Viver o Natal a partir do presépio
"Quando se fala de esperança, muitas vezes referimo-nos ao que não está no poder do homem e que não é visível. Com efeito, o que esperamos vai para além das nossas forças e do nosso olhar. Mas o Natal de Cristo, inaugurando a redenção, fala-nos de uma esperança diferente, uma esperança confiável, visível e compreensível, porque fundada em Deus. Ele entra no mundo e dá-nos a força de caminhar com Ele, Deus caminha connosco em Jesus, para a plenitude da vida; estar de maneira nova no presente, ainda que difícil. Então, esperar, para o cristão, significa a certeza de estar a caminho com Cristo para o Pai que nos espera. A esperança nunca está parada, está sempre em caminho e faz-nos caminhar.
Esta esperança, que o Menino de Belém nos dá, oferece uma meta, um destino bom ao presente, a salvação da humanidade, a bem-aventurança a quem se confia a Deus misericordioso. S. Paulo resume tudo isto com a expressão: «Na esperança fomos salvos». Isto é, caminhando desta forma, com esperança, estamos salvos, aqui podemos perguntar-nos se caminhamos com esperança ou estamos fechados, ou abertos, à esperança que ma faz caminhão, não só com Jesus. E uma bela pergunta a colocar-se.
Nas casas dos cristãos, durante o tempo do Advento, é preparado o presépio, segundo a tradição que remonta a S. Francisco de Assis. Na sua simplicidade, o presépio transmite esperança; cada personagem está imerso nesta atmosfera de esperança.
Antes de tudo notamos o lugar em que nasce Jesus: Belém. Pequeno burgo da Judeia onde mil anos antes tinha nascido David, o pastorinho eleito por Deus como rei de Israel. Belém não é uma capital, e por isso é preferida pela Providência divina, que gosta de agir através dos pequenos e dos humildes. Naquele lugar nasce o «filho de David» tão esperado, Jesus, no qual a esperança de Deus e a esperança do homem se encontram.
Depois olhamos Maria, Mãe da esperança. Com o seu “sim” abriu a Deus a porta do nosso mundo: o seu coração de jovem estava repleto de esperança, toda animada pela fé; e assim Deus escolheu-a e ela acreditou na sua palavra. Aquela que por nove meses foi a arca da nova e eterna Aliança, na gruta contempla o Menino e vê nele o amor de Deus, que vem para salvar o seu povo e toda a humanidade.
Junto a Maria está José, descendente de Jessé e de David; também ele acreditou na palavra do anjo, e olhando para Jesus na manjedoura medita que aquele Menino vem do espírito Santo, e que o próprio Deus lhe ordenou que o chamasse assim, “Jesus”. Nesse nome está a esperança para cada homem, porque mediante aquele filho de mulher Deus salvará a humanidade da morte e do pecado. Por isso é importante ver o presépio.
E no presépio estão os pastores, que representam os humildes e os pobres que esperavam o Messias, o «conforto de Israel» e a «redenção de Jerusalém». Naquele Menino veem a realização das promessas e esperam que a salvação de Deus chegue finalmente para cada um deles. Quem confia nas próprias, sobretudo materiais, não espera a salvação de Deus. As seguranças próprias não nos salvarão, a única segurança que nos salva é a esperança em Deus, ela que nos faz caminhar para o bem, com alegria e com alegria de se tornar feliz por toda a eternidade. Os pequenos, ao invés, confiam em Deus, esperam nele e rejubilam quando reconhecem naquele Menino o sinal indicado pelos anjos.
E precisamente o coro dos anjos anuncia do alto o grande desígnio que aquele Menino realiza: «Glória a Deus no mais alto dos céus e sobre a terra paz aos homens, que Ele ama». A esperança cristã exprime-se no louvor e no agradecimento a Deus, que inaugurou o seu Reino de amor, de justiça e de paz.
Nestes dias, contemplando o presépio, preparamo-nos para o Natal do Senhor. Será verdadeiramente uma festa se acolhermos Jesus, semente de esperança que Deus depõe nos sulcos da nossa história pessoal e comunitária. Cada “sim” a Jesus que vem é uma semente de esperança; tenhamos confiança neste gérmen de esperança, neste “sim” que nos quer salvar. Bom Natal de esperança a todos!"
Papa Francisco na Audiência geral, Vaticano a 21 de dezembro de 2016
Tradução de Rui Martins para SNPC
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