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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.
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segunda-feira, 26 de março de 2018

Casais gays e monogamia

A nova geração gay é monogâmica e quer casar-se

Um estudo interessante afirma que cerca de 92% dos homens gays jovens quer vir a casar-se e cerca de 90% deles procura encontrar um parceiro monogâmico.

Ainda que exista a crença falsa e generalizada de que os homens gays somente desfrutam permanecendo solteiros e avidamente consumindo as aplicações de namoro - e que o poliamor e as relações abertas são o futuro que desejam -, nada mais longe da realidade: a monogamia continua a triunfar.

Recentemente investigou-se as novas tendências das relações dos jovens gays entre os 18 e os 39 anos de idade por parte de Lanz Lowen e Blake Spears, dois investigadores da Universidade de São Francisco. Inquiriu-se um elevado número de homens, dos quais cerca de 42% eram solteiros e os outros 58% estavam numa relação. Neste estudo, no qual participaram 832 homens gays, chegou-se ao resultado assombroso de que cerca de 92% deles queria casar-se algum dia e que cerca de 90% dos mesmos somente procurava relações monogâmicas.

Ainda que estudos anteriores tenham constatado que dois terços dos casais que continuam juntos por mais do que cinco anos se envolvem em relações abertas, este estudo faz luz sobre o que a maioria dos jovens gays preferem: a monogamia.

O estudo chega à mesma conclusão de que as relações entre homens, tanto monogâmicas como não monogâmicas, parecem estar mais saudáveis do que nunca, já que a maioria dos homens gays que vivem em casal (cerca de 90%) vê a sua relação como sã e estável; estão felizes e satisfeitos com ela e afirmam que provavelmente continuarão durante, pelo menos, mais cinco anos com os seus companheiros atuais.

Artigo original em espanhol in Shangai.com

domingo, 26 de novembro de 2017

Em 1994 era assim

A primeira campanha publicitária a incluir um casal gay

Marketing pela Igualdade


Anúncios Inclusivos

Há campanhas publicitárias que marcam uma geração, outras que são revolucionárias, provocadoras e/ou progressistas. O grupo IKEA surgiu em 1943, e não veio apenas revolucionar o mundo da decoração e do mobiliário mas também o da publicidade.

Em 1994 foi esta multinacional que, pela primeira vez, utilizou um casal gay como protagonista numa publicidade. (o vídeo pode ser visto AQUI). O anúncio fazia parte de uma campanha onde  se procurou espelhar a diversidade da sociedade (um casal homossexual que pretende adoptar, uma mãe divorciada, um casal junto há pouco tempo e também pessoas solteiras).

Em 2011, com a abertura de uma nova loja em Itália, um cartaz surge com dois homens de mãos dadas segurando um saco de compras IKEA e com a frase "Estamos abertos a todas as famílias". O anúncio foi mal recebido, tanto por alguma opinião pública (a loja situa-se na conservadora Sicília), como por alguns meios de comunicação social menos isentos. (ler mais AQUI)

Em 2016, o catálogo do IKEA, voltou a integrar a fotografia de um casal homossexual inter-racial, na intimidade da sua casa. Uma vez mais os responsáveis pelo marketing do grupo apostam na inclusão e na diversidade como imagem de marca.


Ler mais:
Artigo em espanhol que fala sobre as sete campanhas do IKEA que fizeram história.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Pudores


Igreja Episcopal Escocesa celebra casamentos entre pessoas do mesmo sexo

Mark Runnacles/Getty Images
Depois de em 2014 ser possível casar pelo registo civil na Escócia, este ano também a Igreja Episcopal Escocesa, a Igreja Anglicana da Escócia, votou pela realização de casamentos gay pela Igreja. O primeiro casamento tem lugar no Outono de 2017. Passo a citar o artigo de Harriet Sherwood, do The Guardian, publicado a 8 de Junho de 2017. O texto será o original, em inglês:

Scottish Episcopal church votes to allow same-sex weddings

"Scottish Anglicans have voted overwhelmingly in favour of allowing same-sex couples to marry in church. The historic move sets the church on a potential collision course with the global Anglican communion and risks fracture within its own ranks.

The vote at the Scottish Episcopal church general synod makes it the first Anglican church in the UK to allow same-sex weddings, with the first ceremony likely to take place this autumn.

The move, which raises the prospect of gay Christians from England, Wales and Northern Ireland heading to Scotland for a church wedding, was hailed by gay rights campaigners.

Canon law was changed to remove a doctrinal clause stating that marriage is between a man and a woman. A new conscience clause allows clergy to opt out of performing same-sex weddings.

The decision invites the possibility of sanctions by the 80 million-strong Anglican communion. Last year, the US Episcopal church was subjected to punitive measures at the end of a four-day meeting of church leaders in Canterbury. They said the US church’s acceptance of same-sex marriage represented “a fundamental departure from the faith and teaching held by the majority of our provinces on the doctrine of marriage”.

Traditionalists insist that a literal reading of the Bible means marriage must be a lifelong union of a man and a woman and that the church must resist changes in social attitudes or cultural pressure.

Minutes after the vote, Gafcon, which represents conservative Anglicans worldwide, named Andy Lines as a new “missionary bishop” for Scotland. The post is intended to offer alternative leadership for traditionalist Anglicans opposed to the synod’s decision.

Lines told a press conference that the church was “not at liberty to tamper with [God’s] words” and that he would offer help and support to those “who wish to maintain the authority of the Bible”.

Jayne Ozanne, a leading campaigner for LGBT rights within the Church of England, said: “I’m thrilled that the Scottish Episcopal church has chosen to take this brave and momentous step in enabling same-sex marriage. This has been done in a graceful and sensitive way, recognising the differing views on how we interpret scripture, and is a model for others to follow.”

Vicky Beeching, another gay rights campaigner, tweeted: “Come on Church of England, we need you to watch & learn from Scotland’s bold step today. Hoping for that change someday soon.”

Archbishop Josiah Idowu-Fearon, secretary general of the Anglican communion, said he expected the decision to be discussed by Anglican primates who are meeting in Canterbury in October. He said: “There are differing views about same-sex marriage within the Anglican communion, but this puts the Scottish Episcopal church at odds with the majority stance that marriage is the lifelong union of a man and a woman. This is a departure from the faith and teaching upheld by the overwhelming majority of Anglican provinces on the doctrine of marriage.”

A spokesperson for the Church of England said the decision was a matter for the Scottish Episcopal church: “The Church of England is unable by law to marry couples of the same sex and the teaching of the Church of England remains unchanged. However, this is a matter on which there is real and profound disagreement in the Church of England.”

The change to canon 31 on the solemnisation of holy matrimony that was agreed by the Scottish Episcopal church required a two-thirds majority in each section of the synod, the bishops, clergy and laity. The bishops and laity voted 80% in favour, the clergy at 67%.

It removed a clause saying marriage was “a physical, spiritual and mystical union of one man and one woman … and is a holy and lifelong estate instituted by God”.

The new clause says: “In the light of the fact that there are differing understandings of the nature of marriage in this church, no cleric of this church shall be obliged to conduct any marriage against their conscience.”

Draft guidelines on the new canon produced by bishops before the vote acknowledged that the issue of same-sex marriage was “one of deep distress”.

The new position “does not alter the fact that within the church there remains a range of views on marriage”. The revised canon “permits those clergy who, on the grounds of conscience, wish to conduct the marriages of same-sex couples, to seek nomination to do so; it also allows that there will be those who, on the grounds of conscience, will not seek such nomination.”

Church employees and volunteers, such as vergers, organists, choristers and flower arrangers, should be allowed to exercise their conscience and decline to participate in same-sex weddings.

Proposing the change, John Armes, the bishop of Edinburgh, told the synod: “No one is being asked to change their theology of marriage.” The new canon was an official recognition of a diversity of viewpoints, he said. “It is permissive, not directive.”

Ian Ferguson, of Aberdeen and Orkney, the only Scottish diocese to oppose the change during consultations over the past year, said: “This is one of the saddest and most painful days for us … We are broken. This schismatic move … will cause serious harm to our unity.” Members of the church “may seek alternative episcopal oversight”, he said.

Same-sex marriage was legalised in Scotland in 2014."


Ler mais sobre:

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Conceitos LGBTI: Gay, Gaydar, Género

Glossário LGBTI: letra G

Reconhecendo as minhas próprias limitações relativas a alguns conceitos utilizados ao falar de questões ligadas à comunidade LGBTI, resolvi partilhar com os leitores do blogue um glossário dos termos mais recorrentes. Esta publicação será faseada e é baseada numa publicação do site da rede ex aequo

"Conscientes dos efeitos de estereotipização e da tentativa de normalização, não se pretende com este glossário contribuir ainda mais para o aumento dessa problemática. Pretendemos apenas clarificar alguns conceitos básicos para que possamos todos/as falar a mesma língua.

Gay – 1) diz-se de um homem que se sente atraído fisicamente, emocionalmente e psicologicamente por um outro homem. 2) usado por vezes como sinónimo de homossexual. Em inglês o termo gay engloba quer o homem homossexual quer a mulher homossexual.

Gaydar – termo usado para referir a perceção que as pessoas LGBT têm para reconhecer outras pessoas LGBT.

Género – 1) sistema de classificação que atribui qualidades de masculinidade e de feminilidade aos corpos do homem e da mulher. As características de género são muitas vezes arbitrárias e podem mudar quer ao longo do tempo quer de cultura para cultura. 2) Muitas vezes confunde-se o conceito de género com o conceito de sexo biológico. Separar os conceitos é bastante útil para compreender os diferentes comportamentos e também para a compreensão de fatores que dizem respeito ao desejo sexual e à expressão de género ou identidade.

Género (expressão de) – diz respeito aos maneirismos, forma de vestir, forma de apresentação, aspeto físico, gostos e atitudes de uma pessoa. 

Género (identidade de) – identificação pessoal, subjetiva e autonomamente determinada que cada indivíduo tem relativamente ao seu género. Pode, ou não, estar de acordo com o género associado ao sexo que lhe foi atribuído à nascença."

terça-feira, 18 de abril de 2017

Tortura e morte na Chechénia: os gays na mira

O Público dá-nos conta das atrocidades que perduram na Chechénia. Uma reportagem de Mário Lopes a 14 de Abril de 2017

Presos, torturados, mortos: a perseguição em massa dos gays tchetchenos

Uma reportagem num jornal russo denunciou aquilo que testemunhos e informações recolhidas por organizações de defesa dos direitos já indicavam: as autoridades tchetchenas estão a deter ilegalmente centenas de homens em toda a república. De que são culpados? Da sua orientação sexual.

A Chechénia continua a contar com uma forte presença militar russa desde as duas guerras que opuseram Moscovo aos separatistas do Cáucaso. 

***

Atraídos para emboscadas, presos ilegalmente pela polícia, torturados durante dias, quando não assassinados. Obrigados a denunciar amigos e conhecidos, chantageados pelas autoridades, ameaçados pelas próprias famílias. Há vários anos que associações de defesa dos direitos humanos, como a Human Rights Watch, ou a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (ILGA), vêm alertando para a violenta discriminação de que são alvo os gays tchetchenos. Aquilo que denuncia uma reportagem publicada recentemente no diário russo Nóvaya Gazeta mostra que discriminação é expressão insuficiente para descrever o que se passa na pequena república do Cáucaso, integrante da Federação Russa.

Segundo o artigo, está neste momento a ser levada a cabo uma verdadeira purga da comunidade gay da república, com a polícia a deter centenas de homens em centros prisionais onde são mantidos em condições desumanas e torturados para denunciar aqueles, entre os seus conhecidos, que tenham a mesma orientação sexual. Apesar de não haver confirmação do denunciado pelo Nóvaya Gazeta por parte de fontes independentes, a Human Rights Watch russa já confirmou que o relatado coincide com informações e testemunhos que a associação recolheu no terreno. Segundo o diário, há três mortes confirmadas, mas suspeita-se que o número possa ser muito superior, tendo em conta a impossibilidade de recolher dados, quer junto às autoridades, quer junto das vítimas de perseguição que evitam contactar entre si devido ao controlo apertado que o estado tchetcheno faz a todo o tipo de comunicações.

A União Europeia e o Departamento de Estado dos Estados Unidos exortaram a Rússia a investigar o caso. “É indispensável levar a cabo investigações eficazes e exaustivas sobre as informações de sequestros e assassinatos de homossexuais na república da Tchetchénia no Cáucaso”, defendeu em comunicado Federica Mogherini, alta representante para a política externa da União Europeia. A Rússia, cujo Governo se tem mostrado particularmente activo internamente na supressão dos direitos dos homossexuais, negou ter conhecimento de quaisquer perseguições.

A reportagem do Nóvaya Gazeta foi elaborada com recurso a fontes internas das autoridades tchetchenas e ao depoimento de homens presos em várias cidades que, após a detenção pelas autoridades, conseguiram escapar da república. Na Tchetchénia, região de maioria muçulmana, extremamente conservadora e onde a homofobia é a norma, os gays vivem numa quase total invisibilidade. Além de lidar com a hostilidade das autoridades, têm muitas vezes contra si a própria família.

Na Tchetchénia, ter um familiar homossexual é considerado pela maioria da população como uma desonra para toda a família e o chamado crime de honra surge como a forma de limpar o seu bom nome. Daí a maioria dos gays tchetchenos serem obrigados a viver vidas duplas, casados de forma tradicional e escondendo de toda a família a sua orientação sexual. Daí que as autoridades tchetchenas, república liderada por Ramzan Kadyrov, tenham negado qualquer tipo de perseguição. Para o regime, tal é, muito simplesmente, uma impossibilidade. “Não se pode deter e perseguir pessoas que, muito simplesmente, não existem na república”, declarou o porta-voz de Kadyrov à agência noticiosa Interfax, acrescentando que, “se houvesse pessoas assim na Tchetchénia, os órgãos responsáveis pelo cumprimento da lei não precisariam de fazer nada, porque os seus familiares iriam enviá-las para um sítio de onde não é possível regressar”.

Uma reportagem do Guardian publicada esta quinta-feira recolhe depoimentos de duas vítimas da perseguição em curso na Tchetchénia. Um dos homens que acederam falar sob anonimato com o jornal britânico conta como foi atraído para uma cilada por um amigo chantageado pela polícia. Quando chegou ao local onde combinara o encontro, esperavam-no seis pessoas, algumas em uniforme. Levado para um centro de detenção, passou dez dias a ser espancado e torturado pela polícia com choques eléctricos. Por vezes, eram levados à sua presença outros prisioneiros, que os guardas, anunciando-lhes que estavam na presença de um gay, incitavam a agredi-lo.

Outro detido entrevistado pelo Guardian conta como foi obrigado a fazer pagamentos regulares à polícia, que o chantageava com a ameaça de divulgar na Internet e junto da sua família a sua orientação sexual. Quando aquilo que está a ser descrito como uma perseguição em massa teve início, encontrava-se fora da Tchetchénia. Recebeu um telefonema da família, que estava acompanhada pela polícia tchetchena. Esta exigia-lhe que regressasse, caso contrário, manteriam refém um membro da sua família. Entre insultos, um dos familiares exigiu-lhe que regressasse imediatamente. Prometeu que o faria, mas não o fez. No dia seguinte, estava a caminho de Moscovo. “Não tenho a mínima dúvida que os meus próprios familiares planeavam matar-me. Era o convite para uma execução”, diz.

Apesar de todo o historial de homofobia e da perspectiva de atravessar a vida reprimido, confessa aos repórteres que nunca imaginou ver-se nesta situação: “Só queria fazer a minha mãe feliz e orgulhosa. Estava preparado para me casar. Teria levado todos estes problemas comigo para a sepultura. Nunca imaginei nos meus piores pesadelos que estaria aqui em frente a um jornalista a dizer: ‘Sou tchetcheno e sou gay’”.

terça-feira, 21 de março de 2017

Entrevista com Pádraig Ó Tuama

Poeta, Teólogo e Gay

Uma leitora do moradasdedeus partilhou esta entrevista da "On Being Studios". A americana Krista Tippet entrevista Pádraig Ó Tuama, um poeta e teólogo irlandês, actual responsável da Corrymeela Community (uma organização cristã e ecuménica que trabalha pela paz e pela reconciliação) que, a propósito do seu mais recente livro "In the Shelter: finding a home in the world", aborda temas tão diversos como o medo, a arte de viver, a sua história de vida pessoal, o catolicismo, o casamento entre pessoas homossexuais e muito mais. A entrevista está em inglês: para ouvi-la basta seguir o link abaixo e fazer "Play" sobre o número 5.


Para conhecer mais sobre a história de Corrymeela e o posicionamento de Pádraig Ó Tuama em relação ao casamento homossexual, leia AQUI

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os 23 países do mundo onde há casamento gay

Mapa-mundi do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo

O casamento entre pessoas do mesmo sexo é o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo biológico ou da mesma identidade de género. Os defensores do reconhecimento legal de casamento do mesmo sexo geralmente referem-se ao seu reconhecimento como casamento igualitário.

Desde o começo do século XXI, 23 países permitem que pessoas do mesmo sexo se casem em todo o seu território.

O primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim como o divórcio e o direito de adoção de crianças por esses casais, foi a Holanda. Aprovado em dezembro de 2000, o projeto alterou apenas uma frase da legislação sobre casamentos, que passou a ser "um casamento pode ser contraído por duas pessoas de diferentes ou do mesmo sexo".

Os países onde foi aprovada a lei do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo até hoje são:  Holanda (2001), Bélgica (2003), Canadá e Espanha (2005), África do Sul (2006), Noruega e Suécia (2009), Argentina, Islândia e Portugal (2010), Dinamarca (2012), Brasil, França, Nova Zelândia e Uruguai (2013), Escócia, Inglaterra, Luxemburgo e País de Gales (2014), Irlanda, Finlândia e Estados Unidos(2015) e Colômbia (2016).

A Irlanda entrou para a lista, tornando-se no primeiro país do mundo a aprovar o casamento gay através de um referendo.

No México, os casamentos entre pessoas do mesmo sexo são realizados na Cidade do México e nos estados de Quintana Roo, Coahuila, Chihuahua e Guerrero e são reconhecidos em todo o território mexicano. Algumas das jurisdições que não realizam casamentos homoafetivos, mas reconhecem os que são realizados noutros países ou territórios são: Israel, os países das Caraíbas pertencentes ao Reino dos Países Baixos (Aruba, Curaçao e Saint Marteen), regiões dos Estados Unidos e os 27 estados do México que não celebram essas uniões. A Austrália reconhece casamentos do mesmo sexo apenas se um dos parceiros mudar o seu sexo depois de concretizada a união. Em 2015, havia propostas para introduzir o casamento homoafetivo em pelo menos dez outros países.

mais informações em:

domingo, 23 de outubro de 2016

Ser Gay já não é impeditivo de dar sangue

Doação de Sangue: Acabou a exclusão arbitrária para 'homens que têm sexo com homens'

A página da ILGA publicou no passado dia 19 de Setembro:

"Foi hoje divulgada pela Direção-Geral de Saúde (DGS) a proposta de norma relativa à doação de sangue e aos critérios de exclusão que deverão aplicar-se. Desapareceu finalmente qualquer referência à categoria "homens que têm sexo com homens", que era até agora suficiente para a exclusão automática na doação de sangue de acordo com as instruções dadas pelo Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST).

Em sucessivas reuniões e contactos da ILGA Portugal com a DGS, deixámos claros os pontos principais que, no nosso entender, deveriam nortear a nova norma:

  • a categoria "homens que têm sexo com homens" não especifica comportamentos de risco (que podem acontecer nesta subpopulação tal como noutras), que devem ser o enfoque dos questionários de triagem;
  • a categoria "homens que têm sexo com homens", ao contrário de outras subpopulações definidas enquanto categorias epidemiológicas, contribui para a estigmatização de um grupo social que é alvo de discriminação, sendo que a discriminação com base na orientação sexual é, até, explicitamente proibida pela Constituição da República Portuguesa;
  • a possibilidade de passar de uma exclusão permanente para uma exclusão de todos os homens que tenham tido sexo com homens no último ano equivalia a uma exclusão permanente para qualquer pessoa com atividade sexual minimamente regular, mantendo exatamente a mesma lógica errada que norteou anteriormente a política relativa à doação de sangue.
A nova proposta garante, pelo contrário, a ausência de qualquer menção da categoria "homens que têm sexo com homens", desaparecendo a exclusão deste grupo enquanto tal (permanente ou temporária). Desaparece assim a generalização abusiva de comportamentos de uma população com uma enorme diversidade de práticas, permitindo um enfoque nos comportamentos de risco e não só mantendo como, na realidade, reforçando a preocupação com a qualidade do sangue recolhido.

Acompanharemos com atenção o questionário a ser elaborado pelo IPST para que este possa cumprir esta norma e terminar enfim com um longo período de estigmatização de homens gay ou bissexuais na doação de sangue.

___________

Partilhamos um pequeno resumo da cronologia relacionada com a questão da discriminação na doação de sangue em Portugal:

  • em 2010, a então Ministra da Saúde Ana Jorge, na sequência de uma Resolução da Assembleia da República, anunciou que a política do Ministério da Saúde na questão da dádiva de sangue era clara, no sentido de não eliminar ninguém com base na orientação sexual (o que acontecia com a pergunta que até aí ainda era colocada e gerava a exclusão: "Sendo homem, teve sexo com outro homem?"); o historial e a legislação podem ser encontrados AQUI; as queixas que chegaram à ILGA Portugal depois desse momento foram pontuais e aparentemente relacionadas com a dificuldade de uniformização de procedimentos;
  • em 2011, a nova Direção do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), nomeada pelo Governo de Pedro Passos Coelho, passa a recomendar a exclusão de todos os homens que têm sexo com homens, o que admite primeiro em reunião com a ILGA Portugal e depois em audição no Parlamento; as queixas que chegaram à ILGA Portugal desde 2011 foram recorrentes, indiciando a mudança de política entretanto confirmada;
  • o Governo de então (2011/2015) anunciou a criação de um grupo de trabalho para a revisão da norma relativa à doação de sangue (mantendo a exclusão durante todo o período de existência desse grupo de trabalho); durante muitos anos, tentámos sem sucesso participar nalguma discussão do grupo de trabalho, apesar da disponibilidade manifestada sistematicamente;
  • em agosto de 2015, no final do mandato do Governo anterior, foi subitamente anunciada a decisão de passar de uma exclusão permanente para uma exclusão de todos os homens que tenham tido sexo com homens no último ano (que equivale a uma exclusão permanente para qualquer pessoa com atividade sexual minimamente regular); a reação da ILGA Portugal pode ser consultada AQUI;
  • em março de 2016, e já com o novo Governo em funções, tivemos uma audiência com o Sr. Ministro da Saúde e o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Saúde em que reiterámos a nossa posição face a esta questão e a necessidade de garantir práticas não discriminatórias e estigmatizantes, tendo havido recetividade quanto à necessidade de procurar a melhor formulação dos critérios de exclusão;
  • em abril de 2016, na sequência dessa audiência, tivemos uma primeira reunião com a Direção-Geral de Saúde para análise da norma que tinha sido preparada sob a égide do Governo anterior e na qual reiterámos o seu conteúdo discriminatório, propondo formulações alternativas que garantam critérios de seleção mais incisivos - e não estigmatizantes - e portanto uma forma de redução do risco residual do sangue recolhido;
  • numa nova reunião já em agosto de 2016 pudemos partilhar a nossa posição e reflexão sobre esta questão, defendendo alternativas não estigmatizantes e uma formulação que pudesse servir também de exemplo nesta questão para muitos outros países da Europa.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

James Alison fala da discussão da Igreja em torno da homossexualidade (parte 1)

O texto encontra-se na íntegra em Rumos da discussão

Nas próximas mensagens procederei a uma selecção das ideias expostas no texto de James Alison para o XXXVII Congresso de Teologia Moral, São Paulo, Setembro de 2013


Um pequeno erro no começo torna-se muito maior no final: 
rumos da discussão eclesial sobre a questão gay

1. Introdução 

(…) Tenho-me dedicado nos últimos anos à elaboração de um novo paradigma para a evangelização, tendo criado um curso de introdução à fé cristã para adultos. Meu envolvimento, então, com a matéria sobre a qual vocês pedem a minha intervenção tem sido eclesial, espiritual e pessoal: uma questão que incide na vivência de um cristianismo básico no mundo de hoje antes do que uma discussão moral. (…)

Proponho deixar de lado aquela nuvem de sentido, e de disfarce de sentido, que vem com a frase “diversidade sexual” por considerar que abrange demasiados temas para que seja útil num tempo limitado como este – temas onde tanto as realidades biológicas, químicas e neurológicas, quanto as possíveis consequências espirituais e morais delas decorrentes são suficientemente diferentes para que seja realmente uma curiosidade querer falar delas como se de uma categoria única se tratasse.

Em vez disso, vou me limitar (…) à parte LG da sigla LGBTQQ, ou à parte GL da sigla GLS. Ou seja, aquelas pessoas, homens e mulheres, que se sentem principalmente atraídos por pessoas do mesmo sexo. E vou falar disto sendo eu mesmo uma de tais pessoas. Se há uma primeira interpelação eclesial aqui, seria que, a meu ver, o uso correto da primeira pessoa, singular e plural, é muito importante. Uma das coisas que passa por apenas uma mentirinha nos meios eclesiásticos, mas que esconde na verdade algo muito mais grave é o uso de “eles” ou “vocês” em ocasiões quando “eu” ou “nós” seria mais certeiro. Pessoalmente creio que se não sou capaz de honestidade num assunto relativamente pouco importante, como este, então, por quê vou merecer credibilidade quando falo sobre coisas bem mais importantes, como o amor de Deus, a ressurreição dos mortos, ou a presença de Jesus nos sacramentos?

Gostaria, então, de desenvolver para vocês uma meditação sobre três dimensões daquilo que é, na minha opinião, a principal interpelação que faz a questão gay à vida eclesial (…). As três dimensões da mesma interpelação são estas: verdade, veracidade e honestidade. (…)


2. A verdade 

(…) Será que existem mesmo pessoas gays? Ou é mais verdadeiro dizer que no universo dos humanos, todos os quais são intrinsecamente heterossexuais, existem alguns que sofrem de uma desordem objetiva que poderia ser chamada de “inclinação homossexual”, ou num falar um pouco mais moderno, “atração pelo mesmo sexo”? Dito de outro modo: será que ser gay se trata de uma variante minoritária não patológica que ocorre regularmente dentro da condição humana, ou será antes que se trata de uma desordem objetiva? Se for o primeiro, uma analogia poderia ser o ser canhoto, onde os atos típicos decorrentes da variante minoritária seriam bons ou ruins conforme as circunstâncias. Se for o segundo, então uma analogia talvez possa ser a anorexia. Todos entenderíamos a anorexia como sendo uma desordem objetiva, uma patologia do desejo cujos comportamentos típicos, se não forem corrigidos, controlados e superados, levam à autodestruição da pessoa.

Bom, sobre este assunto, como vocês sabem muito bem, existe uma clara manifestação das Congregações Romanas, um ensinamento de terceira ordem na hierarquia das verdades, mas que se impõe em toda discussão oficial sobre o assunto. Este ensinamento, que foi acunhado em 1986, reza assim: “é necessário precisar que a particular inclinação da pessoa homossexual, embora não seja em si mesma um pecado, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada, para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral. Por este motivo, a própria inclinação deve ser considerada como objetivamente desordenada”. Ou seja, o ensino comum das Congregações Romanas é clara: “a inclinação homossexual ... deve ser considerada objetivamente desordenada”.

(…) [Os autores de Homosexualitis problema] vinculam indissoluvelmente a intrínseca ruindade dos atos a uma desordem objetiva. E nisso, são pessoas muito mais finas do que aqueles lobos em pele de ovelha que tem abundado no meio de nós nos últimos anos. Tais lobos querem dizer algo assim: “Nós amamos todos os seres humanos, todos são filhos e filhas de Deus. Não temos nada contra as pessoas gays em si, só dizemos que devem se abster dos atos homossexuais. O nosso ensinamento é sobre os atos, e não sobre o ser”. Bom, a pele de ovelha está em “nós amamos todos” e os dentes do lobo se escondem sob “é só se abster para sempre dos atos”, como se fosse possível que os atos pudessem ser desligados da inclinação de uma maneira simples. Graças a Deus, as Congregações Romanas, neste ensinamento, são mais honestas, sendo ou todo ovelha, ou todo lobo, mas nada de híbrido disfarçado. (…) [Elas] sabem muito bem que é um absurdo moral, espiritual e de doutrina católica imaginar que a partir de uma condição neutra ou positiva, podem fluir atos típicos que seriam intrinsecamente ruins. Se aquilo que chamam de “inclinação homossexual” for uma coisa neutra ou positiva, os atos daí decorrentes não poderiam ser intrinsecamente ruins, mas bons ou ruins segundo o uso. As Congregações Romanas são claras: se queremos chamar os atos de intrinsecamente maus, não há como evitar categorizar a condição em si como uma desordem objetiva.

(…) Será que é verdade que ser gay é uma desordem objetiva? Ou será que é antes verdade que é uma variante minoritária e não patológica que ocorre regularmente dentro da condição humana? (…)

Ou ser gay é uma desordem objetiva, ou não é. No caso afirmativo, todos os avanços científicos no mundo da genética, dos neurônios, da química cerebral, da endocrinologia, dos hormônios intrauterinos, da psicologia infantil e assim por diante, tenderão a demonstrar o fato. E todas as evidências de vida testemunhadas pelas pessoas afetadas vão ser sinais da sua verdade: que as pessoas que são gay só levam uma vida sadia, só tendem a florescer, na medida em que tratam esta característica delas como sendo algum tipo de defeito a ser controlado ou superado. Por outro lado, pela evidencia da vida das pessoas que tratam esta sua característica como uma coisa normal, e se empenham em procurar um florescimento por meio de desenvolver esta característica como se fosse uma simples variante minoritária e não patológica, vai ficar cada vez mais público e notório que estas pessoas não são capazes de um florescimento humano e que a suposta autoaceitação delas não é na verdade senão uma forma de autodestruição. Nem todo o autoengano deste mundo vai conseguir abafar a verdade objetiva: (…) aquilo que é termina se impondo, se nos faz presente e resplandece em nosso meio, porque o Criador de todas as coisas está por detrás dele.

E, é claro, as consequências decorrem com exatamente o mesmo rigor no sentido contrário se a verdade não for aquela da desordem objetiva, mas da variante minoritária não patológica. (…) Todos os avanços nos diversos campos científicos acima citados tenderão a mostrar que se trata de uma variante minoritária, não patológica, na condição humana, e que ocorre regularmente. E todas as evidências da vida das pessoas também tornarão público e notório que quem aceitar esta característica dele como algo normal vai florescer na medida desta aceitação de que seu crescimento passa pelo desenvolvimento normal deste elemento da vida. E por outro lado, quem vive no engano, ou autoengano, de imaginar que o seu florescimento só pode se dar apesar desta característica e não com a contribuição da mesma, que deve ser então escondida, abafada, ou até “curada”, esta pessoa se diminui e colabora para a sua autodestruição.

Estamos falando então de uma questão de verdade objetiva. E uma das coisas boas da verdade objetiva é que não depende de nós. Não depende de quem seja melhor no debate, ou mais poderoso, ou mais rico, ou sequer mais inteligente, nem muito menos de qualquer autoridade religiosa. Simplesmente é. Se ser gay é uma desordem objetiva, então todos os supostos lobbies gays no mundo não vão fazer uma mínima diferença em alterar esta realidade, por mais estragos que possam causar antes de reconhecê-lo. E por outro lado, se for o caso que ser gay é uma variante minoritária não patológica dentro da condição humana, então nem os cientistas do exército americano, ou soviético, dos anos 1950, nem os propulsores da chamada terapia reparativa em suas várias versões, os doutores Nicolosi, Van Aardweg, Polaino e Anatrella, nem os exorcismos dos pastores Malafaia ou Feliciano, por exemplo, vão fazer a mínima diferença em alterar a realidade, por mais estragos que possam causar antes de reconhecê-lo. Como seus antecessores aprenderam no caso Galileu, nem o Papa tem o poder de alterar uma realidade objetiva deste tipo.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Dadores de sangue: para quando um sistema justo e isento?

uma notícia com algum tempo mas ainda actual… Por quanto tempo?

Ministro homossexual não pode doar sangue, apesar de ser "padrinho" da Cruz Vermelha

03 | 09 | 2009

A ala flamenga da Cruz Vermelha na Bélgica lançou este Verão uma campanha visando aumentar o número de doadores de sangue. Nessa campanha, participa Pascal Smet, que assumiu a sua homossexualidade numa revista, no fim de Agosto.

A ministra belga da Saúde, a socialista francófona Laurette Onkelinx, assinalou hoje na rádio que "as práticas de risco, como a multiplicação dos parceiros, representam um problema", sendo que estas práticas são mais correntes na comunidade homossexual do que na população heterossexual.

O questionário que cada doador de sangue tem de responder refere claramente, segundo o partido ecologista Ecolo, que "os homens que têm relações sexuais com outros homens ficam afastados da dádiva de sangue".

"É necessário excluir da dádiva de sangue todas as pessoas, heterossexuais e homossexuais, com comportamentos que representam risco para o receptor, sem estigmatizar um grupo inteiro de doadores na base dos seus comportamentos sexuais", defendeu o mesmo partido.
Por sua vez, o ministro Pascal Smet disse compreender, em declarações ao jornal flamengo De Standaard, que a "Cruz Vermelha não queira correr o mínimo risco", embora entenda "a frustração que possa sentir um homossexual monogâmico que deseja dar sangue e não pode".

Face à polémica instalada, a ministra belga da Saúde disponibilizou-se para "encontrar uma solução menos discriminatória", em conversações com a Cruz Vermelha, especialistas médicos e associações, indicou a sua porta-voz, Annaïk De Voghel.

"Seria, talvez, também útil encontrar uma posição comum a nível europeu", acrescentou Annaïk De Voghel, salientando que a grande maioria dos países da União Europeia proíbe os homossexuais masculinos de darem sangue.

Recentemente, em Portugal, a imprensa noticiou que os homossexuais não podiam doar sangue no País.

in Destak

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

As periferias do mundo gay: carta ao Papa

Apesar de não me identificar plenamente com a postura de Eliseo, transcrevo a sua carta ao Papa, por poder aproximar-se à sensibilidade de alguns leitores. Adaptei a tradução para português de Portugal:

Carta de um gay ao Papa Francisco
É preciso ir às periferias do mundo gay

"Quando o Papa Francisco falou no avião sobre o lobby gay, suas palavras foram acolhidas com polêmica por alguns e com alegria por outros. Mas nesse coro de vozes faltava uma voz... a dos homossexuais. Encontramos no blog italiano “Eliseo do deserto” esta voz, que oferecemos traduzida para português (…).

Queridíssimo Papa Francisco,
Chamo-me Eliseo e escrevo-lhe para dizer quanto o aprecio! Devo admitir que até ao momento da sua chegada, o meu coração continuava ligado a João Paulo II: a sua história falava à minha história. Quando o via e escutava, algo se movia dentro de mim. A sua mensagem em Roma no ano 2000 aos jovens ainda ressoa forte no meu peito. Porque é verdade! A nossa sede de amor, de beleza, de verdade... É a Ele a quem buscamos!

Papa Francisco, com a sua simpatia, roubou-nos o coração. Estava debaixo do balcão (da Basílica de São Pedro) no momento da sua eleição, vivemos o Pentecostes nessa noite, no silêncio, nas orações que recitámos juntos, em cada palavra sua.

Eu sou um jovem, mas um homem adulto, e sofro impulsos homossexuais. Estou surpreendido porque nas notícias dos jornais falam apenas do que falou ou não sobre os gays, esquecendo as belíssimas palavras pronunciadas por si no Rio.

Mas eu quero recordá-las! Impulsionou os jovens a ir! Também às periferias da existência, ali onde frequentemente enviou os sacerdotes, convidando-os a ter o cheiro das ovelhas. Falou desses jovens que pressionam para ser protagonistas da mudança e citou a Madre Teresa, que dizia para começar por mim e por ti a mudar o mundo.

Papa Francisco, quero falar-lhe das periferias da homossexualidade; eu descobri três.

A primeira é a de quem se descobre homossexual. É a periferia da solidão. Recordo que quando me reconheci homossexual, por um momento a minha vista escureceu. Perguntei-me porque estava isso a  acontecer comigo, recordo que na altura estava a ir à missa diariamente. O jovem que admite ser homossexual sente-se um monstro e não sabe com quem falar sobre isso. Os pais? Para quê dar-lhes um sofrimento tão grande? Os amigos? Gozariam comigo. Os padres? Diriam que é pecado. Quando falei com Deus, encontrei na Bíblia estas palavras: “Mas aqueles que contam com o Senhor renovam as suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar”. É Isaías. Na imagem da força eu li uma promessa. Porque eu pensava que não era homem porque não era forte como os da minha idade. Depois encontrei a coragem para falar disso com um padre e, com o tempo, a amigos de confiança.

A segunda periferia é a homossexualidade de quem é crente. Sim, há também muitos homossexuais que crêem em Jesus, mas que não aceitam o que a Igreja diz sobre a homossexualidade e sobre a sexualidade em geral. Não penso neles, mas sim naqueles que, em contrapartida, amam a Igreja e gostariam de seguir os seus ensinamentos. A homossexualidade tem um problema fundamental, que leva frequentemente a viver uma sexualidade desordenada e excessiva: as pessoas homossexuais sentem pulsões compulsivas fortíssimas dentro de si, além disso, às vezes podem nascer inclusive sentimentos reais. A proposta da castidade ou do celibato pode parecer um acto de heroísmo, um martírio que só poucos podem enfrentar. Estes homens cada vez são menos, porque o conceito de castidade é cada vez menos compreensível na nossa sociedade, também no contexto católico. E se não bastasse isso, há também os ataques da própria militância gay, porque os considerarem uma espécie de traidores.

A terceira periferia são os infernos da homossexualidade. Onde o homossexual perde a dignidade de pessoa humana. São os websites de contatos, uma espécie de escape onde exibir pedaços do próprio corpo para encontrar quem te compre, ainda que seja barato. Não se trata sempre de dinheiro, mas do preço da própria dignidade. São as ruas onde de noite se procuram encontros com outros homens que possam preencher os próprios vazios. São os sítios gay, como as discotecas ou ainda esses novos bordéis que se ocultam como círculos culturais, onde se pratica todo tipo de depravação. São as manifestações em que se pede dignidade para a própria condição e, em contrapartida, perde-se.

Pede-nos para ir às periferias e que o façamos juntos. Eu ainda sou muito frágil, mas peço-lhe que reze para ter força. Quero estar junto de quem está sozinho, para dizer-lhe que não perca a esperança em Deus, e acredite que é precioso aos seus olhos.

A mudança começa por mim e por ti, dizia Madre Teresa. Papa Francisco, tenho esta imagem sua descendo também a essas periferias tão incómodas da existência. Agradeço pela delicadeza com que sempre enfrentou a questão. Você nunca levantou o dedo para dividir a humanidade segundo os seus instintos sexuais. Você sabe que o ser humano é algo de muito mais complexo e rico.

Reze por mim e por todos aqueles que talvez lendo esta carta decidam cruzar o umbral dessas periferias para levar a Boa Nova de Jesus.

Eu rezarei por si, como filho.
Um abraço."

domingo, 27 de outubro de 2013

Carta a um leitor anónimo e solitário

No ano passado recebi um e-mail de um leitor que terá criado uma conta com nome fictício para se sentir mais confortável e mais protegido. Demorei algumas semanas a responder e, quando o fiz, o mail nunca foi entregue - provavelmente a conta foi fechada. Mas como penso que a história contada (fictícia mas com muitos traços de realidade) e a resposta dada possa ser útil a algum leitor, tomo a liberdade de as transcrever para o corpo desta mensagem de moradasdedeus:

Mensagem recebida de um leitor gay católico não assumido

Olá! Estive a fazer umas pesquisas na internet e descobri o teu blogue, que me chamou a atenção.

Confesso que não li muitos posts (até porque eram grandes) mas o que me me fez escrever este e-mail foi a vontade de ouvir e ter contacto com alguém que vai perceber o sofrimento enorme que tenho sentido!

Eu também sou gay (não assumido) e católico. Tenho 25 anos e sou formado em Direito.
Nasci numa família extremamente conservadora (de quem gosto muito) e a maior parte dos meus amigos - ou pelo menos aqueles com quem tenho amizades mais profundas - também são católicos activos e empenhados. 

A minha experiência de fé está muito ligada à espiritualidade Inaciana (aos Jesuítas) que, dentro da Igreja, acabam por ser bastante abertos. Ainda assim, e apesar de me ter sentido sempre acolhido pelos padres com quem falei, estou numa tristeza enorme por ser gay. Sinto-me completamente inferiorizado, tenho pena de ser assim e, no fundo, adorava ter uma família e filhos.

Ultimamente, por sugestão do meu orientador espiritual, tenho procurado, em oração contemplar o olhar amoroso de Deus para mim, gay... E não consigo. Sinto que este é um ponto na minha vida que correu mal. Que deu para o torto. E Deus, que me ama no todo, não ama especificamente essa minha vertente. Eu sei que isto não faz muito sentido. O padre que me orienta até se esforça por me convencer que não existe qualquer fundamento para isso mas eu não consigo avançar na oração.

Também em casa e entre os amigos me sinto sempre inferior. Fico completamente destruído pelas piadas homofóbicas e fico de rastos com a possibilidade de haver suspeitas de que eu sou gay. Este ano especificamente, em que muitos dos meus amigos se vão casar, cada vez que os vejo juntos e felizes fico ainda mais triste com a minha solidão (embora fique feliz por eles).

Por outro lado, não me identifico nada com o mundo gay... as paradas e desfiles, as noites de engate, as bichas histéricas, etc. "A minha cena" é diferente. Acredito em compromisso, em relações profundas e difíceis. Acredito no verdadeiro amor, no que dá trabalho, no que pede investimento e entrega.

Ponto de situação - sinto-me completamente só! Parece que tenho um ácido que me vai destruindo. Tenho imensa pena de não ter uma doença grave, que me faça durar pouco. Ou então de não ter coragem (e pouco respeito pela vida) para me poder suicidar.

Enfim...
Não sei muito bem porque é que te estou a escrever. A verdade é que dificilmente me poderás ajudar, tanto mais que nem me conheces. De qualquer maneira, se tiveres tempo e vontade responde.
Um abraço.

P.S. - Desculpa mas toda a minha identificação é fictícia. Criei este e-mail para poder expressar livremente a minha condição.

Resposta ao leitor

Olá!
Aproveito estes momentos mais tranquilos para responder calmamente ao teu mail.

Antes de mais quero dizer-te que fico muito feliz por teres chegado ao blogue e ainda mais feliz por teres encontrado a coragem de escrever a mensagem. Sinto-me muito privilegiado quando vejo que, de alguma forma, o blogue vai cumprindo a sua primeira vocação: o ser útil a alguém e fazer com que esse alguém compreenda que não está só e não é um caso isolado. E, por essa razão, quero reafirmar-te a minha disponibilidade para te escutar e, se quiseres, para partilhar contigo a minha experiência pessoal e a minha experiência enquanto pessoa que já conheceu muita gente que vive um conflito interior entre a sua condição (homossexual) e a sua fé ou educação, que é muito doloroso e até pode ser muito destrutivo.

O blogue já tem algum tempo, e comecei-o depois de aceitar plenamente a minha homossexualidade e de ter falado com os meus pais e algumas pessoas que me eram mais próximas. Tenho a sorte de ter uma fé bem alicerçada e de ter trabalhado com relativa facilidade o possível conflito entre a minha orientação sexual e a religião. Outras questões foram bem mais morosas e difíceis. Mas não me quero desviar do teu mail. Estava a falar-te do blogue. É verdade que alguns posts são grandes, e não te aconselho a ler o blogue de fio a pavio. Mas quando tiveres questões ou assuntos que te interessem de um modo particular, no fim da primeira página tens uma série de palavras-chave, que te podem conduzir mais directamente ao tema do teu interesse. Outra forma é ires ao historial do blogue e escolheres pelos títulos.

Adiante.
Falaste-me da tua família, dos teus amigos, da espiritualidade com que te identificas mais. Deixa-me dizer-te que tens sorte por teres uma família que amas, e nada disso vai mudar, independentemente do futuro. E tens sorte também por te identificares com a espiritualidade inaciana, que é uma lufada de ar fresco no mofo da Igreja em Portugal (ainda muito conservadora e hierarquizada). Os Jesuítas são homens muito abertos à sociedade onde vivem. São pessoas habituadas a escutar e a ir ao encontro das pessoas e são pessoas normalmente inteligentes e com espírito crítico, sem grandes preconceitos e sem medos (o conhecimento normalmente afasta o receio cego). Tens um director espiritual que te escuta, e isso é extraordinário. É frequente haver directores espirituais que são um pouco manipuladores, e o teu não parece ser. Escolheste ter um director espiritual: se estás contente com o "trabalho" que estão a fazer em conjunto, aconselho-te vivamente a confiares nele.

Quanto à tua tristeza, posso compreendê-la perfeitamente: quem não desejaria ser heterossexual, quem não desejaria ter uma vida mais fácil, uma relação mais socialmente integrada e aceite? Sobretudo quando se deseja ter uma família e filhos...

Também eu passei anos a negar, a querer construir algo que no meu íntimo sabia não ser capaz de construir... Mas sabes, agora já não me sinto tão triste. Não pelo facto de ser gay; às vezes sim pela dificuldade de encontrar alguém com quem possa construir uma relação duradoira. Ou até pela dificuldade de encontrar alguém de uma forma natural e de me apaixonar assim (apesar de não ter nada contra quem conheça pessoas pela net, continuo a acreditar que prefiro apaixonar-me por alguém que conheça na minha vida quotidiana).

Quanto ao descobrires o olhar amoroso de Deus, a mim também me parece fundamental. Achas que se Deus não te quisesse como és, tinha-te feito gay? Acreditas mesmo que Deus se anda a enganar ou a fazer experiências falhadas? Não, a tua vida não deu para o torto, nem vai dar! A vida é uma coisa maravilhosa e incompreensível, e também difícil e tortuosa, mas não teria piada nenhuma se não o fosse... Seria tépida e enjoativa e ninguém construiria nada com as suas vidas. Não haveria artistas, nem santos, nem ninguém lutaria por construir um mundo melhor - porque não acreditariam que fosse possível. Deus ama-te inteirinho. Deus até ama as coisas que nos parecem menos boas. Mas. acredita, ser gay não entra na categoria dos "defeitos" (até ao século passado achava-se que ser canhoto era defeito, assim como ser mulher). Se não fosses gay serias certamente menos sensível, menos atento ao sofrimento alheio. E daqui a uns tempos, quando te conseguires amar e aceitar inteiramente, verás que serás uma pessoa muito melhor e um ser humano mais completo - provavelmente, se não fosses gay, nunca terias de trabalhar isso.

Se em oração não consegues acreditar nesse olhar amoroso que Deus tem para ti, pede-lhe simplesmente perdão pela dificuldade de acolher esse Amor. Oferece-lhe a tua pobreza, o teu medo, a tua insegurança e a falta de amor (a ti mesmo). E podes oferecer-lhe mesmo isso, pois Deus está cheio de tudo de bom o que tens para dar. O que Ele quer mesmo é a tua fraqueza, pois isso Ele não tem, mas pode certamente transformar.

Quanto ao sentimento de seres inferior... Não és, e sabes disso! Ninguém é inferior a ninguém. Somos todos seres humanos. Jesus viveu com homens e mulheres pecadores, seres "inferiores". Não achas que Ele o fez por alguma razão? Achas que o facto de Ele ter morrido e ressuscitado por ti, não mudou nada na tua vida? Na minha mudou!

E os medos das suspeitas. É normal que os tenhas: tu ainda não trabalhaste em ti a aceitação. Como não ter receio que os outros não aceitem? Essa é uma fase seguinte: primeiro tens de acreditar (cabeça) e aceitar (coração) que o G (nome fictício do leitor) é homossexual, e que não há qualquer problema nisso. Depois, aos poucos, vais ficando menos tenso e menos na defensiva, e deixas de ter medo das "suspeitas".

Conheço um rapaz homossexual, que dizia saber desde sempre que era homossexual. Ele não queria nada parecê-lo, e tentava sempre manter uma postura impecável mas muito rígida e inflexível. Uma vez disse-lhe que sempre soube que ele era gay. Ele ficou espantado, perguntou-me se se notava (com receio que algum trejeito o tivesse revelado). Eu disse-lhe para ele não ter receio, pois não era disso que se tratava: era a sua rigidez e constante tensão. Como vês, às vezes o feitiço pode-se virar contra o feiticeiro. E outra coisa que te quero chamar a atenção - pois neste caso isso acontecia -, tens de prestar atenção se esse medo das suspeitas e a tua sensação quando contam piadas homofóbicas não tem a ver com a tua própria homofobia. Sim, podes crer que há muitos gays homofóbicos. E isso é um mecanismo natural de defesa (porque desejavas ser heterossexual, porque tens dificuldade em aceitares-te como és). Não te estou a acusar de nada - não te conheço -, nem te quero ofender, quero somente alertar-te para as "manhas" da nossa cabeça e para a complexidade de todo o processo da aceitação da nossa sexualidade.

A solidão é de facto um fardo pesado a carregar. Não se aplica somente aos homosexuais, mas a todo o ser humano. Mas não podemos confundir o estar sozinho com o estar só. Ao longo da minha vida tenho trabalhado essa questão. Gosto muito quando não estou sozinho, e desejo ter um companheiro de vida, mas acho que aprendi a nunca estar só. Há fases na minha vida em que estou sozinho - por exemplo agora - mas sinto que é importante aprender a estar bem sozinho. Só se está bem acompanhado se se sabe estar bem sozinho. Claro que isso parece um chavão mas, acredita, nos meus 35 anos de vida tem sido uma descoberta. Mas digo-te que também eu, por vezes, sinto a solidão.

O mundo gay com que não te identificas, também eu e a maioria dos gays que conheço não se identifica com ele. A tua "cena" é diferente da "cena cultural gay" mediatizada, mas é a mesma da maioria dos gays. Só que a sociedade faz com que andemos às escondidas, daí não ser fácil ter referências que consideres positivas, construtivas, com as quais te identifiques. Mas elas existem, e cabe-nos construí-las.

Ponto da situação: não estás só! Eu estou aqui, e há muita gente que não conheces que anda por aí. Não deixes que o teu coração escolha o caminho fácil (o do desespero, o de desejar morrer, o do suicidio). Também eu sonhei e pensei muitas vezes nisso. Mas amo demais a vida, e já "morri" uma vez. Aguento o sofrimento, sei disso. E tu também. O ser humano tem uma energia vital e uma capacidade de reconstrução espantosa. Tens uma vida para construir, do que estás à espera? Espero não te assustar com tantas palavras e - aparentemente - tantas certezas. Não o quero fazer, só te quero dar força e dizer-te que estou aqui. E dizer-te também que se quiseres falar de tudo isto estarei cá.

Abraço-te calorosamente, e estou mesmo aqui, para o que for preciso neste processo.
Rioazur

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Imagens da Arte: Nan Goldin

A fotógrafa do "sub-mundo" gay

Nan Goldin nasceu em 1953 nos Estados Unidos da América e é uma das fotógrafas mais conhecidas do século XX.

Goldin cresceu numa familia judia de classe média alta em Boston e em 1968 teve contacto pela primeira vez com uma máquina fotográfica, quando tinha quinze anos.

A sua primeira exposição individual solo foi aos 20 anos (em 1973), em Boston e nela mostrou o seu trabalho polémico em que retrata o meio das comunidades gays e transexuais da cidade - onde foi introduzida graças ao seu amigo David Armstrong. 

Depois de se formar em 1978, Goldin mudou-se para Nova Iorque. Começou então a documentar o cenário new-wave pós-punk, em simultâneo com a subcultura gay do final da década de '70 e começo da década de '80.

Na exposição de nus masculinos em Paris, patente agora no Museu d'Orsay, há várias obras de NanGoldin.

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

Este blogue também é teu

São benvindos os comentários, as perguntas, a partilha de reflexões e conhecimento, as ideias.

Envia o link do blogue a quem achas que poderá gostar e/ou precisar.

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Nota: por vezes pode demorar algum tempo a responder ao teu mail: peço-te compreensão e paciência. A resposta chegará.

Os textos e as imagens

Os textos das mensagens deste blogue têm várias fontes. Alguns são resultados de pesquisas em sites, blogues ou páginas de informação na Internet. Outros são artigos de opinião do autor do blogue ou de algum dos seus colaboradores. Há ainda textos que são publicados por terem sido indicados por amigos ou por leitores do blogue. Muitos dos textos que servem de base às mensagens foram traduzidos, tendo por vezes sofrido cortes. Outros textos são adaptados, e a indicação dessa adaptação fará parte do corpo da mensagem. A maioria dos textos não está escrita segundo o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, pelo facto do autor do blogue não o conhecer de forma aprofundada.

As imagens que ilustram as mensagens são retiradas da Internet. Quando se conhece a sua autoria, esta é referida. Quando não se conhece não aparece nenhuma referência. Caso detectem alguma fotografia não identificada e conheçam a sua autoria, pedimos que nos informem da mesma.

As imagens são ilustrativas e não são sempre directamente associáveis ao conteúdo da mensagem. É uma escolha pessoal do autor do blogue. Há um critério de estética e de temática ligado ao teor do blogue. Espero, por isso, que nenhum leitor se sinta ofendido com as associações livres entre imagem e conteúdo.

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