A declaração surge em réplica ao comentário da jornalista Carmen Lara Saade em que refere a solidariedade e reconhecimento e o "encanto" da Revolução Cubana foi "cano abaixo devido à perseguição dos homossexuais em Cuba". Na prática nos últimos 50 anos os homossexuais têm sido perseguidos na ilha muitas vezes sobre a desculpa de serem "anti-revolucionários".
Fidel, que hoje em dia tem 84 anos, responde que sim, foram tempos de grande injustiça, "uma grande injustiça". Fidel alega que o que aconteceu foi uma reacção espontânea das fileiras revolucionárias com base na tradição... não eram só os negros, eram também os homossexuais e as mulheres discriminadas.
Mas a jornalista questiona quem foi responsável por deixar as coisas chegarem ao ponto que chegaram e que tiveram consequências na forma como o exterior vê hoje em dia o regime da ilha.
Fidel responde que "se há algum responsável... fui eu". Fidel explica que na altura a questão da discriminação dos homossexuais não estava no topo das suas prioridades. Estava "cercado" com questões políticas, guerra, crise de Outubro, o bloqueio. Até atentados à sua própria pessoa.
Mas Fidel lamenta não ter tomado uma atitude quando as coisas ficaram mais calmas.
Hoje em dia a situação começa a mudar rapidamente em termos institucionais em Cuba. Nos anos 90 foi descriminalizada a homossexualidade. Este ano foi assinalado pela terceira vez o Dia Internacional Contra a Homobofia, as questões específicas das pessoas transexuais também estão a começar a ser tratadas e já se fala no reconhecimento legal das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Mas ainda há muito a fazer para mudar as mentalidades depois de décadas de exclusão e perseguição sistemática.
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