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Foi a interiorização social da figura celibatária de Jesus Cristo que veio possibilitar em termos culturais o aparecimento do homossexual autónomo e progressivamente emancipado dos nossos dias, independentemente de todas as questões teológicas que foram formuladas ao longo dos séculos e continuam em debate a respeito da homossexualidade. De certa forma, o homossexual é uma espécie de réplica involuntária do padre e a figura gémea do monge, ou a sombra de ambos.
In O casamento sempre foi gay e nunca triste, de José António Almeida
Ver também:
In O casamento sempre foi gay e nunca triste, de José António Almeida
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Não posso discordar mais disto. "Não foi o judaísmo, muito menos o Islamismo,..." nem o cristianismo.
ResponderEliminarO homossexual contemporâneo emerge no secularismo, no espaço criado pela separação entre a igreja e o estado.
Abraço
De facto o trecho acima citado faz parte de uma reflexão que também é uma opinião pessoal do autor. Na mesma obra há um desenvolvimento do tema e um fio condutor defendido - que não vou transcrever inteiramente - que é, certamente, discutível. Independentemente disso não podemos negar que a nossa cultura está enraizada no Cristianismo e que mesmo as revoluções do século das luzes partem de princípios estreitamente ligados aos valores cristãos. Que outra religião antes procurou dar a dignidade de filhos de Deus tanto a escravos como a homens livres (igualdade)? O Deus dos cristãos é um Deus que deseja um amor livre e não-coercivo (liberdade). Jesus Cristo torna qualquer ser humano em membros da mesma família, qualquer estranho em irmão (fraternidade). Mas Gonçalo, é muito bem vindo o teu ponto de vista, e convido-te sempre a partilhá-lo.
ResponderEliminarE percebo o que dizes em relação à separação da igreja e do estado (e assino por baixo), mas não confundas a Igreja com o Cristianismo, pois penso que o autor se referia ao último.
ResponderEliminarConcordo que a nossa cultura está enraizada no Cristianismo, e por isso costumo dizer que sou um ateu católico, ou seja, um ateu de cultura católica. Já a colagem da revolução das luzes ao cristianiasmo parece-me exagerada, e a distinção entre Igreja e Cristianismo, artificial.
ResponderEliminarHá 20 anos (para dar uma margem segura) o Cristianismo e a Igreja afirmavam que a homossexualidade é errada e devia ser combatida. Agora alguns cristãos (que me parecem ser cada vez em maior número) afirmam que a Igreja está errada e que o Cristianismo não condena a homossexualidade. Mas grande parte dos cristãos acha ainda que o Cristianismo condena sim a homossexualidade. E quem tem razão? O Cristianismo evolui (não é estático) e a história o dirá. O que me parece verdade é que há 20 anos todos concordaríamos que o Cristianismo condenava a homossexualidade.
Quem diz homossexualidade, diz escravatura, diz o regime feudal e tantas outras coisas. A visão de que o Cristianismo esteve sempre correcto mas o homens é que não conseguiram implementá-lo parece-me simplista. O Cristianismo é usado para justificar tanto coisas boas como coisas más e evolui (tal como tantas outras ideias da sociedade).
Sim, tens razão. Mas também há imensos caminhos que o Concílio Vaticano II (anos 60) abriu e que ainda não foram percorridos... E foi há mais ou menos 20 anos que a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais (e esta organização é laica). A sociedade está em transformação, que é morosa e custosa, mas está-se a fazer caminho, não te parece?
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