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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Padre jesuíta fala sobre pastoral homossexual

A "escandalosa tolerância" de Jesus

Jesus, o escandaloso!

Se nos atemos ao que contam os Evangelhos, nos surpreendemos com o fato de que Jesus foi escandalosamente tolerante com pessoas e grupos com os quais nenhum homem, reconhecido como observante e exemplar do ponto de vista religioso, podia ser tolerante. Ao mesmo tempo em que se mostrou extremamente crítico com aqueles que se viam a si mesmos como os mais fiéis e os mais exatos em sua religiosidade, Jesus foi tolerante com os publicamos e pecadores, com as mulheres e com os samaritanos, com os estrangeiros, com os endemoniados, com as multidões dos gentios (óchlos), uma palavra dura que designava a “plebe que não conhecia a Lei e era maldita”, no juízo dos sumos sacerdotes e dos fariseus observantes (Jo 7, 49; cf. 7, 45).

E é curioso, mas essa gente é a que aparece constantemente acompanhando a Jesus, escutando-o, buscando-o... Os relatos dos Evangelhos são eloquentes neste ponto concreto e repetem muitas vezes que o “gentio”, a “multidão”... buscava a Jesus, que o ouvia, que estava perto dele. E aquela mistura de Jesus com os “gentios” chegou a ser tão angustiosa, que até a família de Jesus chegou a pensar que ele havia perdido a cabeça (Mc 3, 21). Jesus compartilhava mesa e toalha com os pecadores, o que dava pé a murmurações por causa de semelhante conduta (Lc 15, 1s).

José María Castillo
in blog Teología sin Censura


Quem recebe a comunhão?

A comunhão não é prémio para os perfeitos, mas alimento para os crêem em Jesus e querem segui-lo.

James Alison fala da discussão da Igreja em torno da homossexualidade (parte 4)

O texto encontra-se na íntegra em Rumos da discussão

7. Saída do impasse

Graças a Deus, os nós do skandalon são desatáveis. Se os mecanismos do constante estreitamento dos nós (…) são potenciados pela acusação, aquilo que potencia o soltar os laços é o perdão. E de fato, no epicentro da fé cristã e católica entendemos muito bem que a chave para abrir a verdade que nos libera é o Espirito d’Aquele que estava disposto não a fugir do skandalon mas Ele mesmo entrar no seu interior, sendo Ele mesmo definido como escandaloso, e suportando o peso da violência, das falsas acusações, da vergonha, da desfiguração e da morte. E o fez tudo para que nós pudéssemos passar pelo espaço dos escândalos sem ficar escandalizados: “Feliz aquele que não se escandalizar em mim”.

E é isso mesmo: na medida em que achamos que nesta situação de vivência eclesial, não há nada para ser perdoado, é só insistir nas definições de sempre com maior rigor frente a um mundo perverso cada vez menos disposto a nos ouvir. Deste modo, só conseguimos atiçar o skandalon até o ponto onde a nossa perda de razão fica evidente para todo mundo menos para nós. Assim ficamos ainda mais escandalizados ao percebermos como os outros consideram tabu irracional aquilo que chega a ser para nós pedra de toque da nossa sacralidade. Por outro lado, na medida em que reconhecemos que tem algo para ser perdoado, quer dizer solto, permitido a fluir, e que somente na medida em que nos deixamos perdoar é que vamos perceber a realidade daquilo que é, assim veremos o skandalon se esfumar e vamos ficar livres.

Repito isto, porque é um dos segredos do cristianismo que a Igreja muitas vezes consegue esconder de si própria. O principio da realidade flui a partir da vítima que nos perdoa, e que nos dá o poder de segui-la sendo perdoados e espalhando o perdão, fazendo dos lugares escuros e aparentemente tóxicos da vergonha e do escândalo, lugares onde podemos morar pacificamente, e por isso, começar a detectar e descrever sem medo aquilo que realmente está acontecendo. Aquele que diz “Eu sou a verdade, o caminho e a vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim” soprou nos apóstolos o Espirito Criador mandando-os perdoar, e é aquele Espírito que nos leva a toda a verdade, e nos assegura que a verdade nos libertará.

Ou seja, o primeiro passo para sair do skandalon que é a atual vivência eclesial do assunto gay é se deixar perdoar. E o segundo passo, que flui automaticamente do primeiro é na medida em que começamos a nos descobrirmos perdoados, e por isso capazes de caminhar com maior leveza de espírito em meios perigosos, onde só o perdão nos dará a capacidade de não nos preocuparmos pela perda de reputação e assim por diante, a perdoar aqueles que ainda ficam escandalizados e por isso são pessoas violentas, ainda filhos da ira, que não entendem bem as forças cruéis do desejo escandalizado que as agitam. Os escandalizados não serão capazes de deixar de mentir, de atacar, de acusar, se pensando justos ao fazê-lo, e agindo até com maior ferocidade na medida em que perceberem a liberdade e a tranquilidade alheia. Com o escandalizado, nunca entrar em debate. Ao escandalizado se perdoa sem que ele o peça, pois não sabe o que faz, e porque, não o perdoando, ficamos com o risco de sermos contagiados pelo mesmo escândalo.

O terceiro passo, e é um grande privilégio da fé católica, é poder ver com aquela racionalidade tranquila de quem passou pela perda de tudo, e ainda se descobriu mantido em vida, como é que esta pequena abertura para uma antropologia mais verdadeira não é (…) uma ruptura da fé, ou uma brecha na bela totalidade da vivência católica, mas, ao contrário: é o seu desenvolvimento, a partir de dentro, mais orgânico. É uma daquelas coisas que do lado de fora parece um obstáculo, e por isso uma pedra a ser rejeitada, mas pelo lado de dentro, percebe-se o seu vínculo íntimo com a pedra angular. Ou seja, uma vez que a gente está além do escândalo, a gente olha para atrás e percebe que o pleno reconhecimento da humanidade das pessoas gays foi, e está sendo, o desenvolvimento mais íntegro da vivência cristã, seguindo muito exatamente aquilo que Jesus nos prometeu. Curiosamente, este desenvolvimento integralmente cristão tem sido liderado por pessoas que pouco sabiam o quanto eram cristãs a ousadia, a humildade e a perseverança delas, e tem sido obstruído por pessoas que pouco sabiam que a rigidez, o escândalo e a desonestidade delas nada de cristão tinham. Um fato assim deveria ser motivo de vergonha para nós que levamos o nome de cristão, porém só pode ser motivo de surpresa para quem não tiver dedicado o mínimo de tempo a ler os Evangelhos...

O quarto passo, descobrindo-nos, sem mérito nosso, por dentro da dinâmica orgânica do Evangelho é nos dar conta de que a fé católica sempre previa possibilidades deste tipo. O ensinamento católico com respeito a Fé e a Razão, a Graça e a Natureza, mantido nos conselhos de Trento, Vaticano I e II, e ensinado com particular lucidez pelo Bento XVI nos facilita muito a tarefa de sair dum escândalo que é muito mais forte para grupos que não tem este ensinamento. Pois, uma vez que é o ensinamento constante da Igreja que a razão humana, por débil que seja, não ficou totalmente danificada na queda, e por isso ainda é capaz de aprender a verdade, mesmo que por caminhos árduos e onde avançamos só em meio a muitos erros; e que a natureza humana, e junto com ela o desejo humano não é radicalmente depravado, mas em si uma coisa boa, mesmo que vivido por todos nós de uma forma distorcida e debilitada; uma vez lembradas estas coisas, então podemos entender que é absolutamente conforme à nossa fé o poder aprender, ao longo do tempo e de maneira árdua, que alguma coisa que parecia ser um defeito da natureza humana não o é e que aquilo que se pensava uma condição viciada ou patológica não o é. Devido justamente a esta compreensão, a fé católica entende que Deus, porque nos ama, não proíbe coisas de maneira caprichosa, só proíbe aquilo que nos faz mal. Quando se pensava que ser gay era um defeito numa natureza humana intrinsecamente heterossexual, então não se colocava em questão que a proibição fosse para o nosso bem. No momento em que se descobre que, antes, ser gay diz respeito a uma variante minoritária e não patológica na condição humana, então automaticamente fica claro que aquilo que se pensava ser uma proibição divina não é, e nunca foi, tal. É e foi um tabu humano, parte daquele mundo de ignorância e violência que ainda não tinha aprendido a respeitar a dignidade, a beleza, e a capacidade para o florescimento de diversos membros da raça humana. Mas que agora, e como parte integrante da Boa Nova, estamos descobrindo que ser humano é uma aventura maior e mais rica do que se pensava antes.

8. A catolicidade do caminho proposto 

Quero insistir nisto, porque significa que o descobrimento da condição não patológica do ser gay, um autêntico descobrimento de tipo antropológico, um autêntico ganho para a humanidade, não é um ataque frontal a uma doutrina da Igreja. Ao contrário, é parte de um mecanismo absolutamente normal, e interno à vida da Igreja, pelo qual chegamos a perceber um conflito entre duas doutrinas que antes não pareciam ter nenhum conflito entre elas: a doutrina acerca da fé, da razão, da natureza e da graça, por um lado, e a proibição absoluta de todo ato de amor entre pessoas do mesmo sexo, por outro. As duas doutrinas de fato têm um conflito, se aquilo que chegamos a perceber e apreciar ao seguir a primeira doutrina, que é, de toda evidência, central para a visão católica do mundo, nos leva muito obedientemente a relativizar e finalmente a rejeitar, como sendo expressão de um tabu, a segunda doutrina. A primeira doutrina nos teria ensinado que a segunda não pode ser de origem divina, sendo que é incompatível com a benevolência e a sabedoria do Criador ter querido frustrar por meio de uma proibição absoluta o desenvolvimento e crescimento normal de uma condição que ele mesmo teria se comprazido em introduzir na nossa experiência de filhas e filhos dele. A bondade ou ruindade dos atos de amor entre pessoas do mesmo sexo dependeria de seu uso, como é de fato a experiência das pessoas gays, e os critérios para isto deveriam ser aprendidos por nós, guiados por aquela inapagável tendência em nós para a verdade que a Igreja tanto preconiza e à qual tantas pessoas gays e lésbicas têm dado testemunho na face de tanta rejeição eclesiástica.

Acho que vale a pena lembrar disto: como o ensinamento da Igreja vem de Deus, quando descobrimos um erro, é evidente que aquilo não era, na verdade, o ensinamento da Igreja. E os que insistiam que era, resultaram ser os que foram na verdade pouco leais à Igreja, preferindo uma aparente continuidade tingida com erro a uma vivacidade sempre mais ricamente portadora da verdade. (Cf Marcos 7, 13

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

James Alison fala da discussão da Igreja em torno da homossexualidade (parte 3)

O texto encontra-se na íntegra em Rumos da discussão

5. O grande escândalo

Nos termos de Bateson é um double bind perfeito: se falar a verdade, você fica de fora (do grupo); e se não falar a verdade, fica de fora (do sentido para o qual existe o grupo). Então muitos integrantes da Igreja preferem ficar num espaço ambíguo, uma espécie de Don’t ask, Don’t tell onde tudo é cinzento. Mesmo sem falar da miséria psíquica que este ambiente produz, nem dos relacionamentos disfuncionais e inapropriados que nele abundam, isto é evidentemente o ambiente mais propício para todo o tipo de chantagem.

(…) A vivência eclesial desta questão merece mesmo o nome de escândalo, não no sentido jornalístico, mas no sentido estrito, de um mecanismo que é pedra de tropeço, algo que atrai e repele a seus integrantes ao mesmo tempo, atando-nos em ritmos de desejo insuportáveis de viver com e insuportáveis de viver sem. É um escândalo vivido na carne própria (…) e tende a se reproduzir como escândalo nos inocentes que são induzidos a formar parte deste mundo escandalizado. Este processo de ficar atado num “skandalon” leva à paralisia do coração, passo muito próximo à perda da alma. Mas é aqui onde me parece que entra no jogo aquele terceiro elemento da interpelação que mencionei ao começo, a da veracidade.

(…) Se estamos diante de um “skandalon” (…) que creio ser o do Evangelho, procurar (…) entalar as pessoas escandalizadas entre a “verdade” e a “honestidade” é mais uma maneira de nos deixarmos cozinhar pelo inexorável fogo baixo da acusação. Ora, a qualidade da acusação é que só atiça e estreita os nós do escândalo, mas não oferece nenhuma saída dos seus laços.

Por isto, gostaria de oferecer para vocês algumas observações sobre a dimensão da veracidade neste campo. A minha tarefa, como cristão, como padre, e como teólogo, não é atiçar os laços do escândalo, mas reconhecendo sem fingimento o skandalon por aquilo que é, procurar desatar aqueles nós, oferecendo caminhos pelos quais seja possível sair de tanta dor e autodestruição.

6. A veracidade 

(…) Falo do processo pelo qual o grupo humano e os seus integrantes chegam a adquirir uma disposição estável de se deixar ajustar àquilo que realmente é, e poder falar a respeito. (…)

(…) Gostaria de sublinhar que sair de um escândalo não é um processo puramente intelectual. De fato, funciona muito mais ao nível do desejo que nos estrutura do que naquele nível relativamente secundário que é o do raciocínio. Dou-lhes um exemplo. Recentemente um Bispo amigo meu foi chamado pelo Vaticano para responder por uma pastoral gay na diocese dele. Os acusadores tinham outros motivos para incomodar o Bispo, mas acusar um bispo de demasiado liberal no assunto gay é sempre uma boa arma no campo minado do amor cristão. O Bispo me consultou a respeito, e eu disse para ele aquilo que digo para vocês: que, havendo seguido os estudos durante anos, a meu ver, trata-se de uma variante minoritária não patológica e que ocorre regularmente na condição humana, com as consequências normais que disto decorrem. O Bispo, muito inteligentemente, e não querendo depender numa questão de evidência científica da opinião de um mero teólogo que é também um homem pessoalmente envolvido no assunto, procurou os principais médicos, psicólogos e cientistas da diocese dele, um por um, e perguntou qual era o parecer deles na matéria. E todos, sem exceção, disseram para ele a mesma coisa. Então, durante a entrevista dele no Vaticano, ele levantou esta questão, sugerindo que estamos diante de um fato já aceito pacificamente no universo científico. Os seus interlocutores romanos informaram ele que não era para ele ser enganado deste jeito, e que a pretendida cientificidade deste fato é simplesmente o resultado de um lobby gay muito poderoso e influente.

Agora, espero que vocês vejam a diferença entre as duas maneiras de proceder. Por um lado tem alguém que está disposto a perder a reputação dele no grupo que o sustenta, ao reconhecer a possibilidade, mas não a certeza, de que a realidade talvez seja diferente do que pensava. Por isto ele se dá o trabalho de estudar o assunto, confiante de que, seja qual for o resultado da pesquisa, a verdade é aquilo que nos faz bem, e que é muito exatamente uma parte do exercício do dom da Fé confiar em que Deus nos mostrará aquilo que é realmente bom para nós se estivermos dispostos a correr o risco de nos percebermos errados. Ou seja, por um lado alguém se encontrou com suficiente liberdade no meio do grupo dele como para se permitir o exercício da virtude da studiositas como parte do caminho para se ajustar à verdade das coisas.

Por outro lado, temos uma pessoa ou grupo de pessoas de tal modo escandalizadas pela possibilidade de que a verdade objetiva não esteja conforme aquilo que deve ser, segundo o entendimento deles do ensino da Igreja, que resolvem o problema por meio de uma teoria de conspiração. “Só os médicos e psicólogos que estão de acordo conosco são aceitáveis. Se existem muitas pessoas alegando que estamos diante de uma verdade de tipo científico discordante do nosso ensinamento, mas que agora é pacificamente aceita pela imensa maioria dos estudiosos, então a explicação é que um poderoso grupo de malfeitores teria adulterado a ciência a favor do autoengano deles.” Espero que dê para perceber que uma teoria da conspiração deste tipo é o equivalente intelectual da premissa da bruxaria causadora da tempestade, e é um empecilho perfeito à possibilidade da veracidade. Quem se aferra a uma causalidade social acusadora desta maneira nunca vai ter acesso à possibilidade do conhecimento científico, (…) nem das ciências modernas que estão nos permitindo entender a orientação sexual. Ou seja, o pensamento escandalizado é justamente o oposto do caminho da veracidade. Nos mantém longe da possibilidade de nos ajustar àquilo que realmente é e menos ainda de poder falar a partir de dentro daquele processo de ajuste.

James Alison fala da discussão da Igreja em torno da homossexualidade (parte 2)

O texto encontra-se na íntegra em Rumos da discussão


3. Tudo vem do ponto de partida

(…) São Tomás nos oferece uma bela frase para descrever as graves consequências de não ter acertado o primeiro passo: Error parvus in principio, magnus est in fine. Mesmo que um erro seja só aparentemente pequeno no começo, se não for corrigido, termina levando o caminhante muito longe mesmo do caminho certo. Aqui poderíamos dizer que a diferença entre a analogia do canhoto e a analogia do anoréxico não é, aparentemente, muito grande. Porém, as consequências para a vida da Igreja, das famílias e das pessoas, de partir da falsa e não da verdadeira analogia, vão muito longe mesmo.

(…) Na segunda década do século XXI, a evidência da razão está se mostrando contundentemente pelo lado de uma destas duas caracterizações: não há evidência alguma de tipo genético, neurobiológico, químico, endocrinológico, hormonal, nem de psicologia infantil ou adulta para indicar que ser gay é uma desordem objetiva. Ao contrário, toda a evidência atualmente disponível, e ainda estamos nos primórdios de muitos campos novos de estudo, leva a pensar que não há patologia alguma que seja intrínseca ao ser gay, mas que as pessoas gays têm as mesmas tendências à saúde e à patologia que as pessoas heterossexuais. Ou seja, ser gay é mesmo uma variante minoritária e não patológica que ocorre regularmente dentro da condição humana. (…) E estas evidências de tipo científico estão recebendo uma confirmação de tipo popular cada vez mais forte a cada dia, na medida em que, por todo o planeta, a começar pelos países de ocidente, as pessoas gays vão perdendo o medo de viver de maneira transparente, e por isso a gama das nossas características, em toda a sua variedade, chega a ser cada vez mais visível. Com a visibilidade some o mistério, e percebe-se que não somos nem mais nem menos generosos, irresponsáveis, ignorantes, ciumentos, paranoicos, inteligentes, honestos, preguiçosos, violentos ou confiáveis que os outros. Antes, somos banalmente muito parecidos.

Vale a pena insistir nisto ante este público já que alguns de vocês dependem para o vosso sustento de um meio eclesiástico onde ainda há um abismo entre a primeira categoria de evidência, aquilo que se conhece formalmente de tipo científico, e a segunda categoria de evidência, a sua confirmação cotidiana em meio ao povo pelo conhecimento de parentes e amigos que vivem isto de maneira transparente e sem distúrbios. No meio eclesiástico, não dá para perceber tal vivência transparente e sem distúrbios. De fato, qualquer pessoa hétero morando num seminário, ou comunidade religiosa, e que não tinha antes muito conhecimento de pessoas gays talvez vá se dando conta que tem uma desproporção muito grande de pessoas gays no meio religioso (…). Não seria de se surpreender que (…) chegasse a deduzir, a partir da evidência que tem diante do nariz, que existe um elo intrínseco entre a homossexualidade e a desonestidade. Para que tal pessoa chegue a suspeitar que talvez a desonestidade que detecta à sua volta seja uma dimensão estruturante da vivência eclesiástica atual - que impõe como premissa uma caracterização falsa da psique de boa parte dos seus integrantes clericais -, e não um elemento intrínseco às pessoas gays, será ainda necessário caminhar muito.

4. Recusa do binômio “verdade objetiva e honestidade” 

(…) É demasiado fácil saltar do elemento “verdade objetiva” para o elemento “honestidade” como se o mundo e a nossa vivência real fossem divididos entre verdades conhecidas objetivamente, por um lado, e por subjetividades mais o menos desonestas, por outro. E que por algum mandamento moral, ou força de vontade, teriam de se adequar estas subjetividades à verdade objetiva. A meu ver, uma grande parte da dificuldade que a Igreja tem para lidar com esta questão é justamente neste ponto: fora alguns redutos rigoristas, mais ou menos todo mundo minimamente informado sabe que aquela premissa básica que é a caracterização da desordem objetiva é falsa. E mais ou menos todo o mundo quer ser honesto. Por outro lado, todo mundo sabe que reconhecer a falsidade da premissa equivale a dizer que a Igreja está ensinando um erro. E mesmo que seja só um erro antropológico, e não sobre uma questão de revelação divina, dá muito medo no nosso meio assumir esta posição. (…) Se retirar este naipe da desordem objetiva das pessoas gays do castelo de cartas da antropologia sexual católica oficial, então deixa de ser possível manter que todos os atos entre pessoas do mesmo sexo seriam intrinsecamente ruins. E basta que um ato sexual entre pessoas do mesmo sexo não seja ruim, no qual por razões evidentes a função unitiva está sem ligação com qualquer função procriativa, e o castelo de cartas desaba. Deixa de ser possível insistir que é somente bom o ato heterossexual onde as funções unitiva e procriativa não são deliberadamente separadas. Pois, seria um absurdo manter um maior rigor para as pessoas heterossexuais do que para os gays.

Porém, não quero saltar do assunto da verdade objetiva para o assunto da honestidade subjetiva das pessoas individuais na Igreja. Mesmo que seja este binômio, entre verdade e desonestidade, ou entre verdade de fachada e vida dupla, que nos faz, como católicos, tão suscetíveis à acusação de hipocrisia. De fato, qualquer acusador nosso, seja do lado secularizante – por exemplo, um ativista gay que vê na Igreja só um inimigo da felicidade –, seja do lado sacralizante – no caso de um paladino da tradição que vê nos gays só inimigos da fé e dos valores familiares –  se assemelham no seguinte: os dois lados têm em nós um alvo demasiado fácil. Nos pegam de mãos atadas. Os dois lados estão com raiva do estado atual das coisas na Igreja, e com justa razão. Entendendo as coisas por um lado, a Igreja deve simplesmente reconhecer a verdade científica, e os seus integrantes simplesmente deveriam aprender a ser honestos. E entendendo as mesmas coisas pelo outro lado, todos os integrantes eclesiásticos devem reconhecer honestamente a verdade do atual ensinamento, e os que são gay deveriam reconhecer a sua inadequação para o ministério e se retirar, ou não se propor para qualquer ministério público na Igreja.

James Alison fala da discussão da Igreja em torno da homossexualidade (parte 1)

O texto encontra-se na íntegra em Rumos da discussão

Nas próximas mensagens procederei a uma selecção das ideias expostas no texto de James Alison para o XXXVII Congresso de Teologia Moral, São Paulo, Setembro de 2013


Um pequeno erro no começo torna-se muito maior no final: 
rumos da discussão eclesial sobre a questão gay

1. Introdução 

(…) Tenho-me dedicado nos últimos anos à elaboração de um novo paradigma para a evangelização, tendo criado um curso de introdução à fé cristã para adultos. Meu envolvimento, então, com a matéria sobre a qual vocês pedem a minha intervenção tem sido eclesial, espiritual e pessoal: uma questão que incide na vivência de um cristianismo básico no mundo de hoje antes do que uma discussão moral. (…)

Proponho deixar de lado aquela nuvem de sentido, e de disfarce de sentido, que vem com a frase “diversidade sexual” por considerar que abrange demasiados temas para que seja útil num tempo limitado como este – temas onde tanto as realidades biológicas, químicas e neurológicas, quanto as possíveis consequências espirituais e morais delas decorrentes são suficientemente diferentes para que seja realmente uma curiosidade querer falar delas como se de uma categoria única se tratasse.

Em vez disso, vou me limitar (…) à parte LG da sigla LGBTQQ, ou à parte GL da sigla GLS. Ou seja, aquelas pessoas, homens e mulheres, que se sentem principalmente atraídos por pessoas do mesmo sexo. E vou falar disto sendo eu mesmo uma de tais pessoas. Se há uma primeira interpelação eclesial aqui, seria que, a meu ver, o uso correto da primeira pessoa, singular e plural, é muito importante. Uma das coisas que passa por apenas uma mentirinha nos meios eclesiásticos, mas que esconde na verdade algo muito mais grave é o uso de “eles” ou “vocês” em ocasiões quando “eu” ou “nós” seria mais certeiro. Pessoalmente creio que se não sou capaz de honestidade num assunto relativamente pouco importante, como este, então, por quê vou merecer credibilidade quando falo sobre coisas bem mais importantes, como o amor de Deus, a ressurreição dos mortos, ou a presença de Jesus nos sacramentos?

Gostaria, então, de desenvolver para vocês uma meditação sobre três dimensões daquilo que é, na minha opinião, a principal interpelação que faz a questão gay à vida eclesial (…). As três dimensões da mesma interpelação são estas: verdade, veracidade e honestidade. (…)


2. A verdade 

(…) Será que existem mesmo pessoas gays? Ou é mais verdadeiro dizer que no universo dos humanos, todos os quais são intrinsecamente heterossexuais, existem alguns que sofrem de uma desordem objetiva que poderia ser chamada de “inclinação homossexual”, ou num falar um pouco mais moderno, “atração pelo mesmo sexo”? Dito de outro modo: será que ser gay se trata de uma variante minoritária não patológica que ocorre regularmente dentro da condição humana, ou será antes que se trata de uma desordem objetiva? Se for o primeiro, uma analogia poderia ser o ser canhoto, onde os atos típicos decorrentes da variante minoritária seriam bons ou ruins conforme as circunstâncias. Se for o segundo, então uma analogia talvez possa ser a anorexia. Todos entenderíamos a anorexia como sendo uma desordem objetiva, uma patologia do desejo cujos comportamentos típicos, se não forem corrigidos, controlados e superados, levam à autodestruição da pessoa.

Bom, sobre este assunto, como vocês sabem muito bem, existe uma clara manifestação das Congregações Romanas, um ensinamento de terceira ordem na hierarquia das verdades, mas que se impõe em toda discussão oficial sobre o assunto. Este ensinamento, que foi acunhado em 1986, reza assim: “é necessário precisar que a particular inclinação da pessoa homossexual, embora não seja em si mesma um pecado, constitui, no entanto, uma tendência, mais ou menos acentuada, para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral. Por este motivo, a própria inclinação deve ser considerada como objetivamente desordenada”. Ou seja, o ensino comum das Congregações Romanas é clara: “a inclinação homossexual ... deve ser considerada objetivamente desordenada”.

(…) [Os autores de Homosexualitis problema] vinculam indissoluvelmente a intrínseca ruindade dos atos a uma desordem objetiva. E nisso, são pessoas muito mais finas do que aqueles lobos em pele de ovelha que tem abundado no meio de nós nos últimos anos. Tais lobos querem dizer algo assim: “Nós amamos todos os seres humanos, todos são filhos e filhas de Deus. Não temos nada contra as pessoas gays em si, só dizemos que devem se abster dos atos homossexuais. O nosso ensinamento é sobre os atos, e não sobre o ser”. Bom, a pele de ovelha está em “nós amamos todos” e os dentes do lobo se escondem sob “é só se abster para sempre dos atos”, como se fosse possível que os atos pudessem ser desligados da inclinação de uma maneira simples. Graças a Deus, as Congregações Romanas, neste ensinamento, são mais honestas, sendo ou todo ovelha, ou todo lobo, mas nada de híbrido disfarçado. (…) [Elas] sabem muito bem que é um absurdo moral, espiritual e de doutrina católica imaginar que a partir de uma condição neutra ou positiva, podem fluir atos típicos que seriam intrinsecamente ruins. Se aquilo que chamam de “inclinação homossexual” for uma coisa neutra ou positiva, os atos daí decorrentes não poderiam ser intrinsecamente ruins, mas bons ou ruins segundo o uso. As Congregações Romanas são claras: se queremos chamar os atos de intrinsecamente maus, não há como evitar categorizar a condição em si como uma desordem objetiva.

(…) Será que é verdade que ser gay é uma desordem objetiva? Ou será que é antes verdade que é uma variante minoritária e não patológica que ocorre regularmente dentro da condição humana? (…)

Ou ser gay é uma desordem objetiva, ou não é. No caso afirmativo, todos os avanços científicos no mundo da genética, dos neurônios, da química cerebral, da endocrinologia, dos hormônios intrauterinos, da psicologia infantil e assim por diante, tenderão a demonstrar o fato. E todas as evidências de vida testemunhadas pelas pessoas afetadas vão ser sinais da sua verdade: que as pessoas que são gay só levam uma vida sadia, só tendem a florescer, na medida em que tratam esta característica delas como sendo algum tipo de defeito a ser controlado ou superado. Por outro lado, pela evidencia da vida das pessoas que tratam esta sua característica como uma coisa normal, e se empenham em procurar um florescimento por meio de desenvolver esta característica como se fosse uma simples variante minoritária e não patológica, vai ficar cada vez mais público e notório que estas pessoas não são capazes de um florescimento humano e que a suposta autoaceitação delas não é na verdade senão uma forma de autodestruição. Nem todo o autoengano deste mundo vai conseguir abafar a verdade objetiva: (…) aquilo que é termina se impondo, se nos faz presente e resplandece em nosso meio, porque o Criador de todas as coisas está por detrás dele.

E, é claro, as consequências decorrem com exatamente o mesmo rigor no sentido contrário se a verdade não for aquela da desordem objetiva, mas da variante minoritária não patológica. (…) Todos os avanços nos diversos campos científicos acima citados tenderão a mostrar que se trata de uma variante minoritária, não patológica, na condição humana, e que ocorre regularmente. E todas as evidências da vida das pessoas também tornarão público e notório que quem aceitar esta característica dele como algo normal vai florescer na medida desta aceitação de que seu crescimento passa pelo desenvolvimento normal deste elemento da vida. E por outro lado, quem vive no engano, ou autoengano, de imaginar que o seu florescimento só pode se dar apesar desta característica e não com a contribuição da mesma, que deve ser então escondida, abafada, ou até “curada”, esta pessoa se diminui e colabora para a sua autodestruição.

Estamos falando então de uma questão de verdade objetiva. E uma das coisas boas da verdade objetiva é que não depende de nós. Não depende de quem seja melhor no debate, ou mais poderoso, ou mais rico, ou sequer mais inteligente, nem muito menos de qualquer autoridade religiosa. Simplesmente é. Se ser gay é uma desordem objetiva, então todos os supostos lobbies gays no mundo não vão fazer uma mínima diferença em alterar esta realidade, por mais estragos que possam causar antes de reconhecê-lo. E por outro lado, se for o caso que ser gay é uma variante minoritária não patológica dentro da condição humana, então nem os cientistas do exército americano, ou soviético, dos anos 1950, nem os propulsores da chamada terapia reparativa em suas várias versões, os doutores Nicolosi, Van Aardweg, Polaino e Anatrella, nem os exorcismos dos pastores Malafaia ou Feliciano, por exemplo, vão fazer a mínima diferença em alterar a realidade, por mais estragos que possam causar antes de reconhecê-lo. Como seus antecessores aprenderam no caso Galileu, nem o Papa tem o poder de alterar uma realidade objetiva deste tipo.

A monja radical e o Ministério secreto

A freira que pediu perdão à comunidade Trans

Nos Estados Unidos há uma comunidade de irmãs onde vive uma pequena freira que é uma grande mulher. No seu dia-a-dia, entre a vida de oração e em comunidade, encontra tempo para dedicar uma atenção especial à comunidade transgender, sendo uma autêntica mãe para uma "pastoral trans". Para isso, com simplicidade e coragem, coloca os valores do Evangelho em prática e as palavras em acções.

Abaixo segue o link de uma reportagem sobre esta história, em inglês: ler O Ministério em Segredo

O pecado do gay


Afirmações católicas sobre o casamento civil entre homossexuais

Nem tanto ao mar nem tanto à terra?

Uma amiga partilhou há uns tempos um ensaio sobre as opiniões que se tecem na Igreja católica sobre o casamento homossexual. O artigo é extenso e em inglês. No final desta mensagem segue o link para o artigo na integra. No corpo da mensagem cito apenas 2 parágrafos:

The goods of marriage are many and varied, but, except for the category of possible reproduction with one’s spouse, same-sex couples are able to participate in them equally with straight couples. Moreover, given what we know about sexual orientation, a ban on marriage for gay and lesbian people would seem, according to Church teaching, to abridge a fundamental human right, and so constitute an attack on their human dignity. Beyond that, many gay and lesbian couples calling for the right to marry are recalling to our culture the social and cultural importance of marriage. Rather than living quietly in a legally unrecognized state, gay and lesbian couples asking for marriage affirm the dignity of the institution. Finally, to reject the most intimate relationships of LGBT people as dangerous to the civil polity stokes savage homophobia, which the Church opposes.

As Christians, we are called by Jesus to one fundamental task in life—to love God and others as well as we can. For most of us, the call to love is answered principally, though not exclusively, in the context of our most intimate relationships, those uniting spouses and those of parents and children. As Catholic Christians, we embrace a moral tradition that addresses social policy in light of the common good, a reasoned assessment of the rights and duties incumbent upon us in order that we may participate in the flourishing of society. Marriage is a key institution, with an array of social goods that include, but are not limited to, procreation. We can all share in those wider, socially critical benefits of marriage, gay and straight, parents and the childless alike. Why would Christians deny to any of our brothers and sisters, at least in the realm of our civil life together, the opportunity for the blending and sharing of life toward, we hope, the “mutual perfection” that Pius XI said was the wider purpose of marriage? Love requires no less than our support of love.

Comissão Justiça e Paz na marcha LGBT

A Comissão Justiça e Paz, um organismo católico internacional, continua a dar cartas e a ousar seguir os desafios do concílio Vaticano II. Aqui segue uma declaração da mesma por ocasião da LGBT Pride:

Conclusões preliminares do Sínodo dos bispos sobre a Família (parte 2)

A tradução para português já se encontra disponível no site do Vaticano. Passo a citar os pontos referentes aos homossexuais:

Acolher as pessoas homossexuais

50. As pessoas homossexuais têm dotes e qualidades para oferecer à comunidade cristã: somos capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes um espaço de fraternidade nas nossas comunidades? Muitas vezes elas desejam encontrar uma Igreja que seja casa acolhedora. As nossas comunidades são capazes de o ser, aceitando e avaliando a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica acerca de família e matrimónio?

51. A questão homossexual interpela-nos a uma séria reflexão acerca do modo como elaborar caminhos realistas de crescimento afectivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual: apresenta-se portanto como um desafio educativo importante. No entanto, a Igreja afirma que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimónio entre homem e mulher. Nem sequer é aceitável que se queiram exercer pressões sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras para a introdução de normativas inspiradas na ideologia do gender.


52. Sem negar as problemáticas morais ligadas às uniões homossexuais, tomamos consciência de que há casos nos quais o apoio recíproco até ao sacrifício constitui um apoio precioso para a vida dos parceiros. Além disso, a Igreja dedica atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, reafirmando que devem ser sempre postas em primeiro lugar as exigências e os direitos dos filhos.

(Ler na íntegra aqui)


Alguns comentários a estas conclusões

As conclusões preliminares referentes à primeira parte do Sínodo dos bispos, realizado no Vaticano no passado mês de Outubro e a continuar no próximo ano, trouxeram algumas novidades e abordagens diferentes em vários temas relacionados com a sociedade e a família. Muitas dioceses em todo o mundo, incluindo o patriarcado de Lisboa, vão realizar sínodos locais, onde estes mesmos temas serão abordados, discutidos e aprofundados nas paróquias, movimentos e grupos, para que os bispos locais se inteirem das reflexões dos fiéis (leigos e consagrados) e possam, de alguma forma, serem seus porta-vozes no Sínodo a realizar em Roma.

Parece-me que esta é uma oportunidade rara e histórica para a Igreja. Desejo que esta possibilidade de escuta e de um maior conhecimento das realidades tão plurais da Igreja não seja desperdiçada.

No que diz respeito aos homossexuais, o relatório contém um curto capítulo, a que dá o nome de: Acolher as pessoas homossexuais. O número 50 é efectivamente inesperado – nele encontramos alguns aspectos nunca antes referidos em nenhum documento oficial da Igreja. Perante a afirmação “As pessoas homossexuais têm dotes e qualidades para oferecer à comunidade cristã”, coloca-se a questão: “somos capazes de acolher estas pessoas, garantindo-lhes um espaço de fraternidade nas nossas comunidades?”  O documento continua: “Muitas vezes elas desejam encontrar uma Igreja que seja casa acolhedora. As nossas comunidades são capazes de o ser, aceitando e avaliando a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica acerca de família e matrimónio?”

É realmente espantoso ver esta nova abordagem que fala em aceitar a orientação sexual. Acredito que a vontade do Papa Francisco seria em não haver tantos “Mas” e “Ses”, no entanto, temo que haja ainda demasiados bispos ordenados por João Paulo II ou por Bento XVI que não irão na mesma linha de pensamento. O meu receio prende-se a pequenos aspectos que teimam em aparecer no texto, como se fossem almas penadas: o que se entende por “avaliar a sua orientação sexual” e o que quer dizer exactamente “sem comprometer a doutrina católica acerca de família e matrimónio”?

O número seguinte começa por outra afirmação surpreendente “A questão homossexual interpela-nos a uma séria reflexão acerca do modo como elaborar caminhos realistas de crescimento afectivo e de maturidade humana e evangélica, integrando a dimensão sexual: apresenta-se portanto como um desafio educativo importante”. E tão surpreendente é esta parte do parágrafo, quanto o contraste absoluto com o que vem depois: “No entanto, a Igreja afirma que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimónio entre homem e mulher.” Fica-me a questão: porque houve a necessidade de voltar ao velho discurso, qual criança caprichosa que já não sabe porque teima?

Igualmente incompreensível é a sequência de ideias que se segue, que parece não ter qualquer cabimento na lógica do discurso e que, de tão abstracta, não é inteligível qualquer ligação com o mundo real: “Nem sequer é aceitável que se queiram exercer pressões sobre a atitude dos pastores ou que organismos internacionais condicionem ajudas financeiras para a introdução de normativas inspiradas na ideologia do gender.” Será que é uma tentativa de denúncia do lobby-gay no Vaticano? Mas, se for este o caso, o ataque teria de se dirigir ao ambiente propício à homofobia, à misoginia e à omissão de qualquer acompanhamento sério psicológico (não digo espiritual) vigente em muitos dos seminários diocesanos.

O último ponto volta a começar por um tom mais positivo: “Sem negar as problemáticas morais ligadas às uniões homossexuais, tomamos consciência de que há casos nos quais o apoio recíproco até ao sacrifício constitui um apoio precioso para a vida dos parceiros.” E continua: “Além disso, a Igreja dedica atenção especial às crianças que vivem com casais do mesmo sexo, reafirmando que devem ser sempre postas em primeiro lugar as exigências e os direitos dos filhos.” E é aqui que volta a minha desconfiança: é verdade que a Igreja não soube, durante muito tempo, o que fazer com essas crianças cujos pais “viviam em pecado”. Assim, por um lado, nota-se aqui uma directiva que promove a integração das crianças na comunidade paroquial.

Mas necessitam estas crianças de uma atenção “especial”? Parece-me que deviam receber a mesma atenção (chamemos-lhe especial) que qualquer ser humano tem o direito de receber. E qualquer filho tem o direito de viver com os seus pais, mães, pai e/ou mãe sem que outros lhe andem a chatear o juízo... E, já agora, só faltava manipular e interferir nas exigências dos filhos? (que exigências???)

Carta aos bispos

No passado mês de Novembro, várias associações homossexuais católicas reuniram num 1º Congresso Mundial que ocorreu no Algarve. Fruto deste congresso surgiu uma carta/documento que procura formular algumas reflexões que ajudem os bispos a abordar certos temas ligados aos católicos homossexuais, tanto ao longo deste ano, como no Sínodo dedicado ao tema da Família - que ocorrerá novamente em Outubro do próximo ano.
Partilho com os leitores do blog o conteúdo da carta, que se encontra igualmente nos documentos em destaque do moradasdedeus (logo abaixo do cabeçalho)

Para ler a Carta, clicar no link abaixo:
Carta ao Sínodo dos bispos (Organização Mundial das Associações Homossexuais Católicas)

Para ler mais sobre o assunto:
conclusões preliminares do sinodo dos bispos

domingo, 2 de novembro de 2014

Publicidade enganadora

Numa viagem a Roma, um amigo encontrou numa igreja do centro histórico um panfleto em língua italiana, que lhe chamou a atenção. 

“Sentes uma atracção HOMOSSEXUAL... e estás à procura de RESPOSTAS?”

Trouxe com ele o folheto e mostrou-mo, perguntando-me a minha opinião. À primeira vista parecia uma mão estendida pela Igreja Católica aos fiéis homossexuais, um gesto de ir ao encontro de quem, durante tanto tempo, se teve vontade de deixar esquecido. Percorrendo o folheto vejo uma fotografia com o Papa Francisco a abraçar fraternalmente um rapaz – entrevendo-se o seu sorriso afável – com a legenda “ONDE POSSO IR?” e uma outra em tamanho pequeno que afirma “Deus ama-te apesar da tua inclinação sexual. Serás sempre Seu filho”.

Até agora tudo parecia apontar para a Igreja que os homossexuais católicos – ouso até sugerir que também os de outras denominações cristãs – tanto desejam e pela qual esperam há tanto tempo, qual Jerusalém Celeste do livro do Apocalipse. Esta é a Igreja onde haverá uma verdadeira Pastoral – atenção particular – a todos os seus membros, sem qualquer exclusão ou imposição de condições comportamentais, sem (pre)juízos abstractos e generalistas.

Vê-se ainda um logótipo com Cristo crucificado e o nome da associação “COURAGE”, um apostolado católico, aparentemente reconhecido pelo S. João Paulo II (“Courage está a cumprir a obra de Deus”). Assalta-me a dúvida: para que é necessária esta autopromoção? Não nos diz o Evangelho para fazer o bem com discrição e sem alaridos? Ao lado um endereço remete para o site da associação, e uma frase desfaz-me as dúvidas: “Apoio espiritual para homens e mulheres com atracção pelo mesmo sexo que desejam viver em castidade segundo os ensinamentos do Evangelho e da Igreja Católica”... Uma frase que encerra a única proposta que a Igreja tem sabido fazer aos homossexuais católicos.

Aproveito esta reflexão para lançar um desafio à Igreja que, hoje, tem a possibilidade de reflectir um pouco mais em profundidade sobre o tema:

1) O que é a castidade? Será não ter relações sexuais com outras pessoas e não explorar os prazeres físicos ligados à própria sexualidade, quer seja sozinho ou acompanhado? Não será antes viver “em verdade”, fielmente e de forma saudável a sua sexualidade, respeitando tanto a si próprio como o parceiro/parceira? Só neste prisma é compreensível que a castidade possa ser vivida em várias circunstâncias e de formas diferentes: tanto em celibato como em casal.

2) Quais são os ensinamentos do Evangelho em relação à forma de um homossexual viver a sua sexualidade? Parece-me abusivo a afirmação – como que para “justificar” a tomada de posição oficial da Igreja Católica Romana – que a castidade (leia-se aqui “a não existência de relações sexuais”) para os homossexuais é um ensinamento do Evangelho. Os Evangelhos são os textos mais sagrados da Bíblia, pois dizem respeito à vida de Jesus e ao seu testemunho directo. Jesus Cristo não fez qualquer ensinamento orientado para os homossexuais. Ele falou a multidões, aos amigos, aos apóstolos, a todos os que encontrava, sem qualquer distinção ou atitude elitista. Sendo assim, os ensinamentos serão para todos, quer sejam casados ou solteiros, novos ou velhos, mulheres ou homens, heterossexuais ou homossexuais. O facto de se ser homossexual não pode condicionar as escolhas de um crente relativas à sua vocação ou à forma como decide viver a sua sexualidade. Um homossexual é um homem ou uma mulher igual ao heterossexual. Se o heterossexual opta entre viver a sua vida em casal, em comunidade ou sozinho, o homossexual tem o mesmo direito de filho/filha de Deus: escolher o seu caminho de felicidade onde possa desenvolver plenamente e fecundamente os seus dons. Nem todos os heterossexuais têm vocação para serem pais ou mães, nem todos os heterossexuais têm vocação para viver sozinho. O mesmo se aplica para os homossexuais.

3) Os ensinamentos de Jesus dizem respeito ao que mais fundo há em cada ser humano, à própria consciência. Raras vezes falou de comportamentos ou deu liçõezinhas de moral. Mas foi duro para com quem se colocou no lugar de Deus, julgando as acções dos outros: “que atire a primeira pedra quem não tiver pecado”. Na altura apedrejavam-se os que eram considerados pecadores; se Jesus sugere que todos somos pecadores, começaríamos a andar à pedrada uns aos outros se não Lhe dessemos ouvidos (nem as Urgências de Santa Maria seriam suficientes para tamanha calamidade).

Já me alarguei muito e nem falei dos 5 objectivos da associação que aparecem no reverso do folheto. Com excepção do ponto 1 (que volta a falar do ensinamento da Igreja Católica sobre a Homossexualidade) e do ponto 4 (aconselhando amizades castas que ajudem no caminho da castidade subentende, deste modo, o afastamento de outras influências (atitude pouco evangélica quando se pensa num Jesus que comia com os pecadores, publicanos e cobradores de impostos... ), os outros tópicos apontam para aspectos que deveriam ser comuns a todos os cristãos: dedicar a vida a Cristo através do serviço aos outros, oração, meditação, estimular um espírito de fraternidade no qual todos possam partilhar pensamentos e experiências e garantir que ninguém tenha de confrontar sozinho os problemas da homossexualidade – eu diria os problemas ligados à homossexualidade, pois ao referir problemas DA homossexualidade volta-se a cair no erro de conotar a homossexualidade como uma “coisa má”. O último objectivo é “viver uma vida que possa servir de bom exemplo para os outros”. Fazer feliz e ser feliz não serão os melhores exemplos a serem dados?


Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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