Ai, meu Deus, é uma no cravo outra na ferradura. Quando uma pessoa pensa que houve uma luzinha que se acendeu, vem logo um apagão para desmentir. Cito um artigo e, já que de tão triste se torna cómico, tomo a opção de fazer comentários em notas de rodapé:
Papa reafirma que homossexualidade é incompatível com ser padre
No mesmo livro em que fala dos preservativos e VIH [ou HIV] o Papa Bento XVI reafirma as suas ideias sobre as pessoas homossexuais.
Se por um lado o papa defende que os homossexuais são "seres humanos"[1] e que não devem ser "discriminados por causa disso", por outro indica casos específicos em que essa discriminação é obrigatória e aponta supostas razões para validar essa discriminação.
Mas o discurso do papa não fica por aqui, afirmando que a homossexualidade é "contrária à essência do que Deus originalmente desejava"[2].
Relativamente ao sacerdócio, para o papa a questão está no celibato... segundo a imagem que Bento XVI apresenta no livro, quando um homossexual quer ser padre não tem de renunciar a uma vida com outra pessoa (pois nunca irá celebrar o matrimónio católico com alguém do mesmo sexo), ao contrário do que acontece com os heterossexuais que têm essa possibilidade [3].
E como se não bastasse, Bento XVI continua a fazer referência a um documento do Vaticano de 2005 em que se diz que os candidatos homossexuais não podem ser padres porque, supostamente, a sua homossexualidade iria interferir no "bom sentido da paternidade" necessário para ser padre [4].
E no final Bento XVI esclarece ainda que também é importante evitar uma "situação em que o celibato dos padres seria praticamente vista como uma tendência para a homossexualidade."[5]
E ficamos assim todos e todas esclarecidos sobre as últimas da visão da Igreja Católica sobre os homens homossexuais.
In PortugalGay.PT a 27 de Novembro de 2010
COMENTÁRIOS:
[1] Uau! Será que somos?
[2] ... será que entendi bem? O Papa pensa que Deus se enganou? Ou o homossexual é tão "criativo" que sai fora do âmbito da Criação de Deus?
[3] vejo aqui algumas pontas soltas: Mas se um homossexual quer ser padre, naturalmente deve estar de acordo ou pelo menos aceitar as normas vigentes da Igreja, logo deverá certamente querer viver em celibato, certo? Mas por este ponto de vista, um heterossexual também NÃO TEM DE renunciar a uma vida com outra pessoa... E por isso é que há filhos de padres, e mulheres/amantes de padres e Vidas Duplas. Mas no caso dos heterossexuais não se parte do princípio que estes casos são a maioria, certo? E porque é que se parte do princípio que a maioria dos padres homossexuais não vive em celibato? É certo que muitos não o fazem, mas os outros não podem pagar por tabela; até porque, de facto, há muitos que o são, mas não se sabe porque não o apregoam - nem o puderam dizer nunca, não é verdade?!
[4] Ha! Ha! Ha! A maioria dos padres que conheço não dariam bons pais e, supostamente, são heterosexuais. E quem disse que um gay não tem vocação de paternidade? (nunca o li na Bíblia, devo ter faltado à sessão de catequese em que se falou disso)
[5] Tarde de mais, Santo Padre, é o que mais se vê por aí! Enquanto os padres não se puderem casar, há muitos heterossexuais que põem logo de parte a hipótese de serem padres, por ser incompatível com formar família. E há muitas falsas vocações e muita gente com sérios distúrbios e problemas psicológicos, sociais, morais ou relacionais que vão para o seminário pelas razões ERRADAS: para ver se se libertam do sentimento de culpa, para forçar uma vivência mais desligada com o seu corpo achando que conseguirão vencer "a tentação" (pois nunca o souberam integrar, nem a sua sexualidade, no desenvolvimento humano), por uma atracção pelo rito, pelo fausto, pela aura e pela veneração com que um padre é visto nalguns "meios" da Igreja. E enquanto não houver um sério discernimento vocacional e psicológico dentro do seminário, esta realidade não mudará. E esse discernimento, obviamente, não deverá nem poderá ser feito por ninguém de dentro do seminário, mas por profissionais imparciais e de reconhecidas capacidades.
Deixo a ressalva que existem, felizmente, muitos bons padres e padres pelas boas razões. Mas vão escasseando...
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