Os olhos de Maria
É deste órgão tão delicado e precioso que parte Santo Efrém, um dos maiores poetas síriacos (um historiador antigo informa-nos que teria composto nada menos que três milhões de versos!), que viveu no séc. IV, para entretecer um dos seus hinos marianos.
Ao olho imenso e irradiado de luz ele compara Maria, a imaculada Mãe do Senhor, atravessada, impregnada, transfigurada pela luz divina, precisamente porque nela está presente o Filho de Deus.
Na “Vida nova”, de Dante, o parágrafo de um soneto abre-se assim: «Nos olhos traz o Amor a minha dama». Certamente que o poeta pensava no amor humano, mas aquela maiúscula permite-nos imaginar livremente os olhos de Maria como brilhantes do Amor divino. Eles são uma epifania da luz e do amor, as duas célebres definições joaninas de Deus.
Na solenidade mariana que se celebra a 8 de dezembro, a Imaculada Conceição, o grande cantor da Síria convida-nos a descobrir a beleza dos olhos de toda a criatura, mas sobretudo daquela criatura única que foi a Mãe de Cristo.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi in "Avvenire"
Publicado pelo SNPC a 7 de dezembro de 2017
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