada na família, no trabalho, na política e na economia, no estudo e nas decisões, na literatura, na arte e no desporto, na moda e na cozinha, etc.

Este texto, elaborado por um grupo de mulheres à luz das considerações pastorais enviadas pelos membros e consultores, servirá como guia para as nossas reflexões.

Nos alvores da história humana, as sociedades distribuíam rigidamente papéis e funções entre homem e mulher. Aos homens correspondia a responsabilidade, a autoridade e a presença na esfera pública: a lei, a política, a guerra, o poder. Às mulheres correspondia a reprodução, a educação e o cuidado da espécie humana no âmbito doméstico.

No mundo europeu antigo, nas comunidades do continente africano, nas antiquíssimas civilizações que se desenvolveram no universo asiático, as mulheres exercitavam os seus próprios talentos no âmbito da família e das relações pessoais, não frequentavam a esfera pública ou, inclusive, eram excluídas dela. As imperatrizes e rainhas que os livros de História recordam são notáveis exceções à regra.

Desde meados do século XIX, sobretudo no Ocidente, a divisão entre espaços masculinos e femininos e o seu carácter de normalidade foi colocada em questão. As mulheres reivindicam igualdade; não aceitam o papel de "segundo sexo", mas exigem os mesmos direitos, como o direito ao voto, o acesso à instrução superior e às profissões. O caminho fica aberto à paridade entre sexos.

Este processo não está isento de dificuldades. Com efeito, no passado (só no passado?), as mulheres tiveram de lutar para poder exercer profissões ou assumir papéis de decisão que estavam destinados exclusivamente aos homens. Os âmbitos de reflexão estendem-se de maneira planetária às diferentes culturas, transformam-se e apresentam-se com matizes diversos, às vezes entrelaçando-se com movimentos políticos fortemente ideológicos.

Neste horizonte globalizado e fortemente dialético, a exigência de encontrar respostas torna-se cada vez mais urgente. A nossa assembleia plenária esforça-se por tratar de captar e compreender a especificidade feminina, ao considerar temas como função, papel, dignidade, igualdade, identidade, liberdade, violência, economia, política, poder, autonomia, etc.

Tema 1 - Entre igualdade e diferença: a procura de um equilíbrio
As diferenças existem
Falando em geral, as mulheres procuram hoje formas de conciliar a vida profissional e os compromissos familiares. Podem renunciar à maternidade, mas se têm filhos não evitam o compromisso de os alimentar, educar e proteger. Se não estão casadas e não têm filhos, as mulheres, em todo o caso, acolhem, incluem, procuram a mediação, são capazes de ternura e de perdão muito mais do que os homens.

Além do modo diferente de serem pais, há uma diferença entre o feminino e o masculino nas técnicas de resolução de problemas, na perceção do ambiente, nos modelos de representação e ciclos de repouso, só para citar algumas categorias. Abolir as diferenças significa empobrecer a experiência pessoal. Neste sentido, é justo não aceitar uma neutralidade imposta, mas valorizar a diferença.

A onda igualitária, todavia, é contínua, toca todos os âmbitos da vida social e quase todas as instituições humanas e as culturas. É tão forte que, nos últimos anos, no Ocidente, chegou-se a afirmar que não há nenhuma diferença: o sujeito é neutro, e escolhe e constrói a sua própria identidade, é proprietário de si mesmo e responde em primeiro lugar a si mesmo.

Contudo, ao reivindicar a paridade, raramente as mulheres renunciam à própria diferença. Um exemplo extraído da realidade pode ilustrar esta afirmação. O coordenador de uma conferência internacional apresenta o primeiro orador: é Michelle, 65 anos, nascida num país europeu; no seu país foi uma das primeiras mulheres doutoradas em física e a primeira reitora de uma universidade; desde há alguns anos é presidente de uma das mais importantes associações académicas europeias; o coordenador pergunta-lhe que título prefere de todos os que obteve; a resposta de Michelle é: «O título que prefiro é o de "avó", e gostaria de agir mais como tal».

Ainda que Michelle não possa ser avó tanto como deseja, este "título" é parte integrante da sua identidade e permite-lhe autodefinir-se. A pergunta, subtilmente incisiva, que subjaz a este exemplo é: a mesma situação, com um protagonista masculino, teria obtido a mesma resposta?

Iguais e diferentes, as duas coisas ao mesmo tempo?
Numa modernidade onde o trabalho é a via mestra e mais sólida para evitar a pobreza e a exclusão, as mulheres pedem trabalho, às vezes também uma carreira, e o reconhecimento do seu esforço em termos de estatuto e dinheiro iguais aos dos homens. Reclamam na esfera pública um espaço igual ao concedido aos homens. Pedem para serem consideradas pessoas na sua própria plenitude, não apenas subalternas. Muitos países do mundo, inclusive, modificaram o próprio ordenamento jurídico para reconhecer o equilíbrio e a igual distribuição de responsabilidades entre marido e mulher, pai e mãe.

No começo do terceiro milénio, a subjetividade feminina tendencialmente expressa-se entre estes dois pontos. No mundo há muitas culturas femininas; cada uma com modos, formas e tempos próprios, esforça-se por encontrar um equilíbrio que evite os dois extremos perigosos deste processo: a uniformidade, por um lado, e a marginalização, por outro. A diferença e a igualdade das mulheres não é "contra" mas "com". A experiência histórica da condição feminina ensinou às mulheres que a neutralidade é, na realidade, uma forma de despotismo, e faz-nos sair do humano.

- A diferença (entre homem e mulher) gerou uma desigualdade radical. Onde se devem procurar as suas raízes? Na antropologia cultural? Na detenção do poder, firmemente nas mãos de quem (homens) é tradicionalmente reconhecido como mais hábil para mandar?

- A questão do "género" ("gender") pode ligar-se, de alguma maneira, a esta visão desigual entre homem e mulher, de onde deriva a pretensão de criar-se uma identidade cultural? Pode haver alguma relação, especialmente ao nível das tensões sociais?

- As categorias de "reciprocidade" e "complementaridade" podem ser uma chave de leitura e um itinerário possível de vida, ou é necessário identificar outras categorias?

- A igualdade como pessoa humana necessita da diferença para dar plenitude à Palavra de Deus criadora: «Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança... E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou: homem e mulher os criou» (Génesis 1, 26-27). Que linguagem poderíamos usar hoje para tornar compreensível esta palavra? A narração bíblica continua a conservar força argumentativa?

Tema 2 - A "generatividade" como código simbólico
Numerosos estudos de carácter ético, antes ainda que jurídico, demonstram claramente que a "generatividade" é um dos temas mais debatidos e controversos no atual panorama cultural, social e político do Ocidente, e não só: basta pensar em questões como gestação sub-rogada, barrigas de aluguer, fecundação medicamente assistida, homóloga e heteróloga, etc. Desta convicção surgiu a decisão de ler a categoria da "generatividade" em chave simbólica, evitando leituras mais complexas de tipo sociológico, jurídico e bioético que teriam requerido análise mais detalhada e tempos mais alargados de investigação e debate.

Recorrendo a alguns exemplos, podemos afirmar que um percurso generativo divide-se em quatro momentos: desejar, iluminar, cuidar e, por último, deixar andar. A "generatividade", enquanto ato antropológico originário e como código simbólico, manifesta-se também nos espaços pedagógicos (educação para a fé, atividade pastoral, formação escolástica), dando vida a estruturas sociais, culturais e económicas inspiradoras de valores, ideias, princípios e práticas orientadas para o bem comum, ao desenvolvimento integral do ser humano e ao compromisso solidário.

Ponto de partida de todo o ser humano
A "generatividade" gira, inevitavelmente, em torno do corpo da mulher. O universo feminino, por uma predisposição natural, espontânea, biofisiológica, desde sempre protege, conserva, cuida apoia, cria atenção, consenso e cura em torno a quem é concebido, se desenvolve, nasce e cresce.

A fisicalidade das mulheres, que torna o mundo vivo, longevo e capaz de se estender, encontra a sua máxima expressão no seio materno. O corpo da mulher é o ponto de partida de cada ser humano, a fonte primária da resposta à angústia da morte. No corpo da mulher tem lugar a vida pré-natal, que tem um valor e uma importância fundamental porque deixa uma marca inicial no corpo e no cérebro da criança.

Trazer ao mundo um ser humano é muito mais do que concebê-lo ou dá-lo à luz. Implica ajudá-lo a desenvolver o próprio potencial para realizar-se e viver uma vida plena, em que as crises e as dificuldades podem enfrentar-se com recursos "intra" e "inter" pessoais.

Neste horizonte generativo, a "mens", como ensinam as neurociências, emerge das atividades do cérebro cujas estruturas e funções estão diretamente influenciadas pelas experiências interpessoais, a partir da vida pré-natal. É um processo biológico de integração, estimulado por relações fundadas sobre a segurança, a sintonização emotiva, a cooperação e a compreensão.

Outros contextos da "liberdade generativa"
Visto que toda a relação tem um impacto sobre o cérebro e a mente, a "generatividade" pode expressar-se em qualquer relação, em todo o momento da vida, declinando-se de múltiplas maneiras. Promovendo uma vida boa, cada pessoa faz-se generativa quando imprime a própria marca na existência daqueles que lhes são confiados.

Isto pode acontecer nos mais variados contextos: da família aos lugares da educação, da atenção médica, da informação e da empresa. Mulheres empresárias e diretoras, por exemplo, que se ocupam da gestão com critérios fundados sobre o respeito, o acolhimento, a valorização das diferenças e das competências, geram e protegem a vida expressando fecundidade.

Estes processos estão na base de um futuro plenamente humano, baluarte contra a involução da espécie humana, um risco possível onde se cultiva sem harmonia a lógica da competição e do poder.

- O primeiro contacto com o mundo e o primeiro olhar sobre a vida de todo o ser humano têm um destinatário feminino. Reconhece-se suficientemente o valor das mulheres neste segmento imprescindível da vida humana?

- Reconhece-se o papel central das mulheres que acompanham até à plenitude do humano na sociedade e na Igreja, em todas as latitudes?

- O trabalho do cuidar continua a ser "coisa de mulheres" (anjos do lar)? Tem reconhecimento económico? Como traduzir esta expressão a nível social? E na Igreja?

- O nascimento de novas modalidades e espaços generativos (relações, amizades, apoio, solidariedade, etc.) pode ser facilitado pela rede virtual. Que espaço encontram as mulheres no mundo das comunicações sociais para se expressar?

Tema 3 - O corpo feminino: entre cultura e biologia
O corpo feminino
Para a mulher - como sucede também na experiência masculina - o corpo representa, em sentido cultural e biológico, simbólico e natural, o lugar da própria identidade. É sujeito, meio, espaço de desenvolvimento e da expressão do eu, lugar de convergência de racionalidade, psicologia, imaginação, funcionalidade natural e tensão ideal.

O corpo feminino coloca-se como filtro de comunicação com o outro, num intercâmbio, contínuo e inevitável, entre indivíduo e contexto. Assim, a identidade feminina encontra-se no ponto de convergência da fragilidade quotidiana, da vulnerabilidade, da mutabilidade, do múltiplo, entre vida emotiva interior e fisicidade exterior.

A cirurgia estética pode enquadrar-se como uma das muitas possíveis manipulações do corpo que exploram os seus limites quanto ao conceito de identidade. Uma especificidade que no mundo contemporâneo se encontra submetida a pressões, ao ponto de provocar patologias (dismorfofobia, transtornos da alimentação, depressão...) ou "amputar" as possibilidades expressivas do rosto humano ligadas à capacidade empática.

A cirurgia estética, quando não é médico-terapêutica, pode expressar agressão à identidade feminina, mostrando a rejeição do próprio corpo enquanto rejeição da vida que se está a atravessar.

Assim, se o corpo feminino é o "lugar da verdade" do eu feminino, no imprescindível entretecimento de cultura e biologia, é também o lugar da traição a esta verdade. O uso indiscriminado e indiferenciado que a comunicação, em todas as suas declinações, desde a publicidade (alusão sexual e denegrição do papel feminino) aos médias, operou no corpo feminino, é um exemplo incontestável. Nenhuma batalha política ou social conseguiu desfazer um mecanismo tão arraigado como o da exploração do corpo feminino com fins comerciais.

A agressão ao corpo da mulher
Segundo estimativas da ONU, mais de 70 por cento das pessoas que no mundo vivem na indigência são mulheres: mulheres pobres, mulheres incultas, em condições de exploração, perigo, sujeição, dificuldade, ou seja, situações que limitam profundamente as suas possibilidades de conhecimento, informação, emancipação e libertação.

Mulheres mutiladas pela depressão, desarmadas, sem coragem e sem valor, sujeitas aos homens; mulheres que aceitam uma presumida inferioridade e que se veem condicionadas pelos costumes culturais das sociedades onde vivem. A pobreza é, portanto, causa e consequência da violência sobre as mulheres.

Em semelhante cenário, o corpo da mulher pode converter-se no lugar simbólico do "nada", do "ser-objeto", através da ocultação, mutilação e constrição do corpo, até à eliminação de toda a subjetividade, de qualquer expressão de vida e de pensamento. Neste sentido, a prostituição pode ser considerada a forma mais difundida de escravidão, inclusive nas sociedades civis e democráticas.

Quando se fala da violência perpetrada contra as mulheres, começando pelas meninas, fala-se também da violação dos princípios e valores sancionados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, e das seguintes leis nacionais e internacionais em defesa e proteção dos direitos humanos que evocamimediatamente o mandamento bíblico de não oprimir o órfão e a viúva (Êxodo 22, 21).

Se é certo que todos os indivíduos gozam de direitos iguais enquanto seres humanos, não há desculpas, sejam do tipo cultural ou social, para legitimar, minimizar o inclusive tolerar a violência de género. Mas isto continua a acontecer hoje, considerando que a violência sobre as mulheres mergulha as suas raízes mais profundas precisamente na discriminação e nos estereótipos ligados aos papéis.

O femicídio é o homicídio da mulher "enquanto mulher", para apoderar-se de algo que se considera um direito exclusivo, recorrendo à humilhação e à violência, seja física ou psicológica.

O aborto seletivo, o infanticídio, as mutilações genitais, os delitos de honra, os matrimónios forçados, o tráfico de mulheres, abusos sexuais, violações - que em algumas regiões do mundo se convertem em violações em massa ou étnicas - são algumas das feridas mais profundas infligidas quotidianamente à alma do mundo passando pelo corpo das mulheres e das meninas, vítimas silenciosas e invisíveis.

É necessário potenciar a formação de quantos vivem em contacto com a violência, mas há que promover também uma cultura da convivência entre homens e mulheres, conscientes de que o mundo está confiado a uns e a outras em igual medida.

- A "violência doméstica" - exercida pelos homens, pais, maridos ou irmãos - é a primeira causa de morte no mundo para as mulheres entre 16 e 44 anos. A fria estatística coloca duas perguntas: por que é que uma mulher é assassinada por um marido, companheiro ou ex-companheiro de anos de vida, pais de filhos que criaram juntos? Por que é que uma mulher, ao primeiro empurrão ou às primeiras palavras brutais, não afasta de si para sempre o homem que a ameaça, e que queima, destrói e profana o amor conjugal até ao extremo?

- «A cirurgia estética é como uma burca de carne.» Uma definição tão acertada como fustigante, dada por uma mulher. Salvaguardando a liberdade de escolha de cada um, não estaremos sob o jugo cultural de um modelo feminino único? Pensamos nas mulheres usadas na publicidade e na comunicação de massa?

- De geradores de vida a produtores. O horizonte científico interpela-nos: um cenário onde se concebe sem ter em conta o corpo, sobretudo feminino, onde o chamamento à existência de um ser humano acontece sem relação, primeiro com os pais e depois entre mãe e filho, não significa uma deriva rumo ao corpo como produtor e não como gerador? Podemos ignorar a sofisticada interação entre cultura, biologia e tecnologia?

- O corpo expressa o ser de uma pessoa, mais do que uma dimensão estética autorreferencial. Como evitar uma aproximação puramente funcional (sedução, comercialização, utilização com fins de mercado) ao corpo da mulher?

Tema 4 - As mulheres e a religião: fuga ou novas formas de participação na vida da Igreja?
Das mulheres vêm perguntas dolorosas e sinceras. Tratemos de escutar o seu desconforto espiritual ante uma iconografia feminina obsoleta em que não conseguem reconhecer-se e ver-se refletidas.

Poderemos abrir esta última sessão de trabalho com uma série de perguntas: que anúncio querigmático [primeiro anúncio das verdades de fé fundamentais para a Igreja], que não se reduza a uma visão moralista, pode haver para as mulheres? Que indicações para uma prática pastoral renovada, para um caminho vocacional rumo ao matrimónio e à família, rumo à consagração religiosa, considerando a nova consciência de si que adquiriram as mulheres? Porque há tão poucas respostas e tão inadequadas à valorização do corpo, do amor físico, aos problemas da maternidade responsável? Porque é que uma presença tão grande de mulheres na Igreja não incidiu nas suas estruturas? Porquê atribuir à mulher na prática pastoral só aquelas tarefas que lhes atribui um esquema algo rígido de resíduos ideológicos e ancestrais?

Ontem

«Mas a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire na cidade uma influência, um alcance, um poder jamais conseguidos até aqui. É por isso que, neste momento em que a humanidade sofre uma tão profunda transformação, as mulheres impregnadas do espírito do Evangelho podem tanto para ajudar a humanidade a não decair» (Mensagem do Concílio Vaticano II às mulheres).

E também: «[Homens e mulheres] contribuam com a riqueza do próprio dinamismo para a construção do mundo», porque «hoje é urgente, tanto na sociedade civil como na Igreja, um trabalho para despertar e promover a mulher. Trata-se de proteger a dignidade da mulher respeitando sempre o que é genuinamente feminino (esta é a verdadeira igualdade), e evitando que a mulher, no seu legítimo esforço para se inserir responsavelmente numa sociedade marcadamente machista, perca a sua feminilidade. No respeito desta originalidade da mulher baseia-se o verdadeiro desenvolvimento da posição da mulher» (Comissão de Estudo sobre a Mulher na Sociedade e na Igreja).

Através desta concisa evocação do Concílio Vaticano II e do trabalho da mencionada comissão encerramos o nosso olhar ao passado recente que todos recordamos.

Hoje

O olhar para o presente faz-nos correr o risco da retórica ou dos lugares comuns. São as mulheres as primeiras que acreditam, são elas as primeiras testemunhas. E é precisamente a elas, às mães e às avós em primeiro lugar, a quem o papa Francisco pediu que continuem a levar o anúncio de esperança e ressurreição.

As mulheres, com efeito, representaram sempre para a Igreja a fortaleza silenciosa da fé, a elas pediu-se sempre que se ocupem da educação das crianças na vida da fé. Constituem um exército de mestras, catequistas, mães e avós que, todavia, olhando de perto a realidade atual, são figuras que parecem pertencer a um mundo antigo em vias de extinção.

A crise vai afirmando-se a partir das jovens. No Ocidente, as mulheres entre 20 e 50 anos vão menos à missa, optam cada vez menos pelo matrimónio religioso, poucas seguem uma vocação religiosa e, em geral, mostram uma certa desconfiança pela capacidade formativa dos homens religiosos.

O que é que não funciona hoje, quando a imagem de mulher que têm os homens da Igreja já não corresponde, em geral, à realidade? Hoje as mulheres já não passam a tarde a rezar o terço ou em devoções piedosas. Muitas vezes são trabalhadoras, diretoras ocupadas como os homens, e às vezes mais, porque muitas vezes recai sobre elas o cuidado da família. São mulheres que alcançaram, por vezes com esforço, postos de prestígio na sociedade e no mundo do trabalho, às quais não corresponde nenhum papel de decisão ou de responsabilidade na comunidade eclesial.

Não está em discussão o sacerdócio feminino, coisa que, por outro lado, segundo as estatísticas, interessa muito pouco às mulheres. Se como diz o papa Francisco, as mulheres têm um papel central no cristianismo, este papel tem de ter correspondência na vida normal da Igreja.

Olhar o futuro
O terreno está minado pelo preconceito e enraizado em posições ancestrais alimentadas com o combustível da tradição e de uma excessiva presença masculina, muitas vezes refratária a qualquer confrontação. Já passou a hora de qualificar automaticamente toda a petição feminina com a etiqueta de feminismo, na qual há frequentemente reivindicações mais ou menos aceitáveis.

Toda a época histórica está marcada por conflitos e esperanças, que hoje revelam de forma inderrogável a complementaridade entre homem e mulher. Um terreno difícil de lavrar, mas que daria frutos abundantes, também na própria Igreja.

Não se trata de pôr em marcha uma revolução contra a tradição. As vozes femininas com bom senso não pretendem nem pensam arrancar vestes ou lugares aos homens, subvertendo a relação de poder entre sexos, nem, muito menos, colocar-se um barrete púrpura, em detrimento do reconhecimento das mulheres com todas as suas peculiaridades femininas.

O objetivo realista poderia ser abrir às mulheres as portas da Igreja para que ofereçam a sua competência, sensibilidade, intuição, paixão e dedicação, em plena colaboração e integração com a componente masculina.

- Que espaços se propõem às mulheres na vida da Igreja? São acolhidas tendo em conta a nova e diferente sensibilidade cultural, social, identitária? Continuam a propor-se modalidades de participação a partir de esquemas masculinos que não lhes interessam?

- Perguntámo-nos sobre que tipo de mulher necessita hoje a Igreja? A sua participação pensa-se e elabora-se juntamente com elas? Ou entregam-se-lhes modelos já elaborados que não respondem às suas expectativas ou respondem a perguntas hoje superadas?

- Estão as mulheres a fugir da Igreja? Talvez em algumas áreas culturais isto seja correto. Outras, pelo contrário, poderiam sugerir elementos preciosos para propor e novos horizontes para onde dirigir o olhar. O debate pastoral entre experiências diversas, em que as mulheres têm a possibilidade de fazer ouvir a sua voz e oferecer a sua disponibilidade ao serviço, não poderia converter-se numa modalidade sinodal de viver a fé e habitar na Igreja?

- Quais são as características da presença das mulheres nas diversas sociedades e culturas a partir das quais poderíamos extrair inspiração para uma renovação da pastoral e permitir uma participação ativa na vida da Igreja?"

Tradução e edição de Rui Jorge Martins para SNPC
em 27 de janeiro de 2015

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Diaconisas na Igreja

Diaconisa Febe / D.R.
Diaconado feminino na história

«Se se quer valorizar a figura da mulher na Igreja católica e dar-lhe um papel mais central, como aconteceu noutras confissões cristãs, a via do diaconado pode representar um caminho que se pode percorrer tranquilamente porque se trata de uma instituição que se prolonga até ao século XI. Exemplos dos quais voltar a partir? Certamente os testemunhos que nos chegam da Igreja dos primeiros séculos.»

É o primeiro comentário que chega de Emanuela Prinzivalli, docente de História do Cristianismo na universidade “La Sapienza”, de Roma, à luz do anúncio feito pelo papa Francisco de querer pensar em instituir uma comissão de estudo sobre o diaconado feminino na Igreja primitiva.

A professora elenca os «casos mais antigos» de diaconado a que foram chamados as mulheres, confirmados também por vários passos do Novo Testamento, colocando sobretudo em evidência a diferença entre a Igreja das origens, «sobretudo nos três primeiros séculos», e a atual. «Muito provavelmente o título de diácono da Igreja antiga pensado para as mulheres» - argumenta a investigadora - «corresponde a um serviço dado pela comunidade que nós não sabemos bem definir em relação à sua evolução».

A historiadora recorda algumas fontes que manifestam uma clara referência à figura da mulher destinada a revestir o ministério. «Vem-me à ideia o passo da Carta aos Romanos [16,1-2] em que S. Paulo fala de uma mulher, Febe, a “diáconos”, da comunidade de Cêncreas, por ele descrita como “protetora”».

Mas há mais: «Outro caso em que é mais evidente um aceno ao “diaconado feminino” encontra-se no capítulo terceiro da Primeira Carta a Timóteo. Nesse passo fala-se e indicam-se mulheres – no interior de uma hierarquia da Igreja que já estava estruturada verticalmente – chamadas a aproximarem-se das mesmas virtudes praticadas pelos diáconos homens, e portanto ao mesmo papel. Trata-se de figuras descritas como “dignas, não maldizentes, sóbrias, fiéis em tudo”. São, em resumo, mulheres chamadas a revestir as mesmas virtudes cristãs prescritas aos diáconos».

A professora refere depois outro precedente que poderia ser examinado pela possível comissão sobre o diaconado feminino pensada por Francisco. «Um testemunho sobre o papel ativo das mulheres no interior da Igreja chega-nos de Plínio, “o Jovem”, então governador da Bitínia nos inícios do século II, em que ele se refere à tortura de duas escravas definidas como “ministrae”. Esta declinação no feminino em latim ajuda-nos a perceber que estas mulheres tinham um papel relevante e não marginal na Igreja de Bitínia».

Ainda outro caso: «Os casos evidentes de “mulheres diácono” manifestam-se claramente no fim do século IV – pense-se na Igreja de Constantinopla -, como Olímpia, amiga de João Crisóstomo, que é ordenada com a imposição das mãos dele. Eram dedicadas à liturgia e ao cuidado pastoral da parte feminina da Igreja daquele tempo».

«Outro exemplo? Chega-nos da “Didascalia apostolorum”, na Síria do século III: nesse texto, de género canónico [legislativo], afirma-se que as mulheres não podem ser padres mas há a afirmação precisa de “mulheres diácono” onde até a diaconisa é imagem do Espírito Santo. Os espaços do diaconado feminino de então, especialmente na Igreja do Ocidente, restringem-se progressivamente. Mas os casos de estudo de onde partir são inúmeros», conclui a historiadora de cristianismo.

Filippo Rizzi in "Avvenire", 14.5.2016
Tradução de Rui Jorge Martins para SNPC

Frescos restaurados revelam mulheres sacerdotisas

Gregorio Borgia / AP
Frescos e sacerdócio no feminino

Partilho uma notícia em inglês, publicada a 20 de novembro de 2013 pelo The Guardian, e que nos fala da descoberta da representação de sacerdotisas cristãs no restauro dos frescos na catacumba de Priscilla

Vatican unveils restored catacomb with frescoes showing 'female priests'

The Vatican has unveiled newly restored frescoes in the catacombs of Priscilla, known for housing the earliest known image of the Madonna and child, and frescoes said by some to show women priests in the early Christian church.

Cardinal Gianfranco Ravasi, the Vatican's culture minister, presided over the opening of the "cubicle of Lazzaro", a tiny burial chamber featuring fourth-century images of Biblical scenes, the apostles Peter and Paul, and one of the early Romans buried there in stacks, as was common in the age of antiquity.

The labyrinthine cemetery complex stretching for miles under northern Rome is known as the queen of the catacombs because it features burial chambers of popes and a tiny, delicate fresco of the Madonna nursing Jesus dating from around AD230-240., the earliest known image of the Madonna and child

More controversially, the catacombs feature two scenes said by proponents of the women's ordination movement to show female priests: one in the ochre Greek chapel features a group of women celebrating a banquet, said to be the banquet of the eucharist. Another fresco in a richly decorated burial chamber features a woman, dressed in a dalmatic – a cassock-like robe – with her hands up in the position used by priests for public worship.

The Association of Roman Catholic Women Priests, which includes women who have been excommunicated by the Vatican for participating in purported ordination ceremonies, holds the images up as evidence that there were female priests in the early Christian church.

But Fabrizio Bisconti, the superintendent of the Vatican's sacred archaeology commission, said such a reading of the frescoes was pure "fable, a legend".

Even though the catacombs' official guide says there is "a clear reference to the banquet of the holy eucharist" in the fresco, Bisconti said the scene of the banquet wasn't a eucharistic banquet but a funeral banquet. He said that even though women were present, they weren't celebrating mass.

Bisconti said the other fresco of the woman with her hands up in prayer was just that – a woman praying. "These are readings of the past that are a bit sensationalistic but aren't trustworthy," he said.

Asked about the scenes, Ravasi professed ignorance and referred comment to Bisconti. The Vatican has restricted the priesthood for men, arguing that Jesus chose only men as his apostles.

The Priscilla catacombs are being featured in a novel blending of antiquity and modern technology. For the first time, Google Maps has gone into the Roman catacombs, providing a virtual tour of the Priscilla complex.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Madre Teresa, a Mulher

A misericórdia como prática, a defesa da fé, o papel da mulher na Igreja

A santidade de Madre Teresa de Calcutá é a principal razão para ser declarada santa, no próximo domingo, mas esta canonização também tem algo a dizer a outros níveis: a misericórdia tornada prática, a defesa da fé face aos críticos e o papel da mulher na Igreja católica.

Quando Madre Teresa se tornar Santa Teresa de Calcutá, a 4 de setembro, 19 anos menos um dia após a sua morte (5 de setembro de 1997, aos 87 anos), espera-se que a celebração, no Vaticano, presidida pelo papa Francisco, seja o maior evento do Ano da Misericórdia. A sua beatificação, em 2003, atraiu cerca de 300 mil pessoas à praça de S. Pedro e imediações, e os organizadores antecipam que a afluência deste domingo seja maior.

Nos últimos dias é provável que tenhamos ouvido, mais do que uma vez, que Francisco está "a fazer" de Madre Teresa uma santa. Os teólogos dirão, porém, que nada está mais longe da verdade. A crença católica sustenta que se alguém é verdadeiramente santo, então já está no céu. Uma canonização é entendida como um reconhecimento do que já aconteceu.

Por outras palavras, a canonização não é para o santo, é para nós, que erguemos um novo modelo de santidade e uma nova amizade no céu, a quem toda a Igreja pode rezar. Vale também a pena relembrar que a santidade, pelo menos em teoria, é um dos processos mais democráticos na vida católica. É suposto começar com o que é tradicionalmente conhecido como "culto", ou seja, a devoção popular a uma dada figura que teve reputação de santidade. A declaração oficial ocorre só depois da investigação do candidato e, por fim, se todos os critérios estiverem preenchidos, for aplicado o selo de aprovação.

Com toda a honestidade, houve alguns poucos casos ao longo dos anos onde essa vontade popular é algo difícil de encontrar, mas não é definitivamente este o caso. Como João Paulo II, de quem a multidão gritava "Santo subito!" na missa do funeral, Madre Teresa foi uma santa nos corações da maior parte dos católicos muito antes de o seu nome ter entrado no cânone oficial.

Contudo, há três outros aspetos que se combinam para fazer da celebração um dos mais fascinantes e potencialmente influentes acontecimentos na vida católica recente.

Manual de como fazer misericórdia

A misericórdia é, no seu núcleo, uma virtude espiritual, mas o papa Francisco tem insistido ao longo deste Ano que, para ela ser sincera, deve ter uma expressão tangível em ações concretas de serviço. Na tradição cristã, os exemplos tornam-se presentes nas obras corporais de misericórdia, que incluem alimentar os esfomeados, dar abrigo aos sem-teto, visitar os doentes, e assim por diante.

Poucas figuras católicas alguma vez, e provavelmente nenhuma no seu tempo, ilustraram melhor esse impulso para a misericórdia concreta do que Madre Teresa, desde os centros para doentes com SIDA às casas de acolhimento para crianças perdidas e refugiados. Não houve virtualmente qualquer espécie de sofrimento humano a que ela não tivesse dado uma resposta prática.

Nesse sentido, Santa Teresa de Calcutá ficará para sempre como um "manual de como fazer misericórdia" em carne e sangue, uma espécie de guia do utilizador para o que a misericórdia é na prática. Daqui por diante Francisco não tem de oferecer qualquer explicação detalhada do que deseja que as pessoas façam; tudo o que tem de fazer é apontar para Madre Teresa e dizer: «Tenta ser como ela». Por outras palavras, é possível sustentar que o Ano da Misericórdia alcança o seu auge espiritual no próximo domingo.

Como veículo para a aplicação prática da misericórdia, Francisco apelou a todas as dioceses do mundo para lançarem uma nova iniciativa durante este Ano Santo, como uma clínica, escola ou hospital, para assegurar que o seu espírito continua após o encerramento formal do Jubileu, a 20 de novembro. Se os responsáveis diocesanos estão tentados a murmurar sobre a falta de tempo ou recursos, Madre Teresa também oferece outro valioso exemplo. Não é realmente necessário ter grandes bolsos para infraestruturas gigantes que respondam ao apelo, só a inabalável vontade de o tornar real.

Defesa da fé em ação

O bispo auxiliar de Los Angeles, Robert Barron, uma das figuras mais entendidas na paisagem católica americana no que diz respeito à fé na cultura secular, disse-me recentemente que acredita que um dos "evangelistas" mais efetivos das últimas décadas foi Christopher Hitchens, cuja agressiva argumentação a favor do ateísmo inspirou uma geração de novos e determinados discípulos.

Quando Hitchens começou a aparecer em debates públicos com líderes religiosos, referiu Barron, normalmente limpava-os todos: «Era como dá-los aos leões... ficavam completamente destruídos».

Porém Hitchens perdeu claramente pelo menos um dos seus principais argumentos, que foi a sua famosa tentativa, em 1995, de roubar a Madre Teresa a sua auréola com o polémico livro "A posição missionária".

Hitchens acusou Madre Teresa de uma variedade de duvidosas práticas morais, desde levar dinheiro de ditadores a gerir instalações médicas abaixo dos padrões. A sua objeção geral era de que Madre Teresa não estava realmente interessada em servir os pobres, mas em fazer propaganda das suas obscurantistas crenças católicas.

Foi um ataque devastador, talvez o melhor murro que uma crítica secular tenha acertado numa proeminente figura católica além do papa, e certamente voltará a estar em debate nestes dias que antecedem a canonização.

Contudo, no tribunal da opinião popular, Hitchens foi um fiasco. Em dezembro de 1999, no fim do século XX, a empresa de sondagens Gallup perguntou a norte-americanos qual a pessoa que mais admiravam nos últimos 100 anos. Madre Teresa surgiu destacadamente em primeiro lugar, com 49 por cento, seguindo-se Martin Luther King Jr., com 34 por cento.

Ironicamente, Madre Teresa prevaleceu sem que alguma vez tenha pronunciado uma palavra de refutação - o máximo que alguma vez falou sobre Hitchens foi «eu rezarei por ele». Na verdade, claro, ela não precisava de dizer nada, porque as pessoas viram toda a sua vida como uma refutação da crítica de Hitchens.

Mulheres na Igreja

Se alguém quisesse compor uma pequena lista das mais icónicas figuras católicas da segunda metade do século XX, em termos de personalidades mais faladas, celebradas, fotografadas, ímanes de multidões, capas de revistas, prémios, altas taxas de aprovação e assim por diante, há provavelmente três que se destacam: papa João XXIII, papa João Paulo II e Madre Teresa.

Os dois primeiros foram significativamente ajudados pelo facto de se terem tornado papas. Se Angelo Roncalli tivesse permanecido como patriarca de Veneza ou Karol Wojtyla como arcebispo de Cracóvia, é improvável que tivessem subido ao palco mundial como veio a suceder.

Madre Teresa, porém, fez tudo sem mais. O único cargo que alguma vez ocupou foi o de superiora das Missionárias da Caridade, congregação por ela fundada, dado que estava demasiado ocupada a servir os pobres.

O papa Francisco criou recentemente uma comissão para ponderar a ordenação diaconal de mulheres, levantando um tabu de longa data na discussão oficial de tal ideia. Ainda que ele tenha afastado a possibilidade da ordenação sacerdotal de mulheres, isso não afastou o debate sobre o assunto nos círculos católicos.

Os pronunciamentos oficiais podem dizer o que quiserem sobre a «complementaridade» e o sacerdócio como serviço, mas há algumas pessoas, incluindo dentro da Igreja, que nunca acreditarão que as mulheres no catolicismo sejam mais do que cidadãs de segunda classe enquanto estiverem excluídas da ordenação.

O que a Madre Teresa claramente ilustra, todavia, é que não é preciso um cabeção ou uma cruz peitoral para exercer influência na Igreja católica.

Ela foi uma mulher, afinal de contas, que não teve hesitações em dizer a bispos e padres o que fazer, e ao longo dos anos a maior parte deles fê-lo - não por causa da cadeia de comando, mas porque foram inspirados, e frequentemente até impressionados, pelo poder espiritual que ela libertava.

Quaisquer que forem os argumentos a favor das diaconisas que a nova comissão vier a considerar, há pelo menos um que podem afastar da mesa, que é o de que sem se tornarem parte do clero, as mulheres (ou os leigos em geral) não têm acesso à liderança.

Se alguém foi um modelo de líder católico de sucesso foi Madre Teresa. Como mais nova santa da Igreja, ela continuará sem dúvida a liderar num modo completamente novo."

John L. Allen Jr. In "Crux"
Tradução e edição de Rui Jorge Martins para SNPC a 29 de agosto de 2016

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Diaconisas para breve?

Ventos novos, boas novas

O Papa Francisco criou uma comissão para o estudo do diaconado de mulheres, anunciou o Vaticano no passado dia 2 de Agosto. A comissão formada na sua metade por mulheres, irá aprofundar a questão. Em anexo segue um link da revista católica norte-americana: comissão para o diaconado de mulheres

domingo, 20 de outubro de 2013

O papel das mulheres


Papel da mulher na Igreja não é de servidão, diz o Papa

in PÚBLICO e AFP a 12/10/2013
Um dos riscos que a mulher corre hoje é o de ver a maternidade reduzida a um papel social
“Sofro quando vejo na Igreja ou em algumas organizações eclesiásticas que o papel de serviço que todos nós devemos ter fica relegado a um papel de servidão no caso da mulher”, disse o Papa, neste sábado, num encontro realizado no Vaticano, sobre a vocação e a missão da mulher hoje em dia.

O encontro foi organizado pelo Conselho Pontifício para os Leigos, por ocasião do 25º aniversário da publicação da Encíclica de um de seus antecessores, João Paulo II, sobre a vocação da mulher (Mulieris Dignitatem).

Segundo a agência I-Média, o Papa Francisco afastou-se do discurso preparado para a ocasião para expressar a sua posição relativamente à posição da mulher na Igreja.

Sublinhando terem existido mudanças sociais e culturais, lembrou que é a mulher que continuará a ter a responsabilidade da maternidade.

Existem, no entanto, dois perigos para a mulher. O primeiro é o de “reduzir a maternidade a um papel social”, ou seja, a uma tarefa que, “embora nobre”, diferencia a mulher e não valoriza todo o seu potencial na comunidade. O segundo risco é, “como reacção a este, no sentido oposto, promover uma espécie de emancipação que, para ocupar os espaços tomados pelo masculino, abandona o feminino e os preciosos traços que o caracterizam”.

O reforço do papel das mulheres na Igreja foi um dos temas abordados pelo Papa numa entrevista ao jornal La Civiltà Cattolica, publicada no início do mês de Outubro. Na mesma entrevista, Francisco considerou que a Igreja Católica se tornou "obcecada" com os temas do aborto, do casamento homossexual e da contracepção.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Servindo as mulheres

Com este novo Papa, muitas pedras têm sido mandadas para o meio do pântano de águas estagnadas dos costumes. Já tinha estado em celebrações da Ceia do Senhor onde eram lavados pés a mulheres, mas estas sempre foram longe da "ribalta" das liturgias mais solenes e "oficiais". Agora chega-nos um Papa que lava os pés de duas raparigas numa prisão, sendo uma delas muçulmana...
Será que o clero e os "ritualistas" da Igreja católica portuguesa vão saber andar ao mesmo passo deste Papa? Saberão descartar-se das "rendas", folhos e bajulações e aproximarem-se da imagem deste Jesus que se dobra e se põe ao serviço?
Cito agora uma reportagem sobre a quinta feira Santa e os gestos do Papa Francisco:

Rembrandt
O Papa Francisco lavou os pés a duas raparigas e uma delas é muçulmana


Por Ana Gomes Ferreira a 28 de Março de 2013
O Papa Francisco celebrou nesta quinta-feira a cerimónia pascal do lava-pés de uma forma inédita: numa casa prisão de Roma (Itália), o Casal del Marmo, que alberga jovens delinquentes. Não foi inédita pelo acto, mas pelos escolhidos: lavou e beijou os pés de dez rapazes e, pela primeira vez, de duas raparigas, uma muçulmana de origem sérvia, relatou a Rádio Vaticano que disse que se tratou de um momento “muito emocionante”

A cerimónia da lavagem dos pés relembra o momento em que Jesus, num gesto de humildade, lavou os pés dos seus 12 discípulos depois da última ceia, antes de ser preso e, mais tarde, crucificado.
Na capela da prisão, Francisco, o Papa argentino eleito a 13 de Março — depois da renuncia de Bento XVI —, celebrou uma missa, que improvisou, e na qual usou uma linguagem acessível, simples e calorosa, diz a agência noticiosa francesa AFP.

Lavar os pés, explicou Francisco, é “um gesto que simboliza um carinho de Jesus”, é um “gesto que vem do coração” e que disse fazer “como padre e como bispo” — não se identificou como Papa, este Francisco que já renunciara aos adornos vermelhos, que manteve a cruz de ferro que usava como arcebispo de Buenos Aires, que não quis a viatura oficial e que não dorme nos aposentos oficiais.

“Jesus veio para nos servir, para nos ajudar. Pensemos bem: estamos mesmo dispostos a servir os outros?”, perguntou o Papa aos jovens deste Instituto Penal para Menores. “O Senhor deu o exemplo. Não se trata aqui de lavar os pés dos outros todos os dias, mas de sabermos que temos de nos ajudar. Se estivermos em cólera uns contra os outros, perdemo-nos”, disse, usando uma expressão popular junto dos jovens italianos, “lascia perdere”. Houve cantos e música de guitarra a acompanhar toda a cerimónia.

O Papa foi à Casal del Marmo, não foram os jovens que viajaram até à sua presença — a cerimónia costuma acontecer na imensa e fria (descrição da AFP) basílica de São João Latrão, a catedral do bispo de Roma (o Papa é bispo de Roma, por isso as primeiras palavras de Francisco foram para os romanos, pedindo-lhes a bênção).


"A fé, dentro de uma prisão, é muito importante. É um sinal de esperança. Eles são activos durante o dia, mas chega sempre o momento em que a porta se fecha e ficam sozinhos”, disse aos jornais italianos uma voluntária do Casal del Marmo, Annalisa Marra. Falou na surpresa que foi o anúncio da visita do Papa e na importância que tem para os 50 jovens em reabilitação que lá vivem saberem que “alguém acredita neles”, que “alguém pensa neles e lhes dá o perdão”.
O lavar e o beijar dos pés e a missa que o acompanha são uma tradição da Igreja Católica na Quinta-Feira Santa, que antecede a Páscoa — quando terá acontecido a última ceia de Cristo e dos 12 apóstolos. Francisco quis que esta celebração fosse uma continuidade de discurso desde que foi eleito: uma chamada de atenção sobre os mais desprotegidos, os mais necessitados e vulneráveis; antes falou dos mais pobres, agora dos jovens em sofrimento.

“Não deixem que vos roubem a esperança — ouviram?”, disse-lhes, à despedida.

Na Argentina, o então cardeal Jorge Bergoglio visitava com frequência instituições de jovens em recuperação. No Casal del Marmo informaram-se sobre o novo Papa e propuseram que, entre os menores, houvesse rapazes de fés diferentes, representando toda a comunidade de 50 (católicos, ortodoxos, muçulmanos), e também raparigas, e que uma delas não fosse católica. “Do Vaticano não houve resistência, aceitaram”, explicou ao jornal italiano La Repubblica o padre Gaetano Greco, capelão em Marmo.
O diálogo entre religiões também está entre as prioridades deste Papa, o primeiro que se chama Francisco, em referência a São Francisco de Assis e do seu trabalho evangélico e social entre os mais pobres e desprotegidos. A missa foi à porta fechada, mas a popularidade do Papa levou centenas de pessoas às portas da Marmo, nos arredores de Roma.

In Público

segunda-feira, 14 de março de 2011

Filófofa e Santa

Edith Stein: a palavra da Cruz
Duas foram as dimensões que animaram a vida desta filósofa, santa e mártir do século XX: a profunda demanda da verdade e a força da Cruz, ou melhor, a verdade enformada pela radicalidade da cruz, que é para uns loucura e para outros sabedoria e poder de Deus.

Nas suas palavras: «Uma ‘Scientia Crucis’ podemos obtê-la somente quando somos capazes de seguir a Cruz até ao fundo. Disto fui persuadida desde o primeiro momento e disse de coração: “Ave crux, spes unica”».

Edith Stein nasceu de uma família judaica no dia 12 de Outubro de 1891, em Breslau, Alemanha, sendo a mais nova dos onze filhos de Siegfried com Auguste. Todavia, quatro dos seus irmãos morreriam ainda na infância e o seu pai, Siegfried, falecia quando Edith tinha apenas dois anos, ficando a sua mãe Auguste a tomar conta da família.

Embora fosse sempre excelente aluna, aos 14 anos comunicou aos professores, que se lhe opuseram, e à família que iria abandonar os estudos. Foi então viver para Hamburgo com a irmã Else. Durante esse tempo afastou-se cada vez mais do “Deus de Abraão, de Isaac e Jacob”. De tal maneira se distanciou que, livre e conscientemente, decidiu não rezar mais, embora a habitasse um desejo profundo pela verdade.
O seu propósito de deixar de estudar não durou muito e passado um ano voltou para Breslau e para o colégio. Simpatizante dos movimentos femininos da época, Edith termina o bacharelato no colégio em 1911, tornando-se uma das primeiras universitárias da Alemanha.

Considerando-se ateia, que o foi durante dez anos, estudou germânicas, história e psicologia. Mas desiludida com esta ciência, ruma em 1913 para Göttingen, onde ensinava o fundador da fenomenologia, Edmund Husserl, do qual se tornaria discípula e depois assistente. Aí conhece Max Scheler e Adolf Reinach, discípulos daquele. Neste círculo começa a estudar filosofia e fica impressionada com a objectividade da fenomenologia e com o seu método para conhecer a verdade, que a própria tanto desejava.

Em 1915 Edith conclui a licenciatura, mas a 1.ª Guerra Mundial estava em pleno desenvolvimento, por isso interrompe a sua carreira académica e oferece-se como voluntária num hospital militar. Encerrado este, acompanha Husserl para a Universidade de Freiburg, onde recebe o doutoramento em 1916 com uma tese sobre a “Empatia”, sendo-lhe atribuída a nota de “summa cum laude’”. Torna-se a primeira mulher doutorada em filosofia da Alemanha.

O tempo da guerra marcará ainda a vida de Edith. Depois da morte em combate do amigo Reinach, vem a conhecer a sua mulher, que a impressiona pela calma e paz, tudo porque a sua força lhe vinha da fé em Jesus e da sua cruz, como ela mesma havia confessado a Edith.

Stein começa a ler o Novo Testamento e no ano de 1918 separa-se de Husserl por considerar que a sua filosofia se torna mais cada vez mais estreita. Volta a Breslau e sucede a Martin Heidegger na universidade. Edith tenta uma cátedra em filosofia mas nunca lhe foi dada; e mesmo Husserl e Heidegger a criticam por tal pretensão, pois era mulher.

Em 1920 dá-se um acontecimento decisivo para a conversão de Edith Stein. Ela que se encontrava em crise por não encontrar o sentido último da sua vida, vai passar férias com uma amiga católica, Hedwig. Estando uma tarde só em casa dela, retirou da estante a biografia de Santa Teresa de Jesus. Leu-a numa noite e no fim concluiu que estava diante da verdade.

Posteriormente comprou um catecismo católico, o qual estudou com afinco, e após participar na missa pediu a um padre para receber o baptismo. Alguns meses mais tarde, no dia 1 de Janeiro de 1922, era baptizada Edith Stein.

Deseja entrar no Carmelo mas por conselho de alguns amigos sacerdotes, e por respeito à mãe, não o faria de imediato. Nos anos seguintes tornou-se professora no colégio das dominicanas, em Speyer. Nesse tempo traduz as cartas e os diários de Newman, além de São Tomás de Aquino. Desta maneira, mudava o seu pensamento filosófico e aproximava-se cada vez mais e com mais profundidade do cristianismo.

No ano de 1932 Edith Stein é chamada para leccionar no Instituto Alemão de Pedagogia Científica, em Munique, mas alguns meses mais tarde, com a subida de Hitler ao poder, foi demitida, pois era público a sua ascendência judaica. Edith Stein viu no acontecimento o momento oportuno para entrar finalmente no Carmelo, o que veio acontecer no dia 15 de Outubro de 1933, recebendo o nome Teresa Benedita da Cruz.
O regime torna-se cada vez mais hostil para com os judeus e emite em 1935 novas leis racistas. A mãe de Edith, que considerou a sua conversão uma traição ao povo judeu, morre em 1936, sem que ambas se tivessem reconciliado.

Stein egue os seus estudos no Carmelo, onde lê Santa Teresa e São João da Cruz. Em 1936 nasce a sua maior obra filosófica: “Ser finito e Ser eterno”. Embora desejasse partilhar “a sorte” do seu povo, Edith muda-se do convento de Colónia para o de Echt na Holanda em 1938. Alguns meses mais tarde começa a 2.ª Guerra Mundial e no ano de 1940 também a Holanda é ocupada. Edith, tranquila, escreve, com base na obra de São João da Cruz, o seu último livro, que deixou incompleto: “A ciência da Cruz”. Ciência que estaria perto de adquirir, pois no dia 2 de Agosto as tropas alemãs tomam o convento de Echt. Teresa Benedita da Cruz, com a sua irmã Rosa, que se havia convertido ao catolicismo, são levadas primeiro para o campo de concentração de Westerbork e depois para Auschwitz, na Polónia, onde se supõe que tenham morrido nas câmaras de gás no dia 9 de Agosto de 1942.

Edith Stein viria a ser beatificada por João Paulo II a 1 de Maio de 1987, e no ano de 1998 foi canonizada pelo mesmo papa, que em 1999 a declarou co-padroeira da Europa.

L. Oliveira Marques
in SNPC

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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