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A 20 de Maio de 2010, a partir de uma reportagem da Página/12, traduzida por Moisés Sbardelotto:
A voz de outra Igreja
Doze padres de Córdoba, na Argentina, manifestaram-se a favor do casamento gay e questionaram a hierarquia católica. "Jesus jamais condenou os homossexuais", disseram.
Um grupo de 12 sacerdotes de Córdoba manifestou a sua posição favorável à lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo e criticou a hierarquia eclesiástica católica por citar o direito natural para rejeitar a reforma ao Código Civil que é debatida no Congresso argentino. "Citar a 'lei natural' para se opor a essa legislação é só uma posição intransigente, dura e congelada da realidade pretendida como 'natural', sem entender os complexos processos naturais", advertiram os religiosos, integrantes do grupo Sacerdotes do Terceiro Mundo.
Diante da meia sanção que o projecto de lei recebeu na Câmara dos Deputados e o início do debate no Senado, os padres consideraram que "aprovar, acompanhar e aprofundar" a iniciativa os "coloca no caminho do Evangelho de Jesus".
A opinião favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo foi difundida numa declaração chamada "Contribuições para o debate sobre as modificações à lei do casamento civil", que foi assinada pelo grupo de sacerdotes que é presidido pelo presbítero Nicolás Alessio, pároco de San Cayetano, da cidade de Córdoba.
Após lembrar que "Jesus jamais condenou nem mencionou a homossexualidade", os religiosos reiteraram que são a favor de "uma lei que permita que pessoas do mesmo sexo sejam 'casal' e vivam profundamente o amor e a sexualidade". Além disso, disseram entender a homossexualidade como "uma maneira distinta, diferente, diversa de viver a sexualidade e o amor".
Os sacerdotes, que integram a arquidiocese de Córdoba, estimam que "um legislador pode professar profundamente sua fé cristã e católica" e, por sua vez, "com total liberdade de consciência, pensar, definir e agir diferentemente ao que a hierarquia eclesial propõe".
"Jesus jamais condenou nem mencionou a homossexualidade. Enfrentou, sim, os soberbos, os que se acreditavam puros, os que tinham o poder opressor, os que escravizavam, os que humilhavam. Sempre pôs a lei a serviço de uma maior humanização e, sobretudo, dos proscritos, dos esquecidos, dos últimos", indicaram no documento.
Em declarações pela rádio, Alessio reconheceu que as opiniões do grupo se encontram "nas antípodas" do Episcopado. "Somos a favor de uma igualdade de direitos, do casamento, da família de homossexuais, da família gay", considerou. E defendeu que "os que não querem que o casal gay adopte 'filhos' é porque, no fundo, consideram que são doentes" e "partem desse preconceito".
"Mas se partimos da base de que são pessoas tão normais como você e como eu, porque não poderiam adoptar?", perguntou Alessio.
A Comissão Episcopal de Acompanhamento Legislativo, que é presidida pelo bispo Antonio Marino, tinha notificado sua "total rejeição" ao projecto aprovado pela Câmara, especialmente quanto aos casais do mesmo sexo poderem adoptar crianças.
A Comunidade Homossexual Argentina (CHA) elogiou o documento. "Deve ser muito reconfortante para os cristãos saber que existem outras vozes dentro da Igreja, que, pautados pelos mesmos evangelhos, tenham outra postura não discriminatória sobre o amor entre duas pessoas do mesmo sexo", ressaltou César Cigliutti, presidente da CHA.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32628
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