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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Estamos atentos aos outros?

Acima das mensagens encontram uma sondagem aberta. Só receberá votações durante uma semana. Nela tento "investigar" o nosso grau de atenção e de disponibilidade para os outros... Isto vai dar o que pensar!

Será que a Igreja reconhece Jesus Cristo?

Pareceu-me apropriado abordar ao longo desta semana o tema da pobreza e uma análise crítica de posturas da Igreja face a questionamentos sociais e outros apelos contemporâneos. Começo por uma reflexão de S. João Crisóstomo, que me parece ilustrar perfeitamente o texto de Lc 16, 19-31 que se ouviu nas igrejas católicas de todo o mundo no Domingo passado. E isto é um alerta para a Igreja, instituição. Mas também o é para cada um de nós. Quem são as pessoas que nós ignoramos ou a quem não prestamos o devido cuidado? Não estarão aí grandes falhas no nosso amor? O que valorizamos na realidade?


Reconhecer Cristo no pobre

Queres honrar o Corpo de Cristo? Então não o desprezes nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem o honres no templo com vestes de seda, enquanto o abandonas lá fora ao frio e à nudez. Aquele que disse: «Isto é o meu Corpo» [1], e o realizou ao dizê-lo, é o mesmo que disse: «Porque tive fome e não me destes de comer» [2]; e também: «Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer» [3]. Aqui, o corpo de Cristo não necessita de vestes, mas de almas puras.

Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas que sejam de ouro. Que proveito resulta de a mesa de Cristo estar coberta de taças de ouro, se ele morre de fome na pessoa dos pobres? Sacia primeiro o faminto, e depois adornarás o seu altar com o que sobrar.

Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água fresca? [4]. Pensa que se trata de Cristo, que é ele que parte errante, estrangeiro, sem abrigo; e tu, que não o acolheste, ornamentas a calçada, as paredes e os capiteis das colunas, prendes com correntes de prata as lâmpadas, e a ele, que está preso com grilhões no cárcere, nem sequer vais visitá-lo? Não te digo isto para te impedir de tal generosidade, mas exorto-te a que a acompanhes ou a faças preceder de outros actos de beneficência. Por conseguinte, enquanto adornas a casa do Senhor, não deixes o teu irmão na miséria, pois ele é um templo e de todos o mais precioso.

[1] Mt 26, 26; [2] cf. Mt 25, 35; [3] Mt 25, 42.45; [4] Mt 10, 42.

in Homílias sobre o Evangelho de Mateus, n°50, 3-4http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100926

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Do Ask, Do Tell

Constou-me que a luta contra o "Don't ask, don't tell" ainda não esmoreceu. Apesar de não ter sido ainda aprovada qualquer alteração à lei, a discussão continua acesa e não se baixaram os braços... Quando será abolida esta barreira?

ver ainda:
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/dadt-ate-quando.html
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/ataque-militares-homofobicos.html
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/lady-gaga-defendeu-o-fim-de-dontask.html
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/eua-proibicao-de-gays-e-lesbicas.html

Uma árvore numa capela

A capela do Rato continua a surpreender. O projecto Diálogo Arte Contemporânea e Sagrado já trouxe um desenho, uma obra musical e a leitura do livro do Apocalipse. Artistas plásticos, músicos, compositores e actores: todos são acolhidos nesta pequena casa de Deus e do Mundo. A instalação que agora se apresenta no altar é a Natureza transportada e transformada. Aqui fica uma nota sobre o trabalho de Gabriela Albergaria:

Sem árvores não se pode falar de árvores
O atelier de Gabriela Albergara são os jardins, os bosques, os matagais silenciosos, a paisagem vegetal. A artista vai adoptando modalidades diferentes de abordagem ao seu objecto (Seja através do desenho, da escultura, da instalação ou da fotografia), e sempre com um fito que permanece inalterado: o desejo de habitar e descrever esses territórios, sem interferir demasiado neles.
Na obra de Gabriela Albergaria não nos sentimos necessariamente a caminhar para um bosque, mas sentimos o contrário: que o bosque caminha ao nosso encontro, que o jardim se desloca para o interior da casa, que as árvores chegam de longe para ver-nos.

Neste sentido, a sua proposta vem abalar algumas fronteiras culturalmente estáveis e relança o espaço para uma ampla indagação. A começar pela definição de arte. Aristóteles garantia aquilo que de tornou canónico na tradição ocidental: “a arte imita a natureza”, isto é, representa-a.

O projecto de Gabriela Albergaria estabelece-se claramente em ruptura com esta concepção. Por exemplo, na obra que vai mostrar na Capela do Rato, ela não escolheu representar uma árvore fabricando uma imagem, uma escultura... Ela foi ao bosque buscar uma árvore.
É claro que, depois, a transforma pelo efeito da recontextualização. Mas há uma coisa que ficou afirmada de modo contundente: sem árvores não se pode falar de árvores. E nesta afirmação cabe toda uma ética.

Que disse Luís Barragán? “A tarefa da nossa época é combinar a vitalidade e a calma”.
Do mesmo modo, o processo de construção do conhecimento em Gabriela Albergaria é indissociável da experiência, impensável fora da contemplação, irreconhecível longe do contacto com a presença. Ora, estas são anotações que se podem transpor, sem mudar uma vírgula, para o território espiritual. Vemos assim que o diálogo da arte contemporânea com os espaços da crença não se resume ao impulso visual, mas implica-nos a todos num exercício de mútua iluminação.

para ver a obra, terão mesmo de ir ao local: a missa de Domingo é às 12h30

domingo, 26 de setembro de 2010

Último dia do festival de cinema

A edição do Queer Lisboa 14 terminou em grande. A Argentina saiu vencedora com prémios de melhor filme, melhor actor e melhor actriz (que foi partilhado pelas três actrizes do filme) em El Último Verano de la Boyita (de Julia Solomonoff), Plano B (de Marco Berger) e novamente El Último Verano de la Boyita. Open (de recebeu menção honrosa no prémio de melhor filme. O melhor documentário foi o sueco Angrarna – Regretters de Marcus Lindeen e menção honrosa para I Shot My Love do israelita Tomer Heymann. A melhor curta-metragem votada pelo público foi Toiletzone, realizada por Didier Blasco (França).


Tudo o que vi neste último dia de festival foi de muita qualidade, passo a referir:


Os filme El Cónsul de Sodoma, de Sidfrid Monléon (Espanha, 2009) e Plan B, de Marco Berger (Argentina, 2009). Realço este último pelo tema explorado ao longo do filme: a procura da identidade e a descoberta paciente de um amor construído com base na amizade. A fotografia é belíssima, assim como a interpretação (bem atribuído o prémio de melhor actor a Lucas Ferraro) e a credibilidade da narrativa, porque descobrir quem se é e como se ama é uma construção morosa, irregular, dolorosa e pouco evidente... e assim é na vida. Um filme que respira.


Os dois documentários excelentes (para mim os melhores do festival):
Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez (Brasil, 2009) sobre um grupo de artistas, performers, dançarinos, actores e cantores que revolucionaram o panorama artístico brasileiro e a própria vivência da sexualidade nesse país. São de facto artistas de uma qualidade excepcional e vanguardista, à frente do seu tempo e apagados pela ditadura militar. O trabalho de pesquisa foi notável e é um documentário maravilhoso que me marcou profundamente.


I shot my love de Tomer Heymann (Israel e Alemanha, 2010), um pungente retrato das relações afectivas do realizador. Ele conduz-nos através dos seus olhos (câmara) e dá-nos a conhecer as pessoas que mais ama (o seu namorado, a sua mãe), e simultaneamente o próprio realizador é-nos revelado, assim como mensagens essenciais e universais tão importantes quanto o sentido de uma relação a dois, o acompanhamento familiar, a amizade, a cumplicidade, a coragem, o perdão... E a trama tece-se em contextos delicados de passado e presente, fossos culturais e humanos. Soberbo e marcante.

mais sobre os prémios
http://dezanove.pt/2010/09/25/q-os-vencedores-do-queer-lisboa-14-4632
mais opiniões sobre o festival
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/balanco-intermedio-do-festival-de.html
mais sobre I shot my love
http://www.ishotmylove.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

Balanço intermédio do festival de cinema gay e lésbico de Lisboa



Perfect Day
 Não é um balanço final, pois amanhã é o último dia. Em relação a anos passados não considero que os filmes que vi tenham tido o mesmo impacto e a mesma qualidade. Vi muitos, perdi alguns que gostaria de ver... Mas considero pouco preocupante a minha constatação, pois sei que os anos não são todos iguais e que os filmes são como o vinho: há melhores e piores colheitas.
Mas gostaria de realçar alguns dos filmes que mais gostei:

Longas metragens:
BoY, de Auraeus Solito (Filipinas, 2009)
Tú Eliges, de Antonia San Juan (Espanha, 2009) - sem dúvida o melhor filme que vi no festival

Documentários:
Daniel Schmid - Le chat qui pense, de Pascal Hofmann e Benny Jaberg (Suíça, 2010)

Curtas:
Caníbales, de Juanma Carrillo (Espanha, 2009)
Amateur, de Daniel Treviño (EUA, 2009)
In their room, de Travis Mathews (EUA, 2009)
Matthew, de Menelaou e Rueberg (EUA, 2009)
e realço as seguintes enquanto objectos artísticos muito interessantes e irreverentes:
If shoe fits e Believe it, de Chris Scherer (Austrália, 2008 e 2009)
Burning Palace, de Mara Mattuschka e Chris Haring (Áustria, 2009)

Não posso deixar de louvar o documentário português, principalmente pelo simples facto de ter sido feito e pelo tema abordado. E agradecer à nossa equipa de Rugby gayfriendly (Dark Hourses) por existirem e por fazerem um extraordinário trabalho. Contudo não apreciei todos os tiques de realização. Achei inoportunas as citações e a interrupção que estas causam no todo da obra (desculpa Luís, mas parece-me que revelaste demasiado o teu universo) e lamento - já que a equipa tenta combater lugares comuns e estereotipos - que alguns estereotipos tenham passado pelo écran, nomeadamente a aparência de todos os jogadores serem ricos e terem casas fantásticas. Mas aqui fica a referência, pois vale a pena ver.
Boys Just Wanna Have Fun, de Luís Hipólito e Margarida Moura (Portugal, 2010)

E amanhã há mais. Não faltam filmes e documentários para ver no último dia do Queer 14
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/queer-lisboa-14.html

Ao som do Órgão

I Ciclo de Órgão de Santarém (25 de Setembro 2010 a 13 de Março 2011)



Sábado 25 de Setembro às 16h: Pré-inauguração do Ciclo na Igreja da Misericórdia (Santarém)

Conferência musical
Os órgãos históricos de Santarém

Dinarte Machado (mestre organeiro), orador
David Paccetti Correia, órgão

entrada livre
Dinarte Machado, cuja oficina foi responsável pelo restauro dos órgãos das igrejas de Marvila, da Misericórdia, de São Nicolau e da Piedade apresenta as particularidades dos órgãos de Santarém, no contexto da organaria clássica portuguesa e da arte dos compositores portugueses. A conferência é ilustrada por exemplos musicais interpretados pelo organista David Paccetti Correia.

Ajudar é preciso: voluntariado no "Desporto contra a Pobreza"


No próximo dia 6 de Outubro vai decorrer a iniciativa "24 horas de combate à pobreza" que conta com actividades em vários pontos do país e engloba inúmeras entidades que das mais diversas formas irão desenvolver acções para sensibilizar a população para este tema.

A Amnistia Internacional faz parte desta iniciativa e além de dinamizar actividades próprias, estamos a apoiar outros parceiros a angariarem voluntários para as iniciativas.



Neste sentido são necessários voluntários para a iniciativa "Desporto contra a Pobreza e Exclusão Social - 12 modalidades desportivas e actividades culturais" da Fundação Aragão Pinto a decorrer em Lisboa.


Onde é? 
Casa Pia de Lisboa CED Jacob Rodrigues Pereira
Rua D. Francisco de Almeida, 1
1440-117 Lisboa
 
O que é preciso?
6 pessoas - recepção das entidades; Confirmação das entradas/inscrições;      
10 pessoas - 1 em cada estação a auxiliar o responsável da modalidade caso seja necessário.  
10 pessoas - 1 em cada grupo de crianças a auxiliar o responsável pelo grupo no percurso entre estação, e durante o decorrer da actividade
8 pessoas - Distribuição do pequeno almoço e almoço; Distribuição de comida e bebida ao longo do Evento


Como inscrever-se?
Enviar um e-mail para l.marques@amnistia-internacional.pt
(Luisa Marques, Directora de Campanhas e Estruturas, Amnistia Internacional Portugal)
O pós:
O dia termina em festa na Lx Factory com um concerto a partir das 21h00, para o qual estão todos convidados desde já.


Saber mais:
http://24hcombatepobreza.blogspot.com
www.amnistia-internacional.pt

Directamente do século XIX

Permito-me postar esta mensagem... para um momento de boa disposição.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Música e Vídeo

Belíssima a diversidade, belíssimo o vídeo.

PAG - THE LADY IS DEAD (song by: THE IRREPRESSIBLES - "IN THIS SHIRT")

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O fenómeno transgender

O nosso moderador, pediu-me que trouxesse ao Blog, algum texto que nos ajudasse a reflectir o fenómeno da transexualidade. Encontrei um texto brilhante do Prof. Allen Gomes, que nos ajuda a reflectir esta e outras formas de ser homem e mulher...partilho convosco:

"A nossa sociedade, desde sempre, encarou o sexo, ou o género, de uma forma fortemente bipolarizada e esteriotipada: masculino e feminino.
Na sua forma típica – palavra que me parece menos má do que normal – cada sexo sentia-se identificado com o seu corpo (identidade de género), exibia um comportamento social de acordo como o que cada sociedade, em cada momento, prescreve para cada sexo (papel de género) e orientava-se – em termos de atracção erótica – para o outro sexo (orientação sexual). Em termos simples: homem heterossexual com uma identidade e papel de género masculino e mulher heterossexual com uma identidade e papel de género feminino. Este seria o melhor dos mundos- o admirável mundo velho!

Só que, um número significativo de pessoas, não se consegue encaixar nesta polaridade tão redutora e apresenta vivências ou comportamentos típicos do outro sexo, numa ou mais das suas características. Na terminologia médico-psicológica estas pessoas apresentam transposições de género, situações consideradas de carácter patológico e, portanto, enquadradas nas respectivas classificações clínicas, enquanto no léxico delas próprias se designam por transgender, não se consideram como doentes, mas como tendo um estilo de vida alternativo (...). De acordo com a tipicidade dos elementos definidores do sexo, descreveram-se à partida três grandes transposições do género: a homossexualidade – identidade e papel de género típicos, com orientação sexual atípica; travestismo – identidade de género e orientação sexual típicas e papel de género atípico; transexualismo – identidade, papel e orientação sexual atípicos.

Temos assim, três grandes categorias, aparentemente bem definidas... contudo, a diversidade do comportamento sexual não se esgota em categorias tão rígidas. A orientação sexual é muito mais complexa que a simples polarização heterossexual/homossexual. Ela é um contínuo entre dois extremos – o heterossexual e o homossexual exclusivos. Entre estes pólos, encontra-se uma imensa variedade de comportamentos em que, em maior ou menor grau, se encontram pessoas com vivencias de dupla atracção, cuja frequência e predominância apresenta importantes nuances ao longo da vida. Assim, ao nível da orientação sexual, construiu-se uma nova categoria – bissexualidade –que em si só também não dá para compreender a pessoa, que de facto é susceptível a fenómenos de dupla atracção. Por outro lado, com o passar do tempo, foi-se constatando que não havia critérios científicos para considerar o comportamento homossexual como patológico, pelo que, desde há mais de trinta anos, a homossexualidade foi retirada das grandes classificações internacionais de doença (...). O transexualismo mantém-se como a categoria mais estável. Cientificamente, define-se como todo o indivíduo que deseja viver e ser aceite como membro do outro sexo, sentindo-se altamente desconfortável com o seu sexo anatómico e procurando, afincadamente, tratamentos hormonais, cosméticos e cirurgicos que tornem o seu corpo o mais congruente possível com a sua vivência psicológica. Uma alma de mulher aprisionada num corpo de homem – transexual masculino, ou uma alma de homem aprisionada num corpo de mulher – transexual feminino, constitui ainda a definição mais compreensiva destas pessoas.

Neste contexto classificativo, onde se enquadram os indivíduos do sexo masculino que se vestem de mulheres e se comportam como tal de uma forma permanente, que tomam hormonas femininas, que utilizam silicone para tornar as suas formas mais femininas mas que não se submetem a cirurgias que modifiquem os seus orgãos genitais? A resposta, é que pura e simplesmente, não se enquadram nas classificações existentes! Daí que, o nome mais adequado para eles, seja o que as comunidades gay e transgender utilizam – as drag queens. Como se vê, não são nem travestis, nem transsexuais. A imagem que melhor os caracteriza será o de uma “mulher com pénis” (...).

Como se vê, a diversidade humana a nível de género é tão vasta como a qualquer outro nível. No aspecto científico, classificar as variações de género em categorias rígidas, não só não resolve o problema da compreensão do fenómeno transgender – que abrange todas as identidades sexuais que culturalmente transgridem os chamados papéis masculinos e femininos – como se pode revestir de alguns perigos. A construção, nestas situações, de categorias clínicas bem delimitadas, pode obrigar técnicos de saúde e leigos a fazer com que as pessoas se encaixem, forçadamente, nelas, correndo o risco de se adoptarem procedimentos radicais – nomeadamente cirurgicos – que, no futuro, se revelem insatisfatórios para as pessoas a que foram aplicados.

A título de ilustração, gostaria de terminar este artigo, com uma citação de um site da internet – FTM (female-to-male)International: 'nós situamo-nos em vários pontos do continuum transgender-transexualism. Muitos de nós, fizemos a transição através de auto-exploração com colegas ou conselheiros. Muitos tentaram a transição física tomando hormonas para produzir caracteres sexuais secundários, como voz grave e barba, ou submeteram-se a cirurgias – tais como mastectomia bilateral, para criar um torso masculino e faloplastia, para construir genitais masculinos. Outros, embora partilhando uma identidade de género masculino, decidiram que as hormonas/cirurgias não seriam necessárias para demonstrarem a sua masculinidade. Outros, ainda, expressam a sua identidade masculina, exclusivamente, através da forma como se vestem e se comportam socialmente...'"

In Paixão, amor e sexo de Francisco Allen Gomes (páginas 127-132), Publicações Dom Quixote

Timor: proposta para envio de livros

Uma amiga andou a investigar onde poderia dar livros que não precisava. Descobriu que há uma grande procura em Timor - todos os tipos de livros, mesmo os desactualizados.

Envio:
Tem de ser feito através dos correios (CTT), que têm uma tarifa económica para Timor (é preciso insistir, pois nem todos os funcionários a conhecem). O valor é de 2,70 euros (segundo as suas informações), desde que a encomenda não ultrapasse os 2 kg.

Tipo de livros:
livros de ficção, romances, novela, ensaio, livros infantis, dicionários (mesmo os desatualizados). Evitar gramáticas e manuais escolares.

Contactos:
Joana Alves Santos
Embaixada de Portugal em Díli
Av. Presidente Nicolau Lobato
Edifício ACAIT
Díli - TIMOR LESTE

Um dia, "paneleiro" será sinónimo de "pioneiro"!

Se pensarmos que a bandeira do arco-íris, desenhada por Gilbert Blaker, conta pouco mais de 30 anos, se pensarmos que o catecismo oficial da Igreja Católica ainda define os actos homossexuais como "intrinsecamente desordenados", se pensarmos que só na última década do século XX a homossexualidade foi retirada da lista de doenças mentais pela influente Organização Mundial de Saúde, se pensarmos que em muitos países do mundo os comportamentos homossexuais ainda não foram descriminalizados, se pensarmos em tudo isto e em tantos outros factos semelhantes, não se torna muito difícil concluir que estamos apenas, apesar da estrada percorrida, numa espécie de quilómetro zero da História, desde há cerca de dois mil anos a esta parte, no que concerne uma minoria sexual. Encontramo-nos no ponto exacto em que a palavra "paneleiro" ainda não se transformou semanticamente e de forma cabal na palavra "pioneiro".

In O casamento sempre foi gay e nunca triste, de José António Almeida

ver ainda:

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não há pronto-a-vestir Gay

Um homossexual tem de abrir dentro e fora de si um espaço para poder ser. Esse espaço interior de construção de si mesmo e essa projecção de um mundo de possibilidade fora de si exigem-lhe recursos extraordinários. Enquanto os heterossexuais têm um mundo pronto-a-vestir, os homossexuais têm de construir a estrada para poder circular, essa via que lhes permita avançar na direcção do futuro.

Essa ausência de perspectivação do futuro creio que é o maior problema com que se deparam os adolescentes que se descobrem com uma orientação sexual diversa da maioritária. E como podem falar de homossexualidade num mundo social, familiar e religioso onde a homossexualidade era ainda em tempos muito recentes um tabu ou um assunto marcado com o ferrete da ignomínia? E, sobretudo, como falar disso no meio de desertos de intensa solidão afectiva?

In O casamento sempre foi gay e nunca triste, de José António Almeida
ver ainda:

Direitos dos homossexuais na Arábia Saudita

Na ficha sobre a Arábia Saudita do Relatório 2009 do Departamento de Estado dos Direitos Humanos dos Estados Unidos pode ler-se:

"De acordo com a sharia, tal como é interpretada no país, a actividade sexual entre duas pessoas do mesmo sexo é punível com a morte ou a flagelação. É ilegal para os 'homens se comportarem como mulheres' ou a vestir roupa de mulher e vice-versa. Houve poucos relatos de discriminação social, violência física, ou assédio com base na orientação sexual. Não existem organizações de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Não há nenhuma discriminação oficial baseada na orientação sexual no emprego, habitação, nacionalidade ou acesso à educação ou à saúde. A orientação sexual pode constituir a base para o assédio, a chantagem, ou outras acções. Não foram reportados tais casos. "

A entrada continua: "Em 13 de Junho, a polícia Riyadh prendeu 67 homens das Filipinas por beberem álcool e se vestirem com roupas de mulher numa festa privada. (...). Em 2007, o jornal Okaz relatou a flagelação pública de dois homens na cidade de Al-Bahah após serem declarados culpados de sodomia. A sentença foi de 7.000 chicotadas."

ver também:

Diplomata saudita pede asilo nos EUA por ser gay

O antigo primeiro-secretário do consulado da Arábia Saudita em Los Angeles fez um pedido de asilo nos EUA pois arrisca-se a ser executado (por ser homossexual) se voltar ao país de origem.

Asseri afirma que as autoridades sauditas o enviaram de volta ao seu país de origem depois de terem descoberto que ele é gay e amigo de um judeu.

Os EUA concedem asilo a gays estrangeiros se as autoridades estiverem convencidas de que enfrentam um risco real na sua terra natal. As leis tratam os requerentes de asilo homossexuais como membros de "um grupo social específico."

Para ler a ficha da Arábia Saudita no relatório 2009 do Departamento de Estado dos Direitos Humanos dos Estados Unidos ler a próxima mensagem ou nos links abaixo.
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/09/direitos-dos-homossexuais-na-arabia.html

Activista russo detido e ameaçado pelas autoridades

Nikolai Alekseev, organizador do Pride de Moscovo foi detido pelas autoridades russas como forma de o obrigar a desistir das queixas no Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A ILGA Europe indica que Nikolai foi detido e intimidado a abandonar as suas queixas contra a Federação Russa no Tribunal Europeu de Direitos Humanos relativas às recorrentes violações do direito de livre reunião de pessoas LGBT na Rússia.

No mesmo dia a cerimónia de abertura do Festival Cultural Queer em São Petersburgo foi cancelada e todo o festival corre o sério risco de ser banido depois de uma recomendação da administração da cidade que classifica o Festival de "propaganda da homossexualidade".

Segundo a ILGA Europe a atitude do governo da Rússia é consequência do facto de que compreenderam que iria ser condenado pelo TDH e passaram a medidas desesperadas de intimidação, ameaças e rapto para o evitar.
http://portugalgay.pt/news/160910D/russia:_activista_lgbt_detido_e_ameacado_pelas_autoridades

DADT até quando?

A tentativa no Senado dos EUA de avançar desde já com o fim da Don't Ask, Don't Tell (DADT) falhou hoje por apenas 4 votos.

A medida já foi aprovada pela House of Representatives, mas ainda tem de ser votada pelo Senado.
O voto de hoje foi motivado pelo pedido de Obstrução Parlamentar feito por John McCain, no entanto para ultrapassar a situação seriam necessários 60 votos, mas apenas 56 Senadores manifestaram vontade de continuar com o debate (43 manifestaram-se contra).
http://portugalgay.pt/news/210910D/eua:_dont_ask_dont_tell_vai_continuar..._por_enquanto

Algumas más notícias

Não me agrada o papel de informar que os direitos do ser humano estão a ser pisados ou mesmo esmagados nalgumas partes do mundo. Para não andar vários dias a postar mensagens negativas, prefiro fazê-lo de seguida... Quando poderemos assistir, a uma escala planetária, a uma igualdade de direitos sem olhar a raça, credo, idade, profissão, saúde, aptidão ou orientação sexual?

Ataque a militares homofóbicos

Contra-proposta a “don’t ask don’t tell”
Lady Gaga, num discurso em Portland (Maine) propõe uma nova lei que mande para casa os militares que têm problemas, aqueles que não são capazes de realizar as suas tarefas por serem homofóbicos. E dá-lhe um nome: "Se não gostas, vai para casa".

Com esta declaração, a diva reforça que, se algum militar não tem capacidade para defender a constituição dos EUA por causa do seu preconceito, então não tem lugar nas Forças Armadas. E que não faz sentido que um militar possa tratar os direitos Constitucionais como se fossem um menu, em que se pode escolher o que se quer usar ou não. E que o governo também não o pode fazer e que quando se vai para uma guerra vai-se por todos... não se pode excluir alguém só por ser gay.

E lançou ainda o desafio: se a DADT não for anulada, então devem tornar mais claro por quem é que os militares estão a lutar.
Infelizmente nem todos pensam assim...

"Todos têm o direito de viver plenamente a sua existência", diz o bispo italiano

Um bispo que se encontra com um grupo de fiéis gays e um jornal diocesano que dá um enorme destaque ao evento seria algo impensável há poucos anos. Esta mensagem é baseada na reportagem de Valerio Gigante, publicada na revista Adista a 26 de Julho de 2010 e traduzida por Moisés Sbardelotto.


Um bispo italiano encontrou-se com os gays da diocese


Algo está a mudar nas relações entre a hierarquia católica e grupos homossexuais [pelo menos em Itália]:
  1. Apareceu em Cremona um grupo diocesano para a pastoral com as pessoas homossexuais
  2. Foi publicado pela diocese de Turim de um pequeno livro intitulado "Fé e homossexualidade"
  3. Aconteceu o I Fórum Italiano dos Cristãos Homossexuais
  4. Em muitas igrejas cristãs organizaram-se de vigílias de oração por ocasião da IV Jornada Mundial contra a Homofobia

E mesmo que nem todas as dioceses tenham a mesma abordagem pastoral acerca do tema da homossexualidade – basta lembrar as palavras de alguns bispos eméritos ou, mais recentemente, a interdição do vicariato de Roma aos párocos da cidade de hospedar as iniciativas do grupo "Nuova Proposta" –, a linha do diálogo parece ter conseguido o seu espaço.

Assim, foi possível que o grupo de cristãos homossexuais de Parma Arco [1] recebesse a visita do bispo da cidade, D. Enrico Solmi. Uma visita importante se considerarmos que, na Assembleia Geral da Conferência dos Bispos da Itália (CEI) do dia 26 de Março, D. Solmi foi eleito o responsável pela Comissão Episcopal para a Família e Vida.

É provável que, justamente na sequência do seu novo cargo, Solmi tenha pretendido dar ressonância à sua visita ao grupo Arco, para assinalar uma vontade de abertura, não só por parte da Cúria de Parma, mas da própria Conferência Episcopal. Caso contrário não se explicaria o facto do jornal diocesano Vita Nuova, no passado dia 2 de Julho, ter dedicado uma página inteira a este encontro, comentando o seu êxito.

D. Solmi "juntou-se ao grupo de Parma no seu encontro regular do mês de Maio. [...] Um sinal, não apenas da sensibilidade pessoal de D. Solmi", mas principalmente "um apelo claro a não discriminar ninguém (e só Deus sabe o quanto é necessário esse apelo nos nossos dias)". Uma forma de reafirmar, "com autoridade inequívoca, que ninguém está excluído da comunhão eclesial por causa da sua pertença a determinadas categorias sociais". Uma atitude "inclusiva" de D. Solmi, que, para o Vita Nuova, sempre foi "explícita", também por parte do Magistério da Igreja, "desde o documento de 1975 sobre a Pessoa Humana", e do "Catecismo da Igreja Católica, no artigo 2357".

Portanto, continua a publicação, se o encontro entre um bispo e um grupo gay provocasse "perplexidade nalgum leitor", bastaria citar "o texto do magistério da Congregação para a Doutrina da Fé, emitido em 1986, com o título 'O cuidado pastoral das pessoas homossexuais'", em que se afirma que a Igreja "rejeita considerar a pessoa puramente como um 'heterossexual' ou um 'homossexual' e destaca que todos têm a mesma identidade pessoal: ser criatura e, por graça, filho de Deus, herdeiro da vida eterna".

E é muito positivo, afirma o Vita Nuova, “que, com a sua visita, o bispo Enrico tenha reforçado isso para a nossa diocese. É um encorajamento para quem vive essa condição existencial e um alerta à comunidade, para que exerça o acolhimento fraterno às pessoas homossexuais. O novo cargo confiado pela CEI talvez o leve a interessar-se mais directamente sobre essa questão a nível nacional".

Recentemente, D. Solmi tinha manifestado uma certa abertura em relação ao mundo gay. Num encontro em Fevereiro de 2009 com os estudantes de um instituto superior, entre os numerosos temas "sensíveis" que aceitou abordar (castidade, contracepção, casamento, política), o bispo também tocou na questão da homossexualidade."Não acho que se deva afirmar", disse naquela ocasião, "que o projecto de Deus é ter homossexuais, mas digo que aquela pessoa é uma grande riqueza, que ama e tem certamente uma boa relação com Deus. Todos têm o direito de viver plenamente a sua existência, com o próprio conceito de amor e na aceitação dos ideais alheios".

[1] desde 1998 reúne crentes e não crentes e conta com a presença de duas missionárias xaverianas a animar a oração. O grupo tem auto-gestão no resto do funcionamento e na escolha dos textos bíblicos.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=34704

O Homossexual emancipado nasceu do Cristianismo

O homossexual contemporâneo, quer se confesse crente quer se declare agnóstico ou se proclame ateu, é uma figura que emerge no espaço culturalmente inaugurado pelo Cristianismo. Não foi o Judaísmo, e muito menos o Islamismo, que possibilitou o aparecimento da figura do homossexual dos nossos dias, emancipado da condenação e do preconceito da sociedade.
Foi a interiorização social da figura celibatária de Jesus Cristo que veio possibilitar em termos culturais o aparecimento do homossexual autónomo e progressivamente emancipado dos nossos dias, independentemente de todas as questões teológicas que foram formuladas ao longo dos séculos e continuam em debate a respeito da homossexualidade. De certa forma, o homossexual é uma espécie de réplica involuntária do padre e a figura gémea do monge, ou a sombra de ambos.

In O casamento sempre foi gay e nunca triste, de José António Almeida
Ver também:

Lady Gaga defendeu o fim de "Dont'Ask Don't Tell"

Neste mês a estrela pop Lady Gaga defendeu publicamente no Twitter o fim da expulsão de gays e lésbicas das forças armadas e até preparou um vídeo para o efeito.

Tudo começou quando Gaga postou no seu Twitter um desafio para o governador do estado do Nevada, Harry Reid, que lhe respondeu dizendo que isso ia ser votado e “Qualquer pessoa com qualificações para servir este país deve poder fazê-lo".

Um vídeo sobre esta questão com cerca de oito minutos foi postado no canal YouTube da Lady Gaga.

Para ver mais:

Os Salmos: oração e escola de oração

Les Psaumes: prière et école de prière


Conferência de Luciano Manicardi
dia 22 de Outubro 2010 às 21h30
no Salão da Paróquia de Santa Isabel - Lisboa
[entrada livre]

breve biografia:
Luciano Manicardi nasceu em Itália, em 1957. Formou-se na Universidade de Bolonha. Desde 1980 é monge da Comunidade de Bose, onde continuou os Estudos Bíblicos e é responsável pela formação cultural. Autor com vasta obra publicada, colabora também em diversas revistas.

Iniciativa da Fundação Betânia celebrando o 20º aniversário da publicação dos seus Estatutos.

Encontro entre religiões através da meditação

XIX ENCONTRO INTER-RELIGIOSO DE MEDITAÇÃO
na Comunidade Bahá’í de Portugal

3ª Feira, 21 de Setembro de 2010, 18H30 (Entrada livre)

A Comunidade Bahá’í de Portugal convida todas as comunidades religiosas, e público em geral.

A recepção será a partir das 18H00 e o Encontro terá início às 18H30 com algumas leituras de textos de cada comunidade presente, seguidos de meditação (25 min.).

Não pode haver dúvida alguma de que os povos do mundo, de qualquer raça ou religião, derivam a sua inspiração de uma só Fonte divina e são os súbditos de um único Deus”.

Av. Ventura Terra, 1 – Lisboa (Junto ao Metro de Telheiras)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

1000 visitas no contador e os 1001 filmes nas noites de Lisboa

Começou na sexta o queer 14, festival de cinema gay e lésbico de Lisboa. É uma semana em que há várias sessões por dia, sempre com filmes, documentários, curtas-metragens ou mesmo espectáculos ou conferências. Em suma, uma semana cultural em que a temática da homossexualidade é abordada sob o escopro de vários autores, de muitíssimos países e com diferentes aparências. Já tenho ido noutros anos e recomendo.
Ver mais informações em:
Fica ainda uma nota de rodapé:
Desde Julho, o quinto mês do blogue, foram registadas mais de 1000 visitas ao moradas de deus e um total de 3256 desde o início do blogue.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A saída do armário de Mitcham

Matthew Mitcham revelou numa entrevista da revista gay australiana SX que se assumiu enquanto gay com a idade de 14 anos. Aos 20 anos representou a Austrália nos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas só pouco antes deste evento é que a imprensa australiana (Sydney Morning Herald) e internacional se aperceberam e fizeram notar que o desportista tinha saído do armário.

Reagindo a este facto, Mitcham diz: “Eu não me tornei numa pessoa diferente. Eu não era straight antes. Por isso nada mudou na realidade… Eu assumi-me há muitos anos. O que aconteceu recentemente foi eu estar a dar uma entrevista au Herald e surgir a pergunta ‘Com quem vives?’ ao que eu respondi simplesmente: ‘com o meu companheiro Lachlan’. E a jornalista ficou toda excitada porque achou que isso era extraordinário!”

Mitcham disserta sobre o Primeiro ministro Kevin Rudd: "Durante a campanha eleitoral ele tentou sempre mostrar-se jovem e porreiro, mas as suas opiniões acerca do casamento homossexual revelaram-no bastante antiquado".

E fala de quem critica os gays por falarem da sua sexualidade: “Os heterossexuais andam sempre a falar da sua sexualidade. Falam do sexo oposto, das suas mulheres, dos seus maridos, do seu casamento. Isso são discursos heterossexuais e eles andam sempre a falar disso.
http://www.towleroad.com/2008/07/australias-gay.html

Um atleta gay nos JO


O primeiro atleta gay assumido da equipa australiana dos Jogos Olímpicos foi Matthew Mitcham. Tornou-se num ícone do desporto LGBT. Mitcham levou o seu companheiro às Olimpíadas e voltou de Pequim com a medalha de ouro em saltos ornamentais.

Do outro lado do mundo os direitos dos homossexuais estão a mudar

Austrália: Direitos de gays e lésbicas avançam

A câmara baixa do estado da Tasmânia votou no dia 1 de Setembro o reconhecimento de uniões e casamentos entre pessoas do mesmo sexo que tenham sido celebrados na Austrália e no mundo. A proposta passa agora para a câmara alta.

Neste momento a Austrália não permite a realização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mas diversos estados já têm leis que reconhecem de alguma forma alguns dos direitos dos casais do mesmo sexo. Estas uniões são reconhecidas a nível do governo federal como equivalentes ao casamento para todos os efeitos práticos.

A proposta agora apresentada irá reconhecer como uniões civis os casamentos realizados no estrangeiro entre pessoas do mesmo sexo, visto que a lei federal Australiana proíbe explicitamente o reconhecimento de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Entretanto no dia 2 de Setembro a câmara baixa de New South Wales, onde se situa Sydney, aprovou uma lei que permite a adopção por casais do mesmo sexo. A votação foi 46 contra 42, após dois dias de debates.

A lei permite que agências de adopção ligadas à igreja possam continuar a discriminar casais do mesmo sexo.

O estado de Western Australia e o Australian Capital Territory já permitiam as co-adopções por casais do mesmo sexo. A proposta passa agora para a câmara alta do estado.

6 de Setembro de 2010, Rex Wockner (EUA) para portugalgay.pt

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Igreja Católica distingue filmes da Bienal de Veneza

Reconciliação do erotismo com a espiritualidade?



A professora de cinema Inês Gil marcou a estreia de Portugal no júri Signis do Festival de Veneza, uma das mais importantes mostras internacionais da 7.ª arte, que decorreu entre 1 e 11 de Setembro.

A delegação da Signis (Associação Católica Mundial para a Comunicação), composta por sete jurados da Europa, Ásia e América Latina, atribuiu o prémio principal ao filme “Meek’s cutoff” (“O atalho de Meek”), da realizadora norte-americana Kelly Reichardt.

A Signis decidiu igualmente distinguir com uma menção honrosa o filme “Silent souls” (“Almas silenciosas”), do russo Alexei Fedorchenko, que também ganhou o prémio de melhor fotografia.

Em entrevista à Agência Ecclesia e ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, Inês Gil falou sobre as implicações religiosas dos filmes premiados e da relação entre a Igreja e o cinema.

Falando do filme a que o júri Signis atribuiu o prémio principal, “Meek’s cutoff” Inês Gil fala dos temas da confiança e desconfiança, de "uma grande dificuldade de comunicação que surge quando deixa de haver referências e quando se trata de uma questão de sobrevivência", da imigração, do papel das mulheres e da busca de um futuro melhor. "Por outro lado, os personagens fazem uma viagem à procura de água, que é o símbolo da vida e da espiritualidade. Esse itinerário transfere-se para uma procura do transcendente, ligada ao imanente, que é a sobrevivência. É uma busca da confiança e da fé".
Um filme anti-Western, povoado de anti-heróis.

Já sobre “Silent souls”, um filme espiritual e poético, Inês Gil nota que Alexei Fedorchenko "fala de imagens através de imagens", com simbolismo à mistura. Um trabalho que exibe questões culturais e rituais e erotismo. Um tema que a professora considera interessante por estar muito ligado à espiritualidade. "Trata-se de uma questão que ainda não é suscitada com frequência, dado que, durante muitos anos, os dois conceitos opuseram-se, em vez de se interligarem. E nesse filme há uma reconciliação". Também é sobre o amor que pode ultrapassar a morte, a (in)capacidade de expressar este mesmo amor.

Questionada sobre a possibilidade de um festival de cinema religioso, Inês Gil diz que não será para já e que "se é para mostrar filmes comerciais, como a “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson" não considera muito interessante. Acredita mais "na ideia de exibir e discutir obras que não sejam explicitamente religiosas".

para ler a entrevista completa
http://www.snpcultura.org/pcm_igreja_premiou_filmes_festival_veneza.html

É já amanhã

Não se esqueçam que quinta-feira terão uma última oportunidade de ver Um homem singular no cinema King em Lisboa.

mais informações:

Música Barroca no Património Mundial

Uma proposta cultural de boa música, bons intérpretes e bela envolvente:

No âmbito da Rede de Mosteiros Portugueses Património da Humanidade a Casa da Música realiza, de 16 a 19 de Setembro, 4 concertos de Música Barroca (Orquestra Barroca da Casa da Música e Coro da Casa da Música) com a direcção musical de Andrew Parrot.

De entrada livre, apenas condicionada pela capacidade das salas.

  • 16 de Setembro, 21h00 - Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa
  • 17 de Setembro, 21h00 - Mosteiro de Alcobaça
  • 18 de Setembro, 21h00 - Convento de Cristo, Tomar
  • 19 de Setembro, 16h00 - Mosteiro da Batalha
    http://www.casadamusica.com/

Voluntariado com crianças na região de Lisboa

Fazei o bem, bem feito

Hoje termino com uma terceira sugestão para quem não tem os sentidos fechados ao mundo e para os outros.

O Centro Juvenil Pe. Amadeu Pinto, foi inaugurado antes do Verão e está em funcionamento. São agora preciso VOLUNTÁRIOS para acompanhar/formar/ajudar as crianças que provêm de todos os bairros do Monte da Caparica (bairro branco, cor de rosa, amarelo) e que frequentam o centro.

Fica aqui um convite a todos os que têm algum tempo disponível para partilhar nesta obra conduzida pelos jesuítas na pessoa do Pe. Paulo Teia.

O centro está aberto nos dias úteis. Das 17h30 às 18h45 é necessária ajuda para dar explicações e fazer estudo acompanhado, das 19h às 19h45 para acompanhar as crianças em actividades de jogos, teatro, música, expressão plástica, Karaoke, dança, leituras de contos e exploração da biblioteca e culinária.

Basta escrever um mail para josesilvasj@jesuits.net com o assunto: voluntariado no CJP Amadeu Pinto. E dizer a disponibilidade - dia(s) e hora(s) - e a ajuda que se pode dar.

Ajudar com livros

Há uns meses "postei" uma mensagem para este mesmo projecto. Foram oferecidos 2000 volumes, mas são quase exclisivamente ligados à educação. São precisas mais obras de carácter prático e técnico de agricultura, pecuária, informática, filosofia e biologia e dicionários técnicos.

Por isso, a campanha que deveria terminar em 31 de Agosto foi prolongada, aproveitando o facto de a data de embarque do contentor para Moçambique - que também levará 80 computadores - estar agendada para o fim de Setembro.

O Grupo Missão Mundo (GMM) vai prosseguir em Setembro a campanha “Combater a pobreza através do conhecimento”, destinada ao envio de livros para Moçambique. A iniciativa, organizada em parceria com a Cáritas da diocese de Lisboa, pretende equipar uma biblioteca a construir em Manjacaze (província de Gaza, no Sul) e outra já existente no Instituto Agro-Pecuário de Nacuxa (zona de Nampula, ao Norte).

Da parte dos particulares a adesão foi muito positiva”, refere Ana Margarida do GMM, mas em relação às 60 editoras a quem se pediram livros as respostas ficaram aquém das expectativas.

A carência de especialistas e a falta de acesso à internet fazem com que este género de bibliografia seja a única hipótese de as populações aumentarem os conhecimentos e a produtividade.

As ofertas de manuais técnicos podem ser feitas na casa das Irmãs Concepcionistas, em Lisboa (Rua Carlos Mardel, 25) ou através de contacto prévio por correio electrónico (grupomissaomundo@gmail) ou pelo telemóvel 91 812 65 23.

Ser solidário com os Objectivos do Terceiro Milénio

Nos próximos dias 20 a 22 de Setembro acontece em Nova Iorque uma Cimeira das Nações Unidas de avaliação dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. A Fundação Evangelização e Culturas faz uma proposta concreta para nos associarmos a esse momento.

Para mais informação:

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aumento de casos de sida entre jovens casais homossexuais em Portugal: um quinto do total de infecções, o dobro dos números relativos a 2005

Números preocupantes para a população homossexual portuguesa

Por Andrea Cunha Freitas
Estudo francês reforça receios sobre os comportamentos de risco entre homens que têm sexo com outros homens.

Os jovens casais de homossexuais vão constituir um capítulo "fundamental" do próximo Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção pelo VIH/sida. O coordenador nacional, Henrique Barros, considera que o aumento de casos de VIH registado nos últimos anos em Portugal é "preocupante" e merece ser encarado como uma prioridade. Os dados mais recentes mostram que o número de casos diagnosticados nesta população praticamente duplicou desde 2005.

O alerta surge na sequência de um estudo francês, divulgado no final da semana passada, que concluiu que o alastrar da epidemia da sida está "fora de controlo" entre os homossexuais franceses, revelando que cerca de metade dos infectados neste país em 2008 pertence a este grupo, o que mostra uma incidência 200 vezes superior à encontrada na população heterossexual.

A tendência de aumento dos casos de HIV entre os jovens casais de homossexuais, contrariando a queda nos números de outros grupos afectados, já foi antes motivo de alerta em vários países europeus. Portugal não foi excepção. Porém, um trabalho de investigadores do Instituto Nacional de Vigilância de Saúde Pública francês, divulgado no The Lancet Infectious Diseases, veio reacender a inquietação com esta realidade. "Não é nada que eu já não tenha dito", reage Henrique Barros, notando que este "fenómeno aparentemente cultural" já se registou na Holanda, na Alemanha, está a notar-se em Espanha. No Reino Unido, por exemplo, os dados dos novos sistemas para a detecção de infecções pelo VIH no país mostraram no mês passado que, um em cada seis homens homossexuais foram infectados nos últimos meses, enquanto entre os heterossexuais foram só um em cada 16.

"Estamos a assistir a uma coisa que se chama fadiga da prevenção. As pessoas estão cansadas de ouvir falar nisto e ouvem que a sida se está a tornar uma doença crónica. Por isso, estão a baixar as guardas", justifica Henrique Barros.

Lembrando que não existem grupos de risco, mas apenas comportamentos de risco, o epidemiologista confirma que os números mostram que os "jovens rapazes" estão a assumir mais riscos e que também existe aqui mais probabilidade de contágio. O que fazer? Reforçar a rede para detectar as pessoas infectadas, manter a pressão do uso do preservativo, fazer prevenção activa, e também intervir nas escolas. "Os adolescentes não são todos iguais. Alguns estão mais desarmados e precisam de ajuda."

Os dados divulgados pela Comissão de Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida mostram a curva ascendente deste grupo nos gráficos sobre os casos tanto em estádios de sida, como em portadores sintomáticos não-sida ou portadores assintomáticos.

No que se refere ao número total de casos notificados durante 2009, os homossexuais são 19,7 por cento do total, com os heterossexuais a registar 61,2 por cento e os toxicodependentes 14,8 por cento. Mas o que mais é motivo para apreensão é a leitura dos dados relativos à tendência temporal que coloca a nu esta tendência no grupo dos homossexuais. Entre 2005 e 2009, os casos diagnosticados nesta população aumentaram de 7,9 por cento para 13,1 por cento. Em portadores assintomáticos a transmissão sexual homossexual aumentou de 14,2 por cento em 2005 para 21,2 por cento em 2009 (em 2000 eram 7,5 por cento).

Os números oficiais relativos a Portugal que preocupam Henrique Barros foram divulgados no final de 2009. Depois disso, a comissão lançou apenas duas campanhas nos media para promover o uso do preservativo. As duas tinham como alvo os homens que têm sexo com homens, em relações estáveis ou ocasionais. Não foi por acaso.

1/4 das pessoas infectadas não estão diagnosticadas

Partilho hoje duas notícias que no mínimo nos devem alertar para os riscos comportamentais:

SIDA: Jovens ignoram sexo seguro

Portugal tem das taxas mais altas de infecção pelo VIH/Sida, uma taxa que é promovida pela ignorância patente no entendimento da infecção e veículos de transmissão.

Recentemente na Bélgica, a Universidade de Ghent, apresentou as conclusões de um estudo levado acabo durante nove anos, observando quinhentos indivíduos. Os pacientes que fizeram parte do estudo são do sexo masculino, homossexuais, e na sua grande maioria brancos, mas mais relevante ainda eram todos jovens.

Os pacientes tendem também a ser portadores de outras infecções sexualmente transmissíveis como a sífilis sugerindo assim, um comportamento de risco sem o uso do preservativo.

Nota de destaque sobre este estudo, o Reino Unido aponta-o como verdadeiro. Nick Partridge, director executivo do Terrence Higgins Trust (ONG do Reino Unido), aponta a sociedade gay como a mais propensa ao risco de infecção pelo VIH/Sida.

Por isso Partridge, pede maiores campanhas dirigidas aos jovens, e em específico aos jovens gays, dado que segundo ele, mais de um quarto das pessoas infectadas não estão diagnosticadas.

Consultas ao blogue

Ontem o blogue ultrapassou as 3000 visitas desde que foi criado. O mês passado contou com 713 e o dia de ontem com 59.

O TABU da questão homossexual na Igreja

Baseado num artigo de Massimo Faggioli, doutorado em história da religião e professor de história do cristianismo no departamento de teologia da University of St. Thomas, em Minneapolis-St. Paul, nos EUA, publicado na revista italiana Europa a 28 de Julho de 2010 (traduzido por Moisés Sbardelotto):

Quem já tem todas as respostas raramente merece ser ouvido: sobre o tema da homossexualidade na Igreja e na teologia católica, muitas vezes são justamente aqueles que têm todas as respostas que falam mais e que menos são ouvidos. A prova disso veio na investigação feita pela revista Panorama da semana passada, que trouxe à atenção pública uma questão crucial para o futuro da Igreja e do cristianismo mundial - os tons da investigação e dos comentários a seguir traduziram em farsa aquela que é, pelo contrário, do ponto de vista intelectual e cultural, uma tragédia do silêncio.

No catolicismo europeu, ninguém ousa discutir publicamente os posicionamentos do magistério oficial, nem a dimensão pastoral do problema da homossexualidade na Igreja. No período pós-conciliar, a partir de 1975, os documentos da Congregação para a Doutrina da Fé definem a conduta homossexual como "intrinsecamente desordenada". Daí em diante, o pontificado wojtyliano tinha congelado qualquer discussão sobre a questão. Mas as recentes descobertas dos escândalos sexuais (a pedofilia, a incrível vida dupla do fundador dos Legionários de Cristo, o clero que, em algumas regiões do orbe católico, vive more uxorio [como se fosse casado] com o consenso tácito da comunidade local) reabrem à força o dossiê da atitude e do ensinamento da Igreja sobre a homossexualidade.

Isto também porque, no último quarto de século, a questão da relação entre sexualidade, homossexualidade, religiões e Igreja se tornou bem mais do que uma questão puramente teológica. Tornou-se uma questão política internacional, porque os direitos dos homossexuais são os primeiros a ser reprimidos nos regimes fundamentalistas e a questão do casamento dos homossexuais expandiu-se dos Estados Unidos para a Europa e para a América Latina.

Tornou-se uma questão de geopolítica das religiões, ficando sempre mais clara uma ruptura entre as Igrejas do Ocidente (em que a questão está na ordem do dia) e as Igrejas da Europa oriental, da Ásia e da África – o Sul, que deveria constituir o reservatório do cristianismo futuro – em que uma visão tradicional de casamento e de família não encontra desafios culturais e sociais comparáveis às do mundo ocidental.

Tornou-se também uma questão decisiva para as organizações internas das Igrejas individuais, dado que todas as Igrejas universais (católica, anglicana, luterana) estão a lidar com essa mesma questão, que coloca em crise a efectiva dimensão "universal" de cada uma dessas Igrejas: a recente ruptura no interior da Comunhão Anglicana ocorreu em torno da decisão das Igrejas norte-americanas em ordenar ministros abertamente gays.

Mas, do ponto de vista cultural, a mais exposta é a Igreja Católica, porque é a que tem diante de si a fácil indulgência em relação a todas as inclinações possíveis, típica da desresponsabilização das relações, que seguiu o caminho mais radical, o do determinismo teológico da inclinação homossexual e da ideologia da família e da fertilidade como âmbitos não só essenciais, mas também decisivos da vida cristã: por isso a ideia (difundida, mas ausente da teologia católica) de que o ser gay é incompatível com o ser cristão, e a ideia (difundida e bem presente no magistério e na socialidade católica) de que o "construir uma família" é a concretização mais visível e socialmente verificável de uma vida sexual sadia e cristã.

Especialmente no século XIX, a teologia pastoral deu aos cristãos do Ocidente uma imagem de Jesus de Nazaré como "family man", graças ao estímulo da cultura consumista/familiar e da ideologia do bem-estar pós-1945 (sobre o qual Pasolini tem páginas memoráveis em Escritos Corsários): em prejuízo não só de uma honesta interpretação histórica da figura de Jesus, mas também de um correcto equilíbrio teológico na Igreja entre vocações à vida familiar e vocações à vida monásticas, sacerdotal, claustral, contemplativa (e, mais em geral, em prejuízo de uma "vocação messiânica" que os cristãos parecem ter perdido, como Giorgio Agamben lembrou recentemente no seu breve e dilacerante livrinho La Chiesa e il Regno [A Igreja e o Reino]).

Um debate intelectual e teológico sério sobre a questão do magistério católico sobre a sexualidade deve colocar sobre a mesa toda a tradição dos últimos 20 séculos: o dado bíblico, os Padres da Igreja, o papel da cultura patriarcal no Mediterrâneo, a história da família e do casamento no Ocidente, o celibato e a monacalização do clero na Europa medieval, a "feminização do catolicismo" na Idade Moderna, a chagada das disciplinas psicológicas.

A lista é muito mais longa do que esta, mas uma coisa é certa: ao contrário da Igreja norte-americana, em que a questão homossexual e de género é também um tema teológico e pastoral, na Igreja Católica europeia, a questão homossexual ainda é tabu e, enquanto tal, torna-se alvo de investigações que escandalizam. Seria difícil imaginar na Itália uma mesa redonda (e transmitida pela televisão pública) como a que foi organizada em 2003 pela universidade dos jesuítas, a Boston College, com dois importantes jornalistas católicos e abertamente gays como David Morrison e Andrew Sullivan[1] moderados pelo vice-reitor da universidade.

Para a Igreja norte-americana era o período do despertar de novo, depois do choque do escândalo dos abusos sexuais de 2002. A Igreja europeia e a italiana estão hoje nesse mesmo estado de crise. "Ecclesia semper reformanda" também significa "jamais desperdiçar uma crise".

[1] O blogue de cultura e de política de Sullivan, The Daily Dish, é um dos mais lidos nos EUA e, por bons motivos, está no site da revista The Atlantic
The Daily Dish

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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Os textos das mensagens deste blogue têm várias fontes. Alguns são resultados de pesquisas em sites, blogues ou páginas de informação na Internet. Outros são artigos de opinião do autor do blogue ou de algum dos seus colaboradores. Há ainda textos que são publicados por terem sido indicados por amigos ou por leitores do blogue. Muitos dos textos que servem de base às mensagens foram traduzidos, tendo por vezes sofrido cortes. Outros textos são adaptados, e a indicação dessa adaptação fará parte do corpo da mensagem. A maioria dos textos não está escrita segundo o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, pelo facto do autor do blogue não o conhecer de forma aprofundada.

As imagens que ilustram as mensagens são retiradas da Internet. Quando se conhece a sua autoria, esta é referida. Quando não se conhece não aparece nenhuma referência. Caso detectem alguma fotografia não identificada e conheçam a sua autoria, pedimos que nos informem da mesma.

As imagens são ilustrativas e não são sempre directamente associáveis ao conteúdo da mensagem. É uma escolha pessoal do autor do blogue. Há um critério de estética e de temática ligado ao teor do blogue. Espero, por isso, que nenhum leitor se sinta ofendido com as associações livres entre imagem e conteúdo.

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