Encontramos prazer noutras coisas que têm a ver com o corpo e que também estão relacionadas com a parte biológica: comer, dormir, beber, defecar, etc. Seguindo as regras dos moralistas religiosos,
se só usássemos as fontes corporais do prazer para o “estritamente necessário para sobreviver como seres vivos ou como espécie” (como argumentam com a sexualidade)
então só deveríamos comer as calorias que fossemos gastar durante o dia e nem uma a mais, com os nutrientes necessários e sem nos preocuparmos com o seu sabor, o seu cheiro ou o seu aspecto. Mas os da hierarquia também se presenteiam com grandes comezainas que muitas vezes ultrapassam enormemente a quantidade calórica necessária para “sobreviver”, e isso dá-lhes um grande prazer. A maioria, aliás, tem excesso de peso ou obesidade. Porque é que, então, não vêem isto como pecado? Até onde é o limite da gula? Mas o seu humano tem esta capacidade de não apenas ingerir os alimentos mas desfrutar fazê-lo, e esta capacidade também lhe vem por via corporal (a língua, a boca e o olfacto foram desenhados para detectar os sabores e gozá-los). Por isso a gastronomia se desenvolveu tanto em todo o lado e ninguém viu nisso nenhuma causa de pecado ou perdição. Sob a mesma lógica também
teríamos de dormir estritamente as nossas horas, nem mais nem menos. Mas pelos vistos o ser humano não é apenas biologia, e passar do “estritamente necessário para sobreviver” não só nos afecta, como é o que nos parece mais próximo ao que é a nossa “vida normal”.
in Sexualidade e prazer
em castelhano no original
Sem comentários:
Enviar um comentário