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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

terça-feira, 21 de maio de 2013

D. Manuel Clemente e o Pentecostes

Fazer a paz, reconciliar sempre

(...) Um cristão, batizado e crismado, tem (...) uma única tarefa e missão: fazer a paz, reconciliar sempre. Oiçamos de novo: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados…”. Sim, é verdade, que a reconciliação sacramental é feita pela Igreja através dos ministros ordenados, na sucessão do ministério apostólico. Mas o Espírito de Cristo, que todos recebemos e hoje reforça em vós a Sua presença, (...) conta convosco para a obra de reconciliação universal que, de algum modo, a todos incumbe. (...) Deixai-O trabalhar então, realizando em vós aquela absoluta unidade de inteligência e vontade, sensibilidade e propósito que havia em Cristo, Filho de Deus e homem perfeito. E (...) acontecerá em vós como aconteceu em tantos homens e mulheres que o Espírito fez santos, a mais linda e urgente aventura: gente reconciliada para reconciliar o mundo. Gente de perdão, para retomar as vidas, primavera final dum recomeço sem retorno. (...)
Contrariamente ao que se diga, todos somos insubstituíveis, e o que cada um não fizer, por fazer ficará, nesse modo e ocasião. Deixai-me pedir-vos (...): - Acolhei o que o Espírito vos pedir, no fundo da consciência e na interpelação da Igreja. Tem alguma razão o nosso povo, quando diz que “cada qual é para o que nasce”; mais razão há decerto para que o Espírito requeira de cada um de vós a coincidência da vida com uma vocação específica. Na vida laical ou na vida religiosa, no sacerdócio ou na missão, para cada um de vós o Espírito tem um segredo e um apelo. Escutai-O hoje, que para tal o recebereis de seguida. Aí encontrareis a felicidade, que só reside na vontade de Deus. Aí a encontrarão tantos outros, que esperam o vosso sim. O Espírito em vós, para a salvação do mundo. Nada menos do que isso e precisamente assim. Amen!»

11.5.2008
Responder às difíceis circunstâncias da sociedade

«E este mundo que nos toca, caríssimos irmãos, este mundo que hoje nos toca a todos, precisa tanto de ser recriado pelo Espírito de Deus! Amados irmãos, (...) percebei o que verdadeiramente se oferece neste Pentecostes do Espírito. Em Cristo, Deus reabilita a humanidade, esta mesma que cada um transporta e concretiza, tão magnífica de potencialidades e tão tragicamente desmentida por tantas contradições íntimas e sociais. Em Cristo, a nossa vida é vivida de forma novamente bela e finalmente refeita, segundo o desígnio de Deus.
Só por isso seremos plenamente cristãos. Reconhecemos em Cristo o que profundamente desejamos ser. Desde o batismo, o seu Espírito atesta em nós que tal é possível. E que nem conseguimos imaginar a totalidade cristã a que o Espírito nos levará… (cf. Ef 3, 20). (...) Prosseguirá através de vós a obra de Cristo no mundo, na força recriadora do Espírito divino. Precisamente assim é que a Igreja de Cristo responde atualmente à expectativa de todos, nas difíceis circunstâncias da sociedade que integramos e onde havemos ser “sal” de conservação e sabor, assim como “luz” de esclarecimento e ânimo (cf. Mt 5, 13-16).»
Sé do Porto, 12 de junho de 2011
Beija a tua cruz e ela há-de florir

«(...) O que aconteceu há dois mil anos com Jesus de Nazaré foi bom de mais, verdadeiro de mais, belo de mais, para que pudesse ficar morto e sepultado como naquela trágica sexta-feira…
E realmente não ficou assim. Este “realmente” refere-se à ressurreição de Jesus, hoje aqui connosco, como na alvorada primeira da Páscoa de que vivemos. Quando repetimos convictamente “Ele está no meio de nós!”, sabemos o que dizemos e experimentamos a vitória de Cristo sobre a morte; a dele e a nossa, como sucede e sucederá também. (...) Cinquenta dias depois da Páscoa (passadas 7 semanas de 7 dias, tempo pleno da colheita pascal), o Espírito que movia Jesus - por isso mesmo “Cristo”, ungido pelo Espírito de Deus - desceu sobre os discípulos para que nada se perdesse do que dissera e nada findasse do que fizera e o Evangelho continuasse, como continua agora, porque “nós também damos testemunho”.
Caros crismandos: Recebereis o Espírito para testemunhar a Cristo e ao seu Evangelho. Há tanta gente à vossa volta que espera de vós o testemunho de Cristo, mais ou menos conscientemente o espera. Não desiludais a esperança do mundo, agora porventura mais insistente ainda. Cada um de vós demonstrará que com Cristo é possível, porque a sua ressurreição é o indubitável futuro do mundo. Na escola e no trabalho – ou na recriação deste –, na família e na comunidade cristã, aqui ou onde for, um crismado é sinal vivo da vitória de Cristo, esperança fundada do futuro que será, certamente será.
Caríssimos irmãos, fragilizados por qualquer enfermidade ou circunstância: O Espírito reproduzirá em vós o sentimento e a fortaleza com que Cristo suportou a fragilidade humana, fazendo mesmo dela instrumento e meio da nossa redenção.
Ofereceram-me há dias uma cruz com esta inscrição: “Beija e tua cruz e ela há de florir”. Dum modo que dificilmente se explica, mas realmente se vive, há dois milénios que o Espírito nos ensina que é assim. A vida salva-se como é, tão magnífica como frágil, qual cálice do vidro mais perfeito. Esse mesmo cálice da nossa vida frágil bebeu-o Jesus, garantindo-nos a sua comunhão absoluta com o que somos e nele havemos de ser. Não temos propriamente um seguro de vida, mas em Cristo temos a vida segura em Deus. Isso nos segreda o seu Espírito e isso mesmo testemunhamos nós, na paz e na esperança. Oferecemos com Cristo o pouco que somos, ganhamos com Cristo o tudo de Deus.
Sé e Vila d’Este, 27 de maio de 2012
D. Manuel Clemente
In Diocese do Porto
publicado por SNPC

A Igreja católica portuguesa aos olhos de um judeu

Lição de humildade

Como judeu que sou tenho orgulho em elogiar os católicos portugueses, que não só são como estão cada vez melhores.
Quando a Maria João e eu estávamos a atravessar os piores bocados foram muitos padres e bispos que nos escreveram, animando-nos e falando menos do Deus que nos une do que das orações e esperanças que juntam os seres humanos que estão bem aos que passam mal. Escreveram sem sugerir resposta. Até essa liberdade me deram.
Respondo-lhes hoje, obliquamente. Foi graças ao D. António Ribeiro [anterior cardeal-patriarca de Lisboa], por intercessão da minha mãe, que as minhas filhas, por vontades próprias, foram baptizadas com 12 anos. Devemos-lhe também uma das poucas grandes traduções da Bíblia: uma das duas em língua portuguesa. A outra, posterior, foi de Joaquim Carreira das Neves, outro grande padre, teólogo e ser humano.

No “Público” de anteontem [sábado, 18.5.2013] a capa anunciava, com uma fotografia certa, que «D. Manuel Clemente, bispo do Porto, é hoje anunciado como o novo patriarca de Lisboa». Deixou-me uma impressão de felicidade, a aliança de coração e de inteligência que tem Manuel Clemente. Mas o que mais me comoveu foi uma citação, na página 13, do bom do D. José Policarpo (o cardeal-patriarca de Lisboa até ontem), uma pessoa com sensibilidade, coragem, generosidade e clareza. Disse ele, caracteristicamente: «[A] mudança da pessoa é um pormenor. Se vier outro, no dia seguinte [à minha saída] continua onde eu estava.» Sim. É mesmo assim: como deveria ser. Ainda bem.

Miguel Esteves Cardoso
In Público, 20.5.2013

Um acto de coragem

O que é a oração?

Esperar por Deus não significa que eu não tenha mais nada que fazer na vida espiritual, senão orar. A oração não é um casulo. Não entramos em oração, esperando simplesmente sair dela, na outra ponta do exercício, completamente amadurecidos no espírito, perfeitamente novos, totalmente acabados. Com todas as impurezas removidas. Limpos de toda a ferrugem. Com o coração renovado. A alma brilhante e radiante. A mente clara e cheia de certezas. De forma nenhuma. Há demasiadas coisas nossas em nós, para que todas desapareçam. Nem deve ser assim. Não, a função da oração não é esquecer o ego. É conformar-nos com a versão superior que devemos ser, independentemente da situação em que nos encontramos. A oração é o processo que nos leva a tornarmo-nos mais parecidos com o modelo que Jesus cria para nós. Orar não significa deixarmos de ser nós próprios. Significa, simplesmente, chegarmos a conhecer, claramente, o que é que temos de fazer para nos parecermos mais com a imagem de Jesus que devemos ser.

A oração confronta-nos connosco próprios e mede a distância entre quem e aquilo que somos, e quem e aquilo que Jesus é. Observamos Jesus a confrontar as autoridades do tempo dele. Ordena aos sacerdotes e aos fariseus que limpem o templo e tirem das costas do povo as leis da sinagoga que o sobrecarregam. Ele ordena aos governantes que parem de viver à custa dos pobres. E chama-nos a fazer o mesmo!

Escutamos Jesus a pôr em risco a sua aprovação social, a arriscar a sua própria vida, ao falar em público contra a opressão do povo, quer pela sinagoga, quer pelo Estado. E pede-nos para fazer o mesmo!

Estar imersos na oração, realmente imersos na oração, queima as nossas almas. Força-nos a ver quão longe estamos ainda dos nossos próprios ideais. Desafia as imagens de bondade, piedade e integridade que projetamos. Confronta-nos com o que realmente significa viver uma vida boa. Requer de nós coragem, mais do que simplesmente piedade.

Diz-nos, uma e outra vez: «Vem, segue-me!» É no seguimento de Jesus, que desce do cimo da montanha ao longo das estradas do mundo, pelos locais públicos da cidade, até aos bairros de lata dos pobres, aos átrios dos governos e aos cartórios das igrejas, dizendo com João Batista: «Arrependei-vos e não volteis a pecar», que a oração recebe o seu selo de credibilidade indiscutível.
Joan Chittister
In O sopro da vida interior, ed. Paulinas
publicado por SNPC

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Futuro ícone?

Ângelo Rodrigues dar vida a um personagem gay. Actor, cantor, modelo, combinação perfeita para as séries juvenis de televisão e para as telenovelas. Será que esta cara bonita e este corpo escultural serão credíveis neste novo papel? Veremos no último trimestre do ano... Entretanto um pequeno Atlas ilustrado:


Da realidade à ficção

Ângelo Rodrigues
fotografia de Marianna Yakobson
Novela da SIC traz ao écran temas da actualidade

Ângelo Rodrigues será Simão, um homossexual assumido, que mantém uma relação com Nuno, papel desempenhado por Rui Neto. O casal vai tentar adoptar uma criança na próxima novela portuguesa da SIC. No enredo, depois de terminar o curso de Belas Artes, Simão decide dedicar-se à ilustração em vez de continuar o negócio da família enquanto designer de calçado. O casal partilha uma casa e tem uma relação estável. Como muitos casais, Simão e Nuno, querem ser pais e dão início ao processo de adopção de uma criança. Mais à frente na novela Nuno vai falecer e a história desenvolve-se com a disputa de Simão a enfrentar na Justiça a guarda da filha que Nuno adoptou.

À Notícias TV, o actor Ângelo Rodrigues explica que não teve 'pudor em aceitar a personagem nem teria razões para isso'. À publicação Move Notícias afirmou que esta “não é mais do que uma história de amor que a personagem tem, só que em vez de ser com uma mulher é com um homem.” Ângelo Rodrigues diz ainda ter feito pesquisa no terreno para construir a personagem Simão: “Fiz um enorme trabalho de pesquisa, assisti a filmes, documentários, reality shows e algumas séries, mas o principal foi observação comportamental. Tenho vários amigos gays, estive mais atento aos comportamentos, fui sair com eles à noite para conhecer o circuito gay”. Ângelo diz-se preparado para tudo: “Faço o que a personagem tem de fazer, se tiver de dar um beijo dou, pois é uma coisa perfeitamente normal entre duas pessoas que gostam uma da outra”, acrescentou.
As gravações da nova novela da SIC começaram este mês e a estreia está marcada para Setembro. O argumento é de Rui Lopes.

In dezanove

Co-adopção SIM, Adopção ainda não

Portugal dá mais um passo

A adopção de crianças por parte de casais do mesmo sexo voltou a ser chumbada no Parlamento esta sexta-feira, com votos contra de deputados do PSD, PS e CDS. As propostas do Bloco de Esquerda e de Os Verdes pretendiam alargar a possibilidade de adopção. Já a proposta de co-adopção conseguiu passar. Desta forma, passa a ser possível estender ao outro elemento do casal ou da união de facto o vínculo de parentalidade que o outro cônjuge já tem em relação à criança.


O que se discutiu
A proposta de co-adopção em casais do mesmo sexo foi apresentada por Isabel Moreira e Pedro Delgado Alves (PS). Esta forma jurídica existe em vários países e permite que “numa situação conjugal ou de união de facto homossexual, havendo uma criança adoptada por um deles, a outra parte possa também ser co-adoptante”, explicou então Isabel Moreira. Esta sexta-feira a deputada socialista considerou que se estava perante “um passo civilizacional”, mas que “chega atrasado para pais e mães e para crianças que muitas vezes na sua inocência desconhecem que o Estado desconsidera um dos seus pais”. Já os projectos-lei do Bloco de Esquerda e de Os Verdes pretendiam pôr fim à discriminação de casais de pessoas do mesmo sexo no acesso à adopção.

Posições e votos
Havia liberdade de voto nas bancadas do PS e do PSD. Estavam presentes 203 deputados. O projecto da co-adopção registou 99 votos a favor, 94 contra e 9 abstenções. A maioria dos votos contra veio das bancadas do PSD e do CDS. António Braga e João Portugal (PS) também votaram contra a possibilidade de co-adopção. Todos os deputados do PCP, BE e Verdes votaram a favor.
O projecto do Bloco de Esquerda que previa a eliminação da impossibilidade de adopção de casais do mesmo sexo recebeu 104 votos contra (maioria dos deputados do PSD, 6 deputados do PS e a bancada do CDS), 77 a favor (Bloco de Esquerda, Os Verdes, maioria do PS e 12 deputados do PSD. A bancada do PCP absteve-se. Já a proposta de Os Verdes registou o mesmo sentido de voto que a proposta do Bloco.De registar que o PCP absteve-se perante a possibilidade de adopção, quando no debate de 2012 tinha votado contra.

Na véspera do debate, a Amnistia Internacional apelou aos grupos parlamentares para votarem favoravelmente a adopção homossexual. Também a Associação para o Planeamento da Família (APF) voltou a manifestar-se a favor. “Hoje em dia há um consenso científico sobre esta matéria da parentalidade homossexual, a qual sempre existiu, embora não tão explícita”, disse Duarte Vilar, secretário-geral da APF.

Mais polémico foi Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, que enviou um parecer negativo à Assembleia da República sobre os diplomas em causa. Marinho Pinto argumentou que “os casais do mesmo sexo têm muitos direitos, muitos dos quais, infelizmente, ainda não estão sequer reconhecidos", mas "não têm, seguramente (nem devem ter), direito a adoptar, porquanto esse pretenso direito colide frontalmente com o direito das crianças a serem adoptadas por uma família natural". Um grupo de advogados demarcou-se desta posição.

In dezanove (com títulos alterados)

Nova Zelândia e França, dois países onde o casamento já é igualitário

Égalité apesar da violência

“Egalité!” Foi ao grito de igualdade que a Assembleia Nacional de França aprovou esta terça-feira o casamento para todos, a designação adoptada neste país e que concede iguais direitos a casais homossexuais e heterossexuais. A adopção de crianças por casais do mesmo sexo é permitida automaticamente por inerência da lei do casamento. O Parlamento francês aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo por 331 votos a favor e 225 contra.
Depois de uma promessa eleitoral de François Hollande, que ainda terá que ratificar a lei, assistiram-se nos últimos 12 meses a vários revezes, manifestações com milhares de pessoas nas ruas e a uma escalada de violência homofóbica sem precedentes, como foi mediatizado através do caso Wilfred de Bruijn.
Além de Hollande, a principal impulsionadora da lei foi Christiane Taubira, Ministra da Justiça, nome pela qual esta reforma acabou por se tornar conhecida. Esta tarde após a votação no Parlamento Taubira declarou: “Não tirámos nada a ninguém. Pelo contrário, reconhecemos os direitos dos nossos concidadãos e concedemos os direitos a todos os casais”.
No Marais, o bairro adoptado pela comunidade gay de Paris, a festa começou logo que a votação foi conhecida.

Nos últimos dias foram várias as manifestações de protesto pela previsível aprovação da lei hoje ocorrida. Foi criado inclusive um grupo para combater esta lei, os Hommen. (...) Os protestos e confrontos com a polícia sucederam-se frente à Assembleia Nacional. Os Conservadores querem um referendo e já anunciaram que irão recorrer ao Tribunal Constitucional para declarar a lei inconstitucional.
(...) Os primeiros casamentos podem realizar-se a partir de Junho e não estão restritos apenas aos cidadãos de nacionalidade francesa.

In dezanove

O número 13: Nova Zelândia

O parlamento da Nova Zelândia legalizou no dia 17 de Abril deste ano o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Este é o primeiro país na região do Pacífico a fazê-lo. Apesar da oposição de grupos Cristãos, a lei foi aprovada com uma maioria de 77 votos a favor e 44 contra.
Após a aprovação o público presente no Parlamento de Wellington decidiu entoar um cântico de celebração em língua indígena Maori dedicado a Louisa Wall, a deputada lésbica que promoveu esta alteração na lei neozelandesa. Louisa Wall, do partido Trabalhista declarou: “Na nossa sociedade o significado de casamento é universal, é uma declaração de amor e compromisso para com aquela pessoa especial” e continuou “neste momento estou muito orgulhosa de ser neozelandesa”. Centenas de pessoas celebraram também esta decisão à porta do parlamento, considerando-a um marco histórico para a igualdade.
A união civil entre pessoas do mesmo sexo é legal na Nova Zelândia desde 2005.
Contudo, a alegria não foi unânime, Bob McCroskrie, fundador do grupo Family First, disse que a lei enfraquece o conceito tradicional de casamento: “Historicamente e culturalmente o casamento sempre foi entre um homem e uma mulher e não se deveria mudá-lo.”
A Nova Zelândia torna-se assim no 13º país a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, seguindo o exemplo de países como a Holanda, Bélgica, Argentina, África do Sul, Portugal e mais recentemente o Uruguai. Os vizinhos australianos chumbaram a lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Setembro passado, contudo, alguns dos seus estados permitem uniões civis.

In dezanove

Brasil: a Justiça decidiu!

Casamento entre 2 pessoas do mesmo sexo é legal no Brasil

Por 14 votos a 1, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou esta terça-feira uma resolução que obriga todos os cartórios do Brasil a celebrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Ao contrário do que ocorreu nos outros países onde este direito está estabelecido, coube à justiça e não ao parlamento aprovar o casamento igualitário.

O tema foi proposto ao CNJ pelo presidente, Joaquim Barbosa, que também preside o Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do sistema judicial brasileiro. O casamento entra em vigor mal seja publicada a deliberação no Diário de Justiça, que deverá ocorrer ainda esta semana.
"É vedada às autoridades competentes [os cartórios] a recusa de habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo", refere a resolução, que apresenta as sanções para os cartórios que decidam não cumprir a norma: "A recusa prevista no artigo 1° implicará a imediata comunicação ao respectivo juiz corregedor para as providências cabíveis".
Em 2011, o STF já tinha reconhecido, por unanimidade, a equiparação da união civil homossexual à heterossexual, permitindo que casais de pessoas do mesmo sexo tivessem direitos como herança e pensões. Neste momento o casamento entre pessoas do mesmo sexo é possível em 14 países. Na América Latina é legal na Argentina e no Uruguai. França e o estado do Minnesota foram os mais recentes territórios a dizer “sim”.

In dezanove

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Petição pública para a Legislação da Parentalidade por Casais do Mesmo Sexo em Portugal

Por que é importante legislar sobre a parentalidade por casais do mesmo sexo?

Em Portugal, se um dos cônjuges num casal do mesmo sexo - casado ou unido de facto - tiver adotado previamente uma criança ou, inclusive no seio da relação, recorrido à procriação medicamente assistida (PMA) no estrangeiro, o outro elemento não vê reconhecidos os seus direitos e deveres parentais, embora partilhe o projeto de parentalidade.

Esta desproteção das crianças criadas por casais do mesmo sexo decorre também de uma postura refletida nas leis em vigor, que procuram impedir a parentalidade por estes casais proibindo o recurso à PMA ou à adoção.

Esta situação discriminatória fere princípios constitucionais da República Portuguesa, nomeadamente o Princípio da Igualdade (art. 13º.) e o Direito a Constituir Família (art. 36º.). Urge por isso alterar a legislação em proteção destas crianças e debelar esta desigualdade na lei.
(...)

Para conhecer melhor e assinar esta petição, clique aqui

A co-adopção entra no parlamento

Projecto do PS sobre co-adopção por casais do mesmo sexo perto de ser viabilizado
 
Por Agência Lusa publicado em 14 Maio 2013 - 18:29   Membros da direção da bancada do PS, que em Fevereiro de 2012 se abstiveram perante os diplomas do BE e de "Os Verdes", admitem agora votar a favor do projecto socialista O projeto do PS sobre co-adoção de crianças por casais do mesmo sexo tem já amplo apoio na esquerda parlamentar e poderá ser viabilizado se obtiver mais de 20 votos entre deputados da maioria PSD/CDS.
Na sexta-feira, na Assembleia da República, são discutidos e votados em plenário um projeto do PS que pretende consagrar a possibilidade de co-adoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo, dois diplomas do Bloco de Esquerda que permitem a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e um outro do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) que alarga as famílias com capacidade de adoção.

Se os diplomas do Bloco de Esquerda e de "Os Verdes" constituem reapresentações de projetos já reprovados em fevereiro do ano passado pela maioria dos deputados do PSD e do CDS e por todos os do PCP, já o projeto do PS, por incidir mais numa questão de extensão de direitos de parentalidade e de proteção de menores, poderá ser viabilizado. Na votação de 24 de fevereiro de 2012, nove deputados do PSD votaram já a favor e três abstiveram-se face a um projeto do PEV sobre adoção por casais ou unidos de facto do mesmo sexo, que ainda recolheu no CDS um voto a favor (Adolfo Mesquita Nunes) e uma abstenção (João Rebelo).

Na próxima sexta-feira, perante um projeto do PS com um alcance mais limitado, acredita-se que o número de apoios poderá subir nas bancadas da maioria, sobretudo no PSD, mas também na esquerda parlamentar.

Em declarações à agência Lusa, a deputada independente socialista Isabel Moreira, primeira subscritora do diploma sobre co-adoção, afirmou esperar agora alcançar um muito maior apoio entre os 230 deputados, sobretudo na bancada do PS, que em fevereiro de 2012 registou apenas oito votos contra e cerca de uma dezena de abstenções face ao projeto mais maximalista do Bloco de Esquerda sobre adoção por casais do mesmo sexo. "Está em causa uma questão de direitos humanos, de proteção de menores. Com o nosso projeto, pretende-se evitar que uma criança possa ficar de um momento para o outro duplamente órfã. Em caso de morte do pai biológico ou da mãe biológica, é essencial que esteja garantida do ponto de vista jurídico a parentalidade do outro cônjuge ou unido de facto, impedindo-se por essa via a desproteção total da criança", salientou Isabel Moreira. Isabel Moreira invocou ainda em defesa do seu diploma uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a qual, na sua opinião, forçará "mais tarde ou mais cedo" Portugal a alterar a legislação em matéria de proteção da criança e de adoção por casais ou unidos de facto do mesmo sexo.

Membros da direção da bancada do PS, que em fevereiro de 2012 se abstiveram perante os diplomas do Bloco de Esquerda e de "Os Verdes", admitiram agora à agência Lusa votar a favor do projeto socialista "mais moderado" sobre co-adoção. Por outro lado, vários deputados do PS referiram também a recente posição do Partido Socialista Francês (PSF), que se uniu em torno da defesa da adoção por casais do mesmo sexo.

De acordo com a deputada ecologista Heloísa Apolónia, a recente experiência francesa "foi muito importante, porque ajudou as pessoas a ganharem ainda maior consciência sobre o que está em causa" com a adoção por casais do mesmo sexo. "Estou convencida que a adoção por casais do mesmo sexo será aprovada mais tarde ou mais cedo. Se não for desta vez, com o amadurecimento das ideias, com a reflexão que as pessoas estão a fazer, será na próxima", sustentou a deputada ecologista. "Desde a América do Sul até à Europa, está a haver um progresso muito rápido nestas matérias. Estamos perante um verdadeiro 'boom'", apontou por sua vez Isabel Moreira.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico*
Publicado em ionline

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Whitman descreve a obra de Deus

Creio que uma folha de erva não vale menos do que a jornada das estrelas,

E que a formiga não é menos perfeita, nem um grão de areia, nem um ovo de carriça,

E que o sapo é uma obra prima para o mais exigente,

[…] E que a vaca ruminando com a cabeça baixa supera qualquer estátua,

E que um rato é milagre suficiente para fazer vacilar milhões de infiéis

Walt Whitman

As modestas alavancas de transformação

Precisamos é de bicicletas

Muitas vezes parecemos estar à espera de um qualquer sinal espetacular para tomar uma decisão de vida sempre adiada. E queixamo-nos de falta de meios para, então sim, levar a cabo aquela transformação necessária ou aquela viragem desejada ou, mais adiante ainda, aquela concretização que indefinidamente protelamos. Contudo, as verdadeiras transformações inventam os meios próprios para se expressarem, e estes, regra geral, começam por ser espantosamente modestos. Fernando Pessoa, com a caricatura dos que “conquistam o mundo sem levantar-se da cama”, refere, no fundo, uma doença interior infelizmente muito comum: idealizamos de tal maneira o que pode ser a vida que ela perde, depois, o jogo por falta de comparência, sequestrada num plano cada vez mais mental e abstrato. Se a vida não decorre como imaginamos, baixamos as persianas e preferimos não vivê-la. Ora, se não estamos dispostos a aprender com a sabedoria dos pequenos passos e com a dinâmica do provisório dificilmente alcançaremos o segredo da alegria.

Penso em dois grandes pulmões espirituais na Europa que nos está mais próxima: Taizé e Bose. Taizé é uma minúscula povoação que fica a 390 Kms a sudeste de Paris. Em 1940, era uma espécie de zona de demarcação entre a França ocupada pelas tropas alemãs e a França livre. Precisamente nesse ano chega a esse lugar um jovem teólogo suíço, Roger Schutz. Ele vinha buscando, dentro de si, qual seria a sua missão. E não tinha encontrado ainda respostas. O que é engraçado é que a primeira vez que ele chegou a Taizé, fê-lo de bicicleta (veio a pedalar desde Genebra). Poderia ser só um passeio ou uma fuga para lugar nenhum. Taizé não tinha nada, mas ele entendeu esse nada como uma oportunidade para “reparar” as feridas da humanidade. Dois anos depois é expulso dali, porque os alemães perceberam que ele auxiliava os judeus perseguidos. Mas em 1944 ele regressa, e traz já consigo um pequenino grupo de jovens da sua idade, movidos pelo ideal de construir e viver uma experiência monástica, na frugalidade, no silêncio, no louvor e no acolhimento. Hoje largos milhares de jovens caminham para Taizé como se buscassem uma fonte refrescante. E o testemunho do Irmão Roger tornou-se uma inspiração de que não precisamos de aviões a jato ou de veículos sofisticados para descobrir o mapa do coração. Basta-nos uma bicicleta, ou menos ainda.
Bose, por sua vez, fica no Norte da Itália, entre Turim e Milão, no território montanhoso de Biella. No ano de 1968, época de tantas mutações e reivindicações, há um jovem estudante de economia que decide começar uma experiência monástica num pequeno monte periférico. Àquela época não tinha eletricidade, nem água canalizada. Por mais de dez anos ele viveu nessa solidão, fiel à oração e ao trabalho manual. Ele conta, por exemplo, que durante o inverno uma das suas tarefas era não deixar apagar a lareira, que lhe servia para tudo: cozinha, iluminação, aquecimento. Hoje, com graça, ele conta que tudo o que sabe sobre Deus e sobre o amor ao mundo, o deve ao fogo (ou melhor, a essa vigilância ativa para não deixar se apagar o fogo). Muitas vezes achamos que precisamos de mais isto e aquilo, quando, no fundo, precisamos é de aprender a tornar fecundo o nosso ponto de partida (seja ele qual for).
José Tolentino Mendonça
In Diário de Notícias (Madeira)
publicado a 14 de Agosto de 2011 por SNPC

Manuel Alegre e João XXIII

Pablo Picasso
Novidade e atualidade da mensagem de João XXIII


Quando foi publicada a encíclica Pacem in Terris (Paz na Terra) de João XXIII, eu estava na prisão. A razão fundamental para ter sido preso foi a minha oposição à Ditadura e a minha participação num movimento militar que tinha em vista encontrar uma solução para o fim da guerra colonial, que conheci como combatente e me deixou memórias que jamais se apagarão. Foi também em plena guerra, no verão de 62, que vivi com extrema ansiedade a crise dos mísseis, em Cuba, que colocou o Mundo à beira de uma catástrofe nuclear. Imaginam por isso a alegria que senti com a notícia da publicação desta Encíclica, que interpretei como um reforço da nossa esperança num futuro de liberdade, de justiça e de paz.

(...) Não me tinha enganado quanto ao seu significado e sobre a forma como iria pôr em causa a desordem estabelecida. Daí surgiu o poema:

Para João XXIII

Porque não sei de Deus não trago preces.
Sou apenas um homem de boa vontade.
Creio nos homens que acreditam como tu nos homens
creio no teu sorriso fraternal
e no teu jeito de dizer
quase como quem semeia
as palavras que são
trigo da vida.
Creio na paz e na justiça
creio na liberdade
e creio nesse coração terreno e alto
com raízes no céu e em Sotto il Monte.
De Deus não sei. Mas quase creio
que Deus poisou nas mãos cheias de terra
de um jovem camponês de Sotto il Monte.
Por isso mando à Praça de S. Pedro
não uma prece
mas a minha canção fraterna e livre
esta canção
que vai pedir-te a humana bênção
João XXIII: Avô do século.

Havia uma razão suplementar para pretender ler a encíclica, que tinha como subtítulo “Sobre a Paz de todos os Povos na base da Verdade, Justiça, Caridade e Liberdade”: ela era dirigida não apenas aos fiéis de todo o mundo, mas também “a todos os homens de boa vontade”, como eu próprio sempre me considerei. João XXIII demonstrava acreditar nos homens, crentes ou não-crentes. Falava também da vocação do homem como sujeito criador de fraternidade e solidariedade. (...) João XXIII teve uma grande preocupação em enunciar e fundamentar um conjunto de direitos humanos em termos que marcaram as decisões posteriores do Concílio Vaticano II e, particularmente a Gaudium et Spes, a constituição pastoral Alegria e Esperança, que viria a definir a relação da Igreja com o mundo moderno, designado como “o mundo deste tempo”.

A Pacem in Terris marcou uma evolução do pensamento católico, que um homem de esquerda como eu, empenhado na luta pela democracia, não podia deixar de saudar. Tanto mais que sempre pertenci àquela esquerda para a qual a liberdade é um valor essencial e que considera os direitos sociais inseparáveis dos direitos políticos. Ora Pacem in Terris proclamava direitos humanos fundamentais, conjugando liberdades, direitos económicos, sociais e culturais. Ao mesmo tempo sublinhava o respeito pela consciência individual e valorizava, não apenas o direito de participação na vida pública, mas a própria democracia.

Entre os direitos humanos permitam-me que sublinhe o que se refere ao respeito pela consciência dos homens. João XXIII escreve: “52. Todo o ser humano possui o direito natural ao devido respeito pela sua pessoa, à boa reputação, à liberdade para procurar a verdade (…)”. (...) Discorrendo sobre as relações entre os homens e os poderes públicos no seio das diferentes comunidades políticas, João XXIII conclui: “52.(…) a doutrina que acabamos de expor é plenamente conciliável com qualquer espécie de regime genuinamente democrático”.

(...) Estas palavras de João XXIII inspiraram a minha geração, fazem parte da vida de muitos de nós e estão ligadas à minha própria experiência histórica. Pacem in Terris, até pelas circunstâncias históricas em que foi publicada e dela tomei conhecimento, foi a Encíclica que mais me marcou. Mas não se pode esquecer a Gaudium et Spes, segundo o bispo Carlos Azevedo, “o documento mais inovador e mais amplo de horizontes do II Concílio do Vaticano…A novidade está no género, no tema, na estrutura, no estilo e até nos destinatários”. A Gaudium et Spes dirige-se a todos os homens e não apenas aos cristãos: o estilo representa uma nova atitude da Igreja Católica perante o mundo contemporâneo.

A forma como começa é bem significativa: Cito: ”1. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no seu coração (…) é por isso que a comunidade dos cristãos se reconhece real e intimamente solidária do género humano e da sua história”.

A análise da condição humana no mundo de hoje é marcada pelo método da Pacem In Terris, a leitura dos sinais dos tempos, mas avança com novas abordagens, sublinhando, nomeadamente, em termos de reflexão, uma nova atitude mais desenvolta dos cristãos. Para além dos princípios que lhe subjazem, impressiona ainda hoje a alegria e a esperança que brotam das suas páginas e o otimismo com que se encara o devir do mundo contemporâneo.

Vivemos hoje uma crise sem precedentes. Uma globalização desregulada, um capitalismo sem ética nem regras, em que o poder financeiro e especulativo domina o próprio poder político, além do mediático. A economia virtual tomou o lugar da economia real. Forças e poderes invisíveis, denominados mercados, sobrepõem-se ao poder legítimo dos Estados e dos órgãos democráticos de cada país, retirando-lhes a própria soberania. Crise moral, num mundo dominado pelo culto do bezerro de oiro, pela ganância e pela corrupção, pelo lucro pelo lucro e pelo poder pelo poder. A cultura do número substituiu o pensamento. A própria palavra do homem está pervertida e a linguagem ocupada por aquilo a que Sophia de Mello Breyner chamou “ o capitalismo das palavras.” É preciso descontaminar e libertar a palavra. Porque pela palavra se muda a vida. Assim o disse um poeta, assim o pensava, creio eu, João XXIII. Como disse o poeta Octávio Paz, Prémio Nobel de Literatura, as grandes crises são sempre crises de civilização. Ora uma crise de civilização não pode ser resolvida por receitas economicistas e tecnocráticas, as mesmas, aliás, que estiveram na origem da crise atual. Há outra dimensão da vida e o Mundo precisa de valores espirituais, da busca de um outro sentido, de um pouco mais de sonho e de um pouco mais de poesia. Talvez por isso alguém disse que esta é de novo a hora dos pensadores, dos filósofos e dos poetas. Eu diria que esta é também a hora de reler e reencontrar as palavras de alegria e esperança do Papa João XXIII.

Há cinquenta anos, João XXIII assinalou o contraste entre “a perfeita ordem universal" e a desordem que reina entre indivíduos e povos. Hoje, ainda que sob outras formas, esse contraste ameaça de novo a paz e a justiça. Dizia-nos também que era necessário tratar da ordem que deve vigorar entre os homens. E dizia-o em palavras simples, claras, universais e intemporais: “...é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão possui em si mesmo direitos e deveres que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se, por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis e inalienáveis.” Estas palavras da Encíclica Pacem in Terris constituíram na altura uma verdadeira revolução moral e cultural. E são-no outra vez neste tempo em que os poderes que comandam o mundo esquecem que os seres humanos são pessoas e não mercados. Não posso deixar de lembrar também aquilo que João XXIII disse numa época de sectarismo e intolerância e que, neste nosso tempo marcado pelo pensamento único, é de uma profunda atualidade: “Ninguém tem a verdade toda.”

Creio que nestes nossos dias crispados e sem horizonte, é preciso de novo uma mensagem de alegria e de esperança. E por isso devemos reviver as palavras de João XXIII como um guia para a ação, porque não podemos adiar para um amanhã incerto a construção de um Mundo mais livre, mais justo e mais fraterno.
Manuel Alegre
8.ª Jornada da Pastoral da Cultura, Fátima, Junho 2012
In SNPC

Ama primeiro!

Dá o primeiro passo

Há séculos que o nosso Deus se nos adianta no amor. Há 2000 anos que Jesus nos precede e nos espera na Galileia, essa Galileia do primeiro encontro, essa Galileia que cada um de nós tem em algum lugar do coração. O sentirmo-nos precedidos e esperados acelera o ritmo do nosso caminhar para que o encontro aconteça mais depressa. O mesmo Deus que «nos amou primeiro» também é o Bom Samaritano que se faz próximo e nos diz (...) «Vai e procede da mesma maneira».

Simplesmente, fazer o que Ele faz: sê primeiro entre os teus irmãos no amor; não esperes ser amado, ama primeiro. Dá o primeiro passo. Esses passos que nos farão sair da sonolência (o não ter podido velar com Ele) ou de qualquer quietismo sofisticado. Passo de reconciliação, passo de amor. Dá o primeiro passo na tua família, dá o primeiro passo nesta cidade; faz-te próximo dos que vivem à margem do necessário para subsistir: cada dia são mais. Imitemos o nosso Deus, que nos precede e ama primeiro, realizando gestos de proximidade para os nossos irmãos que sofrem solidão, indigência, desemprego, exploração, falta de tecto, desprezo por serem migrantes, doença, isolamento entre os idosos. Dá o primeiro passo e leva, com a tua própria vida, o anúncio: Ele ressuscitou. Então colocarás, no meio de tanta morte, uma centelha de ressurreição, que Ele quer que tu leves. Então a tua profissão de fé será credível.
Card. Jorge Bergoglio (papa Francisco)
Vigília Pascal, 2000
In El verdadero poder es el servicio, ed. Claretianas
publicado por SNPC

domingo, 12 de maio de 2013

ser gay no futebol americano

Alan Gendreau é um jovem atleta que joga futebol americano, numa pequena cidade do estado do Tennessee, nos Estados Unidos e que sonha com uma oportunidade na liga dos grandes (a NFL). A sua ambição acabou por ganhar mediatismo devido à orientação sexual de Gendreau – é gay assumido.
O jogador de 23 anos foi dado a conhecer ao grande publico, através de um vídeo biográfico colocado no site OutSports, que se dedica a divulgar desportistas que gostam de pessoas do mesmo sexo. O co-fundador do website sublinha que Gendreau nunca procurou um lugar privilegiado. “O objectivo dele não é ser o primeiro”, aponta Zeigler. “O objectivo dele é ser quem ele é”. Outros meios de comunicação social dos Estados Unidos também estão a dar visibilidade ao seu exemplo.
Gendreau assumiu-se como gay no liceu, que frequentou na pequena cidade de Apopka. Quando se mudou para o estado do Tennessee nunca escondeu a sua sexualidade, sendo o primeiro gay assumido a jogar numa liga universitária, o que suscitou no mínimo, bastante curiosidade e mediatismo, logo à partida.

O desportista refere que não pretende promover-se à custa da sua sexualidade, mas que por outro lado, também não a pretende esconder. “Sou um jogador de futebol-americano que é gay. Só isso”, refere com naturalidade. “É parte daquilo que sou, mas não é aquilo que me distingue. O meu objectivo é ajudar qualquer pessoa que está com dificuldades em assumir-se”.
Esta situação não é nova no panorama desportivo dos Estados Unidos. Jason Collins, atleta da NBA assumiu-se há poucas semanas, sendo o primeiro jogador da liga de basquetebol americano a sair do armário.

Luís Miguel
In Dezanove

Ver no Youtube uma entrevista com Gendreau

A falibilidade (sem dogmas) e a pobreza táctil

Ziraldo
Publico este artigo, pensando na "arrogância" do dogma da "Infalibilidade papal": parece-me que este papa, na sua lucidez a que nos tem habituado, tem posto o dedo em tantas feridas, tem sido sensível a tantos aspectos que desvirtuam a Igreja da sua vocação primordial, e na sua humildade e sapiência de servidor e de pastor sabe e afirma que ninguém é infalível. Quem crê no dogma, pode crer no que o papa disse: "ninguém é dono da verdade"!

Ninguém é dono da verdade


O papa afirmou esta quarta-feira que «ninguém é dono da verdade» e estimulou os católicos a seguirem o exemplo da evangelização feita por S. Paulo, que foi um «construtor de pontes» e não de «muros». «A verdade não entra numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Suma Verdade: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade recebe-se no encontro», disse Francisco, citado pelo portal de notícias da Santa Sé. À imagem de Cristo, «que falou com todos», o cristão que anuncia o Evangelho deve «escutar todos», tendo presente que a Igreja “não cresce com proselitismo”, mas pela «atração, pelo seu testemunho, pela sua pregação». «Os cristãos que têm medo de fazer pontes e preferem construir muros são cristãos inseguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo», frisou Francisco (...).
A pobreza deve ser entendida como «superação de todos os egoísmos na lógica do Evangelho que ensina a confiar na Providência de Deus», apontou. «Pobreza como indicação a toda a Igreja que não somos nós a construir o Reino de Deus, não são os meios humanos que o fazem crescer, mas é principalmente o poder, a graça do Senhor, que opera através da nossa fraqueza», explicou. Para Francisco a pobreza revela-se através da «solidariedade, a partilha e a caridade», bem como na «sobriedade e alegria pelo essencial», a par da vigilância face aos «ídolos materiais que obscurecem o sentido autêntico da vida». «A pobreza teórica não nos serve. A pobreza aprende-se tocando a carne de Cristo pobre, nos humildes, nos pobres, nos doentes, nas crianças», vincou. (...)

Rui Jorge Martins
Publicado por SNPC

Rezar é estar atento


A propósito da Ascensão

«A oração dirigida ao Pai em nome de Jesus faz-nos sair de nós mesmos», afirmou o papa este sábado no Vaticano, a propósito de uma passagem bíblica sobre a Ascensão (...). [Francisco] sublinhou que Cristo entra no «santuário do céu», deixando aberta a «porta», que é ele mesmo (...).
(...) Rezar implica atenção aos outros, vincou: «Se não conseguimos sair de nós mesmos em direção ao irmão que precisa, o doente, o ignorante, o pobre, o maltratado, se não conseguimos sair de nós mesmos para essas chagas, nunca aprenderemos a liberdade que nos leva à outra saída de nós mesmos, para as chagas de Jesus». «São duas as saídas de nós mesmos: uma para as chagas de Jesus, a outra para as chagas dos nossos irmãos e irmãs. E esta é a estrada que Jesus quer na nossa oração», disse Francisco.

Rui Jorge Martins
publicado por SNPC a 11 de Maio 2013

O cristão é uma pessoa inquietante

Ser cristão é entrar noutro mundo


Ser cristão é sair da calha social. Sempre o foi. Quando vivemos a fundo a verdade da Fé, entramos num mundo um pouco estranho. Num outro mundo do mundo. (...)
Um cristão a sério, um cristão a fundo, torna-se uma pessoa inquietante. Se isto não acontece, (...) assumimos um cristianismo que, no fundo, não passa de um resíduo de si mesmo.

Em certo sentido, é compreensível que assim seja: porque é complicado dar o (...) salto decisivo. (...) Nem toda a gente consegue assumir a solidão e o risco necessários para proceder a essa rutura, a essa metamorfose. Contudo, é por esse caminho de perigos que se espreita a felicidade.

A primeira diferença que deve constituir a identidade do cristão é a transparência do mundo: quem segue Cristo intui em tudo a presença de Deus, e cada momento da sua existência, por mais mínimo que seja, faz todo o sentido.
Aprender a ver o mundo entrevendo nele a Deus é um dos pontos mais difíceis da vida de um cristão. Porque a tendência é pensar coisas como: num mundo onde há crianças que morrem de fome onde poderá estar Deus? É curioso que nunca nos ocorre que essas crianças em muitos casos morrem de fome por nossa culpa: podíamos fazer por elas muito mais do que fazemos. Por isso mesmo, a pergunta não deveria ser "Onde está Deus?", mas sim "Onde estou eu?".

O papel da dor na vida humana é outra das estranhezas do cristianismo. Jesus chamava-lhe a Cruz. Mas não se trata de dores sem sentido, mas uma alavanca misteriosa de felicidade, um alicerce de eternidade.
(...) Não existe, para quem tem fé em Cristo, uma dor fechada em si mesma, no seu horror: pelo contrário, cada sofrimento vem acompanhado de uma felicidade, que se lhe segue e que é sempre mais plena, mais feliz do que a felicidade anterior.

Outra perplexidade colocada pelo cristianismo é a de ele supor que cada pessoa existe em fusão absoluta com todas as outras pessoas. Ao dizer «Ama o teu próximo como a ti mesmo», Cristo não estava a enunciar simplesmente um princípio de bondade, de solidariedade humana. Estava sim a afirmar algo de muito mais profundo: cada homem vive embebido nos outros homens. A realidade de que, em nós, devem caber todos os seres humanos é das mais difíceis de compreender na vida cristã.

Para Jesus cada pessoa existe para se dar, para se entregar, e não para realizar as suas ambições: esta é uma das convicções que também afasta os cristãos do pensamento habitual.
A ideia cristã é a de que nós nos percamos naquilo que fazemos. As pessoas que se centram em si próprias e nada de si dão aos outros não se obtêm a si mesmas, enquanto aqueles que a tudo e a todos se entregam acabam por, paradoxalmente, se conquistarem a si próprios.

Mais uma vez um princípio cristão estranho, surpreendente, acaba por se ver confirmado pela vivência concreta. Se queres saber quem és, entrega-te ao mundo e aos outros. Nesse caminho de perda de ti, contigo te encontrarás. Assim, se queres possuir uma coisa, terás de a dar.
Mas não é fácil aprender este caminho de dádiva: os primeiros passos doem, como se fossem dados contra a nossa natureza. Contudo, pouco a pouco, a nossa alma aprende a respirar a brisa encantadora da generosidade. E nada há que nós tenhamos dado que não nos seja devolvido por Deus em alegria, em plenitude, em profunda posse de tudo. Enquanto não nos dermos seremos um presente por abrir.

Gabriel Magalhães
In Espelho meu, ed. Paulinas
publicado por SNPC

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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