Corte de cena "homossexual" adia estreia de "A Bela e o Monstro" na Malásia
"Os estúdios Disney adiaram a estreia de "A Bela e o Monstro" na Malásia, que estava marcada para quinta-feira, depois de o país ter aprovado a exibição de uma cena, uma vez cortada, com uma personagem homossexual.
A estreia do filme tinha sido aprovada pelo Comité de Censura da Malásia, depois de lhe ter sido retirada uma cena que envolvia o que os censores classificaram como um "momento homossexual", mas as duas maiores exibidoras do país receberam ordens para adiar o filme, sem adiantar as razões, como escreve a Associated Press.
O jornal malaio de língua inglesa "The Star" escreve, citando os estúdios Disney, que a estreia do filme foi adiada para uma "avaliação interna".
Nesta versão do filme de animação da Disney, agora com atores reais, está em causa a personagem LeFou, comparsa de Gaston, o vilão da história, e que, segundo o realizador Bill Condon, "está confuso sobre a sexualidade dele".
A afirmação foi aproveitada pelos media para se referirem a LeFou como a primeira personagem da Disney assumidamente homossexual, mas o ator que a interpreta, Josh Gad, veio a público dizer que "não havia nada no argumento que indicasse que LeFou era 'gay'".
Certo é que na Malásia, maioritariamente muçulmana e onde, até 2010, vigoraram fortes restrições sobre conteúdos sexuais e religiosos, o filme foi sujeito a cortes e classificado para maiores de 13 anos.
Na semana passada, a Rússia revelou que o mesmo filme foi classificado para maiores de 16 anos.
"A Bela e o monstro", que também se estreia na quinta-feira nos cinemas portugueses, é uma nova versão do filme de animação da Disney, de 1991, e conta a história de Bela, uma rapariga que aceita viver no palácio de um príncipe que, por estar sob o efeito de um feitiço, assume a figura de um monstro.
Esta nova versão conta no elenco com Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Ewan McGregor, Emma Thompson, Ian McKellen, Stanley Tucci e Kevin Kline."
14 de março de 2017 in JN
Em Alabama, um cinema recusou-se a exibir o filme
Desde que o diretor Jason Scott Lee irritou os puristas com um Mowgli adulto em "O Livro da Selva" (1994) e principalmente a partir de "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton (2010), o estúdio lançou várias versões atualizadas das suas animações mais famosas, gerando quatro mil milhões de dólares em todo o mundo.
Nos últimos anos, este processo acelerou, tendo em conta os resultados muitas vezes inesperados nas bilheteiras.
Após "Cinderela" (2015) e mais uma versão de "O Livro da Selva" (2016), com efeitos especiais de espantar, é a vez de "A Bela e o Monstro", um dos tesouros da Disney, de receber um 'lifting' em versão carne e osso.
Com a inglesa Emma Watson, de 26 anos, que cresceu a interpretar Hermione Granger na saga "Harry Potter", no papel de Bela, o filme estreia na quinta-feira nos cinemas portugueses.
É pouco dizer que a obra é ansiosamente esperada: o seu trailer foi visto 92 milhões de vezes num único dia, um recorde.
"A Bela e o Monstro" custou a soma impressionante de 300 milhões de dólares, mas não deve ter dificuldades em recuperar os seus custos: já se tornou o filme para toda a família que mais vendeu ingressos em pré-venda da história, de acordo com o site Fandango, batendo "À Procura de Dory".
Os analistas esperam 150 milhões de dólares de receitas só no fim de semana de estreia nos EUA.
Uma nova versão rodeada de polémica
Este também poderá ser um dos 'remakes' mais controversos da história da Disney.
Muitas polémicas movimentaram as redes sociais: da forma do bule da Sra. Potts a uma imagem um pouco desnuda de Emma Watson na revista Vanity Fair, que se defendeu dizendo que expor o contorno dos seios não contradizia o seu compromisso de embaixadora das Nações Unidas para a causa das mulheres.
Para não esquecer a polémica sobre Le Fou, o lacaio de Gaston, claramente gay na nova versão (interpretado por Josh Gad), o que faz dele o primeiro personagem abertamente LGBT dos estúdios Disney.
Pelo menos um cinema do Alabama, estado conservador do sul dos Estados Unidos, recusou-se a exibir o filme. E o governo russo propôs uma proibição antes de declarar o filme impróprio para menores de 16 anos, enquanto o governo da Malásia optou pela censura, cortando 'um momento gay', levando a Disney a optar pelo seu adiamento.
"Qual é o objetivo desta história de 300 anos? Trata-se de olhar mais de perto e aceitar as pessoas pelo que realmente são", afirmou o realizador Bill Condon ("Twilight", "Dreamgirls") numa recente conferência de imprensa com jornalistas, em los Angeles.
"De uma forma simbólica para a Disney, incluímos todo o mundo", acrescentou.
Seis anos após o último dos oito "Harry Potter", Emma Watson, que recusou o papel que valeu o Óscar a Emma Stone em "La La Land" para poder ser ar Bela, surge no mais importante papel da sua vida adulta.
"O slogan do filme é 'um conto tão antigo quanto o mundo' e é verdade", avaliou a atriz na antestreia em Hollywood, cujo elenco apresenta uma verdadeira constelação: Kevin Kline, Emma Thompson, Ewan McGregor, Ian McKellen, Stanley Tucci... e Dan Stevens (de "Downton Abbey") na pele peluda do Monstro.
"Adoro o facto de que, na nossa versão, a Bela não é alguém distante e isolada. No nosso filme, ela é uma ativista na sua própria comunidade", destacou Emma Watson, que disse amar tanto a versão cinematográfica de Jean Cocteau e René Clément de 1946 quanto a animação de 1991.
Se não é um fã das versões 'live action' dos clássicos da Disney, saiba que é melhor preparar para os próximos anos: 13 outros títulos estão atualmente em várias fases de produção, incluindo "Cruela", sobre a vilã de "101 Dálmatas", e ainda "Mulan", "Dumbo" e "Aladdin"."
14 de março de 2017 in Mag Sapo
Lei da “propaganda gay” quase levou a Rússia a censurar A Bela e o Monstro
A notícia seguinte não se confirmou, o filme foi moderadamente exibido e antecipadamente declarado um fracasso de bilheteira. Serve a notícia para contextualizar a polémica gerada na Rússia.
"Novo filme tem o primeiro personagem abertamente gay da história da Disney e inclui uma cena de amor homossexual. Alguns políticos russos estão a pedir para que seja banido do país.
LeFou (Josh Gad), o braço-direito do mulherengo Gaston (Luke Evans), o antagonista da história que quer ganhar o afecto de Belle (Ema Watson) a todo o custo, começa por se mostrar confuso em relação à sua orientação sexual e acaba… Bom, Bill Condon, o realizador, não quer revelar o destino desta personagem, mas numa entrevista recente à revista Attitude Magazine, que trazia os protagonistas do remake na capa (Watson e Dan Stevens, o “Monstro” do título), garantiu que a obediência de LeFou ao seu senhor vai além da lealdade e que o filme inclui um “bom momento exclusivamente gay”.
O ministro da Cultura russo, Vladimir Medinski, está a ser pressionado para que se pronuncie sobre se o filme viola ou não a lei em vigor relativa à difusão de conteúdos de natureza homossexual a menores. Isto para que possa decidir-se a exibição (ou não) nas salas de cinema espalhadas pelo país.
Milonov é um dos principais adeptos do diploma que ficou conhecido como a lei da “propaganda gay” e que foi aprovado em 2013, apesar dos protestos de vários movimentos de direitos humanos, sobretudo da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Intersexuais), dentro e fora do país.
Segundo o diário britânico The Independent, esta lei descreve a homossexualidade como uma “relação sexual não-tradicional” e proíbe todos os conteúdos capazes de promover “a negação dos valores tradicionais da família”.
Alexander Sholokhov, que tal como Milonov pertence às fileiras do partido conservador, está entre os que exigem ao ministro que tome medidas de imediato.
Na sequência desta polémica recente, o responsável pela Cultura já garantiu que a nova produção vai ser passada a pente fino: “Assim que tivermos uma cópia do filme […] vamos examiná-lo à luz da lei”, disse Vladimir Medinski.
A homossexualidade foi descriminalizada na Rússia em 1993, recorda a televisão britânica BBC, e removida da lista nacional de distúrbios psiquiátricos seis anos depois, mas a perseguição à comunidade LGBTI continua.
A estreia russa está agendada para 16 de Março. A Bela e o Monstro prepara-se para ser um sucesso de bilheteiras à escala planetária, com ou sem a Rússia."
a 5 de março de 2017 in Público
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