Relatório inovador analisa realidade de LGBTs no Camboja
O Centro Cambojano de Direitos Humanos divulgou um relatório inovador no dia 9 de dezembro intitulado "Sair do armário no Reino: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no Camboja".
O relatório conclui que os cambojanos LGBT enfrentam desafios únicos, incluindo o ostracismo das suas famílias e comunidades, que muitas vezes leva a dificuldades económicas, bem como à discriminação por parte dos empregadores e autoridades.
O relatório argumenta que o conceito de homossexualidade do "Ocidente" não pode ser transferido directamente para o Camboja.
"A compreensão da sexualidade do Camboja vem do conceito de género, de caráter e de personalidade", diz. "O enfoque nesses traços de carácter e características visíveis exteriormente, em vez da orientação sexual, leva a que muitos cambojanos que são homossexuais não se identifiquem como tal."
Segundo o relatório o Budismo geralmente tolera a homossexualidade
"A homossexualidade, mesmo se vista como uma excentricidade, não atrai o tipo de reação agressiva como pode ser visto nas culturas cristã ou muçulmana", afirma. "O budismo em si não realça o valor do casamento ou da procriação. O casamento e a procriação são considerados positivos, se são baseados no amor e no respeito, mas podem ser considerados negativos se causam dor ou conflitos. Contudo, no Camboja, as pressões culturais, sociais e económicas ultrapassam os ensinamentos budistas sobre o casamento - os valores familiares são muito importantes e a pressão é enorme sobre os filhos e filhas para casarem e terem filhos".
"O comportamento sexual entre os jovens do sexo masculino é visto como experimentação inofensiva, desde que as mulheres permaneçam 'puras' até o casamento", afirma o relatório. "Uma indiscrição na juventude pode ser esquecida ou pode passar despercebida. É esperado que, eventualmente, os homens se casem e tenham filhos. Dado os papéis tradicionais de género, as mulheres têm menos capacidade de procurar relacionamentos com o mesmo género, comparadas aos homens homossexuais, seja em privado ou publicamente".
"O risco do ostracismo por uma rede de familiares próximos e as dificuldades económicas decorrentes da vida fora da rede familiar pode fazer com que as pessoas LGBT não vivam a vida que desejariam ou tenham de gerir as suas relações homossexuais em segredo", concluem os investigadores.
Um sentido de comunidade LGBT
No entanto, uma comunidade LGBT está a surgir no país. A celebração do "orgulho", que inclui workshops, filmes, exposições de arte e encontros sociais, começou em 2003. Quatrocentas pessoas participaram nos eventos em 2009.
Os organizadores do Orgulho formaram uma organização chamada RoCK para apoiar as pessoas LGBT e sensibilizar os cambojanos não-gay. A "cena" gay tem-se desenvolvido em Phnom Penh e Siem Reap.
E a "Internet tem permitido à população gay cambojana contacto com outros gays, aumentando assim sensibilização de uma comunidade LGBT mais abrangente, global e a possibilidade de interacção", pode ler-se no relatório.
A investigação, financiada pela Associação Sueca para Educação Sexual, pode ser descarregada em Inglês e em Khmer em http://www.cchrcambodia.org/.
por Rex Wockner, publicado em PortugalGay.PT, adaptação de rioazur
http://portugalgay.pt/news/211210A/cambodja:_relatorio_inovador_analisa_realidade_de_lgbts
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