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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

sábado, 2 de novembro de 2013

A política: forma elevada da caridade

Envolvimento na política «é uma obrigação para um cristão»

«Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão», vincou o papa esta sexta-feira, ao responder a perguntas colocadas por algumas das nove mil crianças e jovens de escolas e movimentos Jesuítas com quem se encontrou no Vaticano. Os cristãos não podem «fazer de Pilatos, lavar as mãos»: «Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum», frisou Francisco (…). «Os leigos cristãos devem trabalhar na política. Dir-me-ão: não é fácil. Mas também não o é tornar-se padre. A política é demasiado suja, mas é suja porque os cristãos não se implicaram com o espírito evangélico. É fácil atirar culpas... mas eu, que faço? Trabalhar para o bem comum é dever de cristão», apontou.

Francisco pediu aos participantes para se tornarem «homens e mulheres com os outros e para os outros, verdadeiros campeões no serviço aos outros». «Num mundo que tem tanta riqueza e tantos recursos para dar de comer a todos, não se pode compreender como há tantas crianças esfomeadas, tantas crianças sem educação, tantos pobres. A pobreza, hoje, é um grito. Todos nós devemos pensar se nos podemos tornar um pouco mais pobres», assinalou.

O papa sublinhou que «a esperança se encontra em Jesus pobre», e que ele é quem abre «a janela ao horizonte». Francisco afirmou ainda que não quis ser papa e explicou que prefere viver na Casa de Santa Marta, e não no Palácio Apostólico, como os seus antecessores, porque gosta de «estar entre as pessoas».

(…)
O elemento fundamental do ensino é fazer com que os estudantes aprendam a ter «o coração grande» e «grandes ideais», sublinhou Francisco, que não leu o discurso previamente redigido. (…) «Não se pode educar apenas na zona de segurança; isso é impedir que a personalidade cresça. Mas também não se pode educar apenas na zona de risco, que é demasiado perigoso», acrescentou.

Rui Jorge Martins
Com agências
in SNPC (texto) a 07.06.13

Breve retrato da Coreia do Norte

"Haverá pelo menos dez mil católicos a viver a fé em segredo"

«Pelo menos dez mil norte-coreanos continuam a cultivar a fé católica na profundidade do seu coração, mas é difícil crer que possa existir uma Igreja subterrânea» no país, acredita Lee Eun-hyung, padre da Coreia do Sul. As declarações do secretário-geral da Comissão para a Reconciliação do Povo Coreano, organismo criado em 1999 no âmbito do episcopado da Coreia do Sul, foram publicadas esta sexta-feira no site "Vatican Insider".

Numa conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre, fundação internacional que a ação pastoral em países onde os católicos são perseguidos ou têm falta de meios financeiros, o sacerdote descreveu as condições da população da Coreia do Norte e recordou as suas três viagens à capital, a última das quais em 2011. «De cada vez que estive em Pyongyang celebrei missa na igreja católica de Jangchung, a única reconhecida pelo regime. Havia sempre muitas pessoas sentadas nos bancos mas não posso dizer se eram católicos, dado que fui severamente proibido de me aproximar e falar com eles», referiu. A comunidade de Jangchung é orientada por um leigo que todos os domingos celebra a Liturgia da Palavra: «Não poderia ser de outra forma porque não me parece que haja algum sacerdote na Coreia do Norte».

O número de católicos no país asiático é praticamente impossível de determinar: «As autoridades falam de três mil fiéis, mas não sabemos se esse dado é credível nem como foi calculado». Os últimos números remontam a 1945, ano da divisão das duas Coreias, quando os católicos no Norte eram mais de 50 mil e Pyongyang era considerada a "Jerusalém do Oriente". «Nesse tempo a obra dos missionários era muito viva e até a mãe de Kim Il-sung, o imperador que morreu em 1994, pertencia a uma família protestante muito devota», assinala o padre Lee. Havia também muitas igrejas cristãs, quase todas destruídas durante a guerra de 1950-53 ou que a seguir ao conflito foram atribuídas pelo regime a outras finalidades.

A Coreia do Norte está hoje entre os países em que a liberdade religiosa é maioritariamente negada, mas apesar dos longos anos de perseguição religiosa o padre Lee acredita que pelo menos dez mil pessoas continuam ativamente ligadas ao catolicismo. Uma tese que parece encontrar confirmação em muitos dos testemunhos de refugiados norte-coreanos, que falam de mulheres idosas sentadas em círculo, passando grãos pela mão como se estivessem a rezar o terço.

«Quando se ultrapassa a "cortina de bambu" tem-se a impressão de voltar no tempo pelo menos 40 ou 50 anos. Além da grave falta de alimentos, a população não tem nada para se aquecer», afirmou o responsável. A enorme necessidade de lenha conduziu ao abate de muitas árvores, com o consequente aumento de deslizamentos de terra e inundações. «Em 2007 demos mais de 300 mil caixas de carvão. A nossa camioneta conseguiu chegar até Kaesong, a poucos quilómetros da fronteira, e apesar de ser severamente proibido, falámos com habitantes da localidade e ouvimos as suas dificuldades», disse.

Há três anos, em 2010, a Coreia do Sul interrompeu a ajuda humanitária ao vizinho do norte: «Todas as nossas atividades de ajuda foram suspensas. AGora esperamos uma mudança de política da parte do presidente Lee Myung-bak. Infelizmente conhecemos perfeitamente as muitas necessidades do lado de lá da fronteira». «Através da associação católica Joseon, a única reconhecida pelo regime de Kim Jong-un, continuam a chegar pedidos de ajuda à Comissão para a Reconciliação do Povo Coreano. E a igreja de Jangchung precisa de obras urgentes», assinalou.

Para o padre Lee, a retoma do diálogo entre os dois países é a única solução possível: «As tensões agravaram as condições da população norte-coreana. E mesmo a nossa economia ressentiu-se. Uma guerra causaria apenas feridas mais profundas. Os acordos e a cooperação são o único caminho de saída desta situação angustiante».

Vatican Insider
publicado in SNPC (trad.) a 07.06.13

Mãe de Deus, segundo Pessoa

Mãe de Deus, porque tu a Deus creaste,
Filha de Deus, pois Elle te creou,
Irmã de Deus, pois Elle te enviou,
Sposa de Deus, pois virgem tu ficaste,

Eterna, transcendente e fragil haste
Que abre ao alto em Mulher, na que baixou
Á terra, a dar á Eva que peccou
A seiva do carinho que lhe achaste.

És tu que dás ás mães o - afago
És tu -
Tu és a alma da Mulher -

E se o que penso é com amor affim,
E em minha inspiração sinto o teu beijo,
Mãe, mãe de Deus, mãe do Divino em mim.


Fernando Pessoa

Sonetos inéditos até 2000
Edição: Jerónimo Pizarro, Carlos Pittella-Leite
In Granta (Portugal), n. 1

O Rei, segundo Fernando Pessoa

O Rei

O Rei, cuja coroa de oiro é luz
Fita do alto do throno os seus mesquinhos.
Ao meu Rei coroaram-O de espinhos
E por throno Lhe deram uma cruz.

O olhar fito do Rei a si conduz
Os olhares fitados e visinhos
Mas mais me fitam, e mortas sem carinhos,
As palpebras descidas de Jesus.

O Rei falla, e um seu gesto tudo prende,
O som da sua voz tudo transmuda.
E a sua viva majestade esplende;

Meu Rei morto tem mais que majestade:
Falla a Verdade nessa bocca muda;
Suas mãos presas são a Liberdade.

Fernando Pessoa

Papa Francisco: o padre de sempre

O prólogo diz muito…

«Tive a oportunidade de entrevistar Bergoglio em diversas ocasiões e circunstâncias, mas num momento em que abundam os episódios de quem afirma que o conheceu muito bem, a minha é realmente uma contribuição mínima. Posso só dizer que uma vez o vi multiplicar os alimentos, como fez Jesus com os pães e os peixes. Foi em outubro de 2012.

Na altura eu colaborava com a Sala de Imprensa dos encontros ecuménicos de católicos e evangélicos, da qual o padre Bergoglio [papa Francisco] era um dos organizadores. No estádio no qual se realizava o encontro a administração não permitia entrar com comida; por conseguinte, durante as pausas todos os presentes deviam comprar lá a comida. A escolha não era muito variada: haviam só empadas, os típicos bolinhos recheados com carne, e além disso eram poucos. Era um dia de festa nacional e no programa não estavam previstos outros eventos. Alguém perguntou a Bergoglio se preferia ir almoçar no bairro exclusivo de Puerto Madero, perto do estádio, no qual se encontram diversos restaurantes elegantes, mas ele respondeu que queria ficar para almoçar juntamente com todos os outros.

Quando nós, jornalistas, fizemos uma pausa para o almoço, já era muito tarde e não tinha ficado quase nada. Enquanto percorríamos a sala onde se servia o almoço, Bergoglio aproximou-se, saudou-nos um por um e agradeceu o nosso trabalho. Nós sentámo-nos na última mesa. A empregada trouxe-nos um prato com cinco empanadas, mas éramos oito. Um de nós tomou a iniciativa e começou a dividi-las. Compartilhar: este era o espírito do encontro. Contudo, não tínhamos outra escolha.

Da sua mesa, do outro lado da sala, Bergoglio viu os nossos movimentos e compreendeu. Levantou-se e perguntou aos outros clientes se tinham acabado de comer. Recuperou das mãos de pastores e sacerdotes as últimas empadas, reuniu-as num prato e deu-nas. Comovidos pelo seu gesto tão atencioso, sentimo-nos lisonjeados e surpreendidos. Ele tinha multiplicado a comida.

Aquele pequeno milagre ficou-nos gravado no coração. O homem de hoje que ocupa o sólio de Pedro tinha visto e preenchido uma necessidade, enquanto ninguém se tinha dado conta.

Este é o homem que, com setenta e seis anos, tem como objectivo mudar o mundo. Será que vai conseguir?»

Este é o epílogo do livro Francesco. Il Papa della gente. Dall'infanzia all'elezione papale, una vita al servizio degli altri (Francisco. O Papa do povo. Da infância à eleição papal, uma vida ao serviço dos outros), da Rizzoli, tradução italiana da biografia de Jorge Mario Bergoglio publicada pela editora argentina Aguilar, que a autora, vaticanista do "Nación" e amiga da família Bergoglio, doou há poucos dias ao papa.

A própria Evangelina Himitian, autora da obra, narrou este encontro no seu jornal, em artigo publicado a 2 de junho: uma breve audiência privada que, devido aos numerosos compromissos de Francisco, parecia destinada a ser cancelada. Ao contrário, ao tomar conhecimento da sua presença, o papa chamou-a.

«As regras do Vaticano para as audiências papais são muito rigorosas. Com um simples gesto Francisco muda-as todas. Apressa-se, oferece um abraço, um beijo. Chama-te pelo nome e sorri. Esforça-se por demonstrar o que é claro a todos logo que o vemos: que é o mesmo padre Jorge de sempre.»

L'Osservatore Romano a 7.6.2013

Uma profunda alegria

O louvor de Deus

«Nós, cristãos, não estamos muito habituados a falar de alegria», disse Francisco na missa a que presidiu no Vaticano (…). Depois de apontar que «muitas vezes» os cristãos têm mais gosto no lamento do que no contentamento, o papa salientou que «sem alegria» os crentes não podem ser «livres» (…).

O papa Paulo VI sublinhava que «não se pode levar adiante o Evangelho com cristãos tristes, abatidos» e «desencorajados», recordou Francisco. «Muitas vezes os cristãos têm mais cara de que estão num cortejo fúnebre do que estão a louvar a Deus», assinalou. O louvor a Deus, prosseguiu Francisco, concretiza-se «saindo de si próprio», «gratuitamente», como é gratuita a graça divina. (…)

As palavras de Francisco foram proferidas no dia em que os católicos evocam a visitação da Virgem Maria, grávida de Jesus, a Isabel, que apesar de idosa também se preparava para dar à luz João Batista. No evangelho das missas do último dia de maio é proclamado o Magnificat, canto de ação de graças a Deus pronunciado por Maria, figura que para o papa constitui modelo de louvor para a Igreja.

Rui Jorge Martins
in SNPC a 31.05.13

Comunhão e partilha

Homilia de Francisco no Corpo de Deus

Não devemos ter medo da solidariedade, diz papa, que pede comunhão e partilha

«Caros irmãos e irmãs, no Evangelho que escutámos, há uma expressão de Jesus que me impressiona sempre: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Lc 9,13). Partindo desta frase, deixo-me guiar por três palavras: seguimento, comunhão, partilha.

1. Antes de tudo: quem são aqueles a quem dar de comer? Encontramos a resposta ao início do trecho evangélico: é à multidão. Jesus está no meio das pessoas, acolhe-as, fala-lhes, cura-as e mostra-lhes a misericórdia de Deus. No meio delas escolhe os doze apóstolos para estarem com Ele e se imergirem como Ele nas situações concretas do mundo. E as gentes seguem-no, escutam-no porque Jesus fala e age numa maneira nova, com a autoridade de quem é autêntico e coerente, de quem fala e age com verdade, de quem dá a esperança que vem de Deus, de quem é revelação do rosto de um Deus que é amor. E as gentes, com alegria, bendizem Deus.

Esta noite somos nós a multidão do Evangelho; também nós procuramos seguir Jesus para o ouvir, para entrar em comunhão com Ele na Eucaristia, para o acompanhar e para que nos acompanhe. Perguntemo-nos: como é que eu sigo Jesus? Jesus fala em silêncio no mistério da Eucaristia e todas as vezes nos recorda que segui-lo quer dizer sair de nós mesmos e fazer da nossa vida não uma possessão nossa mas um dom a Ele e aos outros.

2. Demos um passo em frente: de onde nasce o convite que Jesus faz aos discípulos para que tirem eles mesmos a fome à multidão? Nasce de dois motivos: em primeiro lugar da turba que, seguindo Jesus, se encontra em campo aberto, longe de lugares habitados, enquanto se faz noite; e, depois, da preocupação dos discípulos que pedem a Jesus para despedir as pessoas para que vá para as terras vizinhas para encontrar alimento e alojamento (cf. Lc 9,12). Diante da necessidade da multidão, eis a solução dos discípulos: que cada um pense em si próprio; despedir a multidão! Quantas vezes nós, cristãos, temos esta tentação. Não fazemos caso da necessidade dos outros, despedindo-os com um piedoso «Que Deus te ajude", ou com um não tão piedoso "Boa sorte"...

Mas a solução de Jesus vai noutro sentido, um sentido que surpreende os discípulos: «Dai-lhes vós mesmos de comer». Mas como é que é possível sermos nós a dar de comer a uma multidão? «Só temos cinco pães e dois peixes, a menos que vamos nós comprar alimento para toda esta gente» (Lc 9,13). Mas Jesus não se desencoraja: pede aos discípulos para fazerem sentar as gentes em comunidades de cinquenta pessoas, levanta os olhos ao céu, recita a bênção, parte os pães e dá-os aos discípulos para que os distribuam (cf. Lc 9,16). É um momento de profunda comunhão: a multidão saciada pela palavra do Senhor é agora alimentada pelo seu pão de vida. E todos foram saciados, nota o evangelista (cf. Lc 9,17).

Esta noite, também nós estamos à roda da mesa do Senhor, à mesa do sacrifício eucarístico, no qual Ele nos dá mais uma vez o seu Corpo, torna presente o único sacrifício da cruz. E na escuta da sua palavra, no nutrir-se do seu Corpo e do Seu Sangue, que Ele nos faz passar do ser multidão ao ser comunidade, do anonimato à comunhão. A Eucaristia é o sacramento da comunhão, que nos faz sair do individualismo para vivermos juntos o seguimento, a fé nEle. Devemos então perguntar-nos diante do Senhor: como vivo eu a Eucaristia? Vivo-a de modo anónimo ou como momento de verdadeira comunhão com o Senhor, mas também com todos os irmãos e irmãs que partilham esta mesma mesa? Como são as nossas celebrações eucarísticas?

3. Um último elemento: de onde nasce a multiplicação dos pães? A resposta está no convite de Jesus aos discípulos: «Dai vós mesmos...», "dar", partilhar. O que é que os discípulos partilham? O pouco que têm: cinco pães e dois peixes. Mas são precisamente aqueles pães e aqueles peixes que nas mãos do Senhor tiram a fome a toda a multidão. E são os próprios discípulos, perplexos diante da incapacidade dos seus meios, na pobreza do que podem colocar à disposição, a fazer acomodar as pessoas e a distribuir - confiando-se na palavra de Jesus - os pães e peixes que alimentam a multidão. E isto diz-nos que na igreja, mas também na sociedade, uma palavra chave de que não devemos ter medo é «solidariedade», saber colocar à disposição de Deus o que temos, as nossas humildes capacidades, porque só na partilha, no dom, a nossa vida será fecunda, dará fruto. Solidariedade: uma palavra malvista pelo espírito do mundo.

Esta noite, mais uma vez, o Senhor distribui para nós o pão que é o seu Corpo, faz-se dom. E também nós experimentamos a "solidariedade de Deus" com o homem, uma solidariedade que nunca se esgota, uma solidariedade que não cessa de nos surpreender: Deus faz-se próximo de nós, no sacrifício da cruz abaixa-se, entrando na escuridão da morte para dar-nos a sua vida, que vence o mal, o egoísmo e a morte. Jesus também esta noite dá-se-nos na Eucaristia, partilha o nosso próprio caminho, faz-se alimento, o verdadeiro alimento que sustém a nossa vida mesmo nos momentos em que o caminho se torna duro e os obstáculos abrandam os nossos passos. E na Eucaristia o Senhor faz-nos percorrer o seu caminho, o do serviço, da partilha, do dom, e aquele pouco que temos, aquele pouco que somos, se partilhado, torna-se riqueza, porque o poder de Deus, que é o do amor, desce à nossa pobreza para a transformar.

Perguntemos então esta noite, adorando o Cristo presente realmente na Eucaristia: deixo-me transformar por Ele? Deixo que o Senhor que se dá a mim, me guie a sair cada vez mais do meu pequeno espaço, a sair e a não ter medo de dar, de partilhar, de amar a Ele e aos outros?
Irmãos e irmãs: seguimento, comunhão, partilha. Rezemos para que a participação na Eucaristia nos leve sempre: a seguir o Senhor a cada dia, a sermos instrumentos de comunhão, a partilhar com Ele e com o nosso próximo aquilo que somos. Então a nossa existência será verdadeiramente fecunda. Ámen.»

Papa Francisco
Solenidade do Corpo de Deus, Roma, 30.5.2013
in SNPC (trad.) a 31.05.13

O Vaticano na Bienal de Arte de Veneza de 2013

Nota: esta imagem não representa nenhum dos trabalhos apresentados pela Santa Sé
Encontro entre Bíblia e arte contemporânea promovido pela Santa Sé

Erradamente, a arte contemporânea e a fé são para muitos termos incompatíveis. Os postulados são apresentados como uma espécie de contradictio in adjecto, seja porque se entende que a liberdade estética, a transgressão e o declarado caráter transiente [transitório] da arte contemporânea são incompatíveis com o ideário do belo, do bom e do verdadeiro, porque se observa na arte contemporânea uma imoralidade estratégica, ou porque, por outro lado, se defende que a fé está definitivamente afastada das matérias profanas da atividade artística. Esta atitude serve apenas radicalismos inúteis, mas fáceis. Além de falácias sediciosas, alimenta um antagonismo que, na verdade, reescreve a relação de proximidade que o impulso artístico tem mantido ao longo de séculos com a intuição da fé.

A arte contemporânea é frequentemente enigmática, renegoceia, não raro, as relações entre o belo e o feio, mas não deixa de constituir uma procura, mesmo que situada, pela revelação de uma certa transcendência. Ainda que esta transcendência não se manifeste no impulso da fé, há justamente um espaço de abertura que trespassa a gestualidade moderna, da música de Stockhausen às coreografias de Pina Bausch ou às telas rasgadas de Lucio Fontana.

O Cardeal Gianfranco Ravasi, que preside ao Conselho Pontifício para a Cultura, salientava esta abertura ao absoluto do gesto aparentemente destrutivo, mas rico de intencionalidade de Fontana, numa conferência, em Lisboa, em novembro passado, defendendo a necessidade de recuperar a intimidade entre a busca da arte contemporânea e a Igreja, atacada pela desconfiança dos últimos tempos, na senda da abertura dialógica que o catolicismo convoca.

Um passo importante nesta direção é o pavilhão da Santa Sé na Bienal de Veneza (…). Com curadoria do Cardeal Ravasi, esta é a primeira vez que o Vaticano participa na Bienalle, este ano subordinada ao tema "O Palácio Enciclopédico", com um tríptico concebido a partir do Livro de Génesis.

Neste modelo triádico configura-se a criação, a descriação, ou destruição, e a recriação. Ao invés de uma funcionalização litúrgica da arte, as obras, do fotógrafo checo Josef Koudelka, do pintor americano Lawrence Carrol e do coletivo multimédia italiano Studio Azzurro, configuram o círculo da criação, apresentando a arte contemporânea em diálogo com o mais antigo manifesto de estética, o Livro de Génesis e a sua representação mais perfeita, a humanidade. Um encontro radioso a visitar até 24 de novembro.

Isabel Capeloa Gil
Vice-reitora da Universidade Católica Portuguesa
In Página 1, 29.5.2013
Com SNPC a 30.05.13

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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