William Adolphe Bouguereau Dante and Virgil in Hell (1850) |
Todos sabemos que morremos... nem todos o aceitamos.
Ouvir falar da morte não é comum, muito menos popular. Divulgo uma série de conferências que me parecem interessantes, em que a história, as crenças e os mitos se cruzam e em que se traça o percurso de como se viveu e entendeu a morte... até aos dias de hoje.
Da lei da morte libertando...
A Culturgest, em Lisboa, realiza em janeiro o ciclo “Da lei da morte libertando”, conjunto de conferências proferidas por Paulo Mendes Pinto, diretor da Licenciatura e do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona.
«Possivelmente, há já alguns milhares de anos que somos o que hoje temos à nossa frente. Fisicamente, esta forma com que nos gostamos de designar enquanto duplamente sábios, sapiens sapiens, terá uns 200.000 anos. Há uns 40.000 anos que enterramos os mortos com flores. Nos últimos 5.000 anos fomo-nos “da lei da morte libertando”, desenvolvendo um conjunto de mitologias e de raciocínios que nos levou à imortalidade e a todo um grupo de crenças que hoje nos estruturam o pensamento.
Com a passagem ao Neolítico, ganhámos a nostalgia dos tempos anteriores que apelidámos de paradisíacos. O trabalho do cereal possibilitou um crescimento populacional, mas implicou uma “domesticação” que não foi apenas dos animais à nossa volta, também foi de nós próprios.
A partir desse momento, sempre buscámos o inalcançável. Seja nas mitologias da Suméria onde a Condição Humana nos surge quase ao nível do desumano, seja na Babilónia onde se começa a esquiçar uma ecologia em que tudo está interligado e dependente de uma imensamente marcante Criação.
Os mitos multiplicaram-se. As narrativas complexificam-se e os cleros consolidam-se. Inanna, Marduk, Baal, Melkart, Adonai e Javé são alguns dos momentos marcantes na construção das ideias centrais no mundo das religiões do Mediterrâneo. Mais que cultos, nestas realidades temos a construção dos próprios conceitos de divino, de deus, de salvação.
Neste percurso, que nos levará da Pré-História aos séculos em que emerge a nossa Era, os grandes deuses são depurações de ideias que resultam de milhares de anos a contemplar as estrelas à noite. Ao chegar próximo do nascimento dos monoteísmos, um deus já é um legado cultural muito além do que nos permite a leitura imediata das suas narrativas.
Nesse momento, uma divindade já não é ela mesma, é afinação de necessidades, de receios e de medos, mas também de desejos e de sonhos.» (Paulo Mendes Pinto).
Dia 5
A nostalgia do paraíso: o imaginário de um tempo sem trabalho e sem sofrimento
Dia 12
Cleros, hierarquias e reis: o caminho para a sociedade do Bronze
Dia 19
Nacionalismos, ecologia e salvação: o nascimento do indivíduo na Idade do Ferro
Dia 26:
Baal e El, ou Adonai, Eloim e Adonis: a junção eficaz das definições do divino
As sessões realizam-se às 18h30, no Pequeno Auditório. A entrada é gratuita, sujeita ao levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis, num máximo de duas senhas.
in SNPC
http://www.snpcultura.org/breves_da_lei_da_morte_libertando.html
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