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A diversidade na Igreja

"A casa do meu Pai tem muitas moradas", diz-nos Jesus no evangelho.

A unidade na diversidade não é sempre aparente na Igreja enquanto povo de Deus, mas é uma realidade em Deus e uma presença na fé cristã desde a sua origem. A Palavra de Deus não é partidária, elitista e exclusiva. O Reino de Deus é como uma árvore que estende os ramos para dar abrigo a todos os pássaros do céu. Cristo não morreu na cruz para salvar uma mão cheia de cristãos. Até o Deus Uno encerra em si o mistério de uma Trindade.

A Palavra de Deus é inequívoca e só pode levar à desinstalação, à abertura ao outro, e a recebê-lo e amá-lo enquanto irmão ou irmã. Ninguém fica de fora, nem mesmo - se tivessemos - os inimigos.

Muitos cristãos crêem nesta Igreja, nesta casa do Pai, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Mas como esquecer que muitos se sentem "de fora" por se verem rejeitados, amputados e anulados, e afastam-se por ninguém lhes ter mostrado que há um lugar para cada um, com a totalidade do seu ser?

Um blogue para cristãos homossexuais que não desistiram de ser Igreja

Porquê este blogue?

Este blogue é a partilha de uma vida de fé e é uma porta aberta para quem nela quiser entrar. É um convite para que não desistas: há homossexuais cristãos que não querem recusar nem a sua fé nem a sua sexualidade. É uma confirmação, por experiência vivida, que há um lugar para ti na Igreja. Aceita o desafio de o encontrares!

Este blogue também é teu, e de quem conheças que possa viver na carne sentimentos contraditórios de questões ligadas à fé e à orientação sexual. És benvindo se, mesmo não sendo o teu caso, conheces alguém que viva esta situação ou és um cristão que deseja uma Igreja mais acolhedora onde caiba a reflexão sobre esta e outras realidades.

Partilha, pergunta, propõe: este blogue existe para dar voz a quem normalmente está invisível ou mudo na Igreja, para quem se sente só, diferente e excluído. Este blogue não pretende mudar as mentalidades e as tradições com grande aparato, mas já não seria pouco se pudesse revelar um pouco do insondável Amor de Deus ou se ajudasse alguém a reconciliar-se consigo em Deus.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Confiar que Deus quer a unidade

Precisamos construir uma ponte entre a comunidade LGBT e a Igreja Católica. 
(Parte IV)

por James Martin, S.J
tradução de José Leote (Rumos Novos)

JUNTOS NA PONTE

No geral, o convite para pisar a ponte do «respeito, compaixão e delicadeza» mútuos é dirigido tanto à igreja institucional como à comunidade LGBT.

Algumas destas coisas podem ser difíceis de ouvir por parte da comunidade LGBT. É difícil pisar essa ponte. E algumas destas coisas podem ser difíceis para os bispos ouvirem. Porque nenhuma das faixas da ponte é suave. Nesta ponte, tal como na vida, há portagens. Custa quando vivemos uma vida de respeito, compaixão e delicadeza. Porém, acreditar nesta ponte é acreditar que eventualmente as pessoas a serão capazes de ir e vir nela facilmente e que a hierarquia e a comunidade LGBT serão capazes de se encontrar uns com os outros. É confiar que Deus deseja a unidade.

Estamos todos juntos na ponte. Porque, é claro, a ponte é a igreja. E, em última análise, no outro lado da ponte, para cada um dos grupos, encontra-se o acolhimento, a comunidade e o amor.

À laia de conclusão, gostaria de dizer algo especificamente à comunidade LGBT. Em tempos difíceis podem perguntar: O que é que mantém a ponte de pé? O que é que evita que ela colapse nas rochas afiadas? O que é que nos impede de mergulhar nas águas perigosas por baixo? O Espírito Santo. O Espírito Santo apoia a igreja e apoia-vos a vós.

Pois vós sois filhos amados de Deus que, por virtude do vosso batismo, tendes tanto direito em estar na igreja como o Papa, os bispos locais, ou eu. É certo que essa ponte tem algumas pedras soltas, grandes lombas e buracos enormes, porque as pessoas na igreja não são perfeitas. Nunca o fomos – perguntem simplesmente a S. Pedro. E nunca o seremos. Somos todos pessoas imperfeitas, lutando para dar o nosso melhor à luz das nossas vocações individuais. Somos todos peregrinos a caminho, pecadores amados que seguem o chamamento que, pela primeira vez ouvimos, no nosso batismo e que continuamos a ouvir diariamente nas nossas vidas.

Resumindo, vocês não estão sozinhos. Milhões dos nossos irmãos e irmãs católicos acompanham-vos, como o fazem os vossos bispos, à medida em que juntos caminhamos imperfeitamente nesta ponte. Mais importante, somos acompanhados por Deus, o reconciliador de todos os homens e mulheres de boa vontade, bem como o arquiteto, o construtor e a fundação dessa ponte.

Publicado em português In Rumos Novos

Os católicos LGBT devem orar pela Igreja e usar a linguagem do amor

Precisamos construir uma ponte entre a comunidade LGBT e a Igreja Católica. 
(Parte III)

por James Martin, S.J
tradução de José Leote (Rumos Novos)

A SEGUNDA FAIXA

Vamos agora dar uma volta na outra via da ponte: aquela que conduz desde a comunidade LGBT à igreja institucional. O que significaria para a comunidade LGBT tratar a igreja institucional com «respeito, compaixão e delicadeza»?

Neste momento, na igreja é a hierarquia que possui o poder institucional. Tem o poder de autorizar alguém a receber os sacramentos; autorizar ou proibir os padres de celebrarem os sacramentos; abrir ou encerrar ministérios diocesanos ou paroquiais; permitir que as pessoas mantenham os seus cargos nas instituições católicas e por aí em diante. Porém, a comunidade LGBT também tem poder. Cada vez mais, por exemplo, os media ocidentais são cada vez mais favoráveis à comunidade LGBT do que à hierarquia. Este é um tipo de poder. Mesmo assim, na igreja institucional, a hierarquia detém a posição de poder.

Os católicos LGBT são chamados a tratar os que se encontram no poder com «respeito, delicadeza e compaixão.» Porquê? Porque, como referido, é uma ponte de duas vias. Mais do que isso, porque os católicos LGBT são cristãos e essas virtudes expressam o amor cristão. Essas virtudes também constroem toda a comunidade.

1) Respeito. O que é que significaria para a comunidade LGBT mostrar «respeito» pela igreja? Também aqui, falo especificamente em relação ao Papa e aos bispos, ou seja, a hierarquia e, de forma mais abrangente, o magistério, a autoridade de ensino da igreja.

Os católicos acreditam que os bispos, padres e os diáconos recebem nas respetivas ordenações a graça de um ministério especial de liderança dentro da igreja. Acreditamos igualmente que os bispos em particular têm uma autoridade que lhes advém dos apóstolos. É isto que queremos dizer, em parte, quando professamos a nossa crença aos domingos na Missa: a igreja é «apostólica». Acreditamos igualmente que o Espírito Santo inspira e guia a igreja. Certo está que isso acontece através do povo de Deus que, conforme o Concílio do Vaticano II afirma, estão embuídos com o Espírito; mas isso também acontece através do papa, dos bispos e do clero em virtude da sua ordenação e das suas funções.

Portanto a igreja institucional – papas e conselhos, arcebispos e bispos – fala com autoridade no seu papel de professores. Nem todos falam com o mesmo nível de autoridade (já falamos disso depois), mas todos os católicos devem em oração considerar aquilo que eles ensinam. Para fazer isso, somos chamados a escutar. O seu ensinamento merece o nosso respeito.

Portanto, antes de mais escutar. Em todos os assuntos, não somente sobre os assuntos LGBT. O episcopado fala com autoridade, que lhe advém de uma longa caminhada da tradição. Quando os bispos falam sobre assuntos como, mas não exclusivamente; amor, perdão, misericórdia e cuidado dos pobres e marginalizados, os nascituros, os sem-abrigo, os prisioneiros, os refugiados e por aí adiante, eles estão inspirados não somente nos Evangelhos, mas também no tesouro espiritual da tradição da igreja. Frequentemente, particularmente em questões de justiça social, podemos facilmente concluir que eles nos desafiarão com uma sabedoria que não ouviremos em mais parte nenhuma do mundo.

E quando eles falam sobre temáticas LGBT de uma forma com a qual não estamos de acordo, ou que nos irrita ou ofende, mesmo assim devemos escutar. Pergunta: «O que é que eles estão a dizer? Porquê é que o dizem? O que é que está por detrás das suas palavras?» Escuta, considera mesmo orar e, claro, usa a tua consciência.

Para além daquilo que podemos chamar de respeito eclesial, a hierarquia merece um mero respeito humano. Frequentemente fico destroçado pelas coisas que oiço alguns católicos LGBT e seus aliados dizerem sobre alguns bispos. Oiço estas coisas em privado e em público. Recentemente um grupo LGBT, em resposta a uma declaração dos bispos referente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, disse que os bispos deviam parar de estar «trancados nas suas torres de marfim.» Eu pensei: «Francamente?! Também dizem isso sobre os bispos das dioceses pobres? Que eles vivem em «torres de marfim»? A bispos que pessoalmente ministram aos pobres e que supervisionam paróquias em bairros degradados, apoiam escolas que educam os pobres desses bairros e gerem serviços da Caritas?» Pode não se estar de acordo com os bispos, mas esse tipo de linguagem é, não só desrespeituosa, é imprecisa.

Agora mais seriamente, os católicos LGBT e os seus aliados, algumas vezes com falta de misericórdia, gozam com os bispos devido às suas promesses de celibato, os locais onde vivem e, particularmente, as vestes que usam. A implicação mal disfarçada de colocar online fotografias de bispos vestindo indumentárias litúrgicas elaboradas é a de que eles são efeminados, hipócritas ou que são gays reprimidos. Será que a comunidade LGBT quer verdadeiramente continuar por esse caminho? Querem os homossexuais gozar com os bispos porque são efeminados, quando muitos homossexuais foram provavelmente provocados precisamente sobre essas coisas quando eram jovens? Isso não é simplesmente perpetuar o ódio? Como é que pode alguém castigar um bispo por não respeitar a comunidade LGBT ao mesmo tempo em que não o respeita também? Querem criticar as pessoas pelas suas supostas atitudes não-cristãs, sendo eles mesmos não-cristãos?

Isto pode ser difícil de ouvir por parte de pessoas que se sentem vergastadas pela igreja. Porém, ser respeitador das pessoas com as quais discordamos não é somente a maneira de ser cristão. Mesmo do ponto de vista humano é uma boa estratégia. Se pretendemos influenciar a perspetiva da igreja sobre assuntos LGBT ajuda ganhar a confiança da hierarquia. E um modo de o conseguir é respeitando-os. Portanto quer a abordagem cristã quer a sabedoria simples dizem: respeitem-nos.

2) Compaixão. O que é que significaria ter compaixão pela hierarquia?

Primeiro, recordemo-nos da definição de compaixão: «experimentar com, ou sofrer com.» Parte disso, como mencionei, é conhecer com é a vida dessa pessoa. Então, parte da compaixão em relação à igreja institucional é uma compreensão real, sentida da vida daqueles no poder.

Durante a minha vida de padre jesuíta, conheci muitos cardeais, arcebispos e bispos. Alguns considero mesmo meus amigos. Todos os que conheci são bondosos, trabalhadores e homens de oração, muitos dos quais foram muito gentis para mim pessoalmente e são filhos leais da igreja tentando levar a bom porto os ministérios para os quais foram ordenados.

Nos tempos que correm, para além do normal «triplo ministério» de «ensinar, governar e santificar» (ou seja, ensinar o Evangelho, gerir a diocese e celebrar sacramentos), os bispos têm ainda de fazer o seguinte: (a) lidar com os efeitos colaterais – financeiros, legais e emocionais – dos casos de abuso sexual por parte do clero, normalmente casos com os quais nada têm que ver; (b) arranjar pessoal para as paróquias perante o rápido declínio das vocações para o sacerdócio e para as ordens religiosas; (c) decidir que paróquias e escolas encerrar ou consolidar face a apelos emocionais e protestos irados, piquetes e manifestações de paroquianos, vizinhos, estudantes e alunos; (d) ajudar a angariar dinheiro para quase todas as instituições na diocese, incluindo escolas, hospitais, comunidades para retiro de padres e agências de serviços sociais; e (e) responder a queixas por parte de católicos enfurecidos que chovem nas suas chancelarias, acerca de tudo e mais alguma coisa, incluindo supostos abusos litúrgicos durante a missa, comentários inapropriados que um padre proferiu durante uma homilia, um artigo de que não gostaram no jornal de diocese, ou mesmo um católico que recebeu um prémio de um grupo do qual não gostam.

A compaixão conduz-nos igualmente a uma certa igualdade de coração. Isso significa conseguir ver que, pelo menos, alguns em posições de liderança na nossa igreja podem eles mesmos estar a lutar. Podem ser homens homossexuais, que numa idade mais jovem foram torturados pelas mesmas atitudes de ódio que a maioria das pessoas LGBT sentiram na pele enquanto cresciam, e que entraram no mundo religioso que parecia dar-lhes alguma segurança e privacidade. Este não foi de longe a única razão que levou alguns destes homens a entrarem nos seminários diocesanos e nas casas religiosas de formação, mas pode ter sido um fator de apelo para essa vida: uma certa privacidade, um modo de servir, com sinceridade, a Deus sem ter de admitir a própria sexualidade. Alguns podem ter ficado com essa visão do mundo, mesmo se, ao longo das últimas décadas, a verdade sobre ser-se gay se tenha gradualmente tornado mais fácil de compreender e menos aterradora de viver. Isto é o que é ter-se sido queimado pelos efeitos dos gays e lésbicas que odeiam, particularmente o ódio que existia há décadas, e não ser capaz de admitir uma parte tão profunda de nós próprios. Portanto, os católicos LGBT são convidados a condoer-se com e orar por estes nossos irmãos, mesmo quando os seus passados algumas vezes os levam a comportar-se como se eles fossem nossos inimigos.

O convite é conseguirmos ver estes bispos na sua humanidade, na sua complexidade e entre o grande fardo dos seus ministérios. Há compaixão em tentar fazer isto.

Hoje, muitas pessoas LGBT sentem que a igreja institucional e alguns padres e bispos as têm perseguido. Veem estes homens como seus inimigos ou, no mínimo, como pessoas que não as compreendem. Infelizmente, alguns bispos, padres e diáconos disseram e fizeram, de facto, coisas ignorantes, dolorosas e mesmo odiosas. Porém, acredito que estas ações representam uma minoria ao nível da hierarquia, embora uma que até recentemente parecia ter alguma influência na igreja e que a maré está lentamente a mudar, pois o papado de Francisco e as ações atuais de alguns dos líderes da igreja estão a ajudar a sarar alguma dessa mágoa.

Qual é a resposta cristã quando se sente hostilidade por parte de determinados líderes católicos? Através de uma sugestão, deixem-me contar-lhes uma história. Quando tinha 27 anos, disse aos meus pais que ia entrar para os jesuítas. Atirei-lhes com a novidade sem aviso prévio; nem sequer lhes disse que estava a considerar essa possibilidade. Sem surpresa, ficaram confusos e aborrecidos. Encararam a decisão como imprudente. E isso confundiu-me e aborreceu-me. Questionei-me: como é possível que eles não vissem o que eu estava a fazer? Como é que era possível que eles não me compreendessem? Em resposta o meu diretor espiritual disse: «tu tiveste 27 anos para te habituares a isto, Jim e acabaste de lhe atirar com a notícia. Dá-lhes o dom do tempo.»

Por muito desafiador que isto possa ser ao ouvir e sem pôr de lado o sofrimento que muitas pessoas LGBT experimentaram na igreja, questiono-me se a comunidade LGBT não poderia dar à igreja institucional o dom do tempo. Tempo para vos conhecer: De um modo palpável, uma comunidade LGBT aberta e pública é algo de novo, mesmo no meu tempo de vida. De uma forma muito verdadeira o mundo só agora vos está a conhecer. Também a igreja o faz. Eu sei que é um fardo, mas talvez não seja assim tão surpreendente. É preciso tempo para se chegar a conhecer uma pessoa. Portanto, talvez a comunidade LGBT possa dar à igreja institucional o dom da paciência.

A outra resposta cristã se, mesmo depois de tudo isto, ainda encarares alguns líderes da igreja como inimigos, resta orar por eles. E não sou eu que o digo. É Jesus.

3) Delicadeza. Regressemos a esta palavra maravilhosa. Podemos voltar a utilizá-la em termos de não denegrir os bispos ou a hierarquia. De novo, isso não é simplesmente cortesia humana. É caridade cristã.

Porém, eu gostaria de usar delicadeza de outra forma. Aqui gostaria de convidar a comunidade LGBT a considerar de forma mais profunda quem fala e o modo como o faz. Como católicos acreditamos em vários níveis de autoridade para ensinar na nossa igreja. Nem todos os representantes da igreja falam com o mesmo nível de autoridade. A forma mais simples de explicar isto é a de que o que um Papa diz numa encíclica não possui o mesmo nível de autoridade que aquilo que o teu pastor local diz numa homilia. Há níveis diferentes de ensino com autoridade, que começa com os Evangelhos, depois com os conselhos da igreja e depois com os pronunciamentos papais. Mesmo os vários pronunciamentos papais têm vários níveis de autoridade. Entre os mais elevados estarão as constituições ou encíclicas dirigidas a toda a igreja, depois as cartas apostólicas e os motu proprios, depois as homilias diárias e os discursos do Papa e por aí afora. É importante ser delicado em relação a isso. Há igualmente documentos dos Sínodos e de cada uma das congregações do vaticano. Depois, ao nível local, os documentos provenientes das conferências dos bispos e dos bispos. Cada um tem um nível diferente de autoridade. Todos eles necessitam de ser lidos com espírito de oração, mas é importante saber que nem todos têm o mesmo grau de autoridade.

Claro que a hierarquia não é o único grupo que fala com autoridade. A autoridade reside igualmente na santidade. Homens e mulheres santos que não fazem parte da hierarquia, como Sta. Teresa de Calcutá, e pessoas leigas santas como Dorothy Day ou Jean Vanier, falam com autoridade.

Do mesmo modo, é preciso ter cuidado em levar à letra aquilo a que os media chamam de «ensinamento da igreja». Há algumas semanas li a parangona «Mantenham as Homilias em Oito Minutos, Ordena o Vaticano ao Clero.» E pensei «o Vaticano?» É quase certo que, quando lemos o artigo com cuidado, descobrimos outra coisa. Foi um bispo, a título individual, que deu esta sugestão. A parangona era falsa. O «Vaticano» não fez tal coisa. Portanto, novamente, deve ser-se delicado.

Para além de tudo isto, há um convite a ser-se delicado no facto de que quando alguém fala no Vaticano – seja o Papa ou uma Congregação do Vaticano – eles falam para todo o mundo, não somente para o Ocidente e certamente não somente para os Estados Unidos. Algo que possa parecer tépido nos Estados Unidos pode ser chocante na América Latina ou em África. Neste sentido, fiquei desapontado com a reação de alguns católicos LGBT, neste país, à exortação apostólica do Papa sobre a família, «Amoris Laetitia» («A Alegria do Amor»). Nesse documento ele afirma: «Gostaríamos, antes de mais, de reafirmar que cada pessoa, independentemente da sua orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e tratada com consideração, ao mesmo tempo «em que cada sinal de discriminação injusta» deve ser cuidadosamente evitado, particularmente toda a forma de agressão e violência. Tais famílias devem ser objeto de uma orientação pastoral respeitosa, de modo a que aqueles e aquelas que manifestam uma orientação homossexual possam receber a assistência que necessitam de modo a compreenderem e realizarem plenamente a vontade de Deus nas suas vidas» (N.º 250).

«Antes de mais,» afirma o Papa, as pessoas LGBT devem ser tratadas com dignidade. É uma afirmação imensa e, já agora, em parte nenhuma ele menciona o que quer que seja acerca «desordem objetiva». Apesar disso, no seio de alguns católicos LGBT [neste país] essas linhas foram postas de lado com gritos de «Não chega!»

Bom, talvez no Ocidente essas palavras pareçam insuficientes. Porém, o Papa não escreve apenas para o Ocidente, ainda muito menos para os Estados Unidos. Imaginem o que é ler isso num país onde a violência contra as pessoas LGBT é desenfreada e a igreja tem permanecido em silêncio. Aquilo que é brando nos Estados Unidos é incendiário noutras partes do mundo. Aquilo que pode ser óbvio para um bispo num país, constitui um desafio contundente, mesmo ameaçador, para outro bispo. Aquilo que parece árido para as pessoas LGBT num determinado país, pode ser, num outro, água num deserto estéril.

Portanto, de muitos modos, somos chamados a usar de delicadeza.

A Igreja tem de conhecer os católicos LGBT e olhá-los como pessoas

Precisamos construir uma ponte entre a comunidade LGBT e a Igreja Católica. 
(Parte II)

por James Martin, S.J
tradução de José Leote (Rumos Novos)

2) Compaixão. O que significaria para a igreja mostrar compaixão para com os homens e mulheres LGBT? A palavra compaixão significa «experimentar com, ou sofrer com.» Portanto, o que é que significa para a igreja institucional, para a hierarquia, não somente respeitar os/as católicos/as LGBT, mas estar com eles/as, experienciar a vida com eles/as e mesmo sofrer com eles/as?

A primeira coisa e o requesito mais essencial é o escutar. É praticamente impossível experimentar a vida de uma pessoa, ou ser compassivo, se não escutarmos essa pessoa, ou se não fazemos perguntas. As perguntas que os líderes católicos podem colocar aos seus irmãos e irmãs LGBT são: como é a vossa vida? Como foi crescer como rapaz gay ou rapariga lésbica ou pessoa transgénero? Como foi o sofrimento? Quais são as alegrias? E: qual é a sua experiência de Deus? Qual é a sua experiência da igreja? Quais são as suas esperanças, desejos e orações? Para a igreja exercer compaixão, precisamos de escutar.

Os líderes da igreja também precisam de defender os seus irmãos e irmãs LGBT sempre que estes/as são perseguidos/as. Em muitas partes do mundo, as pessoas LGBT sofrem, novamente nas palavras do Catecismo, incidentes terríveis de «discriminação injusta»: preconceito, violência e mesmo homicídio. Nalguns países, pode ser-se preso por ser-se gay ou ter relações com pessoas do mesmo sexo e ser-se assassinado por se ser um líder gay. Nesses países a igreja institucional tem o dever moral de se levantar publicamente em prol dos seus irmãos e irmãs. Lembremo-nos que o catecismo afirma: «qualquer sinal de discriminação injusta» deve ser evitado. Ajudar alguém, defender alguém quando este/a está a ser agredido/a é parte da compaixão. É parte do ser-se discípulo de Jesus Cristo. Se duvidarmos disso, devemos ler a parábola do bom Samaritano (Lc 10, 25-37).

Mais perto de nós, o que é que significaria para a nos Estados Unidos [N.T.: e também em Portugal] dizer, sempre que necessário: «É errado tratar a comunidade LGBT desta forma»? Os líderes católicos publicam regularmente declarações defendendo – como é seu dever – os refugiados e os migrantes, os pobres, os sem-abrigo, os nascituros. Esta é uma forma de estar ao lado das pessoas: colocarmo-nos a caminho, mesmo apanhar por elas.

Porém, onde estão as declarações de apoio aos nossos irmãos e irmãs LGBT? Quando faço esta pergunta, algumas pessoas dizem: «Não se pode comparar aquilo que os refugiados enfrentam com aquilo que as pessoas LGBT enfrentam.» E, enquanto pessoa que trabalhou com refugiados no leste de África, eu sei que isso é verdade. Contudo, é importante não ignorar as taxas altamente desproporcionais de suicídio entre os jovens LGBT e o facto de as pessoas LGBT são as vítimas de proporcionalmente mais crimes de ódio do que outros grupos minoritários no país. No rescaldo do massacre de Orlando, quando a comunidade LGBT por todo o país fazia luto, senti-me entristecido não sentir que mais bispos não tivessem imediatamente manifestado o seu apoio. Claro que alguns o fizeram. Agora, imaginem se os ataques fossem contra, Deus não o permita, uma paróquia metodista. Provavelmente os bispos teriam dito: «Estamos com os nossos irmãos e irmãs metodistas.» Por que isso não aconteceu em Orlando? Pareceu uma espécie de falta de compaixão, uma falha de estar ao lado de e uma falha de sofrer com. Orlando convida-nos todos e todas a refletir sobre isto.

Não precisamos de procurar muito longe um modelo de como fazer isto. Deus fez isto por todos e todas nós – em Jesus. As linhas de abertura do Evangelho de João dizem-nos que «E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco» (Jo 1, 14). O original em grego é mais vívido: O Verbo fez-se carne e «colocou a sua tenda no meio de nós» (eskēnōsen en hēmin). Não é maravilhoso? Deus entrou no nosso mundo para viver entre nós. Foi isto que Jesus fez. Ele viveu connosco. Tomou o nosso partido. Morreu mesmo como nós. Isto é o que a igreja é chamada a fazer com todos os grupos marginalizados, conforme nos lembrou o Papa Francisco, incluindo com os/as católicos/as LGBT: experimentar as suas vidas e sofrer com eles/ elas.

E também alegrar-se com eles e elas! Porque Jesus veio para experimentar todas as nossas vidas, não somente as partes dolorosas. As pessoas LGBT, embora possam sofrer perseguição, partilham as alegrias da condição humana. Também nós poderemos alegrarmo-nos com os nossos irmãos e irmãs LGBT?

3) Delicadeza: Como é que a igreja institucional pode ser «delicada» para com as pessoas LGBT? Essa é uma palavra maravilhosa utilizada pelo catecismo. No dicionário ela é definida como «uma tomada de consciência ou compreensão dos sentimentos da outra pessoa.» Encontra-se relacionada com a interpelação do Papa Francisco de que a igreja seja uma igreja do «encontro» e do «acompanhamento».

Para começar, é quase impossível saber à distância os sentimentos de outra pessoa. Não podemos compreender os sentimentos de uma comunidade, se não conhecemos essa comunidade. Não se pode ser delicado com a comunidade LGBT se somente se publicam documentos sobre ela, se prega sobre ela, ou se tweeta sobre ela, sem a conhecer. Uma das razões pelas quais a igreja lutou com a delicadeza é, na minha opinião, porque muitos líderes da igreja ainda não conhecem muitas pessoas gays ou lésbicas. A tentação é sorrir e dizer que os líderes da igreja conhecem de facto pessoas que são gays: padres e bispos que não saíram do armário em relação à sua homossexualidade. Porém, o meu sublinhado é mais vasto. Muitos líderes da igreja conhecem pessoas LGBT cuja sexualidade é conhecida. Essa falta de familiaridade e amizade significa que é mais difícil ser delicado. Como é que podemos ser delicados com a situação de uma pessoa se não a conhecemos? Portanto, um convite é que a hierarquia os possa conhecer como amigos/as.

O cardeal Christof Schönborn, arcebispo de Viena, lembrou-nos do encontro do Sínodos dos Bispos sobre a família, quando ele falou sobre um casal gay que conhecia e que tinha transformado a sua compreensão em relação às pessoas LGBT. Ele louvou mesmo as uniões entre pessoas do mesmo sexo. O cardeal disse: «Partilham a vida um do outro; partilham as alegrias e os sofrimentos; ajudam-se mutuamente. Temos de reconhecer que estas pessoas fizeram uma caminhada importante para o seu próprio bem e para o bem de outros, ainda que, claro está, esta seja uma situação que a igreja não pode considerar regular.» Ele também anulou a determinação de um padre na sua diocese que proibiu um homem, que vivia numa união do mesmo sexo, de servir num conselho paroquial, ou seja, o cardeal Schönborn esteve ao seu lado. Muito disto veio da sua experiência, conhecimento e amizade em relação às pessoas LGBT. O cardeal Schönborn disse simplesmente: «Temos de acompanhar.»

Nisto, como em todas as coisas, Jesus é o nosso modelo. Sempre que Jesus encontrou pessoas nas margens, ele via não uma categoria, mas uma pessoa. Para que fique claro, não estou a dizer que a comunidade LGBT deva ser, ou deva sentir-se, marginalizada. Em vez disso, eutou a dizer que dentro da igreja muitos deles e delas se sentem marginalizados. São vistos como «outro». Porém, para Jesus não havia «outro».

Jesus via para além das categorias; ele ia de encontro às pessoas onde estas se encontravam e acompanhava-as. No Evangelho de Lucas, quando ele encontra o centurião romano que pede a cura do seu servo, Jesus não disse «Pagão!» Em vez disso, viu um homem em estado de necessidade (Lc 7, 1-10). Mais à frente no Evangelho de Lucas, quando Jesus encontra Zaqueu, o cobrador de impostos chefe de Jericó, que teria igualmente sido considerado o chefe pecador da zona, ele não disse «Pecador!» Em vez disso, ele viu uma pessoa que procurava encontrá-lo (Lc 19, 1-10). Jesus tinha vontade de estar com, estar ao lado de e ser amigo dessas pessoas.

Uma objeção comum neste assunto é dizer-se: «Não, Jesus sempre lhes disse, antes de tudo, para não pecarem!» Portanto, não podemos conhecer pessoas gays porque eles pecam e quando os conhecermos, a primeira coisa que devemos dizer é «Parem de pecar!»

Mas este não é o caminho de Jesus. Na história de Zaqueu, como se lembrarão, Jesus vê primeiramente o cobrador de impostos empoleirado num sicómoro, tentando ver Jesus. Jesus disse que jantaria na casa de Zaqueu, um sinal de acolhimento no séc. I, na Palestina, antes que Zaqueu tenha dito ou feito o que quer que fosse. Depois de Jesus lhe ter oferecido acolhimento é que Zaqueu começa a conversar, prometendo pagar as pessoas a quem tinha defraudado. Do mesmo modo, na história do centurião romano, Jesus não repreende o homem por ser um pagão. Em vez disso, louva a fé do homem e, depois, cura-lhe o servo. Para Jesus, frequentemente, é a comunidade em primeiro lugar e a conversão em segundo.

O Papa fez-se eco disto numa conferência de imprensa recente: «As pessoas devem ser acompanhadas,» disse. «Quando uma pessoa que vive esta situação chega em frente a Jesus, Jesus certamente não dirá: «Vai-te embora porque és homossexual.»

A delicadeza baseia-se no encontro, acompanhamento e amizade. E onde é que isso nos leva? Ao segundo significado da palavra, que é, em linguajar comum, uma maior consciencialização sobre o que pode ofender. Somos «delicados» para com as situações das pessoas e, logo, somos «delicados» em relação a tudo o que possa ofender.

Uma forma de sermos delicados é termos cuidado com a linguagem que utilizamos. Alguns bispos já pediram que se rejeite a frase «objetivamente desordenado» quando se trata de descrever a inclinação homossexual (tal como se encontra no catecismo, N.º 2358). A frase refere-se à orientação, não à pessoa, mas mesmo assim é danosa. Dizer que uma das partes mais profundas de uma pessoa – a parte que recebe e dá amor – é «desordenada» em si é desnecessariamente cruel. Colocar de parte tal linguagem foi discutido no recente Sínodo sobre a família, de acordo com várias notícias publicadas. Mais recentemente, um bispo australiano, Vicent Long Van Nguyen, afirmou: «Não podemos falar acerca da integridade da criação, do amor universal e inclusivo de Deus, enquanto ao mesmo tempo fazemos conluio com as forças de opressão no tratamento errado das minorias raciais, das mulheres e das pessoas homossexuais… Isso não resulta em relação aos jovens, particularmente quando sugerimos tratar as pessoas gays com amor e compaixão, mas definimos a sua sexualidade como «intrinsecamente desordenada.»

Parte da delicadeza é compreender isso.


Publicado em português In Rumos Novos

Uma ponte entre os católicos LGBT e a hierarquia da Igreja

Precisamos construir uma ponte entre a comunidade LGBT e a Igreja Católica. 
(Parte I)

por James Martin, S.J
tradução de José Leote (Rumos Novos)

"O relacionamento entre a comunidade LGBT católica e a Igreja Católica nos Estados Unidos tem sido, algumas vezes, contencioso e combativo e, noutros momentos, aconchegante e acolhedor. A maior parte da tensão que caracteriza este relacionamento complicado resulta de uma falta de comunicação e, infelizmente, de uma grande dose de desconfiança entre os católicos LGBT e a hierarquia. O que é preciso é uma ponte entre essa comunidade e a igreja.

Convido-vos a caminharem comigo ao longo dessa importante ponte. Com essa finalidade, gostaria de refletir sobre o modo como a igreja tenta alcançar a comunidade LGBT e o modo como esta tenta alcançar a igreja. Isto porque boas pontes levam as pessoas em ambos os sentidos.

Como sabem, o Catecismo da Igreja Católica afirma que os católicos são chamados a tratar a pessoa homossexual com «respeito, compaixão e delicadeza» (2358).

O que é que isto pode significar? Vamos meditar nisso e também numa segunda pergunta: O que é que pode significar para a comunidade LGBT tratar a igreja com «respeito, compaixão e delicadeza»? Claro está que os católicos LGBT fazem parte da igreja, pelo que, num determinado sentido, estas perguntas implicam uma falsa dicotomia. A igreja é todo o povo de Deus e é estranho discutir a forma como o povo de Deus se pode relacionar com uma parte do povo de Deus. Portanto, é boa moda jesuíta, deixem-me refinar os nossos termos. Quando, nesta discussão, me refiro à igreja, quero significar a igreja institucional, ou seja, o Vaticano, a hierarquia, os funcionários de igreja e o clero.

A PRIMEIRA FAIXA

Vamos dar uma volta na primeira faixa da ponte, aquela que conduz da igreja institucional à comunidade LGBT e que reflete sobre o «respeito, compaixão e delicadeza».

1) Respeito. O que é que pode significar para a igreja ter «respeito» pela comunidade LGBT?

Primeiro, respeito significa, no mínimo, reconhecer que a comunidade LGBT existe e que, como qualquer outra comunidade, deseja ver a sua existência reconhecida. Significa igualmente reconhecer que a comunidade LGBT traz dons únicos à igreja, tal como acontece com qualquer outra comunidade.

Reconhecer que os católicos LGBT existem tem implicações pastorais importantes. Significa pôr em prática ministérios que algumas dioceses e paróquias já fazem e muito bem. Exemplos incluem celebrar Missas com grupos LGBT, patrocinar programas diocesanos e paroquiais de acolhimento e, em geral, fazer com que os católicos LGBT se sintam parte da igreja e se sintam amados.

Alguns católicos levantam objeções a esta abordagem, dizendo que tal acolhimento pode ser um sinal de acordo tácito com tudo o que cada um na comunidade LGBT diz ou faz. Esta parece ser uma objeção injusta, porque não é colocada em relação a nenhum outro grupo. Se uma diocese patrocina, por exemplo, um grupo de acolhimento para homens de negócios católicos, isso não significa que a diocese esteja de acordo com todos os valores personificados pela América corporativa. Nem tão pouco significa que a igreja santificou tudo aquilo que cada homem ou mulher de negócios faz. Ninguém está a sugerir isso. Por que não? Porque as pessoas compreendem que a diocese está a tentar ajudar uma comunidade particular a se sentir mais ligada à sua igreja, a igreja à qual pertencem em virtude do seu batismo.

Em segundo lugar, o respeito significa chamar a um grupo aquilo que ele pede que lhe chamem. Num nível pessoal, se uma pessoa diz: «Prefiro ser chamado Jim em vez de James», costumamos ter isso em consideração. É cortesia comum. O mesmo se passa ao nível grupal. Já não dizemos «Pretos». Porquê? Porque esse grupo se sente mais confortável com outros nomes: «Afroamericanos» ou «negros». Recentemente, foi-me referido que «pessoas deficientes» não é tão aceitável como «pessoas portadoras de deficiência». Portanto, a última expressão é aquela que passarei a utilizar. Porquê? Porque é respeitoso chamar as pessoas pelo nome que elas escolhem. Toda a gente tem o direito de nos dizer o seu nome.

Esta não é uma preocupação menor. Nas tradições judaica e cristã os nomes são importantes. No Antigo Testamento, Deus dá a Adão e a Eva a autoridade para darem nome às criaturas (Gn 2, 18-23). Deus também renomeia Abrão como Abraão (Gn 17, 4-6). Os nomes no Antigo Testamento representam a identidade de uma pessoa. Saber o nome de uma pessoa significa que a conhecemos. Essa é uma razão pela qual, quando Moisés pergunta o nome de Deus, Deus diz-lhe: «Eu sou aquele que sou.» Por outras palavras, não tens nada com isso (Ex 3, 14). Mais tarde, no Novo Testamento, Jesus renomeia Simão como Pedro (Mt 16, 18; Jo 1, 42). O perseguidor Saul renimeia-se como Paulo. Os nomes são também importantes atualmente na nossa igreja. A primeira pergunta que um padre ou diácono faz aos pais no batismo de uma criança é: «Que nome dais a esta criança?»

Os nomes são importantes. Deste modo, os líderes da igreja são convidados a estarem atentos à forma como chamam a comunidade LGBT e deixar descansar frases do tipo «afligidos por atrações do mesmo sexo» que nenhuma pessoa LGBT que conheço utiliza e, eventualmente, «pessoa homossexual», que parece excessivamente clínica para muitas pessoas. Não estou a prescrever que nomes utilizar, embora «gay e lésbica», «LGBT» e «LGBTQ» sejam as mais comuns. Estou a afirmar que as pessoas têm o direito de se atribuírem os nomes que entenderem. Utilizar esses nomes é parte do respeito. E se o Papa Francisco pode utilizar a palavra gay, também o resto da igreja o pode fazer.

Finalmente, respeitar as pessoas LGBT significa aceitá-las enquanto filhos amados e filhas amadas de Deus. A igreja tem uma responsabilidade especial na proclamação do amor de Deus por pessoas que são frequentemente feitas sentir como mercadoria estragada, não merecedores do ministério e mesmo sub-humanos, seja por parte das suas famílias, vizinhos ou líderes religiosos. A igreja é convidada a simultaneamente proclamar e demonstrar que as pessoas LGBT são filhos amados e filhas amadas de Deus.

Respeitar as pessoas L.G.B.T. significa aceitá-las como filhos amados e filhas amadas de Deus e deixá-los aperceber-se de que são filhos amados e filhas amadas de Deus

Ainda mais, as pessoas LGBT são filhos amados e filhas amadas de Deus com dons – quer individuais quer como comunidade. Estes dons constroem a igreja em formas únicas conforme S. Paulo nos disse quando comparou as pessoas de Deus a um corpo humano (1 Cor 12, 14-27). Cada parte desse corpo é importante: a mão, o olho, o pé. Consideremos somente os dons trazidos por católicos LGBT que trabalham em paróquias, escolas, chancelarias, centros de retiros, hospitais e agências de serviço social. Aqui está um exemplo pessoal: alguns dos mais dotados ministros de música que conheci ao longo dos meus quase 30 anos como jesuíta eram homens gay, que trouxeram uma tremenda alegria às suas paróquias. Pois também eles se encontram entre as pessoas mais alegres que conheço ao nível da igreja.

A igreja no seu todo é convidada a meditar sobre a forma como os católicos LGBT constroem a igreja através da sua presença, do mesmo modo que os idosos, adolescentes, mulheres, possoas portadoras de deficiência, grupos étnicos variados ou qualquer outro grupo constrói uma paróquia ou diocese. Embora seja errado generalizar, podemos ainda colocar a questão: Quais podem ser esses dons?

Muitas, se não a maioria, pessoas LGBT sofreram, desde muito cedo, incompreensões, preconceito, ódio, perseguição e mesmo violência e, com frequência, sentem compaixão pelos marginalizados. A compaixão é um dom. Muitas vezes as fizeram sentir não bem-vindas nas suas paróquias e na sua igreja, mas elas perseveraram devido à sua fé vigorosa. A perseverança é um dom. As pessoas LGBT frequentemente perdoam ao clero e outros colaboradores da igreja que as trataram como mercadoria danificada. O perdão é um dom. Compaixão, perseverança, perdão são todos dons.

Deixem-me acrescentar outro dom: aquele dos padres celibatários e irmãos que são homossexuais e dos membros castos das ordens religiosas masculinas e femininas e que são gays ou lésbicas. Há várias razões que explicam porque praticamente nenhum clérigo e religioso/a gay ou lésbica saem do armário em relação à sua sexualidade. Entre eles encontram-se os seguintes: são meramente pessoas reservadas; os seus bispos ou superiores religiosos pediram-lhes para não falar nisso; eles próprios sentem-se desconfortáveis em relação à sua sexualidade; ou temem represálias dos paroquianos. Porém, existem muitos clérigos santos e trabalhadores e membros das orden religiosas que são gays ou lésbicas e que vivem as suas promessas de celibato e votos de castidade e que ajudam a igreja. Eles e elas dão-se livre e integralmente à igreja. Eles e elas próprios são o dom.

Ver e nomear todos estes dons é parte do respeitar os nossos irmãos e irmãs LGBT.

sábado, 21 de outubro de 2017

Como seres inacabados

«Nas mãos do oleiro/ o universo descobre-se/ inacabado»

Uma das formas fundamentais da sabedoria é a descoberta que cada um de nós vai fazendo, a ciclo e a contraciclo, a tempo e fora de tempo, na nossa vida. E numa vida adulta avançada, muitas vezes é isto que experimentamos: descobrimo-nos inacabados porque nos descobrimos nas mãos do oleiro.

É importante associar a experiência da vida em aberto e a experiência de estarmos a viver continuamente um processo de criação.

Este dia da nossa vida, em que parece que já não há nada para acontecer, em que parece que já vivemos tudo o que havia a viver, é um dia da criação.

«O que se instala na perfeição/ desconhece aquilo/ que só a indigência revela»

Um dos maiores obstáculos na vida espiritual é a ideia ou desejo de perfeição, porque eles se configuram como o anseio de sair para fora da nossa vida, imaginar uma vida outra, viver com a culpa ou a miragem de uma vida que não é nossa.

O objetivo do trabalho espiritual não é colocar-nos fora de órbita, mas reenviar-nos para o coração da existência, para o que somos, abrindo-nos para uma arte inesperada que é a da indigência - percebermos que na nossa imperfeição há uma sabedoria que está a ser revelada.

A verdadeira sabedoria, que nos faz tocar o coração da vida, é a da indigência, da pobreza, do tosco. Tudo o resto são fórmulas, que podem até ser úteis, mas não são a experiência; podem ser um belo sentimento, uma bela paixão, mas não são aquilo que nós podemos viver.

«Diariamente repito/ escolhas e imperfeições:/ a natureza dos seres em solidão»

É importante percebermos que a nossa escolha é sempre imperfeita, e que diariamente habitamos o imperfeito de forma estável.

É importante levarmos a sério a nossa própria vida, aquilo que somos, abraçarmos a nossa solidão. Porque esse abraço àquilo que somos de forma desprevenida, despojada, é a única possibilidade de um abraço de Deus, a única possibilidade de um abraço que nos salva.

«O meu desejo na primavera:/ que mesmo as flores selvagens/ venham florir à minha porta»

Gostamos da arte da jardinagem, e por vezes a nossa vida é uma arte permanente. Olhamos para o jardim, gostamos, não gostamos, intervimos, cortamos, cerceamos; é muitas vezes um jardim à maneira francesa, com aquele gosto pelas figuras geométricas, pelas formas, pelo jogo da simetria, pelo pandã.

Por vezes, a nossa forma de arrumação torna-se uma obsessiva ilusão, porque a vida é viva, isto é, é informe, em bruto, não trabalhada. Temos de desejar os nossos canteiros muito bem ordenados e floridos, mas também desejar que as flores selvagens, de que não conhecemos o nome nem a forma, venham florir à nossa porta.

Elas dão-nos o espelho do nosso inacabamento, dão-nos a impressão não de uma vida doméstica, que é sempre uma vida domesticada, mas a impressão de uma vida outra, de uma vida na sua torrente, na sua originalidade, na sua verdade.

«A vida monástica/ é uma forma de nudez/ que não se envergonha de si»

É essencial olharmos para uma das imagens iniciais do livro do Génesis, quando Adão e Eva se descobriram nus e se esconderam de Deus. Esta metáfora é também muito da nossa existência.

A nossa vida espiritual é muitas vezes uma arte de esconder, uma arte de não revelar. E a vida que mostramos a Deus é subtraída, é uma vida que nós queremos ser digna de ser vista por Deus, mas que deixa de ser a nossa própria vida.

Os mestres da vida espiritual mostram-nos precisamente o contrário: a Deus, temos de levar a nossa nudez, isto é, a nossa radical verdade, a vida destapada, desoculta e informe."

José Tolentino Mendonça 

Monjas Dominicanas do Mosteiro de Santa Maria, Lumiar, Lisboa a 9 de novembro de 2013
In SNPC

Que o Espírito Santo desinstale a Igreja e mude os corações de pedra

Papa pede à Igreja para não resistir ao Espírito Santo e abdicar de «posições estáticas e imutáveis»

"O papa Francisco pediu hoje aos católicos para não se oporem à ação do Espírito Santo, ainda que essa atitude implique desinstalação e fadiga, porque «é Ele que dá harmonia à Igreja».

«Trata-se de uma perspetiva de esperança, mas ao mesmo tempo laboriosa, na medida em que está sempre presente em nós a tentação de resistir ao Espírito Santo, porque transtorna, porque mexe, faz caminhar, impele a Igreja a andar em frente», afirmou na missa a que presidiu na catedral do Espírito Santo, em Istambul, Turquia.

Para a Igreja «é sempre mais fácil descansar nas próprias posições estáticas e imutáveis. Na realidade, a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que não tem a pretensão de o regular e domesticar».

A Igreja, frisou, «mostra-se também fiel ao Espírito Santo quando deixa de parte a tentação de olhar para si mesma. E nós, cristãos, tornamo-nos autênticos discípulos missionários, capazes de interpelar as consciências, se abandonamos um estilo defensivo para nos deixarmos conduzir pelo Espírito», que é «frescura, fantasia, novidade».

Depois de lembrar que o Espírito Santo suscita os múltiplos carismas na Igreja, o que «aparentemente» é motivo de «desordem» mas constitui uma «imensa riqueza», Francisco alertou para os perigos de as comunidades cristãs se enclausurarem em si mesmas.

«Quando somos nós a querer fazer a diversidade e nos fechamos nos nossos particularismos e exclusivismos, levamos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos planos humanos, acabamos por levar a uniformidade e a homologação», apontou.

A abertura e o discernimento são elementos essenciais da identidade da Igreja: «As nossas defesas podem manifestar-se com o enraizamento excessivo nas nossas ideias, nas nossas forças», ou «com uma atitude de ambição e de vaidade».

Nas anteriores intervenções do papa na Turquia, com autoridades religiosas e civis, Francisco apelou ao entendimento entre islão e cristianismo, baseado nos seus pontos de convergência; a mesma mensagem foi agora dirigida para o interior das comunidades cristãs.

«Os mecanismos defensivos impedem-nos de compreender verdadeiramente os outros e de nos abrirmos a um diálogo sincero com eles. Mas a Igreja, que brota do Pentecostes, recebe o fogo do Espírito Santo, que incendeia o coração, mais do que enche a cabeça de ideias», apontou.

O «vento» do Espírito Santo, prosseguiu o papa, «não transmite um poder, mas capacita para um serviço de amor, uma linguagem que cada um é capaz de compreender».

«No nosso caminho de fé e de vida fraterna, quanto mais nos deixarmos guiar com humildade pelo Espírito do Senhor, mais superaremos as incompreensões, as divisões e as controvérsias, e seremos sinal credível de unidade e de paz», declarou o papa Francisco."

por Rui Jorge Martins, em 29 de novembro de 2014 in SNPC

O paraíso é um estado de alma

Na comunhão com Deus o ser humano alcançará a plena maturação

"«Mais do que um lugar», o «Paraíso» é um estado de alma, afirmou hoje o papa Francisco na audiência geral semanal que decorreu na Praça de S. Pedro, no Vaticano.

A poucos dias do início do Advento, tempo litúrgico que a partir de domingo evoca o fim dos dias e a vida eterna com Deus, o papa realçou que nessa comunhão o ser humano alcançará «a plena maturação», refere a Rádio Vaticano.

«Seremos finalmente revestidos da alegria, da paz e do amor de Deus de modo completo, sem mais nenhum limite, e estaremos face a face com Ele. É belo pensar nisto, pensar no Céu», assinalou.

O que se passará após a morte e a eternidade estão entre algumas das inquietações mais profundas do ser humano, desde sempre: «Surgem em nós, espontaneamente, algumas perguntas: quando acontecerá esta passagem final? Como será a nova dimensão na qual a Igreja entrará? O que será então da humanidade? E da criação que nos rodeia?».

«Estas perguntas não são novas, já as tinham colocado os discípulos a Jesus», recordou Francisco, acrescentando: «São perguntas humanas, perguntas antigas. Também nós fazemos estas perguntas».

Francisco lembrou que para o cristianismo há continuidade entre a Igreja que está no Céu e a que vive na Terra: «Na perspetiva cristã, a distinção já não é entre quem já morreu e quem ainda não está, mas entre quem está em Cristo e quem não está. Este é o elemento determinante, verdadeiramente decisivo para a nossa salvação e para a nossa felicidade».

De acordo com a revelação bíblica, o que se perspetiva é uma «nova criação»: «Não é, portanto, uma destruição do cosmo e de tudo o que nos rodeia, mas um levar cada coisa à sua plenitude de ser, de verdade, de beleza». (...)."

Redação: Rádio Vaticano, Trad. / edição: Rui Jorge Martins, Publicado em 26 de novembro de 2014 in SNPC

Um conto de fadas censurado

Este ano a Disney estreou um filme onde, pela primeira vez, existe uma personagem homossexual. Nalguns países a polémica foi grande e chegou a haver censuras e cortes para que o filme fosse exibido. Cito algumas das notícias referentes ao assunto.

Corte de cena "homossexual" adia estreia de "A Bela e o Monstro" na Malásia

"Os estúdios Disney adiaram a estreia de "A Bela e o Monstro" na Malásia, que estava marcada para quinta-feira, depois de o país ter aprovado a exibição de uma cena, uma vez cortada, com uma personagem homossexual.

A estreia do filme tinha sido aprovada pelo Comité de Censura da Malásia, depois de lhe ter sido retirada uma cena que envolvia o que os censores classificaram como um "momento homossexual", mas as duas maiores exibidoras do país receberam ordens para adiar o filme, sem adiantar as razões, como escreve a Associated Press.

O jornal malaio de língua inglesa "The Star" escreve, citando os estúdios Disney, que a estreia do filme foi adiada para uma "avaliação interna".

Nesta versão do filme de animação da Disney, agora com atores reais, está em causa a personagem LeFou, comparsa de Gaston, o vilão da história, e que, segundo o realizador Bill Condon, "está confuso sobre a sexualidade dele".

A afirmação foi aproveitada pelos media para se referirem a LeFou como a primeira personagem da Disney assumidamente homossexual, mas o ator que a interpreta, Josh Gad, veio a público dizer que "não havia nada no argumento que indicasse que LeFou era 'gay'".

Certo é que na Malásia, maioritariamente muçulmana e onde, até 2010, vigoraram fortes restrições sobre conteúdos sexuais e religiosos, o filme foi sujeito a cortes e classificado para maiores de 13 anos.

Na semana passada, a Rússia revelou que o mesmo filme foi classificado para maiores de 16 anos.

"A Bela e o monstro", que também se estreia na quinta-feira nos cinemas portugueses, é uma nova versão do filme de animação da Disney, de 1991, e conta a história de Bela, uma rapariga que aceita viver no palácio de um príncipe que, por estar sob o efeito de um feitiço, assume a figura de um monstro.

Esta nova versão conta no elenco com Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Ewan McGregor, Emma Thompson, Ian McKellen, Stanley Tucci e Kevin Kline."

14 de março de 2017 in JN

Em Alabama, um cinema recusou-se a exibir o filme

"A Disney aposta em atores para dar roupa nova à eterna magia de "A Bela e o Monstro", o antigo conto francês de 1740 que já foi imortalizado pelo estúdio em forma de animação em 1991.

Desde que o diretor Jason Scott Lee irritou os puristas com um Mowgli adulto em "O Livro da Selva" (1994) e principalmente a partir de "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton (2010), o estúdio lançou várias versões atualizadas das suas animações mais famosas, gerando quatro mil milhões de dólares em todo o mundo.


Nos últimos anos, este processo acelerou, tendo em conta os resultados muitas vezes inesperados nas bilheteiras.

Após "Cinderela" (2015) e mais uma versão de "O Livro da Selva" (2016), com efeitos especiais de espantar, é a vez de "A Bela e o Monstro", um dos tesouros da Disney, de receber um 'lifting' em versão carne e osso.

Com a inglesa Emma Watson, de 26 anos, que cresceu a interpretar Hermione Granger na saga "Harry Potter", no papel de Bela, o filme estreia na quinta-feira nos cinemas portugueses.

É pouco dizer que a obra é ansiosamente esperada: o seu trailer foi visto 92 milhões de vezes num único dia, um recorde.

"A Bela e o Monstro" custou a soma impressionante de 300 milhões de dólares, mas não deve ter dificuldades em recuperar os seus custos: já se tornou o filme para toda a família que mais vendeu ingressos em pré-venda da história, de acordo com o site Fandango, batendo "À Procura de Dory".

Os analistas esperam 150 milhões de dólares de receitas só no fim de semana de estreia nos EUA.

Uma nova versão rodeada de polémica
Este também poderá ser um dos 'remakes' mais controversos da história da Disney.

Muitas polémicas movimentaram as redes sociais: da forma do bule da Sra. Potts a uma imagem um pouco desnuda de Emma Watson na revista Vanity Fair, que se defendeu dizendo que expor o contorno dos seios não contradizia o seu compromisso de embaixadora das Nações Unidas para a causa das mulheres.

Para não esquecer a polémica sobre Le Fou, o lacaio de Gaston, claramente gay na nova versão (interpretado por Josh Gad), o que faz dele o primeiro personagem abertamente LGBT dos estúdios Disney.

Pelo menos um cinema do Alabama, estado conservador do sul dos Estados Unidos, recusou-se a exibir o filme. E o governo russo propôs uma proibição antes de declarar o filme impróprio para menores de 16 anos, enquanto o governo da Malásia optou pela censura, cortando 'um momento gay', levando a Disney a optar pelo seu adiamento.

"Qual é o objetivo desta história de 300 anos? Trata-se de olhar mais de perto e aceitar as pessoas pelo que realmente são", afirmou o realizador Bill Condon ("Twilight", "Dreamgirls") numa recente conferência de imprensa com jornalistas, em los Angeles.

"De uma forma simbólica para a Disney, incluímos todo o mundo", acrescentou.

Seis anos após o último dos oito "Harry Potter", Emma Watson, que recusou o papel que valeu o Óscar a Emma Stone em "La La Land" para poder ser ar Bela, surge no mais importante papel da sua vida adulta.

"O slogan do filme é 'um conto tão antigo quanto o mundo' e é verdade", avaliou a atriz na antestreia em Hollywood, cujo elenco apresenta uma verdadeira constelação: Kevin Kline, Emma Thompson, Ewan McGregor, Ian McKellen, Stanley Tucci... e Dan Stevens (de "Downton Abbey") na pele peluda do Monstro.

"Adoro o facto de que, na nossa versão, a Bela não é alguém distante e isolada. No nosso filme, ela é uma ativista na sua própria comunidade", destacou Emma Watson, que disse amar tanto a versão cinematográfica de Jean Cocteau e René Clément de 1946 quanto a animação de 1991.

Se não é um fã das versões 'live action' dos clássicos da Disney, saiba que é melhor preparar para os próximos anos: 13 outros títulos estão atualmente em várias fases de produção, incluindo "Cruela", sobre a vilã de "101 Dálmatas", e ainda "Mulan", "Dumbo" e "Aladdin"."

14 de março de 2017 in Mag Sapo

Lei da “propaganda gay” quase levou a Rússia a censurar A Bela e o Monstro

A notícia seguinte não se confirmou, o filme foi moderadamente exibido e antecipadamente declarado um fracasso de bilheteira. Serve a notícia para contextualizar a polémica gerada na Rússia.

"Novo filme tem o primeiro personagem abertamente gay da história da Disney e inclui uma cena de amor homossexual. Alguns políticos russos estão a pedir para que seja banido do país.

A Rússia tem uma controversa lei que proíbe aquilo a que chama “propaganda gay” junto de crianças e é ao abrigo deste diploma que alguns políticos estão agora a pedir que A Bela e o Monstro, remake do filme de animação da Disney de 1991, seja banido do país. Motivo: a nova produção, que não é animada, inclui o primeiro personagem abertamente gay dos célebres estúdios e uma cena de amor homossexual.

LeFou (Josh Gad), o braço-direito do mulherengo Gaston (Luke Evans), o antagonista da história que quer ganhar o afecto de Belle (Ema Watson) a todo o custo, começa por se mostrar confuso em relação à sua orientação sexual e acaba… Bom, Bill Condon, o realizador, não quer revelar o destino desta personagem, mas numa entrevista recente à revista Attitude Magazine, que trazia os protagonistas do remake na capa (Watson e Dan Stevens, o “Monstro” do título), garantiu que a obediência de LeFou ao seu senhor vai além da lealdade e que o filme inclui um “bom momento exclusivamente gay”.

O ministro da Cultura russo, Vladimir Medinski, está a ser pressionado para que se pronuncie sobre se o filme viola ou não a lei em vigor relativa à difusão de conteúdos de natureza homossexual a menores. Isto para que possa decidir-se a exibição (ou não) nas salas de cinema espalhadas pelo país.

O deputado Vitaly Milonov, do partido Rússia Unida, o do Presidente Vladimir Putin, já veio dizer que o filme é uma “vergonhosa propaganda do pecado” e pediu ao ministro da Cultura para que o proíba.

Milonov é um dos principais adeptos do diploma que ficou conhecido como a lei da “propaganda gay” e que foi aprovado em 2013, apesar dos protestos de vários movimentos de direitos humanos, sobretudo da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Intersexuais), dentro e fora do país.

Segundo o diário britânico The Independent, esta lei descreve a homossexualidade como uma “relação sexual não-tradicional” e proíbe todos os conteúdos capazes de promover “a negação dos valores tradicionais da família”.

Alexander Sholokhov, que tal como Milonov pertence às fileiras do partido conservador, está entre os que exigem ao ministro que tome medidas de imediato.

Na sequência desta polémica recente, o responsável pela Cultura já garantiu que a nova produção vai ser passada a pente fino: “Assim que tivermos uma cópia do filme […] vamos examiná-lo à luz da lei”, disse Vladimir Medinski.

A homossexualidade foi descriminalizada na Rússia em 1993, recorda a televisão britânica BBC, e removida da lista nacional de distúrbios psiquiátricos seis anos depois, mas a perseguição à comunidade LGBTI continua.

A estreia russa está agendada para 16 de Março. A Bela e o Monstro prepara-se para ser um sucesso de bilheteiras à escala planetária, com ou sem a Rússia."

a 5 de março de 2017 in Público

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Deus em Sophia

Este texto é de autoria de Frederico Lourenço, foi publicado na sua página de Facebook e foi-me autorizada a sua utilização neste blogue.

Deus – nos poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen

"No dia 2 de Setembro deste ano, tive o grato prazer de participar numa conversa íntima (só que diante de 400 pessoas) sobre a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen. Os meus interlocutores eram Ana Luísa Amaral e Miguel Sousa Tavares. Fomos admiravelmente moderados por Anabela Mota Ribeiro. O auditório da Biblioteca Almeida Garrett (Porto) encheu-se para nos ouvir – e tanto a Ana Luísa como o Miguel deram pistas extraordinárias para a compreensão da poesia de uma autora que, cada vez mais, se revela aos falantes de língua portuguesa como criadora de uma obra que, na sua aparente e desarmante simplicidade, está, como a de Mozart, ao nível do maior conseguimento artístico em termos absolutos.

A minha intervenção centrou-se sobretudo no tema «Sophia e Deus». Há muito tempo que esta pista para a compreensão da sua obra me atrai e fascina. Mas não é uma clave de leitura evidente. Na verdade, quem faça a extraordinária viagem da alma que é ler, de fio a pavio, as mais de 900 páginas da Obra Poética de Sophia de Mello Breyner Andresen na excelente edição da Assírio & Alvim, rapidamente chega a esta conclusão: nos poemas da genial autora não faltam «deuses». Mas «deus» é uma palavra que encontramos com muito menos frequência. E as vezes em que por «deus» se pode entender «Deus» são mesmo raríssimas.

No entanto, a obra poética de Sophia está cheia de Deus. Quantas vezes é enunciada a palavra «Deus» na «Arte da Fuga» de Bach? O facto de a resposta ser «zero» não significa que a «Arte da Fuga» não tenha como sujeito, tema e objecto «Algo» que só podemos enunciar por meio da palavra Deus.

Deus é ubíquo na obra poética de Sophia, porque é a sua aparente ausência que denuncia a sua presença. Num livro publicado em 1958, a autora escreve «és sempre um deus que nunca tem um rosto / por muito que eu te chame e te persiga» (Mar Novo).

Já antes, num livro publicado em 1947, lêramos uma das mais assombrosas definições de Deus que eu conheço: «Deus é no dia uma palavra calma / um sopro de amplidão e de lisura» (Dia do Mar).

Para Sophia, Deus não está ausente do mundo: está dentro dele, em cada milímetro quadrado do mundo. Basta estarmos atentos para captarmos a presença de «esse deus que se oferece, como um beijo, nas paisagens» (Dia do Mar).

Deus é o visível, é a imanência do real. Amá-lo significa amar a realidade, o visível: o «amor pelas coisas visíveis» e o canto poético que as celebra actuam como «oração em frente do grande Deus invisível» (Livro Sexto). Amar a Deus é amar o real.

Cinco anos após a publicação de Livro Sexto, foi-nos dado a ler em Geografia (1967) este credo extraordinário: «não trago Deus em mim mas no mundo o procuro / sabendo que o real o mostrará» (Geografia).

A relação entre o plano divino e o plano humano é vista como um enigma de sugestão e de silêncio: «Escuto e não sei se o que oiço é silêncio ou deus» (Geografia).

Que deus é este? É o Deus criador do céu e da terra? Em Geografia, lemos «o universo não brota das mãos de um deus do gesto e do sopro de um deus da alegria e da veemência de um deus».

É o Deus trino dos cristãos? «O Deus uno de desvios nos protege» (Ilhas)

É um Deus que nos dá a vida eterna? A única resposta de Sophia é: «Buscamos um deus que vença connosco a morte.... pois caminhamos nos cadafalsos do tempo» (Geografia).

Dentro deste deus não estarão deuses anteriores ao Deus cristão? Dioniso, «deus que nos deste a vida e o vinho» (Poesia, 1944)? E Apolo, «deus puro... deus sem espinhos e sem cruz» (Dia do Mar)?

Mas o Deus cristão também é puro. O que O separa do nada é a palavra. E não é o teólogo que tem poder sobre ela, mais sim o poeta, o aedo, «o recitador... que entoa a veemência pura da palavra, / Fronteira de puro Deus e puro nada» (O Nome das Coisas)

Numa obra poética exígua em igrejas cristãs, mas rica em templos gregos, afinal onde Deus está é cá fora – não é na igreja, não é no templo.

Porquê? Porque «a casa de Deus está na terra onde os homens estão» (Poemas Dispersos).

E perguntemos de novo: porquê? «Porque Deus nos criou para a alegria» (Poemas Dispersos)"

A Igreja desconfia de quem pensa diferente

Uma entrevista a Dom Pio Alves no final do seu segundo mandato na Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, publicada no site do SNPC a 30 de Abril de 2017. Partilho-a pois revejo na análise de D. Pio Alves a realidade de uma igreja, e em particular muitos sacerdotes, que temem a cultura e a arte contemporânea e que a desejam "controlar" e "manipular" sem conhecimento de causa nem preparação para o fazer. Acredito que há muita falta de visão e de humildade por parte de muitos, o que dificulta e limita a criação de Obras de Arte Sacra contemporâneas que venham a tomar parte na grande História Universal da Arte.

Igreja tem de afastar «clichés de desconfiança» com quem pensa diferente, afirma bispo responsável pela Cultura

"O bispo responsável pelo setor da Pastoral da Cultura na Igreja católica em Portugal considera que a Igreja tem de «saber pôr de lado clichés de desconfiança que não levam a parte nenhuma» e que levam a cultivar «distâncias que na realidade não existem».

D. Pio Alves termina agora o segundo mandato de três anos à frente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, o que estatutariamente o impede de ser reeleito.

O novo responsável será provavelmente eleito esta quarta ou quinta-feira, último dia da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, que decorre em Fátima, e que tem em agenda a eleição dos presidentes das várias Comissões Episcopais.

Em entrevista ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, o prelado, também bispo auxiliar do Porto, mostra-se surpreendido pela disponibilidade e cordialidade que tem encontrado em pessoas afastadas da Igreja mas que aceitam colaborar nas iniciativas promovidas por ela.

Nestes seis anos o que descobriu sobre a realidade da Pastoral da Cultura?O que descobri com mais clareza, ainda que não tenha sido uma novidade radical, foi todo o trajeto que vinha a ser feito de diálogo e encontro, formal e informal, com pessoas dos mais variados âmbitos da cultura. Um trajeto que continua a ser feito sem constrangimentos, sem pedras no sapato, mas ao mesmo tempo aberto à conversa e com resposta muito positiva aos pedidos de colaborações em diferentes iniciativas por parte de pessoas de quem se poderia pensar, à partida, que não estariam disponíveis nem interessadas num trabalho de proximidade com instituições da Igreja católica.

Essa aproximação deve-se à atenuação de alguma tensão que houve entre a Igreja e o mundo da cultura?A atenuação que se vai construindo resulta da disponibilidade dos interlocutores, mas principalmente do à-vontade com que a Igreja se encontra com pessoas que supostamente não estariam interessadas em dialogar connosco.
Uma coisa que sempre me impressiona no contacto com pessoas procedentes dos diversos âmbitos da cultura, tal como em intervenções de carácter pastoral no meu ministério na diocese do Porto, é que nós, com alguma frequência, temos uma imagem negativa, ou pelo menos de um certo temor, relativamente a pessoas que por vezes efabulamos que não querem ou não gostam, e tenho sido sempre muito gratamente surpreendido pela sua disponibilidade, amabilidade e recetividade. É evidente que tudo isto pressupõe, da nossa parte, respeito, saber estar e, ao mesmo tempo, sabermos apresentarmo-nos com clareza, sem nos escondermos.

Inclusive com não crentes?Tenho essa experiência com pessoas não crentes concretamente no âmbito do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, e o mesmo acontece, por iniciativa e mérito dos diretores dos respetivos Secretariados, nos Bens Culturais e nas Comunicações Sociais, pela via de pedidos de colaboração, pela via de portas que se abrem, em que encontrei habitualmente uma resposta de muita disponibilidade e, sempre, de respeito e agradecimento por parte das pessoas, sendo como são, respeitando nós a sua legitima maneira de ser e diferença, e, repito, não nos escondendo nós atrás de falsas especificidades.

Que fatores mais positivos identifica nestes dois mandatos?Saliento as iniciativas que vinham da presidência anterior da Comissão [D. Manuel Clemente], e que se prolongaram, no primeiro mandato que me foi confiado, com a direção do Secretariado por parte do P. Tolentino e depois com o Prof. José Carlos Seabra Pereira, e que se mantiveram em sentido crescente, sempre com a preocupação de não pôr ninguém de lado.
Sublinho também, como factor de identidade para o Secretariado, para a Comissão e para a Igreja em Portugal, o "site" da Pastoral da Cultura, que, devo dizê-lo publicamente, é muito da responsabilidade do Rui Martins. É um lugar de enorme visibilidade, um lugar a que acorrem pessoas das mais variadas sensibilidades, as quais sabem, assumidamente, que estão a consultar uma informação que resulta de uma instituição que formalmente depende e é da Igreja católica. Penso que o "site" é uma porta aberta e um sinal clarividente daquilo que é a nossa relação construtiva com o mundo da cultura, especificamente, e com a sociedade em geral, uma vez que o "site" é consultado por pessoas das mais diversas proveniências.

O que é que esperava que poderia ter sido feito na Pastoral da Cultura mas não foi conseguido?Não podemos multiplicar as iniciativas, até porque os recursos humanos e materiais, sempre necessários, têm as limitações que resultam das disponibilidades de todos. Penso que não se trata propriamente de aumentar o número de iniciativas materiais, mas fundamentalmente de apostarmos na continuidade e na extensão da qualidade das iniciativas que já estão no terreno. Há iniciativas que estão ainda a dar os primeiros passos, algumas resultantes de parcerias com instituições mais próximas ou menos próximas da Igreja católica.
Provavelmente podemos melhorar o dar continuidade, no melhor sentido da palavra, aos contactos pessoais que pela via dos convites se vão fazendo. Estas pontes que se estabelecem devem, sem qualquer intenção invasiva, melhorar e crescer pela via de um relacionamento pessoal, aproveitando as mais variadas circunstâncias. Esse é um campo que estará sempre em aberto e que vale a pena continuar a cultivar.

Como descreveria a sensibilidade do episcopado e de toda a Igreja em Portugal em relação à Pastoral da Cultura?No que diz respeito à preocupação e atenção dos senhores bispos à Pastoral da Cultura e o reflexo disso na Conferência Episcopal, diria que qualquer uma das dioceses tem muitas frentes, muitas questões a resolver, e é evidente que a problemática relacionada com o mundo da cultura é uma delas. Percebo que os senhores bispos, por vezes assoberbados por questões aparentemente muito mais imediatas, possam descansar naquilo que o Secretariado e a Comissão vão fazendo, sendo que, na realidade, o Secretariado pode, como tem vindo a fazer, tomar iniciativas de carácter nacional, ajudar a criar sensibilidade, dar formação, abrir portas; mas na realidade concreta do terreno será cada diocese, com a sua especificidade, quem terá de concretizar iniciativas no setor. Olhando para o todo das dioceses portuguesas, a atenção à realidade da Pastoral da Cultura é diferente de umas para outras. Há dioceses que têm uma resposta mais organizada e estruturada e outras menos, mas isso não significa menor interesse; significa, provavelmente, que as forças não chegam a tudo e há outras necessidades mais imediatas que se vão sobrepondo.
Quanto à segunda parte da pergunta, a minha experiência em âmbitos que vão além do sentido estrito da Pastoral da Cultura, que é a de uma diocese onde encontramos as mais variadas realidades, posso dizer, pelo contacto muito próximo e direto que tenho com as diferentes pastorais, concretamente no Grande Porto, que tenho uma experiência muito grata de contacto com o mundo das escolas e da saúde. Num e noutro caso encontro-me com profissionais de nível académico e onde, à partida, nomeadamente no âmbito escolar, pode parecer que há ressentimentos, autodefesas ou olhares de exclusão em relação à Igreja. No âmbito de visitas pastorais é proposta às escolas a possibilidade de o bispo ir informalmente ao seu encontro para conversar, num gesto de cortesia, com as instituições; a recetividade que sempre, mas sempre, encontrei nas escolas - e não me refiro ao setor da Educação Moral e Religiosa Católica, mas à instituição no seu todo, estruturas diretivas, corpo docente - traduz um ambiente de amabilidade, distendido e, diria mais, de afeto e carinho com a pessoa do bispo. E nos centros de saúde e hospitais a reação é exatamente a mesma
Tudo isto ajuda-nos a perceber que temos de saber pôr de lado clichés de desconfiança que não levam a parte nenhuma e que, por vezes, fazem com que cultivemos distâncias que na realidade não existem.

Como classificaria a relação da Igreja católica em Portugal com o mundo da cultura?É uma relação positiva. Insisto que, muitas vezes, a distância é criada mais na nossa mente do que na realidade. Nós, às vezes, indevidamente, cultivamos o medo e uma distância que não têm tradução na realidade. É evidente, e não se pode negar, que há dificuldades, que nem todos pensam da mesma maneira, que há pessoas que nos querem ver longe, mas não se pode tirar a conclusão de que nos temos de fechar sobre nós mesmos por estarem todos à nossa espera para nos atirarem pedras. Isso não é verdade.

Vai deixar a presidência da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais...Saio feliz com o trabalho que tive a oportunidade de realizar com os meus colegas bispos, e muito concretamente com os diretores dos respetivos Secretariados. Está prevista a limitação a dois mandatos, e eu acho bem."

Encontro de católicos LGBTQI em Munique

É já em Novembro que se realiza um encontro de católicos LGBTQI em Munique, aqui seguem as informações

“Ouve, Senhor, esta justa causa“ (Ps 17.1) 
Convite à 2ª Assembleia da Rede Global de Católicos do Arco-Íris 
30 Nov − 3 Dez 2017 in Munique-Dachau 

Após décadas de uma “era do gelo” em questões LGBTQI, o Papa Francisco abriu a Igreja para novas abordagens no trabalho pastoral com estas pessoas de nossa comunidade, ao mesmo tempo em que a doutrina moral parece continuar intocada, sem alterações. Esta situação cria tensões e controvérsias: algumas paróquias, dioceses e regiões utilizam esta nova oportunidade para criar espaços mais inclusivos e acolhedores, ao passo que outras reagem com hostilidade ainda maior aos avanços da sociedade como é o caso do casamento igualitário. Em meio a estas contradições, mais do que nunca é importante que a Igreja Católica “ouça o clamor por esta justa causa”.

Desde sua criação em outubro de 2015, a Rede Global de Católicos do Arco-Íris (GNRC) aproxima e reúne grupos e organizações que prestam atendimento pastoral e que atuam por justiça para as e os LGBTQI. A Rede luta pela inclusão, dignidade e igualdade desta comunidade na Igreja Católica Romana e junto à sociedade civil. A GNRC realizou sua 1a Assembleia em outubro de 2015 em Roma na conferência, “Caminhos do Amor”, com 80 participantes vindos de 30 países. Atualmente, a GNRC representa 25 grupos LGBTQI, suas famílias e parceiros de todos os continentes.

Por meio desta carta, gostaríamos de convidá-lo para a 2ª assembleia da GNRC que vai ocorrer em Munique, de 30/11 a 3/12 de 2017. Está será uma grande oportunidade para compartilhar nossas histórias e atuarmos de mãos dadas pelo avanço na Igreja Católica Romana na famosa capital da Bavária. Os anfitriões locais desta Assembleia, o Grupo de Trabalho Ecumênico Homosexuais e Igreja (HuK) e a Comunidade do Serviço Eclesial Queer Católico em Munique (Queergottesdienst), se preparam com grande expectativa para recebe-los em sua cidade.

Dois são os objetivos da assembleia: 1) consolidar o desenvolvimento organizacional da GNRC e 2) definir estratégias nas áreas cruciais, entre elas
  • o diálogo com lideranças da Igreja Católica. 
  • promoção de boas práticas de trabalho voltadas às pessoas LGBTQI e suas famílias 
  • realizar campanhas para obter uma declaração católica oficial que condene a criminalização das pessoas LGBTQI 
  • confrontar o discurso anti-gênero no interior da Igreja Católica. 

O idioma da conferência será o inglês. Haverá tradução das sessões plenárias para o espanhol e alemão. Haverá uma pré-conferência para os participantes africanos na quarta-feira, dia 29, ao meio-dia.

O programa complementar da Assembleia abrange 
  • uma visita guiada e orações no Memorial do Campo de Concentração em Dachau 
  • uma visita ao Mercado de Natal de Munique 
  • uma celebração eucarística na “Bürgersaalkirche” (Igreja Municipal) na cidade Munique 
  • um jantar típico da Bavária em Munique 

O local onde se realizará a Assembleia é a Casa de Hóspedes Juvenil Internacional (Jugendherberge Dachau) em Dachau, um subúrbio de Munique. A taxa de inscrição à conferência é de €200 (quarto com 3/4/5 camas), €250 (quarto duplo) ou €420 (quarto individual num hotel próximo) e inclui a hospedagem, todas as refeições e os passeios ao Memorial do Campo de Concentração e à cidade Munique.

Há dois programas de bolsas disponíveis para ajudar no tocante às taxas de inscrição destinadas aos seguintes grupos:

1. Participantes vindos do Sul Global (inclui apoio para os custos de viagem)

2. Participantes da Europa Central e Oriental (redução da taxa de inscrição)

A inscrição para a conferência e para candidatar-se às bolsas estão disponíveis neste link.

O prazo para solicitação de bolsas é 15 de agosto de 2017.

O prazo para inscrição com pagamento próprio e 15 de setembro de 2017.

A Assembleia tem apoio financeiro da Fundação Arcus e do Instituto Sociedade Aberta para a Europa.

Ruby Almeida Michael Brinkschröder

(Coordenadores da GNRC)

Contato para dúvidas relativas à assembleia (em inglês):
rainbowcatholics2017@gmail.com
+49 89 65102063
+49 1577 8814399

Para mais informações sobre GNRC

O diálogo interreligioso na vida e em imagens

© Monika Bulaj
Monika Bulaj

"Etíopes envolvidos nos xailes de musselina branca que regressam a casa depois de uma noite de vigília e cantos, os samaritanos em Israel no monte em que Abraão ofereceu em sacrifício o seu filho a Deus, os peregrinos russos nos Urais, as crianças albanesas que estudam o Corão na mesquitas, cerimónia vudu no Haiti, a mulher de hábito negro para a procissão da Desolada.

As viagens fluem uma após a outra compondo o itinerário de uma longa viagem: lugares longínquos, pessoas totalmente diferentes mas unidas por uma comum respiração de fundo, por um mesmo olhar para o alto, uma "atmosfera" semelhante as envolve. Homens e mulheres debaixo do mesmo Céu.

«Em grego e em latim - escrevia o historiador das religiões Elémire Zolla - fala-se do fascínio como de uma brisa, uma aura em espiral de pessoas ou lugares, que por vezes cresce, torna-se turbina, nuvem deslumbrante, reverberação dourada, inunda e provoca vertigem.» É a atmosfera que respira a fotógrafa e repórter polaca Monika Bulaj andando pelo mundo das fés.

«Há muitos anos - escreve Bulaj - viajo ao longo das fronteiras dos monoteísmos, em oásis de encontros infestados por fanatismos armados, pelas pátrias perdidas dos foragidos de hoje. Asilos da fé, como o Bósforo, onde as mulheres armenas e turcas adormecem junto ao sepulcro de um santo bizantino, praticando o "incubatio", de que se escrevia já antes de Heródoto, anestesiando com o sono a memória do extermínio que as divide.

Como os mosteiros no deserto egípcio, atacados pelos fanáticos. Como o Kosovo, onde os muçulmanos veneram o desafortunado santo dos sérvios, o rei Estêvão, cego pelo próprio pai e morto pelo filho. Como Damasco, onde cristãos, muçulmanos, xiitas e sunitas rezam lado a lado na mesquita dos Omayyadi, junto do catafalco de João Batista e debaixo do minarete de Cristo. Como o mosteiro Deir Mar Musa, cujas pedras foram novamente colocadas por cristãos e muçulmanos, por quem rezaram juntos durante um milénio na mesma Síria.»

Um trabalho que mudou ao longo dos anos. «No início documentava pequenas e grandes religiões à sombra de guerras antigas e recentes, e as suas cinzas. Depois, a determinado ponto, foram as minhas imagens a cercar-me, a falar em privado, narrando orações e sonhos, de água e de fogo, da memória, do teatro da festa dos mortos, do caminho dos cantos. O que faço agora é simples, quase infantil: recolho estilhaços de um grande espelho partido, milhares de estilhaços, fragmentos incoerentes, peças, átomos, talvez tijolos da torre de Babel.»

«Talvez isto possa fazer o fotógrafo, recolher pedaços de um mosaico que nunca ficará completo, colocar na ordem que lhe parece certa, ou talvez apenas possível, sonhando essa imagem total do mundo que talvez esteja perdida ou provavelmente se perdeu, como a língua de Abraão.» Uma lição. De fotografia. E de vida."

Texto de Giuseppe Matarazzo, In "Avvenire"
Publicado a 11 de Setembro de 2017 in SNPC

Porque estou aqui

Sinto-me privilegiado por ter encontrado na Igreja um lugar vazio, feito à minha medida. É certo que tê-lo encontrado (ou encontrá-lo renovadamente, pois não é dado adquirido) foi também mérito da minha sede, do meu empenho, de não baixar os braços e achar, passivamente, que não seria possível. Passo a contextualizar: a comunidade onde vou à missa é pequena e acolhedora, e podia bem não o ser. Ao mesmo tempo, sentia um desejo grande de reflexão de vida cristã e encontrei um casal (heterosexual) que tinha a mesma vontade. Começámo-nos a reunir semanalmente numa pequena comunidade de oração e reflexão que, apesar de crítica, nos tem ajudado a sermos Igreja e a nela nos revermos. Paralelamente, face ao contínuo desencanto em relação a algumas posturas e pontos de vista de uma Igreja mais institucional e hierárquica, tive a graça de encontrar um grupo de cristãos homossexuais, que se reuniam com um padre regularmente, sem terem de se esconder ou de ocultar parte de si.

Sei que muitos cristãos homossexuais nunca pensaram sequer na eventualidade de existirem grupos cristãos em que se pudessem apresentar inteiros, quanto mais pensarem poder tomar parte e pôr em comum fé, questões, procuras, afectos e vidas.

Por tudo isto me sinto grato a Deus e me sinto responsável para tentar chegar a quem não teve, até agora, uma experiência tão feliz como a minha.

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