A 5 de Junho de 2010, a partir de uma reportagem do jornal La voz, traduzida por Moisés Sbardelotto:
Bispo argentino adverte padres defensores do casamento homossexual
O arcebispo Carlos Ñáñez, de Córdoba, na Argentina, pediu que os padres se abstenham das suas manifestações em favor do casamento entre homossexuais. (...) O arcebispado, confirmou que Dom Carlos Ñáñez se reuniu a sós com cinco desses padres [ver mensagem anterior], entre eles Nicolás Alesio (autor do documento) e Víctor Acha (aderente da missiva), aos quais pediu que preguem a voz oficial da Igreja, que não aprova o casamento homossexual.
Uma fonte do arcebispado reflectiu que a Igreja Católica continua a ser uma "organização" que defende valores e tem posturas bem definidas sobre diversas questões, e aqueles que estão dentro dela aceitam essas "regras do jogo". Formalmente, foi-lhes pedido que entrem em sintonia com os ensinamentos da Igreja", acrescentou a fonte.
O comunicado que desatou a polémica foi redigido por Nicolás Alesio e apoiado por 15 sacerdotes em exercício.
"Foi-nos pedido que desmintamos as nossas declarações. É claro que não o faremos. Somos pessoas adultas, não nos têm de dizer o que temos que dizer ou fazer", afirmou Alesio e admitiu que "isso era de se prever numa Igreja que se fecha mais à pluralidade e à diversidade".
O sacerdote acrescentou: "Como grupo, muitas vezes opinamos em dissonância com as posturas da hierarquia. Sabíamos que, nalgum momento, não iriam tolerar isso. Mas chama-nos a atenção porque não está em jogo nenhum dogma de fé católica. É uma opinião da Igreja sobre uma instituição civil, como o casamento. Ela deveria estar mais aberta, porque isso tem a ver com toda a sociedade".
Alesio reconheceu que é a primeira vez que Ñáñez emite um decreto dessa natureza, no qual "nos adverte e nos pede que nos desmintamos".
O sacerdote completou: "… Temos como ponto assente o direito absoluto de pensar e dizer diferente do que a hierarquia pensa. O direito à diversidade não pode ser sancionado nem abortado. Queremos a possibilidade de uma Igreja fraterna e não uma Igreja autoritária".
Amor homossexual
Víctor Acha foi outro dos sacerdotes a quem Ñáñez chamou para ter uma conversa privada no arcebispado: "O bispo pediu-me que expresse a minha adesão aos ensinamentos da Igreja e indique as diferenças de posição que tenho em relação às afirmações do padre Alesio nessa nota, que assinei junto com outros sacerdotes. Eu manifestei que concordo com os dogmas da Igreja, mas que, sobre este tema particular, tenho uma opinião diferente da que a Conferência Episcopal manifestou", explicou.
"Eu disse a Ñáñez que a Igreja Católica pode fazer todas as argumentações sobre o valor e a riqueza do casamento heterossexual, mas o que ela não tem direito é pedir que a sociedade civil rejeite uma opção diferente. Na Igreja, podemos ensinar o que nos parece mais adequado, mas também temos que dar lugar para outras opções possíveis.
"Existem questões que são ensinadas pela Igreja que são opináveis, que evoluíram e, então, é preciso aprofundá-las para dar respostas mais adequadas. Não pode haver um critério único em questões que não são dogmáticas. Se me perguntam pela Santíssima Trindade, eu digo: Pai, Filho e Espírito Santo. Mas se me dizem que não pode haver amor entre duas pessoas homossexuais, eu digo: errado, pode haver amor, sim".
Diferentemente das expressões de Alesio, Acha negou que Ñáñez lhe tenha imposto qualquer sanção ou "admoestação". "O que o bispo me pediu também merece uma consideração profunda e detalhada. Ele espera que eu responda por escrito à sua carta e não me pôs nenhuma sanção. Na conversa, trocámos pontos de vista, na qual eu lhe disse que há muitos teólogos e moralistas que pensam o mesmo que eu", indicou.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=33551
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