Papa Francisco lamenta «escândalos» na Igreja e padres que dão alimento espiritual «envenenado» aos fiéis
«Muitos escândalos que não quero mencionar singularmente, mas todos os sabemos… Sabemos onde estão. Escândalos, alguns que obrigaram a pagar muito dinheiro: está bem! Deve fazer-se assim… A vergonha da Igreja! Mas estamos envergonhados daqueles escândalos, dessas derrotas de padres, de bispos, de leigos?», questionou, citado pela Rádio Vaticano.
Francisco apontou a escassez de oração como causa principal desses atos: «A Palavra de Deus naqueles escândalos era rara. Não tinham um laço com Deus. Tinham uma posição na Igreja, uma posição de poder, também de comodidade. Mas a Palavra de Deus, não».
«“Mas eu trago uma medalha”; “eu trago a cruz” (…) Sem a relação viva com Deus e com a Palavra de Deus! Vem-me à mente aquela palavra de Jesus por aqueles pelos quais acontecem os escândalos… E aqui aconteceu o escândalo: toda uma decadência do povo de Deus, até à fraqueza, à corrupção dos sacerdotes», afirmou.
«Pobre gente! Pobre gente! Não damos de comer o pão da vida; não damos de comer – nesses casos – a verdade. E até damos a comer alimento envenenado, tantas vezes», apontou o papa.
A seguir, Francisco retomou um dos versos do salmo bíblico proclamado nas missas desta quinta-feira: «Despertai, Senhor. Porque dormis?/ Levantai-Vos. Não nos rejeiteis para sempre./ Porque escondeis a vossa face?/ Esqueceis Vós a nossa miséria e tribulação?».
Baseando-se na primeira leitura bíblica da celebração, o papa interpelou os participantes sobre o seu relacionamento com Deus: «É uma relação formal? É uma relação distante? A Palavra de Deus entra no nosso coração, muda o nosso coração, tem este poder ou não, é uma relação formal?».
Quando os fiéis «não procuram» Deus nem se deixam procurar por Ele, sucede a «tragédia», após a qual o povo reza com as antiquíssimas palavras do salmo, que continuam hoje atuais: «Fazeis de nós o opróbrio dos nossos vizinhos/ a irrisão e o desprezo dos povos que nos cercam./ Fazeis de nós ocasião de escárnio para os pagãos/ e motivo para os povos zombarem de nós».
«Peçamos ao Senhor para nunca esquecermos a Palavra de Deus, que é viva, que entre no nosso coração e nunca esquecer o santo povo fiel de Deus, que nos pede alimento forte», disse o papa a terminar a homilia.
As declarações da Santa Sé em Genebra vão ser prestadas pelo arcebispo Charles Scicluna, de Malta, que durante cerca de uma década foi responsável por tratar judicialmente os casos de abuso de menores no Vaticano e implementar melhorias nas práticas, refere a Renascença.
Rui Jorge Martins
in SNPC a 16 janeiro2014
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