Da tolerância ao respeito
«A tolerância deve ser uma fase transitória. Deve conduzir ao respeito. Tolerância é ofender.» (Johann W. Goethe). As "Máximas e reflexões" do grande poeta alemão Goethe são uma fonte rica e fecunda de inspiração para a reflexão, como é o caso deste dito, que introduz uma distinção significativa.
De um lado está a tolerância, atitude muito cara à cultura iluminista (famoso é o elogio que dela compôs Voltaire). É verdade que diante do racismo, da xenofobia, das reações hostis perante tudo o que é diferente, que venha a tolerância, que é indulgência e aceitação de quaisquer opções distintas, desde que se insiram no quadro de um comportamento humano, ético e social aceitável.
Todavia, tem razão o célebre autor do "Fausto" (1749-1832) quando exprime uma reserva sobre a tolerância pura e simples, convidando à passagem para uma outra atitude, a do respeito.
É certo que deve haver sempre uma fronteira a observar, definida pelas leis do Estado e de uma moral de base partilhada pela generalidade das pessoas. Dentro deste perímetro é positivo passar do mero suportar ao esforço de compreender, ao diálogo paciente com o outro, à longanimidade no julgar, precisamente ao respeito.
Usos e costumes, visões do mundo, experiências culturais e religiosas podem ser semelhantes a um espectro de cores: cada um de nós deve ter bem firme a conceção que escolheu conscientemente, deve praticá-la e testemunhá-la com coerência.
Mas, ao mesmo tempo, é necessário conhecer e respeitar as perspetivas que não fazem explodir esse arco-íris, mas que são capazes de coexistir e exprimir-se juntamente com as outras.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi
Trad. / edição: SNPC
Sem comentários:
Enviar um comentário