(1) Abuso espiritual & vício religioso, Matthew Linn, Dennis Linn e Sheila Fabricant Linn; Editora Verus, Campinas-São Paulo, 2000; páginas 76-77 e 136
Comungar ou não comungar?
4
"Durante anos segui literalmente a lei que recebessem a comunhão somente aqueles que reconhecessem a autoridade do papa, não fossem divorciados e não estivessem em pecado mortal. Eu negava a comunhão a uma parte do corpo místico de Cristo, embora afirmasse durante a comunhão que me tornava Um com o corpo de Cristo. Ignorei o facto de Jesus ter dado comunhão a Judas e de nós chegarmos como pessoas feridas, rezando: “Dizei uma só palavra e serei salvo.”
Hoje acredito que a Eucaristia é um sacramento de salvação para ser recebido em resposta ao amor de Deus, não como medalha de honra ao mérito do amor de Deus conseguido através de boas acções. O rebelde em mim quer deixar de lado a letra da lei e agir de acordo com uma lei de amor mais elevada (cf. Mt 22, 34-40).
Mas a criança responsável e obediente em mim tem medo de desconsiderar a lei. Sou tentado a obedecer por medo e acho difícil pôr de lado a lei e, com amor, convidar todos para a comunhão. Obedeço por medo, porque não quero arriscar ser censurado pelos bispos e outras autoridades da Igreja.
Como posso então amar com minha energia rebelde e, ao mesmo tempo, manter satisfeita a minha criança obediente e responsável?
Nos nossos retiros, quando me perguntam sobre a comunhão, cito duas regras, dizendo:
“Temos uma regra que não permite que eu publicamente convide a todos para receber a comunhão. Temos outra regra (eu sorrio) que me diz para não recusar comunhão a ninguém que venha recebê-la. Faça o que você acredita que Jesus quer que você faça.”
Aposto que pode adivinhar o que acontece. Rezo pelo dia em que essas regras farisaicas acabem por ser postas de lado. Até lá, isto é o melhor que posso fazer, porque ainda sou uma criança responsável em processo de cura, assim como é o resto da Igreja.
(...)
Ao longo dos séculos, quando os cristãos recebem a Eucaristia, as palavras permanecem as mesmas: “O Corpo de Cristo”, às quais a pessoa que comunga responde: “Amen”.
Santo Agostinho recordou às pessoas que comungam que “Amen” quer dizer: “Sim, eu sou”. Ao dizer “Amen”, o comungante faz a afirmação mais radical possível para um cristão, ou seja: “Sim, eu sou o corpo de Cristo”. Até o nome “cristão”, que vem de alter Christus (outro Cristo), declara: “Sim, eu sou o corpo de Cristo”.
Durante os primeiros séculos da Igreja, todos os cristãos, e não somente os padres, eram considerados e reconhecidos como aqueles cuja identidade mais profunda era aquela do alter Christus.
Porque a nossa mais profunda identidade é Cristo (cf. Gal 2, 20), a nossa resposta à lei canónica, à autoridade da Igreja ou a qualquer situação da vida reflecte o nosso verdadeiro eu, até ao ponto de podermos afirmar(...): “Eu fiz o que Jesus teria feito!”"
Por Teleny, in retorno (G-A-Y)
Ler no blogue:
parte 1 http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/comungar-ou-nao-comungar-eis-questao.html
parte 2 http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/o-ritual-social-e-individual-da.html
parte 3 http://moradasdedeus.blogspot.com/2011/02/eucaristia-e-conflito-interior.html
Sem comentários:
Enviar um comentário