Estar ao serviço do outro
"Acontece várias vezes: alguém chegar junto a mim e dizer com ar sonhador que, também, gostava de um dia fazer voluntariado.
Pergunto logo, a essa pessoa, o que falta para dar esse passo. Muitas vezes são respostas lacónicas que oiço ou desculpas várias.
Pois…. Há tantos motivos que nos levam a ficar no comodismo ou no quentinho do sofá.
Mas, ao contrário, há um argumento maior que nos leva a sair de nós mesmos, ao encontro do outro: o Amor.
É o Amor, a Boa Nova que Jesus Cristo nos traz e que nos deixa como proposta de Vida e, ao longo dos últimos 10 anos, é esse Amor, vivido com a nossa Fé em Deus Pai, que tem levado o grupo Diálogos, Leigos Svd para a missão, a promover vários projectos de voluntariado.
Começámos com o projecto no Centro João Paulo II, onde talvez o maior desafio que surge que é o de aprender a comunicar com todos os nossos sentidos, com aqueles “meninos” portadores de deficiência profunda. Para isso, vemos como é importante usar todos os dons que Deus nos concede. Só assim conseguimos entender o que aqueles “meninos” nos querem dizer através de um simples olhar. Só assim conseguimos sentir que apesar das nossas diferenças, incluindo físicas, todos somos filhos queridos de Deus.
É este viver, da nossa vocação missionária, que nos tem levado, nos últimos 5 anos, até Vilar Formoso, ao encontro da população maior e nos últimos três até à Quinta do Mocho para trabalhar com crianças e jovens.
Projectos que nos fazem redescobrir a urgência de sermos missionários onde quer que estejamos, com quem quer que esteja ao nosso lado.
Mas ouvimos, também, a voz de Cristo que continuamente nos tem desafiado a ir até mais longe. Por isso já atravessámos 6 vezes o mar até Angola. Ali junto a uma população pobre de bens materiais, mas rica em fé, sentimos a alegria de quem, com toda a sua simplicidade, partilha os seus dons, alicerçados em valores de paz, justiça e fraternidade.
Partir para servir.
Darmo-nos ao outro.
Ser presença amiga que traz a esperança ou que renova o amor.
Tudo isto é uma opção de vida. É um responder com sim à missão a que Deus chama.
E quem, senão o voluntário, pode descrever tão bem a alegria que sente no coração ao ver o riso da criança a brincar, ou o sorriso do idoso que tem quem o escute, ou do portador de deficiência que tem quem o leva a passear fora das 4 paredes da sua casa, ou ainda a felicidade do homem, cansado dos tempos de guerra, que, apenas, quer contar as suas histórias?
Sofá ou comodismo?
Eu prefiro partir e viver a alegria de quem se dá ao serviço dos outros.
Um dar sem medida porque a única medida que conheço é o Amor."
Por Fernanda Ramalhoto
in Revista "SVD ao Encontro", nº 62 de Janeiro/Março de 2011
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