Parece-me oportuno publicar este texto de Filipe d'Avillez que nos dá conta de uma Igreja que, no seu tempo, esteve lúcida em questões dos Direitos Primordiais do Ser Humano:
"A história da Cristandade está cheia de ordens religiosas curiosas e efémeras, mas poucas terão conjugado estes dois factores da mesma forma que os Frères Armés du Sahara.
Recuperando o (...) legado de ordens militares como os templários ou os hospitaleiros, os frades armados do Sahara tinham, contudo, um objectivo particularmente honroso: combater o negócio da escravatura que assolava aquela zona do continente africano.
A ordem nasce por iniciativa de um feroz anti-esclavagista e grande figura da Igreja no século XIX, o Cardeal Charles Martial Allemand Lavigerie, Arcebispo de Cartago e de Argel e Primaz de África.
Estudioso e amigo dos pobres, Lavigerie (1825-1892) apaixonou-se por África e pelo Oriente, aceitando a sé de Argel para desenvolver a sua missão de trabalhar com os mais pobres.
A necessidade de manter o equilíbrio religioso naquela colónia francesa, onde o Islão era a religião institucional, levou-o a agir de forma cautelosa, mas ainda assim foi capaz de ajudar incontáveis órfãos, que acolhia em aldeias que formava para o efeito. Nenhum seria baptizado a não ser que o pedisse ou que, sendo ainda criança, estivesse em perigo de vida, e os locais aceitaram-no sem contestação.
A necessidade de manter o equilíbrio religioso naquela colónia francesa, onde o Islão era a religião institucional, levou-o a agir de forma cautelosa, mas ainda assim foi capaz de ajudar incontáveis órfãos, que acolhia em aldeias que formava para o efeito. Nenhum seria baptizado a não ser que o pedisse ou que, sendo ainda criança, estivesse em perigo de vida, e os locais aceitaram-no sem contestação.
Os frades armados do Sahara foram criados em 1890 com o objectivo expresso de combater o negócio dos escravos, libertar os escravos que encontrassem, hospedar viajantes e auxiliar de todas as formas possíveis, inclusivamente pelo ensino, as populações locais.
Ao todo, 22 homens aceitaram o repto. Poucos para fazer uma verdadeira diferença, mas ainda assim o suficiente para que as autoridades questionassem o facto de existir no seu território aquilo que parecia ser o exército privado de um bispo. Sob pressão, a ordem foi desmantelada dois anos mais tarde.
Para a história fica mais este registo que abona em favor da Igreja no que diz respeito à luta pelos direitos humanos em África, e fotografias que ficarão para sempre no álbum dos episódios mais estranhos, e até românticos, do Cristianismo."
Ao todo, 22 homens aceitaram o repto. Poucos para fazer uma verdadeira diferença, mas ainda assim o suficiente para que as autoridades questionassem o facto de existir no seu território aquilo que parecia ser o exército privado de um bispo. Sob pressão, a ordem foi desmantelada dois anos mais tarde.
Para a história fica mais este registo que abona em favor da Igreja no que diz respeito à luta pelos direitos humanos em África, e fotografias que ficarão para sempre no álbum dos episódios mais estranhos, e até românticos, do Cristianismo."
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