Pesquisar neste blogue

A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.
Mostrar mensagens com a etiqueta bissexualidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta bissexualidade. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Conceitos LGBTI: Bifobia, Bissexual (Bi)

Glossário LGBTI: letra B

Reconhecendo as minhas próprias limitações relativas a alguns conceitos utilizados ao falar de questões ligadas à comunidade LGBTI, resolvi partilhar com os leitores do blogue um glossário dos termos mais recorrentes. Esta publicação será faseada e é baseada numa publicação do site da rede ex aequo

"Conscientes dos efeitos de estereotipização e da tentativa de normalização, não se pretende com este glossário contribuir ainda mais para o aumento dessa problemática. Pretendemos apenas clarificar alguns conceitos básicos para que possamos todos/as falar a mesma língua.

Bifobia – ódio, medo ou repulsa irracionais e injustificados por pessoas bissexuais.

Bissexual (Bi) – pessoa que se sente atraída fisicamente, emocionalmente e psicologicamente por pessoas quer do mesmo sexo quer por pessoas de sexo diferente."

segunda-feira, 4 de abril de 2016

O homem que eu amo: a love story

Quase todos os filmes, livros e referências que temos de vida conjugal feliz e duradoura dizem respeito a casais heterossexuais. O Jornal Público, em 2012, publicou uma entrevista ao cientista Alexandre Quintanilha e ao escritor Richard Zimler que, generosamente falaram sobre uma história de amor e de vida em comum que partilham há 39 anos.




por Anabela Mota Ribeiro, a 11 Nov 2012

Excertos da Entrevista:

Muito mais do que um rótulo: o inesperado de uma paixão
(...)
A.Q. - Os meus pais não eram nada preconceituosos. Não disse que era gay, não existia essa expressão quando tinha 16 anos. Disse aos meu pais que estava apaixonado por um homem e que não percebia. Não havia role models [exemplos] para isso. O meu pai disse-me que não era uma coisa que ele percebesse, mas que se isso me preocupava podia arranjar uma pessoa com quem eu pudesse falar. E fui falar com um psiquiatra, duas vezes. (...) Na primeira vez em que estive com esse homem extraordinário, dei-lhe a ler um diário meu. Estava convencido de que era uma obra-prima da literatura [riso]. Na sessão seguinte, entregou-mo e disse: "Você está apaixonado. Isso é uma sensação maravilhosa. Devia estar satisfeito por estar apaixonado." Eu não tinha a certeza se era mesmo gay ou se era bi. A minha mãe, a única coisa que me disse foi: "Quero é que sejas feliz."
(...)

Olhando retrospectivamente, acha que se apaixonava de facto por homens e por mulheres ou estava a tentar perceber se era mesmo homossexual?
A.Q. - Se calhar, as duas coisas. Com 20 anos, sabemos muito pouco. Quando temos uma grande atracção por uma pessoa, quando a atracção e a admiração, e a paixão, se tornam muito intensas, duvido de que não haja uma parte física, seja qual for a pessoa. Esta coisa de nos definirmos como hetero ou homo... não me defino dessa maneira. Defino-me como uma pessoa que gosta de literatura, que gosta de música, de ciência. Deixou de ser um label[rótulo].
(...)

A.Q. - (...) O que me surpreendeu não foi ser atraído fisicamente por homens e por mulheres; foi apaixonar-me por uma pessoa, o que é diferente. Tenho alguma pena das pessoas que fazem uma separação entre o emocional e o sexual. (Agora faço essa separação, porque somos essencialmente monogâmicos, não queremos ter outras relações.) É uma pena ver duas pessoas que estão muito atraídas uma pela outra espiritualmente e que têm medo de se tocar para além da festa.
(...)

Homossexualidade, heterossexualidade e bissexualidade
(...)
Freud dizia que potencialmente somos todos bissexuais.
A.Q. - Não sei se somos.
R.Z. - Há pessoas que são totalmente heterossexuais - uma minoria - e há pessoas totalmente homossexuais - outra minoria. São poucas as que são 50/50. Sou 90% homossexual. Já tive relações, mas não seria possível manter uma relação duradoura com uma mulher.
A.Q. - É muito forte em mim esta repulsa pelas camisolas. Pertencer ao Futebol Clube do Porto ou ser do Benfica, ser católico ou ser protestante. Ou ser de Joanesburgo, sul-africano, moçambicano. O que é que eu sou? Tenho uma mãe alemã, um pai açoriano, nasci em Moçambique, vivi na África do Sul muito anos, estive na Califórnia, estou em Portugal, tenho nacionalidade portuguesa e americana. Não me faz confusão nenhuma não saber identificar-me.
(...)

Exibicionismo ou preconceito?
(...)
R.Z. - Todos os dias vejo jovens a beijarem-se em frente a toda a gente; isso também é exibicionismo? Se um casal homossexual fizesse isso, toda a gente ficava horrorizada, mas acontece todos os dias em Lisboa e no Porto e ninguém diz nada. Há um duplo standard. Sou gay, sou judeu, sou americano em Portugal. Há a tendência por parte de pessoas liberais, não-progressistas, de dizer: "Não gosto nada dos judeus, mas gosto de si." Ou: "Não gosto nada de homossexuais, mas tu és fixe." Nessas circunstâncias sou o mais judeu, o mais americano e o mais homossexual possível. Não quero ser aceitável. Quem sou eu para julgar aquele homossexual efeminado ou aquele judeu religioso, ou aquele americano que só come hambúrgueres e pizza?
(...)

Relações de longa duração
(...)
Insisto na longevidade da vossa relação, depois da turbulência dos primeiros anos. O mais difícil numa relação, independentemente da orientação sexual dos cônjuges, é estarem tanto tempo juntos e bem. Por isso as pessoas perguntam: "Qual é o segredo?"
R.Z. - Temos um bocadinho de sorte, e foi um bocadinho de trabalho. Em qualquer relação que é um verdadeiro casamento (e há casamentos que não são casamentos, são duas pessoas a viver juntas), existe a pessoa A, a pessoa B e o casamento. Há três seres vivos numa relação e tem de se ter muito cuidado com o terceiro ser vivo: o próprio casamento. Tem de se valorizar, polir, prestar atenção, senão a relação vai acabar. Os dois estamos muito conscientes disso. Apaixonarmo-nos por uma pessoa é muito fácil (com algumas pessoas que conheço, acontece de duas em duas semanas). Mas é preciso aprender a respeitar o outro. Para o Alexandre, era mais natural, tinha dois pais muito respeitosos. Eu não tinha isso. Os meus pais diziam coisas um ao outro que eu não diria ao inimigo mais feio do mundo, coisas reles. Apaixonar-me por ele era superfácil, mas respeitar a sua opinião, a sua maneira de ser, as coisas que ele dizia e com as quais não concordava, as coisas que ele fez e que não compreendi, levou-me anos.
A.Q. - Não acredito que haja relações duradouras se cada uma das pessoas não tem a sua própria vida construída. Quando o Richard está a escrever (já sei, porque escreveu vários livros), está de tal maneira obcecado com a escrita que eu sou uma espécie de audiência. E quando estou muito ocupado e ando muito cansado, ele sabe que estou a fazer qualquer coisa que para mim é importante. Nessas alturas, temos muito respeito para não exigir mais do outro. Isto aprende-se. Quando a pessoa começa a sentir uma verdadeira realização pessoal com a realização do outro, quando deixa de haver aquela necessidade egocêntrica - "preciso que me dês mais atenção porque estou inseguro" -, isso é que é uma relação conseguida.
(...)

Casar para quê?
(...)
Por que é que para si foi importante casar?
R.Z. - Simbolismo. Ainda há sítios no mundo em que ser homossexual pode ser punido com sentença de morte, com penas de dez anos, ou mais, de prisão. Para mim, como escritor, como ser humano, o facto de ser um crime exprimir o que é melhor dentro de nós, a afeição, a paixão, a solidariedade e a amizade, é inconcebivelmente injusto. É muito importante reivindicarmos os nossos direitos no Ocidente, para que um jovem que tenha acesso à Internet no Burkina Faso, na Nigéria ou na Birmânia, possa ir ao site do PÚBLICO em Portugal [e ler esta entrevista].

É também por isso que dão a entrevista?
R.Z. - Claro que sim. Vivi num mundo em que não era possível as pessoas das pequenas aldeias dos Estados Unidos assumirem-se. E em Portugal talvez ainda não seja possível em aldeias do interior. Falo disto para que aquela jovem lésbica de Castelo Branco, ou o jovem transexual de Fafe possam olhar para mim e para o Alexandre e descobrir: "Não tenho de mudar para ser aceite. Posso ser como sou. Tenho os mesmos direitos dos outros. Não há cidadãos de segunda em Portugal."
A.Q. - Pensei muito sobre se devia dar esta entrevista ou não, porque não tenho de explicar rigorosamente nada. As pessoas são aquilo que fazem e aquilo que são, e não aquilo que dizem. Há uma pequenina coisa que é muito importante: a questão dos role models. A grande diferença entre um casal heterossexual e homossexual, para já - no futuro não vai ser assim - é que os casais heterossexuais têm filhos, têm netos. No nosso caso, como não temos filhos (já pensámos adoptar, volta e meia, mas não foi uma coisa muito premente), essas relações têm de ser substituídas por outras. Temos de inventar outras partes da nossa relação que sejam alternativas a essas. Temos de nos reinventar e dar a noção a outros gays de que isso é possível, realizável. É preciso que o mundo à nossa volta perceba que não me acho especial, positiva ou negativamente, por ser assim. Tive muita sorte em encontrar uma pessoa como o Richard, tive muita sorte em ter os pais que tive, em viver nos sítios onde vivi, apesar de às vezes me sentir muito só e de ter momentos muito difíceis de afirmação pessoal. Isso também é uma história que vale a pena divulgar. Numa sociedade que está cada vez mais competitiva, é importante as pessoas falarem daquilo que não é competição selvagem. É a partilha, é sentirmos - isto parece uma treta... - que o mundo, se tivermos boa vontade e se funcionarmos de boa-fé, vale a pena.

Um conselho de moradasdedeus, vale mesmo a pena ler a entrevista.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Gandhi bissexual?

Não sei o grau de certezas e de verdade sobre esta esta questão, não conheço o livro e não sei se é apenas uma afirmação para o promover mas, aparentemente, é possível que esta grande figura da humanidade e do século XX tenha sido bissexual. Eu sei que o rótulo - qualquer que seja - não ilustra as realidades complexas nem faz justiça ao ser humano, será, por isso, redutor e simplista: a condição e a orientação sexual é apenas uma parte da totalidade da pessoa e tem peso e importância variável entre cada homem e cada mulher. 
Contudo, publico esta informação por julgar que este tipo de notícias possa ajudar a quebrar alguns preconceitos, questionar algumas idealizações e abrir alguns espíritos:

Mahatma Gandhi era bissexual e deixou a mulher por um homem

Pelo menos são essas as revelações de um novo livro sobre o ícone da Índia, segundo o jornal britânico Daily Mail.

O livro que será lançado amanhã afirma que Gandhi teve um romance com Kallenbach, um arquitecto e culturista alemão entre 1908 e 1914 por quem esteve profundamente apaixonado. O casal viveu junto numa casa construída por Kallenbach em África do Sul.

O autor Joseph Lelyveld faz estas e mais revelações sobre a vida íntima de Gandhi no livro ‘Great Soul: Mahatma Gandhi And His Struggle With India’. Segundo Lelyveld, Gandhi casou-se aos 13 anos com a jovem de 14 anos Kasturbai Makhanji e depois de quatro filhos separaram-se e Gandhi passou a viver com Kallebach.

No entanto o casal foi separado em 1914 quando Gandhi voltou à Índia. Kallenbach não o podia acompanhar por ser alemão num clima pós Primeira Guerra Mundial.

Mas desengane-se quem pensa que a vida sexual de Gandhi parou quando foi para a Índia. O livro afirma que Gandhi teve múltiplas amantes e mesmo com 70 anos passava a noite regularmente com a sua sobrinha de 17 e com outras mulheres [nota: já li noutro local que o fazia para se pôr à prova e para lutar contra as tentações da carne]. No entanto ele auto-classificava a concretização das relações sexuais com estas mulheres como uma "vergonha".

A autor Joseph Lelyveld recebeu um Pulitzer em 1986 pelo seu trabalho documental em 'Move Your Shadow' e é um dos editores da revista New York.

In Portugalgay

quinta-feira, 24 de março de 2011

Desporto britânico contra a homofobia

Matt Schiermeier
Carta do desporto apresentada no Reino Unido pela ministra da Igualdade

Foi apresentada esta semana uma inovadora carta do desporto LGBT convida organismos nacionais a empenharem-se no combate à homofobia.

O anúncio foi feito pela ministra das Igualdade, Lynne Featherstone, quando assistia a um jogo da liga de rugby Sheffield Eagles em que os jogadores usaram equipamento contra a homofobia. No equipamento estava visível o slogan "Homofobia, pláca-a!" numa referência à ação de placar no rubgy situação em que alguém é parado pelo adversário.



A Ministra Lynne Featherstone disse que estava otimista sobre a nova Carta, que visa tornar o desporto mais seguro e acolhedor para gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgéneros.

Ela comentou: "A homofobia e a transfobia não têm lugar no desporto e estou muito contente que tantos organismos desportivos estejam a apoiar a nossa campanha para erradicá-la em todos os níveis, a partir dos clubes locais até aos estádios olímpicos."

Centenas participaram no jogo que foi patrocinado pelo LGBT History Month e Pride Sports, juntamente com o diversos sindicatos de professores de todos os níveis de ensino e a intersindical Unison

in Portugalgay

quinta-feira, 17 de março de 2011

Vocalista dos REM: 80% homossexual

Vocalista dos REM declara ser 80% gay

Michael Stipe o vocalista do grupo REM, conhecidos entre outros êxitos por "Everybody hurts" ou ""The one I love", diz ser 80% gay e “detesta” a palavra bissexual.
Em entrevista ao jornal The Observer o cantor, agora com 51 anos de idade, declarou: “Numa escala de sexualidade considero-me 80-20, mas definitivamente prefiro homens a mulheres. Já tive sexo com mulheres e gostei, até que conheci alguém por quem me apaixonei, e que hoje é o meu namorado [o fotógrafo Thomas Dozol.]”
Na mesma entrevista também se pode ler que durante os anos 80, o cantor vivia aterrado devido ao vírus do HIV e por se sentir deslocado. “Eu não estava confuso, mas simplesmente sentia não fazer parte. Detesto e recuso chamar-me bissexual. Não me parece certo e é só mais um rótulo. Durante muito tempo vivi num conflito sobre como era representado, depois apareceu a epidemia do vírus do HIV, e essa é uma fase que ainda não foi discutida em profundidade pelas pessoas da minha idade. Nesse tempo era muito difícil ser honesto sobre a nossa sexualidade. E também muito assustador para pessoas como eu que não podiam ser testadas anonimamente”
Os REM são considerados um dos grupos mais activos politicamente, defendendo causas ambientais, feministas, direitos humanos e direitos dos animais.
Os REM estão juntos há 30 anos e irão em breve editar o décimo quinto álbum da banda intitulado Collapse Into Now.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

As sombras e a luz na vida de um artista: transcendência, quotidiano, sexualidade, fuga, liberdade e doença


São João Baptista

Caravaggio, 400 anos: balanço e perspetiva


2010 ficou marcado pela celebração do centenário da morte de um dos artistas que mais marcou a arte europeia. Depois da sua virtual redescoberta, nos anos de 1950, através da grande exposição organizada por Roberto Longhi em Milão, pode dizer-se que Caravaggio tem vindo a crescer em celebridade. A sua vida aventurosa acresce ao fascínio da sua arte. Envolta em mistérios, prestou-se a filmes de sucesso e a livros diversos, onde realidade e especulação se misturam. Talvez nenhuma outra figura artística do passado se tenha transformado tão decididamente num objeto de culto, transcendendo os limites do mundo erudito da arte barroca, para se firmar no turbilhão da cultura de massas, como, antes de si, os seus contemporâneos literários Shakespeare e Cervantes.

Em 1999, uma grande especialista da pintura seiscentista, Helen Langdon dedicou-lhe uma biografia, que se transformou num clássico. No ano anterior, Peter Robb publicou sobre o artista um romance fascinante, solidamente pesquisado e recheado de hipóteses explicativas sedutoras sobre a génese de algumas obras e os enigmas da sua vida. Mistura de erudição e livro de aventuras, rapidamente se transformou num “best-seller”.

Em 2003, um famoso romancista, hoje membro da Academia Francesa, Dominique Fernandez, deu à estampa uma “psicobiografia”do pintor, onde propõe uma inteligente leitura do significado profundo dos principais temas caravaggescos.

Também a historiografia tem vindo a dar resposta a algumas das questões ainda pendentes sobre uma vida cheia de peripécias, vislumbradas a partir de relatórios de polícia e atas de tribunais. Um académico maltês, Keith Sciberras, deslindou finalmente o motivo da queda em desgraça do artista, logo após o seu maior momento de triunfo: a admissão na prestigiosa Ordem de São João de Jerusalém (vulgarmente conhecida por Ordem de Malta). Uma altercação física envolvendo um superior hierárquico ("cavaliere nobilíssimo")levou ao seu encarceramento (e posterior fuga) num dos fortes da ilha de Malta. Numa sociedade rigidamente estratificada e de “ethos”aristocrático, o feitio impetuoso de um pintor plebeu, por muito cavaleiro de graça magistral que fosse, não podia ser tolerado. Resta ainda por confirmar a muito provável intervenção do próprio grão-mestre Alof de Wignacourt, no sentido de facilitar a fuga do artista que o retratara e que se viu forçado a mandar prender e erradicar.

A mais espetacular descoberta do ano ocorreu no verão, quando uma equipa interdisciplinar de uma instituição científica de Ravena, sob a orientação do Prof. Giorgio Gruppioni, pôde identificar os restos mortais do pintor de entre uma pilha de ossos exumados da cripta do cemitério de San Sebastiano de Porto Ercole. Mais exatamente, o crânio, as mandíbulas e o fémur. Aplicada a datação por carbono e outras técnicas forenses, apurou-se que os ossos pertenciam a um indivíduo de cerca de 38 anos e confirmou-se a data de 1610. Recolhido o DNA de membros atuais da família Merisi (longínquos parentes colaterais do pintor), ficou confirmada a identidade. O grau de fiabilidade das conclusões foi estabelecido em 85%.

Morte da Virgem
(Caravaggio não usa o tradicional termo de "dormição")
A análise dos ossos permitiu ainda lançar luz sobre a tão debatida razão da morte do artista. De facto, foi encontrada neles uma dose pouco usual de chumbo, justificada pelo contacto do artista com tintas e pigmentos, mas indiciando fortemente um grau de intoxicação plúmbea, conhecida como saturnismo. Ou seja, terá sido um Caravaggio já muito debilitado internamente que suportou a insolação e o esgotamento naquele julho tórrido de 1610, numa zona infestada de malária. Afastadas ficam, pois, as teorias conspirativas e de assassínio.

Neste mês de julho de 2010, os restos mortais identificados foram transportados para a sua cidade natal de Caravaggio, onde ficaram expostos no município. Regressaram, posteriormente, num veleiro, a Porto Ercole, onde foram levados para o Forte Stella, tendo sido celebrada uma missa, antes do sepultamento definitivo nessa localidade, onde morreu.

Um mês antes, em junho, a polícia alemã localizou em Berlim e apreendeu um dos quadros do mestre, anteriormente roubado do Museu de Odessa. Trata-se de uma das versões da “Captura de Cristo”, durante muito tempo considerada o original, até à descoberta, há duas décadas, da outra versão, hoje exposta em Dublin, na National Gallery of Ireland. A tela, escurecida, jazera largos anos em silêncio numa residência da comunidade jesuíta da capital irlandesa, à qual fora oferecida por uma benfeitora, sem qualquer noção do seu valor. A saga da redescoberta, limpeza e restauro do quadro é narrada por Jonathan Harr, no seu livro “A Obra Prima Desaparecida”, uma crónica que se lê como um verdadeiro romance de aventuras. Trata-se indiscutivelmente da versão original e é um dos quadros mais densos e dramáticos jamais criados por Michelangelo Merisi da Caravaggio, que nele se faz representar, como um criado que ergue uma lanterna para alumiar a cena noturna. Eu próprio tive ocasião de propor uma releitura da obra, à luz deste autorretrato nela inserido, que transforma a cena numa verdadeira alegoria da pintura, no sentido em que a arte “dá a luz”que permite ver a realidade.

Há anos, uma outra redescoberta veio lançar luz sobre a técnica do pintor nos seus anos finais. Foi identificado, numa coleção privada suíça, um “S. João”, como sendo a última tela de Caravaggio, transportada consigo na sua última viagem para Roma, que terminaria fatidicamente num albergue de Porto Ercole. O quadro, presente em algumas das principais exposições dedicadas ao artista nos últimos anos, foi objeto de reconhecimento unânime pela comunidade científica. (...)


Natividade com São Francisco e São Lourenço
 A obra autografa de Caravaggio hoje existente não ultrapassa as cinco ou seis dezenas de quadros. Vários outros, citados pela documentação seiscentista, não chegaram até nós. E, já no século XX, há a lamentar a perda da primeira versão do “S. Mateus e o Anjo”, bem como do retrato de “Fillide”, ambos queimados em Berlim, nos dias derradeiros da II Grande Guerra. Em 1969, de um oratório de Palermo, foi roubada a “Natividade com S. Francisco e S. Lourenço”, que nunca mais apareceu. Os quadros de Berlim são-nos conhecidos por velhas fotografias a preto e branco; da tela siciliana, existem reproduções a cores.

O constante interesse do público pela obra de Caravaggio fez multiplicar, nos últimos anos, o número das exposições a ele consagradas (...).

Neste ano celebratório, centraram-se em Itália, como era de esperar, as principais manifestações em torno do centenário, com particular realce para a grande exposição, que decorreu em Roma, nas “Scuderie”do Quirinal, entre fevereiro e junho. As cavalariças do venerável palácio, que foi dos Papas, dos Reis de Itália e que hoje alberga a Presidência da República Italiana, transformaram-se naquele que é, talvez, o mais espetacular espaço expositivo da capital. Aqui se reuniram 24 obras-primas do artista, quase metade de toda a sua produção remanescente, todas indiscutíveis, em termos de atribuição. Aos tesouros dos museus romanos, milaneses e florentinos, juntaram-se telas vindas de Nova Iorque, S. Petersburgo, Londres, Nancy, Dublin, Messina, Berlim, Viena, Kansas City e Fort Worth. Comissariada por Rossella Vodret e Francesco Buranelli, a exposição completava-se com a proposta de visita dos extraordinários quadros de altar que ornam as igrejas de Sant’Agostino, Santa Maria dei Popolo e San Luigi dei Francesi, todos eles expoentes máximos da produção do artista.

De facto, entre museus e igrejas, concentra-se em Roma cerca de um terço de toda a obra de Caravaggio, inigualável pela qualidade. No último fim de semana da mostra (12/13 de junho), uns e outras mantiveram-se abertos ininterruptamente durante 36 horas, admitindo os últimos milhares de visitantes. Ainda em Roma, em dezembro, no PalazzoVenezia, foi reconstituído o estúdio do artista (“Caravaggio. La Bottega dei Génio”). Prosseguindo as festividades, já este ano, abrirá na primavera, no mesmo museu, uma exposição dedicada ao mestre e aos seus seguidores, organizada em colaboração com o Hermitage de S. Petersburgo. (...)

Um contributo bastante original para este ano de festejos foi a estreia, a 19 de novembro, no festival de cinema de Mar dei Plata, de um filme polémico, “I'm Caravaggio”, de Derek Stonebarger, onde algumas das peripécias da vida do artista são transpostas para a atualidade de um "ghetto" de Las Vegas. (...)

Como se explica este permanente fascínio que continua a prender tão grande número de pessoas? Já em 1986, o filme biográfico de Derek Jarman constituíra um sucesso. As biografias romanceadas de Peter Robb e Dominique Fernandez foram “best-sellers”. As grandes exposições arrastaram largos milhares de visitantes...

Em primeiro lugar, o impacto do realismo brutal das suas figuras, moldadas de luz e sombra, escapando a todas as formas de idealização clássica e saídas do mundo fascinante e violento das ruas e das tabernas, para encarnar santos e anjos, sem, contudo, deixar de dar testemunho da sua própria realidade corpórea. Essa espiritualidade incarnada no quotidiano continua a ser um dos aspetos mais extraordinários da sua arte. As suas figuras são espantosamente modernas e, ao sê-lo, tornam-se intemporais e capazes de dizer algo aos homens do nosso próprio tempo. A mistura de transcendente e quotidiano, patente em tantas das suas telas, tem significado também nesta época sincrética, em busca incessante de valores espirituais, filosóficos, mágicos ou esotéricos, que sejam capazes de transfigurar o mundo material imediato.


detalhe de O martírio de São Mateus
 Em segundo lugar, a “vexata quaestio”da tão debatida sexualidade do artista. Na sua primeira fase, correspondente aos primeiros anos passados em Roma, e sob o alto patrocínio do refinado cardeal Francesco Maria dei Monte, produziu um conjunto de quadros, representando efebos de sexualidade ambígua. Do que sabemos da sua vida, resta a mesma ambi­guidade, que vai da forte relação com duas mulheres, Fillide Melandroni e a prostituta Lena, até ao apego e intimidade com o seu companheiro e discípulo Mário Minniti e outros homens.

Os mistérios da sua vida aventurosa, os anos passados em fuga e, contudo, tão espantosamente produtivos em termos artísticos, o constante papel dos apegos afetivos e da violência na sua vida acrescem ainda ao fascínio do artista.

Michelangelo Merisi é o exemplo acabado do romântico “avant la lettre”, que vive intensamente, produz uma obra artística de altíssimo impacto e valor, para morrer jovem e desamparado, com a liberdade ao alcance da mão, já tão perto e contudo inalcançada.

Na sua complexidade e ambivalência, Caravaggio surge-nos como perfeitamente contemporâneo. Violento e frágil, rebelde e insubmisso, amigo de banqueiros, cardeais, aristocratas, e também de vagabundos e rufias, portador de uma visão nova e única, revolucionário na técnica e na temática, inovador na expressão plástica do quotidiano mais banal e da mais alta espiritualidade, assim nos aparece hoje este homem, cuja arte ultrapassou as barreiras do tempo. Quatro séculos decorridos desde a sua morte, está mais vivo do que nunca na consciência contemporânea, como paradigma prometaico de quem se não resigna às limitações do quotidiano, antes molda o seu próprio destino. Pagou, por isso, um alto preço: fuga, clandestinidade, prisão, banimento, morte trágica às portas de Roma e da liberdade. Pelo caminho, deixou um legado artístico sem par, que hoje ainda continua a maravilhar e a arrastar multidões.

José Alberto Gomes Machado
(Professor catedrático de História da Arte, diretor da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora)

In Brotéria 172 (n.º 1/2011)
Publicado por SNPC

Ler no blogue:
http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/quando-beleza-doi.html
http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/parabens-caravaggio.html
Ver no blogue:
http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/caravaggio-em-imagens.html

domingo, 12 de dezembro de 2010

Toca a sair do armário!


Ricky Martin
Gays portugueses vivem felizes, mas no armário

São as primeiras conclusões do estudo EMIS (The European MSM Internet survey) que estão agora disponíveis ao público em geral: os gays portugueses sentem-se mais felizes que a média europeia mas vivem menos abertamente a sua sexualdiade.

O questionário EMIS foi realizado on-line entre 4 de Junho e 31 de Agosto de 2010. Foi promovido online e offline em revistas e jornais dirigidos a homens que têm sexo com homens. Mais de 180.000 responderam ao apelo.

Este é o maior estudo internacional de sempre realizado sobre gays sexualmente activos. O nível de resposta ao inquérito de 20 minutos só foi possível com a participação e apoio de organizações LGBT locais, nacionais e internacionais. E Portugal foi precisamente um dos países com maior número de respostas tendo em conta a população, só ultrapassado pela Alemanha, Irlanda, Suiça e Luxemburgo dos 38 países envolvidos.

Teste VIH

Um dos primeiros resultados refere-se ao teste do VIH/SIDA, com uma média de 35% dos inquiridos a referirem que fizeram um teste nos últimos 12 meses. Nesta área Portugal, Bélgica, Espanha e França destacam-se por terem respostas na ordem dos 45%, já no sentido oposto temos Lituânia, Finlândia, Eslovénia, Croácia e Turquia com respostas que não ultrapassam os 25%. Os pesquisadores irão agora analisar se estes dados são influenciados pela facilidade de acesso aos testes, e como são tratados os homens gays e bissexuais quanto ao aconselhamento sobre o VIH/SIDA.

Em termos de resultados dos testes do VIH, mais de 9% dos inquiridos de França, Países Baixos, Reino Unido e Suiça disseram ser VIH+, Portugal ficou-se pelos 7,8%, e países como Chipre, Bulgária, Bósnia, Eslováquia, Turquia e Malta tiveram respostas inferiores a 2% (incluindo quem nunca fez o teste).

Estar fora do armário e viver feliz com a sua vida sexual

Uma conclusão do estudo é que nos países em que mais homens vivem abertamente a sua homossexualidade ou bissexualidade há, por norma, um maior nível de felicidade dos mesmos. Portugal foge a esta regra ao ter um número de gays e bis fora do armário (38%) ligeiramente abaixo da mediana (40%) mas mesmo assim vivendo muito acima da média em termos de felicidade (66%).

Aliás acima de Portugal na lista dos que vivem bem com a sua vida sexual temos apenas a Bélgica, Espanha, França, Países Baixos e Suiça. Já do lado contrário temos a Bósnia no fundo da tabela com apenas 40% felizes com a sua vida sexual...

Em termos de viver abertamente a sua sexualidade temos a Bélgica (75%) e os Países Baixos (73%) no topo, e no fundo da tabela a Sérvia com apenas 17% e a Bósnia com uns inacreditáveis (7%).

O amante mais sexy do planeta? O meu namorado!

Quando questionados sobre qual o homem mais sexy do planeta o maior número de respostas foi: "o meu namorado", seguido de "mim". Em terceiro lugar Brad Pitt e em quarto Cristiano Ronaldo seguido de David Beckham, Ricky Martin, George Clooney, Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Zac Efron, Jude Law e, para completar a lista do top 12, Johnny Deep.

Mais informações em: http://www.emis-project.eu/
in PortugalGay.Pt

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Um deus bissexual? A história mitológica do deus Seth

Seth (Set, Sutekh, Seteh)

Dentro da genealogia divina (...) Seth seria o bisneto do deus criador Atum. Este teria gerado o casal Shu e Tefnut, representantes respectivos do ar seco e do ar húmido, que por sua vez como prole tiveram Geb e Nut, a terra e o céu, que viviam tão próximos um do outro que deles seus rebentos não poderiam sair.
 
Então, Shu criou um espaço entre a terra e o céu no qual as criaturas poderiam respirar o ar que concede a vida. Nesse mesmo espaço, o sol poderia nascer pela primeira vez e expulsar as trevas primordiais. A separação de Nut e Geb tornou possível o parto de seus filhos, os deuses Osíris, Seth, Ísis e Nephthys, e segundo algumas fontes, também de Hórus de Dois Olhos.
 
A tradição tão antiga quanto os Textos das Pirâmides, a mais antiga das três principais coleções de textos da literatura funerária, afirma que Seth irrompeu violentamente do ventre de sua mãe. O dia de seu nascimento é dito como o momento no qual a desordem e conflito entraram pela primeira vez no mundo.
...
Seth, o deus turbulento inimigo de seu irmão Osíris e rival de Hórus, era um dos quatro (ou cinco) filhos de Nut e Geb. Nephtys, sua irmã, e as deusas estrangeiras Anat e Astarte estavam entre suas consortes. Seth actua como um catalisador no mito egípcio. As suas ações inconsequentes são “más” por si próprias, mas levam a consequências “boas”, como o fato de Osíris se tornar o soberano do Além. A força bruta de Seth era necessária aos deuses para a defesa da barca solar do monstro do caos Apófis (Apophis).

(...) Seth era associado aos aspectos perigosos do deserto como enchentes repentinas e tempestades de areia. (...) Nos mitos, ele toma a forma de variados animais, tais como touros, porcos, hipopótamos, asnos selvagens, crocodilos e panteras para proporcionar actos destrutivos.

Como deus “que causa tempestades e nuvens”, Seth também era o oponente natural do falcão do céu solar Hórus o Ancião. Alternativamente, esse conflito pode ser descrito em termos de um reino e uma luta por justiça entre Seth o Usurpador e seu sobrinho, Hórus o Jovem, o filho póstumo de Osíris.
...
A sua importância é evidente em muitas representações: num peitoral da XII dinastia pode-se ver o animal de Seth em justaposição com o deus Hórus como emblemas dos dois reinos. Além disso, existia uma associação íntima entre Seth e a dinastia raméssida, visível em monumentos como uma estátua do Museu Egípcio do Cairo que retrata o deus agachado envolvendo e protegendo um faraó exatamente da mesma maneira pela qual outros monarcas eram representados sob a figura de Hórus. (...)
Com o passar do tempo, Seth foi também representado de maneira semi-antropomórfica como um homem com a cabeça de animal, e esta forma é particularmente comum no Reino Novo. Imagens e amuletos mostram-no utilizando a coroa branca do Alto Egito ou a dupla coroa a qual ele clamava ser sua. A principal arma de Seth é uma maça gigante ou cetro was (“poder”) que só ele conseguiria brandir.

Ele também pode ser visto fundido com Hórus como uma divindade de duas cabeças, como um símbolo do governo sobre tanto o Alto quanto o Baixo Egito.
...
Seth é fundamental para muitas das histórias que formam o complexo cultural egípcio: a primeira delas (...) é a sua luta pelo contra o irmão Osíris e o sobrinho Hórus, que resulta nas “Contendas de Hórus e Seth” e no embate do qual sai ferido nos testículos e seu rival nos olhos. Em outros momentos, como no Livro do Amduat, unem-se para proteger diariamente a barca solar da serpente Apófis, como já citado.
...
Outros textos do Reino Novo descrevem Seth como autor de uma série de crimes de sacrilégios como a derrubada de árvores sagradas e a caça de pássaros, peixes e animais sagrados. Ele também é notório por quebrar tabus sexuais: a sua natureza luxuriosa o leva a encontros hétero e homossexuais inapropriados. Num mito ele é punido por ter relações com a deusa da semente, que personifica o sémen do criador. Noutro, a sua tentativa de dominar sexualmente seu rival leva-o ao nascimento não-natural do deus lunar Thoth.

Resumidamente, para os egípcios, Seth deve ter sido entendido como uma entidade ambivalente, que poderia agir em algumas ocasiões para a manutenção do ordenamento ou o bom andamento dos eventos, e em outras para a sua ruptura.
 
In Interações Religiosas Egípcio-canaanitas, por Bruno dos Santos Silva
ISSN: 1984 -3615
adaptado por rioazur
http://www.nea.uerj.br/publica/e-books/mediterraneo1/DOC/Bruno%20dos%20Santos%20Silva.pdf

Ler no blogue
http://moradasdedeus.blogspot.com/2010/11/o-que-apareceu-primeiro.html

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O fenómeno transgender

O nosso moderador, pediu-me que trouxesse ao Blog, algum texto que nos ajudasse a reflectir o fenómeno da transexualidade. Encontrei um texto brilhante do Prof. Allen Gomes, que nos ajuda a reflectir esta e outras formas de ser homem e mulher...partilho convosco:

"A nossa sociedade, desde sempre, encarou o sexo, ou o género, de uma forma fortemente bipolarizada e esteriotipada: masculino e feminino.
Na sua forma típica – palavra que me parece menos má do que normal – cada sexo sentia-se identificado com o seu corpo (identidade de género), exibia um comportamento social de acordo como o que cada sociedade, em cada momento, prescreve para cada sexo (papel de género) e orientava-se – em termos de atracção erótica – para o outro sexo (orientação sexual). Em termos simples: homem heterossexual com uma identidade e papel de género masculino e mulher heterossexual com uma identidade e papel de género feminino. Este seria o melhor dos mundos- o admirável mundo velho!

Só que, um número significativo de pessoas, não se consegue encaixar nesta polaridade tão redutora e apresenta vivências ou comportamentos típicos do outro sexo, numa ou mais das suas características. Na terminologia médico-psicológica estas pessoas apresentam transposições de género, situações consideradas de carácter patológico e, portanto, enquadradas nas respectivas classificações clínicas, enquanto no léxico delas próprias se designam por transgender, não se consideram como doentes, mas como tendo um estilo de vida alternativo (...). De acordo com a tipicidade dos elementos definidores do sexo, descreveram-se à partida três grandes transposições do género: a homossexualidade – identidade e papel de género típicos, com orientação sexual atípica; travestismo – identidade de género e orientação sexual típicas e papel de género atípico; transexualismo – identidade, papel e orientação sexual atípicos.

Temos assim, três grandes categorias, aparentemente bem definidas... contudo, a diversidade do comportamento sexual não se esgota em categorias tão rígidas. A orientação sexual é muito mais complexa que a simples polarização heterossexual/homossexual. Ela é um contínuo entre dois extremos – o heterossexual e o homossexual exclusivos. Entre estes pólos, encontra-se uma imensa variedade de comportamentos em que, em maior ou menor grau, se encontram pessoas com vivencias de dupla atracção, cuja frequência e predominância apresenta importantes nuances ao longo da vida. Assim, ao nível da orientação sexual, construiu-se uma nova categoria – bissexualidade –que em si só também não dá para compreender a pessoa, que de facto é susceptível a fenómenos de dupla atracção. Por outro lado, com o passar do tempo, foi-se constatando que não havia critérios científicos para considerar o comportamento homossexual como patológico, pelo que, desde há mais de trinta anos, a homossexualidade foi retirada das grandes classificações internacionais de doença (...). O transexualismo mantém-se como a categoria mais estável. Cientificamente, define-se como todo o indivíduo que deseja viver e ser aceite como membro do outro sexo, sentindo-se altamente desconfortável com o seu sexo anatómico e procurando, afincadamente, tratamentos hormonais, cosméticos e cirurgicos que tornem o seu corpo o mais congruente possível com a sua vivência psicológica. Uma alma de mulher aprisionada num corpo de homem – transexual masculino, ou uma alma de homem aprisionada num corpo de mulher – transexual feminino, constitui ainda a definição mais compreensiva destas pessoas.

Neste contexto classificativo, onde se enquadram os indivíduos do sexo masculino que se vestem de mulheres e se comportam como tal de uma forma permanente, que tomam hormonas femininas, que utilizam silicone para tornar as suas formas mais femininas mas que não se submetem a cirurgias que modifiquem os seus orgãos genitais? A resposta, é que pura e simplesmente, não se enquadram nas classificações existentes! Daí que, o nome mais adequado para eles, seja o que as comunidades gay e transgender utilizam – as drag queens. Como se vê, não são nem travestis, nem transsexuais. A imagem que melhor os caracteriza será o de uma “mulher com pénis” (...).

Como se vê, a diversidade humana a nível de género é tão vasta como a qualquer outro nível. No aspecto científico, classificar as variações de género em categorias rígidas, não só não resolve o problema da compreensão do fenómeno transgender – que abrange todas as identidades sexuais que culturalmente transgridem os chamados papéis masculinos e femininos – como se pode revestir de alguns perigos. A construção, nestas situações, de categorias clínicas bem delimitadas, pode obrigar técnicos de saúde e leigos a fazer com que as pessoas se encaixem, forçadamente, nelas, correndo o risco de se adoptarem procedimentos radicais – nomeadamente cirurgicos – que, no futuro, se revelem insatisfatórios para as pessoas a que foram aplicados.

A título de ilustração, gostaria de terminar este artigo, com uma citação de um site da internet – FTM (female-to-male)International: 'nós situamo-nos em vários pontos do continuum transgender-transexualism. Muitos de nós, fizemos a transição através de auto-exploração com colegas ou conselheiros. Muitos tentaram a transição física tomando hormonas para produzir caracteres sexuais secundários, como voz grave e barba, ou submeteram-se a cirurgias – tais como mastectomia bilateral, para criar um torso masculino e faloplastia, para construir genitais masculinos. Outros, embora partilhando uma identidade de género masculino, decidiram que as hormonas/cirurgias não seriam necessárias para demonstrarem a sua masculinidade. Outros, ainda, expressam a sua identidade masculina, exclusivamente, através da forma como se vestem e se comportam socialmente...'"

In Paixão, amor e sexo de Francisco Allen Gomes (páginas 127-132), Publicações Dom Quixote

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

Este blogue também é teu

São benvindos os comentários, as perguntas, a partilha de reflexões e conhecimento, as ideias.

Envia o link do blogue a quem achas que poderá gostar e/ou precisar.

Se não te revês neste blogue, se estás em desacordo com tudo o que nele encontras, não és obrigado a lê-lo e eu não sou obrigado a publicar os teus comentários. Haverá certamente muitos outros sítios onde poderás fazê-lo.

Queres falar?

Podes escrever-me directamente para

rioazur@gmail.com

ou para

laioecrisipo@gmail.com (psicologia)


Nota: por vezes pode demorar algum tempo a responder ao teu mail: peço-te compreensão e paciência. A resposta chegará.

Os textos e as imagens

Os textos das mensagens deste blogue têm várias fontes. Alguns são resultados de pesquisas em sites, blogues ou páginas de informação na Internet. Outros são artigos de opinião do autor do blogue ou de algum dos seus colaboradores. Há ainda textos que são publicados por terem sido indicados por amigos ou por leitores do blogue. Muitos dos textos que servem de base às mensagens foram traduzidos, tendo por vezes sofrido cortes. Outros textos são adaptados, e a indicação dessa adaptação fará parte do corpo da mensagem. A maioria dos textos não está escrita segundo o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, pelo facto do autor do blogue não o conhecer de forma aprofundada.

As imagens que ilustram as mensagens são retiradas da Internet. Quando se conhece a sua autoria, esta é referida. Quando não se conhece não aparece nenhuma referência. Caso detectem alguma fotografia não identificada e conheçam a sua autoria, pedimos que nos informem da mesma.

As imagens são ilustrativas e não são sempre directamente associáveis ao conteúdo da mensagem. É uma escolha pessoal do autor do blogue. Há um critério de estética e de temática ligado ao teor do blogue. Espero, por isso, que nenhum leitor se sinta ofendido com as associações livres entre imagem e conteúdo.

Contribuidores

Amigos do blogue

Mensagens mais visitadas nesta semana

Categorias

11/9 (1) 2011 (1) 25 de Abril (1) 3ª idade (1) 5ª feira Santa (1) abandono (3) abdicar (1) abertura (4) aborto (3) abraão (1) abraço (1) abstinencia sexual (2) abusos (4) acção (4) aceitação (4) acolhimento (19) acompanhamento (3) açores (1) acreditar (1) acrobacia (1) activismo (2) activistas (2) actores (1) actos dos apostolos (1) actualidade (85) adão e eva (1) adesão (1) adeus (2) adilia lopes (2) administrativo (1) admiração (1) adolescentes (1) adopção (15) advento (15) afecto (3) africa (21) África (1) africa austral (1) africa do sul (8) ágape (1) agenda (2) agir (1) agressividade (1) água (2) alan gendreau (1) alegorias (1) alegria (11) aleluia (1) alemanha (15) alentejo (3) alerta (1) alexandra lucas coelho (1) Alexandre Quintanilha (1) alimento (1) alma (4) almada (1) alteridade (2) alternativo (9) amadeo de sousa cardoso (1) amantes (2) amargura (1) américa (5) américa central (1) américa latina (10) AMI (1) amigo (3) amizade (4) amnistia internacional (2) amor (54) amplos (2) androginia (1) andrógino (1) angelo rodrigues (1) angola (2) animal (3) anjos (8) anselmo borges (2) anti-semitismo (1) antigo testamento (15) antiguidade (1) antónio ramos rosa (3) antropologia (1) anunciação (2) anuncio (1) ao encontro (1) aparência (1) aparições (2) apatia (1) API (1) apocalipse (1) apócrifos (2) apoio psicologico (1) apolo (2) apóstola (1) apóstolos (1) apple (1) aprender (1) aproximar (1) aquiles (1) ar livre (1) arabes (1) arabia saudita (2) arbitro (1) arco-iris (4) argélia (4) argentina (9) arquétipo (1) arquitectura (9) arrependimento (1) arte contemporanea (18) arte e cultura (322) arte sacra (59) artes circences (1) artes plásticas e performativas (32) artista (2) arvo pärt (6) árvore de natal (1) ascensão (1) asia (9) asilo (2) assassinato (1) assembleia (2) assexuado (3) assexual (1) assexualidade (2) assintomático (1) associação do planeamento da família (1) associações (1) astronomia (1) ateliers (1) atenção (5) atender (1) ateu (2) atletas (2) australia (6) autoconhecimento (1) autodeterminação de género (2) autonomia (1) autoridade (2) avareza (1) ave-maria (2) avô (1) azul (1) bach (6) bairro de castro (1) baixa (1) banal (1) banco alimentar (3) bancos (2) bandeira (2) baptismo (1) baptizado (2) barcelona (5) barroco (3) basquetebol (1) beatificação (2) beatos (1) beckham (1) beijo (4) beja (1) bela e o monstro (1) beleza (18) bélgica (2) belgrado (1) belo (5) bem (5) bem estar (1) bem-aventuranças (3) ben sira (1) beneditinos (2) bento xvi (35) berlim (5) berlusconi (1) best-sellers (1) bethania (2) betos (1) bi (1) bíblia (45) bibliografia (1) bicha (1) bienal (1) bifobia (1) bigood (1) bill viola (1) binarismo (1) biografias (28) biologia (4) bispos (10) bissexualidade (9) bizantina (1) bjork (1) blogue informações (44) bloguer (1) blogues (2) blondel (1) boa nova (1) boa vontade (1) bom (1) bom pastor (1) bom samaritano (1) bombeiro (1) bondade (2) bonecas (1) bonhoeffer (2) bose (5) botswana (1) boxe (2) braga (2) brasil (15) brincadeira (1) brincar (1) brinquedos (2) britten (1) budismo (2) bullying (5) busca (1) buxtehude (1) cadaver (1) calcutá (1) calendário (3) calvin klein (1) caminhada (1) caminho (5) campanha de prevenção (1) campanha de solidariedade (6) campo de concentração (3) cancro (2) candidiase (1) candomblé (1) canonização (2) cantico dos canticos (3) canticos (2) canto (1) cantores (2) capela do rato (11) capelania (1) capitalismos (1) caraíbas (3) caravaggio (4) carcavelos (1) cardaes (1) carência (1) caridade (7) caritas (2) carlos de foucauld (1) carmelitas (2) carnaval (1) carne (1) carpinteiro (1) carta (15) carta pastoral (2) casa das cores (1) casais (17) casamento (61) casamento religioso (1) castidade (3) castigo (1) catacumbas (1) catalunha (3) catarina mourão (1) catástrofes (1) catecismo (3) catolica (1) catolicismo (26) causas (1) CD (1) cegueira (1) ceia (1) celebração (3) celibato (9) censos (3) censura (2) centralismo (1) cep (1) cepticismo (1) céu (1) chamamento (1) chapitô (1) charamsa (1) charles de foucauld (1) chatos (1) chechénia (1) chemin neuf (1) chicotada (1) chile (2) china (3) chirico (1) chorar (1) ciclone (1) cidade (2) ciência (2) cig (1) cimeira (3) cinema (41) cinemateca (1) cinzas (1) ciparisso (1) circo (1) cisgénero (1) civismo (1) clamidia (1) clarice lispector (1) clarissas (1) clausura (3) clericalismo (3) clero (5) cliché (1) co-adopção (3) coccopalmerio (1) cockinasock (2) cocteau (2) código penal (2) colaborador (1) colegialidade (1) colegio cardenalicio (2) colégio militar (1) colóquio (2) colossenses (1) combate (1) comemoração (2) comentário (1) coming out (1) comissão justiça e paz (1) comodismo (1) compaixão (3) companhia de jesus (11) comparação (1) complexidade (1) comportamento (2) composição (1) compromisso (1) comunhão (18) comunicação (2) comunidade (3) comunidade bahai (1) comunidades (3) conceitos (15) concertos (18) concílio (1) condenação (8) conferência (15) conferencia episcopal portuguesa (2) confessar (1) confiança (4) confissão (3) conformismo (1) conhecer (2) conjugal (1) consagrado (2) consciência (4) consumo (1) contabilidade (1) contemplação (5) contos (1) contracepção (1) convergencia (1) conversão (3) conversas (1) convivência (2) cópia (1) copta (1) coração (5) coragem (4) coreia do norte (1) cores (1) corintios (1) corita kent (1) coro (1) corpo (19) corpo de Deus (2) corporalidade (2) corrupção (1) corrymeela (1) cracóvia (1) crença (1) crente (1) creta (1) criação (5) crianças (8) criatividade (1) crime (8) criquete (1) crise (8) crisipo (2) cristãos lgbt (1) cristianismo (41) cristiano ronaldo (2) crítica (15) crossdresser (2) CRS (2) cruz (11) cuba (1) cuidado (1) cuidar (2) culpa (4) culto (2) cupav (2) cura (2) curia (1) curiosidade (6) cursos (4) CVX (1) dádiva (3) dador (2) dadt (8) daltonismo (1) dança (7) Daniel Faria (4) daniel radcliffe (2) daniel sampaio (1) danielou (1) dar (3) dar a vida (12) dar sangue (2) Dark Hourses (1) David (8) david lachapelle (3) deficiência (1) defuntos (1) delicadeza (1) democracia (1) dependências (1) deportação (1) deputados (1) desânimo (1) desassossego (3) descanso (1) descentralização (1) descobrir (1) desconfiança (1) descrentes (1) descriminalização (4) desejo (5) desemprego (1) desenho (12) deserto (3) desfile (1) desilusão (2) desordenado (1) despedida (1) desperdicio (1) despojar (1) desporto (34) detecção (1) Deus (50) deuses (1) dia (1) dia mundial dos pobres (1) diaconado (1) diácono (1) diálogo (9) diálogo interreligioso (7) diferenças (3) dificuldade (1) dignidade (2) dinamarca (1) dinamismo (1) dinheiro (1) direcção espiritual (1) direito (30) direito laboral (1) direitos humanos (51) direitos lgbt (9) discernimento (1) discípulas (1) discípulos (1) discriminação (29) discurso (2) discussão (5) disforia de género (1) disney (2) disparidade (1) disponibilidade (1) ditadura (1) diversidade (8) divindade (2) divisão (2) divorciados (4) divórcio (3) divulgação (1) doação (1) doadores (1) doclisboa (1) documentários (3) documentos (1) doença (2) dogma (1) dois (1) dom (10) dom helder câmara (1) dom manuel martins (2) dom pio alves (1) doma (1) dominicanas (3) dominicanos (6) donativos (1) dons (1) dor (4) dos homens e dos deuses (1) dostoievsky (1) doutores da igreja (2) doutrina da fé (2) doutrina social (5) drag (2) drag queens (2) dst (2) dureza (1) e-book (1) eckart (2) eclesiastes (3) eco (1) ecologia (6) economia (7) ecos (1) ecumenismo (14) edith stein (3) educação (7) efémero (1) efeminação (1) efeminado (2) egipto (2) ego (1) egoismo (1) elite (1) emas (1) embrião (1) emoção (1) empatia (1) emprego (10) enciclica (2) encontro (16) ensaios (11) ensino (1) entrevista (15) entrudo (1) enzo bianchi (2) equipa (1) equipamentos (1) erasmo de roterdão (1) erotismo (3) escandalo (2) escândalo (2) esclarecimento (1) escócia (1) escolas (5) escolha (2) escravatura (1) escultura (8) escuridão (1) escuta (7) esgotamento (1) esmola (1) espaço (3) espanha (10) espanto (1) esparta (1) espectáculos (1) espera (6) esperança (3) esperma (4) espermatezoide (1) espírito (4) Espírito Santo (4) espiritualidade (100) esquecer (1) estar apaixonado (1) estatística (13) estética (3) estoril (2) estrangeiro (2) estrelas (1) estudos (20) estupro (1) eternidade (1) ética (3) etty hillesum (4) eu (5) EUA (39) eucaristia (11) eugenio de andrade (4) eurico carrapatoso (8) europa (45) eutanásia (1) evangelho (19) evangelização (2) évora (1) ex-padre (1) exclusão social (2) exegese (1) exemplo (3) exercicios espirituais (2) exército (12) exibicionismo (2) exílio (1) exodus (1) exposição (1) exposições (13) ezequiel (1) f-m (1) f2m (1) facebook (4) fado (1) falar (1) falo (2) falocratismo (1) faloplastia (1) família (36) famílias de acolhimento (1) famosos (18) fardo (1) fariseismo (1) fátima (4) favela (1) (22) fé e cultura (5) fecundidade (2) feio (1) felicidade (1) feminino (4) feminismo (3) fernando pessoa (2) festa (2) festival (11) fiat (1) fidelidade (4) FIFA (4) figuras (11) filho pródigo (1) filhos (3) filiação (1) filipinas (1) filmes (27) filoctetes (1) filosofia (4) finlandia (1) firenze (2) flagelação (1) flaubert (1) flauta (2) floresta (1) fome (3) fontana (2) força (1) forças armadas (2) formação (3) fotografia (41) fr roger de taizé (3) fra angelico (1) fracasso (1) fragilidade (5) frança (9) franciscanos (1) francisco de sales (1) francisco I (78) francisco tropa (1) françoise dolto (2) fraqueza (1) fraternidade (4) frederico lourenço (5) freira (3) frescos (1) freud (2) frio (2) fronteira (2) ftm (1) fundacao evangelizacao culturas (3) fundamentalismos (1) funeral (1) futebol (16) futebol americano (1) futuro (3) galileu (1) galiza (1) ganancia (1) gandhi (2) ganimedes (2) gastronomia (2) gaudi (4) gaudium et spes (2) gay (112) gay lobby (3) gaydar (1) gayfriendly (2) género (25) generosidade (1) genes (1) genesis (3) genética (4) genital (1) geografia (1) gestos (1) gilbert baker (1) ginásio (1) global network of rainbow catholics (1) glossário (15) gnr (2) GNRC (1) goethe (1) gomorra (2) gonorreia (1) gozo (2) gratuidade (3) gravura (1) grécia (1) grécia antiga (9) grit (1) grün (1) grupos (1) gula (1) gulbenkian (3) habitação (1) haiti (1) harvey milk (1) hasbro (1) havai (1) heidegger (1) helbig (1) hellen keller (1) hemisfério sul (1) henri de lubac (1) héracles (1) herança (1) heresia (1) hermafrodita (2) hermafroditismo (2) herpes genital (1) heterofobia (1) heteronormatividade (1) heterosexuais (5) heterosexualidade (3) heterossexismo (2) hierarquia (34) hilas (1) hildegarda de binden (1) hildegarda de bingen (1) hinos (1) hipocrisia (3) história (42) história da igreja (1) Hitler (1) holanda (5) holocausto (2) homem (14) homenagem (2) homilia (6) homoafetividade (7) homoerotismo (14) homofobia (65) homoparentalidade (3) homossexualidade (150) honduras (1) hormonas (1) hospitais (1) hospitalidade (4) HPV (1) HSH (3) humanidade (5) humildade (6) humor (9) hysen (2) icone gay (9) icones (4) iconografia (1) idade (1) idade média (2) idealização (1) identidade (13) ideologia do género (2) idiota (1) idolatria (2) idolos (1) idosos (1) ignorância (2) igreja (156) igreja anglicana (7) igreja episcopal (2) igreja lusitana (1) igreja luterana (2) igreja presbiteriana (1) igualdade (9) II guerra mundial (7) ikea (2) ILGA (10) iluminismo (1) iluminuras (1) ilustração (1) imaculada conceição (1) imigração (2) imitação (1) impaciencia (1) impotência (1) imprensa (53) inácio de loyola (1) incarnação (4) incerteza (1) inclusão (5) incoerência (1) inconsciente (1) indemnização (1) india (2) indiferença (1) individuo (1) infalibilidade (1) infancia (1) infância (2) infecção (1) infertilidade (1) infinito (1) informática (1) ingenuidade (1) inglaterra (3) iniciativas (1) inimigos (3) injustiça (1) inocentes (1) inquérito (1) inserção social (1) instinto (1) instrumentos musicais (1) integração (2) inteligencia (1) inter-racial (1) intercessão (1) intercultural (2) interior (4) internacional (3) internet (1) interpretação (1) interrogação (1) intersexualidade (5) intolerância (2) inutilidade (1) inveja (1) investigação (4) invocação (1) invocar (1) iolau (1) irão (1) irlanda (6) irmão (2) irmão luc (1) irmãos de jesus (1) irmãs de jesus (1) irreverencia (1) isaias (2) islandia (1) islão (12) isolamento (1) israel (2) IST (3) italia (5) jacinto (1) jacob (3) jacopo cardillo (1) jacques berthier (1) james alison (4) james martin (4) jantar (1) japão (1) jardim (1) jasão (1) jean vanier (1) jejum (2) Jeová (1) jeremias (1) jerusalem (1) jesuitas (3) jesus cristo (49) JMJ (8) joana de chantal (1) João (8) joao climaco (1) joao paulo II (8) joão XXIII (2) job (2) jogos (2) jogos olimpicos (2) jonas (1) Jonatas (5) jorge sousa braga (1) jornadas (1) jornalismo (2) josé de arimateia (1) josé frazão correia (1) jovens (7) judaismo (9) judas (4) jung (2) justiça (21) juventude (5) kenose (1) kitsch (3) krzystof charamsa (1) l'arche (1) ladrão (1) lady Gaga (2) lagrimas (2) lágrimas (1) laicidade (2) laio (2) lançamento (1) lázaro (1) lazer (2) LD (1) lectio divina (1) lei (25) lei da blasfémia (1) leigos (3) leigos para o desenvolvimento (1) leiria (1) leituras (37) lenda (1) leonardo da vinci (1) lésbica (48) lev tolstoi (1) Levinas (1) levitico (2) levítico (2) lgbt (74) lgbti (20) liberdade (8) libertinagem (1) liderança (3) limpeza (1) linguagem (2) lisboa (83) literalidade (1) literatura (4) lituania (1) liturgia (6) livrarias (2) livros (36) ljungberg (2) londres (1) Lopes-Graça (1) loucura (1) lourdes castro (4) loures (1) louvor (2) lua (1) lubrificante (1) lucas (5) lucian freud (1) luiz cunha (1) luta (5) luto (3) luxemburgo (1) luz (2) m-f (1) M2F (1) macbeth (1) machismo (4) macho (2) madeleine delbrel (1) madre teresa de calcuta (9) madureira (1) mãe (1) mães (7) mafra (1) magdala (2) magia (1) magnificat (8) magrebe (1) mal (2) malasia (2) man (1) mandamentos (1) manifestação (1) manuel alegre (1) manuel cargaleiro (1) manuel clemente (4) manuel graça dias (1) manuel linda (1) manuel neuer (2) maori (1) mãos dadas (2) marcelo rebelo de sousa (1) marcha (5) marcos (1) Maria (18) maria de lourdes belchior (1) maria madalena (4) maria-rapaz (1) marinheiros (1) marketing (1) marrocos (2) martha medeiros (1) martin luther king (1) martini (2) mártir (5) martírio (3) masculinidade (10) masculino (1) mastectomia (1) masturbação (2) matéria (1) maternal (1) maternidade (1) mateus (7) matrimónio (1) mattel (1) mecenas (2) media (2) mediação (1) médicos (2) medio oriente (2) meditacao (8) medo (9) meia-idade (1) melancolia (1) membro (1) memória (1) memorial (1) mendigo (1) menino (4) menores (2) mensagem (2) menstruação (1) mentira (1) mercado (1) mesa (1) mestrado (1) metafora (1) metanoia (1) méxico (3) michael stipe (2) Michelangelo (2) Michele de Paolis (2) micronesia (1) migrante (1) miguel esteves cardoso (2) milão (1) mimesis (1) mineiros (2) minimalismo (1) ministerio publico (1) minorias (1) minorias étnicas (1) mira schendel (1) misericordia (3) misericórdia (3) misoginia (1) missa (7) missão (4) missionarias da caridade (1) missionário (3) mistério (3) mística (6) mitcham (2) mito (3) mitologia (8) mitos (2) moçambique (4) moda (5) modelos (8) modernidade (2) moina bulaj (1) moldavia (1) monge (4) monogamia (1) monoparentalidade (1) montenegro (1) montserrat (1) monumentos (1) morada (1) moral (6) moralismo (1) morte (25) mosteiro (1) movimento civico (1) movimento gay (1) MRAR (1) MSV (1) MTF (1) mudança (1) mudança de nome (1) mudança de sexo (6) mulheres (19) mundial (3) mundo (148) munique (1) murais (1) muro pequeno (2) musculos (1) museus (11) musica (2) música (87) musical (1) namoro (3) nan goldin (1) não crentes (2) não-violência (1) narciso (2) natação (1) natal (43) natividade (3) NATO (3) natureza (5) naufrago (1) nauru (1) nazis (5) newman (1) nigeria (1) nobel (2) noé (1) nómada (1) nome (5) nomeação (1) nós somos igreja (2) nossa senhora (1) nota imprensa (1) notícias (2) nova iorque (2) nova zelandia (2) novelas (1) novo testamento (5) nudez (20) numero (1) núncio apostólico (1) NY (1) o nome da rosa (1) obediência (1) objectivos milénio (1) obra (14) obstáculos (1) oceania (1) ocupação (1) ódio (5) ofensa (1) oferta (1) olhar (4) olho (1) olimpicos (2) olimpo (1) omnissexualidade (1) ONU (14) opinião (157) oportunidades (3) optimismo (2) opus gay (2) oração (59) oração comum (2) oração do nome (1) orar (3) ordem de cister (2) ordem dos advogados (1) ordem dos médicos (6) ordenação de gays (5) ordenação de mulheres (8) orgão (3) orgia gay (1) orgulho gay (7) orientação (12) oriente (1) origem (2) orlando cruz (1) ortodoxia (2) oscar romero (1) ousar (1) outro (2) ovideo (1) ovocitos (1) ovulo (1) paciencia (1) pacificador (1) pacífico (3) pacifista (2) padraig o tuama (1) padre (22) padre antónio vieira (1) padres (2) padres casados (1) padres da igreja (1) padres do deserto (2) paganismo (1) pai (7) pai natal (1) pai-nosso (2) pais (6) pais de gales (2) paixão (15) palácios (1) palavra (8) palestina (1) palestra (1) paneleiro (1) pansexualidade (1) papas (41) papel da mulher (11) papiloma (1) paquistão (1) paradas (3) parágrafo 175 (2) paraíso (3) parcialidade (1) parentalidade (4) paridade (2) paris (7) parlamento (3) paróquias lgbt (1) participação (2) partilha (8) pascal (3) páscoa (4) pasolini (2) pastoral da saúde (1) pastoral homossexual (27) pastoral trans (2) pastoral universitária (2) paternal (1) paternidade (3) patinagem (3) patio dos gentios (2) patriarca (1) património (5) pátroclo (1) paul claudel (4) paulo (5) paulo VI (1) pausanias (1) paz (12) pecado (7) pederasta (1) pederastia (1) pedir (1) pedofilia (10) pedra (1) pedro arroja (1) pélope (1) pena (4) pénis (1) penitência (5) pensamentos (3) pensão (1) pentecostes (2) perdão (6) peregrinação (1) peregrino russo (1) perfeição (2) pergunta (2) periferias (4) perigo (1) perplexidade (1) perseguição (1) perseverança (1) pessimismo (2) pessoa (8) petição (2) piano (1) piedade (1) pina bausch (3) pink narcisus (1) pintura (15) piolho-da-pubis (1) pirítoo (1) pistas (1) pluralidade (1) pobreza (14) poder (1) poesia (53) poitiers (1) polémica (4) poliamor (1) policia (3) polissexualidade (1) política (50) polo aquatico (1) polónia (1) pontes (1) pontificado (1) pontífices (1) POP art (1) população (1) pornodependencia (1) pornografia (2) portas (1) porto (9) porto rico (1) portugal (115) poseidon (1) povo de Deus (3) praia (1) prática (2) prazer (4) prece (3) preconceito (3) pregador (1) prémios (12) presença (2) presentes (1) presépios (5) preservativo (12) presidente (3) prevenção (1) pride (1) primavera (3) primeiros cristãos (1) principes (1) prisão (3) priscilla (1) procriacao (3) procura (4) professores (1) projecto (1) prostituição (4) prostituta (2) protagonista (1) provisório (1) próximo (5) psicanálise (1) psicologia (16) psicoterapia (1) psiquiatria (1) publicidade (4) pudor (1) qatar (4) quaintance (1) quakers (1) quaresma (35) queer (7) quenia (1) questionário (1) quotidiano (2) racial (1) racismo (4) radcliffe (2) rahner (1) rainhas (1) ranking (1) rapto (2) raul brandão (1) rauschenberg (1) razão (2) realidade (5) recasados (3) reciclar (5) reciprocidade (1) recolha de alimentos (1) recolhimento (1) reconciliação (5) rede ex aequo (8) redes sociais (5) refeição (1) reflexão (61) reforma (3) refugiados (3) registo civil (2) reino de Deus (2) reino unido (14) reis (9) relação (14) relatórios (2) religião (18) religion today (1) religiosidade (3) religioso (2) REM (2) Renascimento (1) renúncia (1) repetição (1) repouso (1) repressão (1) reproducao (2) república (1) republica checa (1) respeito (3) respiração (1) responsabilidade (2) ressurreição (2) restauro (1) retiro (10) retrato (4) reutilizar (5) rezar (2) Richard Zimler (1) ricky cohete (1) ricky martin (4) ricos (1) rigidez (1) rilke (4) rimbaud (2) riqueza (1) rival (1) rodin (1) roma (3) romance (1) romanos (1) romenia (1) rosa (6) rosa luxemburgo (1) rosto (1) rothko (1) rotina (1) roupa interior (1) rufus wainwright (5) rugby (4) rui chafes (2) rumos novos (4) russia (4) ryan james caruthers (1) s. bento (7) s. valentim (1) sábado santo (1) sabedoria (2) sacerdócio (2) sacerdotes (1) sacerdotisas (2) sacramentos (4) sacro (1) sagrada família (5) sagrado (7) sahara ocidental (3) sair (2) sair do armario (19) salmos (5) salvação (5) Samuel (1) sanção (1) sangue (1) santa catarina (1) santa cecilia (1) santa hildegarda (1) santa sé (2) santa teresa de avila (2) santarem (4) santas (2) santegidio (1) santidade (8) santo agostinho (3) santo ambrosio (1) santo antonio (1) santos (18) são cristóvão (1) sao francisco (7) sao joao (1) São José (2) sao juliao (1) sao tomas de aquino (1) sao tome e principe (1) sapatas (1) sapatos (1) saramago (1) sartre (1) saúde (26) Saul (1) schütz (1) seamus heaney (1) sebastião (9) séc XX (1) secura (1) sede (10) sedução (1) segurança (2) sem-abrigo (2) semana santa (7) semen (1) seminários (5) sensibilidade (1) sensibilização (1) sentença (1) sentidos (4) sentimentos (2) sepulcro (1) sepultura (1) ser (3) ser humano (3) ser solidário (44) sermões (5) serralves (1) servia (2) serviço (8) setúbal (3) sexismo (2) sexo (10) sexo biológico (2) sexo seguro (2) sexta feira santa (2) sexualidade (23) shakespeare (1) sic (1) sicilia (1) sida (20) sífilis (1) sightfirst (1) silêncio (12) sim (1) símbolos (2) simone weil (4) simplicidade (3) singapura (1) singularidade (1) sínodo (5) sintomas (1) sintomático (1) sobrevivente (1) sobreviver (1) sociedade (89) sociologia (1) sodoma (3) sodomia (2) sofrimento (13) solicitude (1) solidão (13) solidariedade (4) sondagem (10) sonhos (2) Sophia (8) st patrick (1) steven anderson (1) stockhausen (1) stölzel (1) stonewall (2) submissão (1) sudário (1) suécia (4) suicidio (5) sul (1) surrealismo (1) susan sontag (1) sustentabilidade (1) taborda (1) tabu (2) taizé (6) talentos (1) tapeçaria (1) tavener (6) TDOR (1) teatro (14) teatro do ourives (1) tebas (1) tecnologia (3) tel aviv (1) televisão (2) templo (2) tempo (4) temps d'images (1) tenebrismo (1) tentação (2) teologia (46) teologia da libertação (2) teólogo (2) teoria do género (1) terceiro género (1) teresa benedita da cruz (1) teresa forcades (1) terras sem sombra (1) terrorismo (1) teseu (1) teste (1) testemunhas de jeová (1) testemunhos (39) testículos (1) textos (2) the king's singers (1) Thibirine (2) thomas merton (2) tibães (1) timor (1) timoteo (1) tocar (1) tolentino (32) tolerância (5) torres vedlas (1) tortura (1) trabalho (6) trabalho doméstico (1) tradição (1) traição (1) transexualidade (22) transfobia (6) transformista (1) transgender (8) transgeneridade (1) transgéneros (3) trapistas (2) travesti (3) travestismo (3) trevor hero (1) triângulo (5) tribunal (4) tricomoniase (1) Trindade (3) trinidad e tobago (1) tristeza (2) troca (1) troilo (1) tu (2) turim (1) turismo (2) turquia (3) ucrania (2) uganda (6) últimos (1) umberto eco (1) umiliana (1) unção (1) UNESCO (1) união (15) único (1) unidade (7) unitaristas (1) universal (1) universidade (2) universo (1) utero (1) útil (1) vaidade (3) valores (2) vanitas (1) vaticano (48) vaticano II (12) vazio (1) velhice (3) veneza (3) vento (1) verdade (10) vergonha (1) via sacra (10) vício (1) vida (64) vida dupla (1) vidas consagradas (5) video (39) vieira da silva (1) vigarice (1) vigiar (2) vih/hiv (19) vingança (1) vintage (1) violação (4) violência (9) violência doméstica (1) VIP (1) virgindade (1) viril (2) virilidade (1) vírus (1) viseu (1) visibilidade (2) visitação (1) visitas (7) visões (1) vitimas (2) vítor melícias (1) vitorino nemésio (1) vitrais (1) viver junto (2) vocação (5) voluntariado (10) von balthasar (2) vontade (2) voyeur (1) warhol (1) whitman (1) wiley (1) wrestling (1) xenofobia (4) youtube (1) yves congar (1) zeus (1)

As nossas visitas