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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

sábado, 18 de janeiro de 2014

A vocação da Igreja

"Igreja, torna-te naquilo que és, no mais profundo de ti mesma: terra dos vivos, terra de reconciliação, terra de simplicidade.

Igreja, "terra dos vivos", responde à nossa espera.

Abre as portas da esperança: ela brilhará como um sol de verão. Abre bem as portas da confiança: ela vencerá a dúvida, a desconfiança e a vergonha de existir. Escancara as portas da alegria e a oração comunitária será celebração de uma festa sem fim. (...)

Igreja, sê terra de reconciliação.

Não deixarás mais, nunca mais, Cristo dilacerado, jazendo à beira da estrada. Então a divisão dos cristãos, em diferentes confissões, já não será tolerável. (...) A reconciliação visível entre os cristãos não admite mais adiamento. Reconciliar-se, não para ser mais fortes contra quem quer que seja, mas essencialmente para ser fermento de paz e de confiança entre todas as nações do mundo. (...)

Igreja, sê terra de simplicidade.

É preciso tão pouco para acolher. Os meios muito simples revigoram uma comunhão. Os meios fortes assustam e dilaceram a universalidade do apelo de Cristo... Se, mais do que nunca, organismos e administrações da Igreja deixassem o seu ministério ser transfigurado pelo fogo irreprimível de um coração pastoral… Longe de acumular, ousa partilhar. A Fé, a confiança em Deus, pressupõe correr riscos. (...)

Igreja, sê terra de partilha para seres também terra de paz."

Irmão Roger de Taizé
in Les sources de Taizé - Dieu nous veut heureux

Reconciliação cristã

foto de Wolfgang Tillmans
Na semana de oração pela unidade dos cristãos, relembramos algumas palavras do fundador da comunidade ecuménica de Taizé

A reconciliação não espera

«Nesta comunhão única que é a Igreja, oposições antigas ou recentes dilaceram Cristo, no seu Corpo.

A luminosa vocação ecuménica é e será sempre realizar uma reconciliação sem demora.

Segundo o Evangelho, a reconciliação não espera: "Se fores apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta e vai primeiro reconciliar-te com ele."

"Vai primeiro!" e não "deixa para mais tarde!"

O ecumenismo alimenta esperanças ilusórias, quando deixa a reconciliação para mais tarde. Imobiliza-se e encerra-se em si mesmo quando deixa que se criem caminhos paralelos nos quais se esgotam as forças vivas do perdão.

Mas onde encontrar o ardor de um amor que reconcilia? Onde? (...) A reconciliação é uma Primavera do coração. Sim, reconciliar-se sem demora, leva a esta descoberta: o nosso próprio coração transforma-se.»

Irmão Roger de Taizé
In Les sources de Taizé - Dieu nous veut heureux

Porquê o sofrimento?

A dor não se explica...

No Evangelho do II Domingo do Tempo Comum (Ano A), escutamos João Batista que, apresentando Jesus ao mundo, exclama: «Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo!». O cordeiro, na Bíblia, como aliás noutras culturas, é o símbolo do ser inocente, que não pode fazer mal a ninguém, mas apenas o pode receber. Prosseguindo este simbolismo, a primeira carta de Pedro chama a Cristo «o cordeiro sem mancha», que «ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava». Jesus, por outras palavras, é, por excelência, o Inocente que sofre.

Foi escrito que a dor dos inocentes «é a rocha do ateísmo». Após Auschwitz, o problema colocou-se de maneira ainda mais premente. São incontáveis os livros e os argumentos escritos em torno deste tema. Parece que estamos num processo judicial, em que ouvimos a voz do juiz a ordenar ao réu para se levantar. O réu, neste caso, é Deus, a fé.

O que pode a fé responder a tudo isto? Antes de mais, é necessário que nos disponhamos todos, crentes e não crentes, a uma atitude de humildade, porque se a fé é incapaz de "explicar" a dor, a razão ainda o é menos. A dor dos inocentes é algo de demasiado puro e misterioso para poder ser contido dentro das nossas pobres "explicações". Jesus, diante da viúva de Naim e da irmã de Lázaro, não soube fazer melhor do que comover-se e chorar.

A resposta cristã ao problema da dor inocente está contida num nome: Jesus Cristo. Jesus não veio dar-nos doutas explicações sobre a dor, mas veio para a tomar silenciosamente sobre si. Tomando-a sobre si, no entanto, mudou-a por dentro: de sinal de maldição, fez dela instrumento de redenção. Mais: fez dela o valor supremo, a ordem de grandeza mais elevada neste mundo.

Jesus não deu, porém, apenas um sentido à dor inocente; conferiu-lhe também um poder novo, uma misteriosa fecundidade. Olhemos para o que brota do sofrimento de Cristo: a ressurreição e a esperança para todo o género humano. (…)

O mais importante, no entanto, quando se fala de dor inocente, não é explicá-lo; é não aumentá-la com os nossos atos e com as nossas omissões. E também não chega não aumentar a dor inocente; é preciso igualmente procurar aliviar a que existe.

Diante de uma criança tolhida de frio que chorava de fome, um homem gritou um dia a Deus, do fundo do coração: «Ó Deus, onde estás? Porque não fazes alguma coisa por esta criança inocente?». E Deus respondeu-lhe: «Certamente que fiz algo por ela: fiz-te a ti!».

P. Raniero Cantalamessa
In Lachiesa.it
Trad.: rjm para SNPC a 17.01.2014

Avançar é preciso

Qual a medida do nosso coração?

Alguns anos após a Guerra Civil nos EUA ter terminado, o famoso general Robert Lee visitou a plantação de um amigo no Kentucky. Diante da mansão estavam ainda os tristes vestígios de uma grande magnólia, cujos ramos tinham sido destruídos pela artilharia.

Apesar da passagem do tempo, a dona da casa vivia ainda com um sentimento amargo, e chorou lágrimas encolerizadas quando mostrou ao general o tronco cicatrizado e enegrecido da árvore. A mulher fez uma pausa, na expetativa de que a sua raiva fosse reforçada por palavras que reprovassem o odioso inimigo.

O general ficou silencioso durante alguns instantes. Depois, olhou para o que restava da magnólia e disse: «Deite-a abaixo, querida senhora, e esqueça».

Durante anos, a mulher envenenou e reduziu a sua vida ao afeiçoar-se àquelas memórias amargas. Mudar de atitude implicava uma profunda mudança do coração. Porque é com o nosso coração que olhamos para o mundo, tiramos-lhe as medidas e decidimos como reagir a ele.

Se os nossos corações são amargos, maus ou pequenos, eles projetarão a sua imagem estreita e horrível do mundo. Nele encontraremos precisamente o que estamos à espera de encontrar, ou seja, nada de bom. Reduziremos os nossos amigos a inimigos e as oportunidades a problemas. E nesta dinâmica, os nossos coração tornar-se-ão, eles também, cada vez mais pequenos e estreitos, com cada vez menos espaço para a amizade e para o amor que as pessoas nos querem dar. É o que Jesus quer dizer quando afirma: «A medida que usardes com os outros será usada convosco».

Mas, e se os nossos corações não forem frios, duros e pequenos? O que acontecerá se os nossos corações forem calorosos, abertos e otimistas? O que é que veremos? Um mundo muito diferente, um mundo cheio de pessoas boas que ainda não se completaram, um mundo de pessoas que lutam para que a sua vida dê certo, pessoas que conseguirão crescer se lhes dermos uma mão em vez de lhes virarmos as costas. Grandes corações podem visualizar tudo isto, e podem converter os inimigos em amigos, e podem amar as pessoas no seu todo, como elas são, tal como Deus as ama.

E nesta dinâmica de procurar o bem nos outros e ajudá-lo a ampliar-se, esses corações grandes e abertos tornar-se-ão cada vez maiores. E então encontraremos em nós uma capacidade totalmente nova de recebermos e alegrarmo-nos com o amor e a amizade que as pessoas nos querem dar. A medida que usarmos com os outros será aquela com que seremos medidos.

Em que mundo queremos viver? Num mundo hostil, cheio de inimigos e vazio de alegria? Ou num mundo pacífico, totalmente habitado por irmãos e irmãs? A escolha é nossa. E quer o saibamos ou não, os nossos corações estão neste preciso momento a criar o mundo que escolhemos. Com a ajuda de Deus, pode ser um mundo luminoso, com espaço suficiente para todos os filhos de Deus.

P. Dennis Clark
Trad./adapt.: rjm publicado por SNPC | 09.01.14

Amar não é sonhar

O amor cristão é concreto

O papa Francisco vincou esta quinta-feira no Vaticano que o amor cristão, em particular o que é referenciado na primeira carta de João, proclamada hoje nas missas, é totalmente distinto daquele que é narrado nos folhetins que passam na televisão.

«Vede que o amor de que fala João não é amor das telenovelas! Não, é outra coisa. O amor cristão tem sempre uma qualidade: a concretude. O amor cristão é concreto. O próprio Jesus, quando fala do amor, fala-nos de coisas concretas: dar de comer aos famintos, visitar os doentes e muitas coisas concretas», apontou na missa a que presidiu, revela a Rádio Vaticano.

O excerto bíblico lido nas celebrações eucarísticas desta quinta-feira começa assim: «Nós devemos amar, porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser: “Amo a Deus” e odiar o seu irmão, é mentiroso. Quem não ama o seu irmão, que vê, não pode amar a Deus, que não vê».

Quando não há factos concretos que sustentem o amor, «pode viver-se um cristianismo de ilusões, porque não se compreende bem onde está o centro da mensagem de Jesus. Este amor não chega a ser concreto: é um amor de ilusões», sublinhou.

«Nós em Deus e Deus em nós: esta é a vida cristã. Não permanecer no espírito do mundo, não permanecer na superficialidade, não permanecer na idolatria, não permanecer na vaidade», acentuou Francisco.

Segundo o papa, o «primeiro critério» dos cristãos é «amar com as obras, não com as palavras. Palavras leva-as o vento. Hoje existem, amanhã não. O segundo critério de concretização é: no amor é mais importante dar do que receber. Quem ama, dá, dá… Dá coisas, dá vida, dá-se a si próprio a Deus e aos outros».

Pelo contrário, «quem não ama, quem é egoísta, procura sempre receber, procura sempre ter coisas, ter vantagens. Permanecer com o coração aberto, não como o dos discípulos, que estava fechado, que não compreendia nada».

Com estas palavras, o papa referia-se à leitura do Evangelho de hoje (cf. "Artigos relacionados"), quando os apóstolos se assustam ao ver Jesus a caminhar sobre o mar: «O seu espanto nasce de uma dureza de coração».

Rui Jorge Martins
in SNPC | 09.01.14

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O calendário dos bombeiros de Setúbal


foto de Rita Ribeiro
Bombeiros portugueses também já fazem calendários

Um grupo dos Bombeiros Sapadores de Setúbal despiu a farda e os preconceitos e deu o peito às causas sociais com um calendário, seguindo os exemplos internacionais, como o dos bombeiros de Nova Iorque.

Os soldados da paz deram o corpo à objetiva de Rita Ribeiro e fizeram uma sessão fotográfica que resultou num calendário para 2014.

Tiago Silva, de 29 anos, ou melhor, o «Mês de Agosto», disse à tvi24.pt que a ideia «já estava pensada há alguns anos», já que era «possível concretizá-lo» naquele corpo de bombeiros, porque fazem muita «atividade física». Foi só «adaptar ao nosso corpo» de bombeiros.

A realização «foi divertida» e não foi difícil reunir um grupo de sapadores capazes de se desinibir e posar para a objetiva.

Havia mais candidatos, mas acabaram por ser escolhidos apenas «doze», «um para cada mês», com idades «entre os 27 e os 46 anos». Um elenco «diversificado», já que «o público-alvo é variável». Ganham as mulheres. Os pedidos «femininos têm ganho, mas a margem é curta», ou seja, 60 por cento das encomendas vêm de mulheres e 40 dos homens. Tiago Silva - um dos organizadores juntamente com Daniel André («Mês de Julho) - congratulou-se com a adesão que tem sido «boa, com muitas encomendas» . Em «três dias e meio» conseguiram cerca de «150» solicitações, mas querem «vender muito mais durante o ano».

Até a família «ficou rendida». Tiago Silva explicou que os familiares «apoiaram cem por cento» a ideia porque «a exposição seria para uma causa social». Os Bombeiros Sapadores querem, através do seu fundo, apoiar «associações de Setúbal», em especial, «jovens carenciados».

Os projetos dependem do dinheiro que consigam fazer. «Enviamos à cobrança para todo o país» pode ler-se na página do Facebook criada para o efeito. Por quatro euros, pode vertudo deste calendário pioneiro dos bombeiros para angariar fundos e que é visto por muitos como um «tabu», reconheceu Tiago Silva.
in tvi24

Grupo dos Bombeiros Sapadores de Setúbal fez calendário para o próximo ano com objetivo de entregar as receitas para uma instituição de solidariedade social.

Calendário custa quatro euros e pode ser encomendado através do Facebook. Bombeiros sapadores que participam no calendário solidário têm entre 27 e 46 anos.

Fotografias começaram a ser feitas no final de outubro e todos os participantes dizem estar satisfeitos com o resultado. Daniel André (mês de julho) e Tiago da Silva (agosto) são os coordenadores do projeto, que contou com a colaboração da fotógrafa Rita Ribeiro.

Calendário inédito em Portugal não é oficial, mas teve autorização da companhia de bombeiros e da Câmara Municipal de Setúbal.

in dn

Calendário erótico já tem mais de 500 encomendas, mas a Cáritas recusa a ajuda

O grupo dos Bombeiros Sapadores de Setúbal despiu-se para fazer calendário do próximo ano, com o objectivo de ajudar a Cáritas. A instituição, por seu turno, recusou a oferta. Agora os bombeiros terão de dar as verbas a outra instituição.

A ideia não é nova, mas inédita, já que os protagonistas são os próprios bombeiros. As fotografias começaram a ser feitas no final de Outubro e todos os participantes dizem estar satisfeitos com o resultado. Apesar de não ser um calendário oficial, a Câmara Municipal de Setúbal deu autorização e por quatro euros, o calendário pode ser encomendado através da página de Facebook dos Bombeiros Sapadores de Setúbal.

Durante o dia de hoje, já foram encomendados mais de 500 calendários, mas a Cáritas recusou-se a receber o dinheiro. Os 12 bombeiros de Setúbal não se deixaram intimidar e vão continuar com a iniciativa.

A ideia é inspirada nos bombeiros americanos que já há muito tempo fazem este tipo de calendários. Em Portugal, ainda há, diz Tiago Silva, algumas barreiras que é preciso romper. Em declarações à TSF, o presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, elogia a iniciativa e diz que "é preciso dar um pontapé no conservadorismo" e que esta iniciativa é comum nos Estados Unidos e noutros países da Europa.

in ionline


Bombeiros suspendem reservas do calendário solidário devido ao grande número de encomendas

Sandra Claudino / Pedro Ribeiro / Osvaldo Costa Simões03 Jan, 2014, 21:29 / atualizado em 03 Jan, 2014, 21:29

Os Bombeiros Sapadores de Setúbal suspenderam as reservas do calendário solidário. As encomendas foram tantas que os bombeiros ficaram sem capacidade de resposta.

VER in rtp notíciAS

Dadores de sangue: para quando um sistema justo e isento?

uma notícia com algum tempo mas ainda actual… Por quanto tempo?

Ministro homossexual não pode doar sangue, apesar de ser "padrinho" da Cruz Vermelha

03 | 09 | 2009

A ala flamenga da Cruz Vermelha na Bélgica lançou este Verão uma campanha visando aumentar o número de doadores de sangue. Nessa campanha, participa Pascal Smet, que assumiu a sua homossexualidade numa revista, no fim de Agosto.

A ministra belga da Saúde, a socialista francófona Laurette Onkelinx, assinalou hoje na rádio que "as práticas de risco, como a multiplicação dos parceiros, representam um problema", sendo que estas práticas são mais correntes na comunidade homossexual do que na população heterossexual.

O questionário que cada doador de sangue tem de responder refere claramente, segundo o partido ecologista Ecolo, que "os homens que têm relações sexuais com outros homens ficam afastados da dádiva de sangue".

"É necessário excluir da dádiva de sangue todas as pessoas, heterossexuais e homossexuais, com comportamentos que representam risco para o receptor, sem estigmatizar um grupo inteiro de doadores na base dos seus comportamentos sexuais", defendeu o mesmo partido.
Por sua vez, o ministro Pascal Smet disse compreender, em declarações ao jornal flamengo De Standaard, que a "Cruz Vermelha não queira correr o mínimo risco", embora entenda "a frustração que possa sentir um homossexual monogâmico que deseja dar sangue e não pode".

Face à polémica instalada, a ministra belga da Saúde disponibilizou-se para "encontrar uma solução menos discriminatória", em conversações com a Cruz Vermelha, especialistas médicos e associações, indicou a sua porta-voz, Annaïk De Voghel.

"Seria, talvez, também útil encontrar uma posição comum a nível europeu", acrescentou Annaïk De Voghel, salientando que a grande maioria dos países da União Europeia proíbe os homossexuais masculinos de darem sangue.

Recentemente, em Portugal, a imprensa noticiou que os homossexuais não podiam doar sangue no País.

in Destak

A Vaidade segundo António Vieira

A vaidade entre os vícios é o pescador mais astuto, e que mais facilmente engana os homens.

Pe António Vieira

VANITAS ou a tentação do padre untuoso

afinal não sou o único incomodado com a vaidade dos padres, que gostam de ser bajulados e de ter um séquito de admiradores... 

Papa critica padres que preferem vaidade e negócios à oração, e pergunta: Se não tivermos Cristo, o que daremos às pessoas?

O papa Francisco criticou este sábado, no Vaticano, os padres mais interessados na vaidade e nos negócios, que correm o risco de perderem a unção recebida no dia da sua ordenação e passarem a serem «untuosos», tendo vincado que nada terão a dar às pessoas se não mantiverem uma relação próxima com Cristo na oração.

Excertos da homilia pronunciada na missa a que Francisco presidiu, esta manhã, segundo a Rádio Vaticano:

«Jesus, quando crescia em popularidade, ia ter com o Pai», retirando-se para «lugares desertos a rezar.»

«Esta é um pouco a nossa pedra-de-toque, padres: se vamos ou não vamos ao encontro de Jesus; qual é o lugar de Jesus Cristo na minha vida sacerdotal? Uma relação viva, de discípulo a mestre, de irmão a irmão, de pobre homem a Deus, ou é uma relação algo artificial, que não vem do coração?»

«Nós somos ungidos pelo Espírito Santo, e quando um sacerdote se distancia de Jesus Cristo pode perder a unção. Na sua vida, não: essencialmente tem-na... mas perde-a. E em vez de ser ungido, acaba por ser untuoso. E quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos! Aqueles que colocam a sua força nas coisas artificiais, na vaidade.»

«Quantas vezes se ouve dizer, com dor: "Este é um padre-borboleta, porque há sempre vaidade nele".»

«Nós, sacerdotes, temos muitos limites: somos pecadores, todos. Mas se vamos ao encontro de Jesus Cristo, se procuramos o Senhor na oração - a oração de intercessão, a oração de adoração - somos bons sacerdotes, ainda que sejamos pecadores.»

«Se nos afastamos de Jesus Cristo, devemos compensar isto com outras atitudes... mundanas. E assim, há todas estas figuras... também o padre de negócios, o padre empreendedor... Mas o padre que adora Jesus Cristo, o padre que fala com Jesus Cristo, o padre que procura Jesus Cristo e que se deixa procurar por Jesus Cristo: este é o centro da nossa vida. Se não há isto, perdemos tudo. E que daremos às pessoas?»

«É belo encontrar padres que deram a sua vida como sacerdotes, verdadeiramente, de quem as pessoas dizem: "Sim, tem esta característica, tem aquela... mas é um padre". E as pessoas têm a intuição.»

«Em vez disso, quando as pessoas veem os padres - para dizer uma palavra - idólatras, que em vez de terem Jesus têm os pequenos ídolos... pequenos... alguns até devotos do "deus Narciso"... Quando as pessoas veem isto, dizem: "Coitado!"»

«Aquilo que nos salva da mundanidade e da idolatria que nos faz untuosos, aquilo que nos conserva na unção, é a relação com Jesus Cristo. E hoje, a vós que tivestes a gentileza de vir concelebrar aqui, comigo, desejo isto: podeis perder tudo na vida, mas não percais esta relação com Jesus Cristo! Esta é a nossa vitória. E adiante, com isto.»

Rui Jorge Martins
publicado por SNPC a 11.01.14

Viver do definitivo ao inacabado

A vida é um projecto que não se realiza só por fora

"Os anos da juventude, da vida mais ativa, são vividos na euforia da conquista do definitivo, e depois percebe-se numa idade mais avançada que a vida está inacabada. Porque a vida é um projeto que não se realiza só por fora. Também precisa de se encontrar por dentro. E não é apenas pelo medo da morte."

entrevista a José Tolentino Mendonça para o jornal Expresso 

Santa Sé na ONU responde sobre casos de abusos de menores

Papa Francisco lamenta «escândalos» na Igreja e padres que dão alimento espiritual «envenenado» aos fiéis

O papa Francisco lamentou esta quinta-feira, no Vaticano, os «escândalos» protagonizados por padres católicos, no mesmo dia em que pela primeira vez um representante da Santa Sé responde nas Nações Unidas, em Genebra, sobre casos de abusos de menores praticados por sacerdotes ou religiosos.

«Muitos escândalos que não quero mencionar singularmente, mas todos os sabemos… Sabemos onde estão. Escândalos, alguns que obrigaram a pagar muito dinheiro: está bem! Deve fazer-se assim… A vergonha da Igreja! Mas estamos envergonhados daqueles escândalos, dessas derrotas de padres, de bispos, de leigos?», questionou, citado pela Rádio Vaticano.

Francisco apontou a escassez de oração como causa principal desses atos: «A Palavra de Deus naqueles escândalos era rara. Não tinham um laço com Deus. Tinham uma posição na Igreja, uma posição de poder, também de comodidade. Mas a Palavra de Deus, não».

«“Mas eu trago uma medalha”; “eu trago a cruz” (…) Sem a relação viva com Deus e com a Palavra de Deus! Vem-me à mente aquela palavra de Jesus por aqueles pelos quais acontecem os escândalos… E aqui aconteceu o escândalo: toda uma decadência do povo de Deus, até à fraqueza, à corrupção dos sacerdotes», afirmou.

«Pobre gente! Pobre gente! Não damos de comer o pão da vida; não damos de comer – nesses casos – a verdade. E até damos a comer alimento envenenado, tantas vezes», apontou o papa.

A seguir, Francisco retomou um dos versos do salmo bíblico proclamado nas missas desta quinta-feira: «Despertai, Senhor. Porque dormis?/ Levantai-Vos. Não nos rejeiteis para sempre./ Porque escondeis a vossa face?/ Esqueceis Vós a nossa miséria e tribulação?».

Baseando-se na primeira leitura bíblica da celebração, o papa interpelou os participantes sobre o seu relacionamento com Deus: «É uma relação formal? É uma relação distante? A Palavra de Deus entra no nosso coração, muda o nosso coração, tem este poder ou não, é uma relação formal?».

Quando os fiéis «não procuram» Deus nem se deixam procurar por Ele, sucede a «tragédia», após a qual o povo reza com as antiquíssimas palavras do salmo, que continuam hoje atuais: «Fazeis de nós o opróbrio dos nossos vizinhos/ a irrisão e o desprezo dos povos que nos cercam./ Fazeis de nós ocasião de escárnio para os pagãos/ e motivo para os povos zombarem de nós».

«Peçamos ao Senhor para nunca esquecermos a Palavra de Deus, que é viva, que entre no nosso coração e nunca esquecer o santo povo fiel de Deus, que nos pede alimento forte», disse o papa a terminar a homilia.


As declarações da Santa Sé em Genebra vão ser prestadas pelo arcebispo Charles Scicluna, de Malta, que durante cerca de uma década foi responsável por tratar judicialmente os casos de abuso de menores no Vaticano e implementar melhorias nas práticas, refere a Renascença.

Rui Jorge Martins
in SNPC a 16 janeiro2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A vontade de Deus

O êxtase das Vossas vontades

Quando aqueles que amamos nos pedem alguma coisa, ficamos-lhes gratos por no-lo pedirem.

Senhor, se quisésseis pedir-nos uma única coisa em toda a nossa vida, ficaríamos maravilhados, e ter feito a Vossa vontade essa única vez seria o acontecimento da nossa existência.

Mas, como em cada dia, cada hora, cada minuto, Vós colocais nas nossas mãos uma tal honra, nós achamos isso tão natural que lhe somos indiferentes, que estamos cansados disso.

E contudo, se compreendêssemos até que ponto o Vosso mistério é impensável, ficaríamos estupefactos por poder conhecer essas centelhas do Vosso querer que são os nossos minúsculos deveres. Ficaríamos deslumbrados por conhecer, nessa imensa treva que nos cobre, as inumeráveis, as precisas, as pessoais luzes das Vossas vontades.

No dia em que compreendêssemos isto, caminharíamos na vida como espécies de profetas, como videntes das Vossas pequenas providências, como agentes das Vossas intervenções. Nada seria medíocre, porque tudo seria querido por Vós.

Nada seria demasiado pesado, porque tudo teria origem em Vós.

Nada seria triste, porque tudo de Vós seria querido.

Nada seria enfadonho, porque tudo seria amor de Vós.

Nós todos estamos predestinados para o êxtase, todos chamados a sair das nossas pobres combinações, para surgir, hora após hora, no Vosso plano.

Nós nunca somos lamentáveis rejeitados, mas ditosos convocados, chamados a saber aquilo que Vos agrada fazer, chamados a saber o que esperais de nós em cada instante: pessoas que Vos são um pouco necessárias, pessoas cujos gestos faltariam se nos recusássemos a fazê-los. O novelo de algodão a cerzir, a carta a escrever, a criança a levantar, o marido a desanuviar, a porta a abrir, o telefone a atender, a enxaqueca a suportar: tantos trampolins para o êxtase, tantas pontes para passar da nossa pobre, da nossa má vontade, à margem serena do Vosso bom prazer.

[Madeleine DELBREL (1904-1964) extraído de Alcide, colecção Livre de vie, Seuil, pg. 89-91.]



Tradução de José Mendonça

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Oração dos 5 dedos

Dicas para a oração de intercessão

1) O polegar, «o dedo que te é mais próximo», faz-nos pensar e rezar por quem está mais próximo de nós, «as pessoas de quem nos recordamos mais facilmente», rezar por todos os nossos entes queridos «é uma doce obrigação».

2) O indicador recorda-nos de rezar por quem tem a função de dar indicações aos outros, isto é, «aqueles que ensinam, educam e tratam», categoria que compreende «mestres, professores, médicos e sacerdotes».

3) O médio, o dedo mais alto, lembra «os nossos governantes», as pessoas «que gerem o destino da nossa pátria e orientam a opinião pública… precisam da orientação de Deus».

4) O anelar «é o nosso dedo mais fraco, como pode confirmar qualquer professor de piano»; ele «recorda-nos de rezar pelos mais fracos, por quem tem desafios a enfrentar, pelos doentes» que têm necessidade da «tua oração de dia e de noite», bem como pelos esposos.

5) Por fim, o mindinho, o dedo mais pequeno, «como pequenos nos devemos sentir diante de Deus e do próximo», convida a rezar por nós próprios: «Depois de teres rezado por todos os outros, poderás compreender melhor quais são as tuas necessidades, olhando-as na justa perspetiva».do polegar é o que está mais perto de ti.
Assim, começa por orar por aqueles que estão mais próximo de ti. São os mais fáceis de recordar. Rezar por aqueles que amamos é “uma doce tarefa”.
2. O dedo seguinte é o indicador: reza pelos que ensinam, instróiem e curam. Ele precisam de apoio e sabedoria ao conduzir outros na direcção correcta. Mantém-nos nas tuas orações.
3. A seguir é o maior. Recorda-nos dos nossos chefes, os governantes, os que têm autoridade. Eles necessitam de orientação divina.
4. O próximo dedo é o anelar. Surpreendentemente, este é o nosso dedo mais débil. Ele lembra-nos que rezemos pelos débeis, doentes ou pelos atormentados por problemas. Todos eles necessitam das tuas orações.
5. E finalmente temos o nosso dedo pequeno, o mais pequeno de todos. Este deveria lembrar-te de rezar por ti mesm@. Quando terminares de rezar pelos primeiros quatro grupos, as tuas próprias necessidades aparecer-te-ão numa perspectiva correcta e estarás preparad@ para orar por ti mesmo de uma maneira mais efectiva.


a partir das intenções sugeridas pelo Papa Francisco. Ler mais em SNPC

Um novo mapa no Vaticano

Papa Francisco revoluciona a geografia: Terceiro Mundo passou a ser o Primeiro

Com a lista dos novos cardeais divulgada este domingo (os primeiros do seu pontificado) e com o discurso ao Corpo Diplomático desta segunda-feira (também este pela primeira vez), o papa Francisco confirmou a sua maneira de entender a geografia.

Aquele que, com efeito, é comummente designado "Terceiro Mundo" é o primeiro nas suas atenções. E aquilo que para os outros é "periferia", encontra-se na realidade no centro do seu interesse pastoral, político (no sentido nobre da palavra) e humano.

Esta revolução geográfica é patente quer nas escolhas relativas ao Colégio Cardinalício, quer nas situações evidenciadas diante dos embaixadores de todo o mundo acreditados no Vaticano.

Assim, mesmo através destes atos que poderiam manifestar-se como institucionais, Francisco fala a linguagem que lhes é mais própria. Coloca diante dos olhos do mundo as situações mais frágeis e mais dolorosas, para que quem pode e deve ocupar-se delas, o faça verdadeiramente a todos os níveis.

Num certo sentido podemos dizer que o papa - ele que, como João Paulo II e Bento XVI, é profundamente mariano - recitou o seu pessoalíssimo Magnificat, especialmente no verso que diz «[Deus] exaltou os humildes».

Só assim se compreende a escolha de bispos de dioceses do Terceiro Mundo que nos seus países (como o Haiti e as Filipinas, por exemplo) nem sequer são aquelas consideradas mais importantes.

E só assim se compreende também o acento colocado, no discurso ao Corpo Diplomático, em temas basilares do magistério de Bergolgio, como a recusa da cultura do descartável, a defesa das crianças de pragas como o aborto, o tráfico ou o alistamento à força, ou a atenção sobre a necessário contribuição no interior da sociedade por parte dos jovens e idosos.

Dos discursos desta segunda-feira podemos igualmente extrair uma espécie de regra de ouro do pensamento do papa Francisco. Uma regra que vale tanto nas relações interpessoais como entre os Estados, e que o próprio pontífice formula nestes termos: a geografia do primeiro papa latino-americano da história é precisamente a geografia de quem não cessa de caminhar em direção ao outro, sobretudo se habita na periferia.

Quer seja a periferia de uma grande cidade, de uma nação ou de um continente (vejam-se, a este propósito, as análises dos focos de guerra e de miséria sobretudo em África, contidas no discurso aos embaixadores), isso para o papa não faz diferença.

O que Francisco leva mais a peito é que em toda à parte, graças à cultura do encontro, regresse a paz, da Síria à Coreia, do Egito aos Grandes Lagos. Paz não só como ausência de guerra, mas como autêntica fraternidade no interior da grande família humana. O único elemento verdadeiramente indispensável para repensar o cenário do mundo.

In Avvenire | Com SNPC
© SNPC (trad.) | 13.01.14

Pobreza cardinalícia

Papa Francisco pede «pobreza» aos novos cardeais e lembra-lhes que nomeação não é «promoção», mas «serviço»

O papa Francisco escreveu uma carta aos 19 bispos e arcebispos que vão ser criados cardeais a 22 de fevereiro, sublinhando que «o cardinalato não significa uma promoção, nem uma honra, nem uma decoração».

«Simplesmente é um serviço que exige ampliar o olhar e alargar o coração», frisa o papa na missiva que a Rádio Vaticano dá a conhecer um dia depois de Francisco ter revelado o nome dos novos membros do Colégio Cardinalício.

Francisco salienta que «embora pareça um paradoxo, este poder olhar mais longe e amar mais universalmente com maior intensidade pode adquirir-se apenas seguindo o mesmo caminho do Senhor: o caminho do abaixamento e da humildade, tomando forma de servidor».

«Peço-te, por favor, que recebas esta designação com um coração simples e humilde», escreve o papa, acrescentando: «Ainda que o devas fazer com júbilo e alegria, fá-lo de modo que este sentimento seja distante de qualquer expressão de mundanidade, de qualquer festejo estranho ao espírito evangélico de austeridade, sobriedade e pobreza».

Os cardeais encontram-se com Francisco a 20 de fevereiro, no Vaticano, antes do consistório para a criação dos novos purpurados, com o objectivo de, durante dois dias, debaterem o tema da família, assunto que está no centro do próximo sínodo dos bispos, agendado para outubro.

Dezasseis dos novos cardeais, os primeiros criados por Francisco, têm menos de 80 anos, pelo que podem participar num futuro conclave para a eleição do papa.

O número máximo de cardeais que podem eleger o papa é 120. Atualmente estão "vagos" 13, número que em maio passa a 16. Ou seja, em maio haveria 104 cardeais com menos de 80 anos. Com esta escolha, Francisco repõe o número máximo de cardeais eleitores.

Destes 16 novos cardeais, quatro são membros da Cúria do Vaticano e 12 são arcebispos ou bispos residenciais.

A distribuição dos 16 cardeais eleitores por continentes é a seguinte: Europa, 2; América do Norte e Central, 3; América do Sul, 3; África, 2; Ásia, 2.

A escolha de cardeais do Burkina Faso e do Haiti resulta da atenção que o papa quer dar às populações provadas pela pobreza, explicou o responsável pela Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi.

O cardeal mais idoso, Loris Capovilla, foi secretário de João XXIII, o papa que decidiu a realização do Concílio Vaticano II (1962-1965) e que vai ser canonizado em 2014, juntamente com João Paulo II.

Entre os escolhidos, o único de língua portuguesa é o arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta. O prelado mais novo é Chibly Langlois, de 55 anos, enquanto que o mais idoso tem 98 anos.

Rui Jorge Martins
in © SNPC | 13.01.14

Teresa Forcades, uma freira do nosso tempo

Entrevista a Teresa Forcades. Freira catalã aceita o aborto e o casamento gay

Por Marta F. Reis
publicado em 22 Out 2013

Irmã beneditina é um rosto da luta pela independência catalã e defende abertamente o direito ao aborto e o casamento homossexual. Vem a Portugal em Novembro

Aos 47 anos, a irmã beneditina Teresa Forcades, com formação em medicina e teologia, divide a vida no mosteiro de St. Benet de Montserrat, a uma hora de Barcelona, com uma participação política intensa, como não tem receio de dizer. É uma das caras do movimento de cidadania Procés Constituent, que está criar o modelo para um estado independente e livre do capitalismo na Catalunha. Vem a Portugal em Novembro, para apresentar o seu livro "A Teologia Feminista na História", agora com tradução portuguesa. Não deixa ninguém indiferente: desde Abril, o movimento catalão reuniu 45 mil militantes. Na internet, há uma petição com 4700 assinaturas que pede à Santa Sé para intervir e repor a paz e calma abalada por Teresa, que defende o aborto ou casamento homossexual. Do Vaticano, diz só ter recebido uma carta em 2009, à qual que respondeu invocando o seu direito à opinião.

Em Setembro a BBC chamou-lhe a freira mais radical da Europa. Gosta deste título?
Nunca gostei de rótulos. Gosto que, em vez de me porem um rótulo, que quem fale de mim seja porque me conhece. Agora, a verdade é que acredito que o Evangelho nos pede uma resposta radical perante a injustiça social. Se é por isso que me chamam radical, porque digo que não se pode servir a Deus e ao dinheiro e hoje temos um sistema económico que coloca acima das pessoas o dinheiro, está certo. É o que sou. É isso que procuro denunciar.

Sente-se a fazer política?
Creio que a palavra política é boa. O que não estou a fazer, nomeadamente na Catalunha, é a criar um partido político. Não me sinto a fazer política partidária, política profissional. Também não sinto que esteja a substituir a minha vocação monástica por uma vocação política. Mas, partindo da minha vocação monástica, assim como todas as pessoas que participam no movimento Procés Constituent têm distintas vocações profissionais, percebemos e defendemos que uma democracia pede a participação política de todas as pessoas. Uma coisa é política partidária e outra, o que quero fazer, é participar em assembleias locais, dar a minha opinião e contribuir para que a vida comum o seja de verdade. Este tipo de mudança nunca pode vir de cima. Para mim o mais importante é que se estruture o poder popular, que nos organizemos para viver realmente em democracia. E precisamos de todos: seja igreja ou não igreja, de todos.

Sentiu necessidade pessoal de participar neste movimento ou fê-lo para mostrar que a igreja também faz parte da sociedade civil?
Entrei para o movimento porque me pediram. Como na Catalunha tenho uma certa popularidade, quando se começa um movimento ter caras conhecidas é importante e fui chamada a dar a cara por ele. Pus a minha popularidade ao serviço de uma causa que considero justa. Não pensei em mais nada, foi espontâneo. Agora sim, dei-me conta de que para muita gente foi uma maneira de pensar que na igreja também há margem para participar nos movimentos de mudança e nos processos democráticos.

Em Portugal vemos padres a comentar política, mas não vemos irmãs, parecem mais escondidas. É também um sinal para as mulheres da igreja?
Sim, isso também é importante para mim. Defendo que as mulheres na igreja devem ter um papel de igualdade em todos os sentidos.

Inclusive poderem celebrar uma missa?
Tenho dito que acredito que, teologicamente, não há nada contrário a isso.

Há uma semana tiveram um momento importante para o vosso movimento, uma concentração.
Sim, tivemos aquilo a que chamámos o primeiro acto central do Procés Constituent, movimento que começou a 10 de Abril. Chamámos a estes primeiros seis meses o ou vai ou racha, não sabíamos se teríamos apoio popular suficiente. Agora entrámos numa nova fase onde o mais importante é termos uma estrutura que nos permita tomar decisões e que nos permita ter influência na política do nosso país. Temos de arranjar uma organização que nos permita afirmarmo-nos e abranger todos. Já somos 45 mil pessoas, somos muitos não é?

Estava à espera de tanta adesão?
Neste acto central reunimos 10 mil pessoas, o que já foi bastante. Mas o que importa é que estamos organizados em quase cem comunidades locais por toda a Catalunha. Agora lançámos uma campanha que se intitula Construímos a República Catalã de 99%, o que exclui uma margem de 1% que é o poder corrupto e instalado. No dia 16 de Novembro vamos ter uma jornada nacional de assembleias em simultâneo e, a 30 Novembro, vamos ter acções de desobediência civil, com um potencial importante de maior mobilização.

Deixam-na fazer esse tipo de acções no mosteiro?
Bom, tive de consultá-los antes de começar. Falei com o bispo e com a minha comunidade e, não estando todos de acordo, estão de acordo que se sinto que isto é um chamamento a algo que devo fazer, não me querem impedir.

Mas sente-o como um chamamento?
Quando mo pediram não saiu de mim. O que fiz foi levar esse pedido a oração, como tudo, e através do meu discernimento senti a responsabilidade de dizer que sim. Estou no movimento não como responsável final, mas como alguém empenhado em tornar esta voz cada vez maior.

O bispo deve ser uma pessoa aberta...
O bispo é um homem de paz, uma pessoa que não entende a sua tarefa de pastor como autoritária mas de serviço.

Sente a mesma empatia com o Papa Francisco?
Creio que o Papa Francisco tem dado sinais de esperança mas, ao mesmo tempo, muito conscientes de que há uma estrutura na igreja que é contrária a mudanças no sentido de justiça. Creio que na igreja temos um défice de democracia real, quero dizer, somos muitas pessoas mas as decisões são tomadas por poucas. Estou com os olhos e ouvidos abertos na esperança de que o Papa Francisco consiga avançar. Mas para mim o importante é que, quer na igreja, quer na sociedade, termos mais justiça social nunca será um movimento de cima para baixo. O Papa Francisco só vai poder fazer mudanças se se aliar com as pessoas de baixo que há muitos anos as pedem. O Papa Bom, João XXIII, fez mudanças com o concílio Vaticano II mas não as fez sozinho. Pode fazê-lo porque durante todo o século XX houve muitos movimentos, como o da reforma litúrgica ou da nova teologia, com pessoas que falavam publicamente e pediam uma aproximação da igreja católica à modernidade. Foi essa base que João XXIII impulsionou no seu papel de Papa. Acho que é nessa posição que está Francisco: não será ele a gerar mudanças. Até porque acredito que, de cima para baixo, só vêm más mudanças, como vemos hoje nos cortes sociais que estamos a ter nos nossos países. Francisco se o fizer vai fazê-lo porque há uma base na igreja católica que há anos pede mudanças.

É um apelo silencioso?
Silencioso e muito na oração. Trabalho com as mãos, com o coração e com a mente. Isto a que chamamos oração é um mistério profundo. Quando falo das pessoas que trabalharam nos últimos anos por mudanças, não falo só das que se reuniram em comissões, que produziram textos e fizeram manifestações públicas. Falo muito das pessoas que no seu coração e na oração pedem mudanças.

Como é que a igreja pode mudar no sentido de apoiar mais a sociedade?
Acho que é essencial a reforma intraeclesial. Hoje há muitas pessoas que se emocionam com os evangelhos e têm um respeito profundo pela figura de Cristo. Mas esbarram logo contra estruturas da igreja impossíveis, que não conseguem aceitar. Por isso acho que o primeiro dever da igreja para com a sociedade é oferecer a mensagem de Cristo sem acrescentar coisas supérfluas.

Por exemplo?
Esta estrutura que obriga, por exemplo, a ter de fazer uma liturgia numa sala previamente consagrada. Pode fazer-se uma liturgia num bosque, mas alguns bispos não o permitem. Qualquer limitação que exista nesse sentido não vem no evangelho. Por exemplo, que os sacerdotes não possam celebrar a eucaristia com divorciados e um divorciado não possa comungar. A comunhão e qualquer outro sacramento não deve ser negado nunca a ninguém.

Nem a divorciados, nem a homossexuais?
Era o que faltava, a ninguém e desde que o peçam. Agora, bom, se for o Pinochet, alguém que comete crimes claros e públicos de que não se arrepende, aí veria uma possibilidade de negação. Agora pessoas que pensam de forma distinta, homossexuais, divorciados ou pessoas que abortaram, nunca se lhes deve negar um sacramento.

Defende mesmo o casamento homossexual. Com que fundamento?
O matrimónio é um sacramento que viabiliza o amor fiel e pessoal entre dois. Penso que sempre que um casal se ama de forma sincera e fiel, deve poder celebrar esse amor como sacramento, quero dizer, como sinal de amor de Deus. Se a possibilidade de procriar fosse um requisito para o sacramento, não deveria ser permitido casar mulheres pós-menopáusicas e isso a igreja sempre o permitiu.

A sua posição em relação ao aborto é também controversa.
Penso que não se deve impor a nenhuma mulher que continue a gravidez. Acho que a atitude que respeita a liberdade da mulher é a mais próxima da forma como acredito que Deus nos trata. Agora, insisto, isto não é porque eu acho que o aborto não tenha importância. Para mim tem importância. Agora eu não quero que a mulher que pensa de forma diferente de mim seja obrigada a continuar a gravidez. Não digo que é igual fazer ou não um aborto, acho que é preciso ajudar a mãe a tomar uma decisão em favor da vida mas respeitando a sua última decisão.

Mas como é que esse respeito se concilia com o mandamento da igreja não matarás?
Trata-se de um conflito entre dois direitos fundamentais: o direito à vida e o direito à autodeterminação. Nunca um ser humano deve ser considerado um meio para salvar a vida de outra pessoa ou grupo de pessoas. O ser humano é sempre um fim em si mesmo, nunca um meio. A minha pergunta é: porque é que não se obriga um pai que tenha um rim compatível a doá-lo para salvar a vida do seu filho? Qual é o princípio moral católico que permite que isso não lhe seja imposto? Porque é que esse princípio não é aplicável no caso da mãe?

Tem problemas com o Vaticano com estas posições?
Em 2009 recebi uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé e respondi com uma explicação que está publicada num livro "Diálogos com Teresa Forcades". [Pediram-lhe que manifestasse publicamente a sua adesão à doutrina católica e Forcades disse que respeita o magistério da igreja, mas tem direito a manifestar opiniões contrárias.]

Ainda pratica medicina?
Não. No mosteiro fiquei encarregue da enfermaria mas ultimamente tenho feito alguns estudos e estou a escrever sobre a medicalização da sociedade. É uma forma de continuar ligada.

O que é que a preocupa?
Não só o excesso de medicalização a que assistimos nas nossas sociedades mas sobretudo esta ideia de que os problemas das pessoas se tratam com comprimidos. Veja-se o tratamento da hiperactividade das crianças: temos 10% das crianças medicadas, com medicamentos cuja forma de actuação é parecida com a cocaína. Nos EUA temos uma percentagem de 45% dos jovens que já foram diagnosticados, em algum momento da vida, com depressão. E medicados. Aceito que alguns tenham problemas, mas 45% é impossível, seria uma epidemia.

Isto é falta de quê?
De muitas coisas. Antes achava-se que era normal passar pela idade da estupidez na adolescência. A pessoa começa a pensar fora do núcleo familiar, apaixona-se pela primeira vez, desafia os pais. É normal que tenha dias em que está em baixo. Agora uns pais dizem "anima-te, é normal", outros dizem logo que é preciso ir ao psiquiatra. As famílias têm cada vez menos tempo, o estilo de vida cada vez reduz o tempo entre pais e filhos.

Quando era jovem, pensou em ser freira mas rejeitou essa ideia por causa do celibato. Só entraria para o mosteiro depois dos 30. O que mudou?
Na adolescência pensava que não podia ser feliz se não tivesse um companheiro. Hoje aceito que a vida de comunidade também tem as suas compensações. É diferente da vida de casal, mas desde que sou freira não quer dizer que não tenha experiências de enamoramento. Agora de cada vez que me apaixonei, foi uma comoção. A pessoa é apanhada desprevenida, mas tem de trabalhar isso, sempre entendendo que o que Deus quer a felicidade e não a repressão.

Era capaz de viver em clausura?
Eu vivo em clausura, mas na ordem beneditina temos a clausura constitucional, em que podemos sair. Há outro tipo de clausura que nunca vivi que é a clausura papal, instituída em alguns conventos femininos no século XVI e onde tudo é imposto de fora, não podem sair. Não acho bem.

Tem planos para vir a Portugal em breve?
Sim, em Novembro. Vou apresentar o meu livro e participar num congresso sobre teologia feminista, nos dias 14 e 15.

No seu Facebook há muitas críticas à austeridade. Trata de uma mensagem também nesse sentido?
Vejo a austeridade como algo positivo por isso o que desejo é que se mude o nome das medidas impostas pela troika europeia aos países que não cumprem os seus critérios de convergência económica: não são medidas de austeridade, são medidas de criminalidade. Impõem sanções aos cidadãos com rendimentos mais modestos e desviam o dinheiro, via resgates bancários, para os mais ricos.

O Pobre de Assis: Teologia do Dom

«São Francisco de Assis: uma teologia da pobreza e do dom

O novo Papa escolheu o nome de Francisco com evidente referência a São Francisco de Assis. Um sinal de regresso ao essencial que nos oferece a ocasião para revisitarmos a teologia da pobreza e do dom desenvolvida pelo franciscano São Boaventura interpretando a vida de São Francisco de Assis.

São Francisco tornou-se pobre entre os pobres: ele viveu a experiência do dom de si e da pobreza; a partir desta experiência São Boaventura criará uma conceptualização do dom segundo quatro formas do dom:

1)Dom do ter: dar aquilo que se tem
São Francisco assumiu para si o versículo do Evangelho de São Mateus: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e segue-me.» Assim, Francisco despoja-se e dá o seu dinheiro e os seus bens aos pobres. É o dom do ter.

2)Dom do ser: dar-se a si-mesmo
Mas não basta ajudar os pobres, é preciso tornar-se a si-mesmo pobre, tal como Deus se tornou homem despojando-se da sua condição divina. Deste modo, tal como Deus se deu a Si-mesmo, é preciso dar-se a si-mesmo. É o dom do ser.

3)Dom do dom: liberalidade, aban-dono [em francês: aban-don]
A pobreza perfeita não retém [não reserva] nada para si-mesma, nem mesmo a própria pobreza: «o saber do dom mata o dom» dizia Derrida, ou ainda: «toda a reciprocidade do dom mata o dom» segundo Jean-Luc Marion. Assim, realizar verdadeiramente o dom é dar o dom, isto é, nada esperar dele em troca e não orgulhar-se dele. É o dom do dom, o aban-dono [aban-don]. Reconhecemos aqui o debate contemporâneo sobre a doação em que Jean-Luc Marion elabora a posição seguinte: colocar entre parênteses o doador (visto que não é preciso esperar nada do dom), colocar entre parênteses o recebedor (visto que é preciso libertar-se das suas dívidas) e colocar entre parênteses o próprio dom (uma vez que não é preciso registá-lo). Assim desaparecidos doador e doado, apenas permanece o acto de doação.

4) A humildade, a dependência: reconhecimento da sua condição de criatura
Mais perfeita ainda do que o dom do dom, é a humildade, isto é, o reconhecimento por parte da criatura de que nada é e de que só de Deus depende [humildade: humus: terra (cf. Génesis 1)]. Aqui não se trata da humildade de servidão tal como a encontramos em S. Paulo ou em S. Bernardo. A humildade é a etapa suprema do dom: o franciscano dá-se de tal maneira que já não tem nada, nem mesmo a si-próprio, e já não depende senão de Deus. É a forma mais conseguida do dom.

A partir da obra de Emmanuel Falque, Saint Bonaventure et l’entrée de Dieu en théologie, 2001»

Nota do tradutor: Esta quarta forma do dom tem o seu equivalente no conceito de desprendimento (abegesheidenheit, détachement) de Mestre Eckhart.
Tradução de José Mendonça

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fé: a mais bela herança a deixar


Papa baptiza filha de pais casados no registo civil

O papa Francisco batizou este domingo 32 crianças no Vaticano, e lembrou aos pais que «têm o dever de transmitir a fé» aos seus filhos, prosseguindo uma «cadeia ininterrupta» que começou com a primeira comunidade cristã.

«Vós tendes o dever de transmitir a fé a estas crianças. E a mais bela herança que vós lhes deixareis é a fé. Apenas isto. Hoje, levai para casa este pensamento. Devemos ser aqueles que transmitem a fé», frisou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.

O primeiro dos sete sacramentos foi administrado pelo papa na Capela Sistina, no dia em que a Igreja católica assinala o batismo de Jesus.

«Hoje canta o coro, mas o coro mais belo é este, das crianças, que fazem barulho… Algumas choram porque não estão confortáveis ou porque têm fome; se têm fome, mamãs dêem-lhes de comer! Tranquilo! Porque elas são aqui o principal», disse Francisco.

Entre as crianças batizadas estava a filha de pais casados apenas civilmente, refere o jornal "Il Tirreno".

Rui Jorge Martins
© SNPC | 12.01.14

Arquitectura e Sagrado

O cristianismo arquivou a sacralidade da arquitectura

As novas igrejas precisam de manifestar mais teologia e sentido de comunidade, ao mesmo tempo que contrariam a tendência para o individualismo e a abstração, considera Andrea Longhi, professor de História da Arquitetura no Politécnico de Turim.

Em entrevista publicada na edição de julho/agosto da revista portuguesa "arqa" (n. 108), o docente defende que o arquiteto «é chamado para "interpretar" com a sua própria linguagem criativa o "sagrado" - ou o "santo" - já presente em comunidades e ritos».

Tendo em conta a sua investigação sobre o espaço sagrado e os seus livros "Luoghi di Culto" [Lugares de culto] e "Chiesa e Società in Italia" [Igreja e sociedade em Itália], em que sentido lhe interessa especificamente a questão do sagrado em arquitetura?
Os manuais de História da arquitetura, disciplina que eu ensino, são compostos quase exclusivamente de obras de arquitetura religiosa: dos templos gregos às catedrais góticas, das igrejas do Renascimento às neogóticas, a História da arquitetura parece ser uma história de monumentos dedicados ao culto. Mas quanto espaço é dedicado, pelos mesmos manuais, para compreender o culto e o significado teológico desses edifícios? Quanto as formas dos templos e das igrejas são "filhas" de projetistas, e quanto são "filhas" de seus respectivos clientes, com seus requisitos litúrgicos e simbólicos?

Um segundo aspeto: quando entramos na História do século XX, os lugares de culto apresentados pelos manuais de história diminuem drasticamente, limitando-se quase exclusivamente a obras-primas dos Mestres do Moderno ou, talvez, somente à capela de Ronchamp. No entanto, se olharmos para as nossas cidades, o património construído de igrejas, sinagogas e mesquitas contemporâneas é imenso, e completamente desconhecido e não pesquisado. O que é que aconteceu? Porque é que os lugares de culto se tornaram edifícios comuns, e já não são obras-primas da arquitetura, monumentos? A cultura funcionalista empobreceu os valores teológicos que definiam os lugares de culto, chegando a uma espécie de "funcionalismo litúrgico" quase mudo? Ou será que os projetista não conseguiram mais conciliar os profundos significados dos ritos com a espiritualidade popular?

Em tempos de secularização das sociedades ocidentais contemporâneas, qual o campo de uma arquitetura sagrada?
De um ponto de vista histórico, a idade da secularização das sociedades ocidentais é um fenómeno já ultrapassado: muito pelo contrário, as ciências sociais mostram como existe um "retorno ao sagrado", que pressupõe, no entanto, formas apenas parcialmente atribuíveis às religiões tradicionais do Mediterrâneo (as três antigas religiões monoteístas do "Livro": o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo).

As mesmas religiões tradicionais voltam a manifestar um papel público cada vez mais importante (se pensar nas sinagogas na Alemanha, ou nas mesquitas na França e na Itália), mas também as religiões enxertadas pelos imigrantes não europeus nas nossas cidades (Budistas, Hindus e Sikhs) reivindicam - e com razão - dignos lugares de culto, para afirmar sua identidade. Esses fenómenos, em pleno desenvolvimento, têm implicações profundas para a arquitetura: não é por acaso que o mundo da publicação da arquitetura e o mundo das profissões técnicas voltou a lidar com o "sagrado" a partir do final do século XX, e floresceram as conferências, exposições, prémios etc.

Há uma ambiguidade fundamental que deve, contudo, ser declarada: muitas vezes, no mundo da arquitectura o termo "sagrado" está associado com muita ambiguidade a termos como "silêncio", "isolamento", "contemplação" ou "meditação". Ora, a contemplação e a meditação nunca foram os pressupostos dos lugares de culto das religiões tradicionais do Mediterrâneo: são a comunidade, a assembleia litúrgica, o estar juntos que "formam" a arquitetura, e não uma conceção individualista da relação com a divindade. Além disso, as religiões do Mediterrâneo não sugerem uma relação com uma divindade totalmente transcendente, abstrata, inefável, inatingível, mas falam de Deus na história, trabalhando ao lado de seu povo, e que deve ser buscado na história, não na meditação interior: até mesmo um Deus que se fez homem, no Cristianismo, e do qual comemos na Eucaristia.

Mesmo as palavras que definem a arquitetura enfatizam a precedência da comunidade, tanto na contemplação individual, quanto na alegada "sacralidade" de um lugar: "ekklesia" (igreja, chiesa, église, iglesia ... ) é a comunidade dos cristãos; "synagein" (sinagoga) é o gesto de convergir juntos para o ato de adoração; "masjid" é o lugar onde o muçulmano se recolhe para as diárias orações rituais. Se nos concentrarmos no cristianismo, para alguns teólogos ainda é errado usar o termo "sagrado", que, na sua etimologia indica uma "separação" entre a divindade e a humanidade, um gesto um tanto violento para o homem: o cristianismo, pelo contrário, veio apenas para quebrar as divisões entre o "sagrado" e "profano" que caracterizaram as religiões pagãs, proclamando a salvação a todos, para superar o "templo", entendido como "a casa de Deus". O cristianismo arquivou a "sacralidade" da arquitetura, afirmando a vocação para a "santidade" das pessoas. As igrejas não são "casa de Deus", mas "Casa do Povo de Deus", casa da comunidade chamada pelo Senhor para celebrar em união. A "liturgia" é um ato público, e não individual, muito menos individualista.

Se, em seguida, novas formas de religiosidade - lançada pela história, pelo compromisso e pela sociedade - quiserem lugares individualistas de contemplação e meditação, então os arquitetos certamente serão capazes de responder a estas novas exigências. Além disso, o "sagrado" pode ser a característica distintiva das arquiteturas não só para o culto: às vezes, as verdadeiras arquiteturas "sagradas" das nossas cidades são os museus ou salas de concerto; mas porque não considerar "sagradas" também as casas, onde as famílias se reúnem à noite para viver os poucos momentos de intimidade?

No âmbito das suas valências profissionais e disciplinares, qual o papel do arquiteto na construção dos lugares sagrados?
Em primeiro lugar, é preciso declarar o que "não é" o papel dos arquitetos: os projetistas não devem "inventar" novas ideias de "sagrado", mas responder com o que a comunidade necessita. O arquiteto é chamado para "interpretar" com a sua própria linguagem criativa o "sagrado" - ou o "santo" - já presente em comunidades e ritos, que devem ser escrupulosamente conhecidos e respeitados. É o rito que "plasma" o espaço: ao arquiteto, no entanto, pede-se para fazer "único" cada lugar de celebração, mergulhando este na história do sítio e da comunidade, e não tentando fazer o lugar abstrato ou inefável. É possível identificar alguns padrões recorrentes segundo os quais os arquitetos constroem as casas para as comunidades.

Vou dar alguns exemplos da história recente das igrejas cristãs. Após o Concílio Vaticano II (da abertura do qual nos lembramos os 50 anos) afirmou-se, por exemplo, o modelo da "casa-igreja": a liturgia tem sido proposta como experiência doméstica, próxima, prevalece o sentido mais profundo da sacralidade da casa, da família, da mesa em torno da qual as pessoas se reúnem para celebrar a ceia do Senhor. Para comunidades grandes e mais animadas, vigorou o modelo de "igreja-vila", no qual a sala litúrgica, a paróquia, as salas de reuniões e os campos de jogos assumem uma forma acolhedora, quente, aberta para a cidade e para o contexto.

Outras comunidades pediram aos arquitetos um relacionamento mais profundo com a sacralidade da natureza, ou - melhor - a paisagem quotidiana percebida como uma área em que a história das pessoas altera o ambiente natural criado pelo Senhor. Finalmente, existem atitudes em que queremos reafirmar a identidade das comunidades, com edifícios estereométricos, "monumentos" (do Latino "moneo", lembrar), volumes puros e abstratos, "igrejas-monólitos": mesmo nesses casos, no entanto, não é geometria desenhada no arcano esotérico, mas projetado para as comunidades reais, históricas, que desejam ser reconhecidas nas áreas de "sprawl" [disseminação] urbana.

In arqa
publicado por SNPC a 12.01.14

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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Os textos e as imagens

Os textos das mensagens deste blogue têm várias fontes. Alguns são resultados de pesquisas em sites, blogues ou páginas de informação na Internet. Outros são artigos de opinião do autor do blogue ou de algum dos seus colaboradores. Há ainda textos que são publicados por terem sido indicados por amigos ou por leitores do blogue. Muitos dos textos que servem de base às mensagens foram traduzidos, tendo por vezes sofrido cortes. Outros textos são adaptados, e a indicação dessa adaptação fará parte do corpo da mensagem. A maioria dos textos não está escrita segundo o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, pelo facto do autor do blogue não o conhecer de forma aprofundada.

As imagens que ilustram as mensagens são retiradas da Internet. Quando se conhece a sua autoria, esta é referida. Quando não se conhece não aparece nenhuma referência. Caso detectem alguma fotografia não identificada e conheçam a sua autoria, pedimos que nos informem da mesma.

As imagens são ilustrativas e não são sempre directamente associáveis ao conteúdo da mensagem. É uma escolha pessoal do autor do blogue. Há um critério de estética e de temática ligado ao teor do blogue. Espero, por isso, que nenhum leitor se sinta ofendido com as associações livres entre imagem e conteúdo.

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