Uma capela junto ao mar
Imaginámos a "Seashore Chapel" (Capela da Praia) como um barco antigo que há muito tempo está à deriva no oceano. O mar, retraindo-se gradualmente, deixou uma estrutura vazia, que ainda está na praia.
O espaço é dividido verticalmente. A parte exterior coberta torna-se para todos lugar de repouso na praia. É também um espaço que liga um lugar religioso à vida mundana. Quando a maré sobe, este espaço é submerso pela água: nesse momento, a imagem do barco que desliza emerge em relação à da capela.
A atmosfera, no piso superior, é intensamente sagrada e religiosa. A experiência espacial começa num percurso de 30 metros que conduz à capela. Aproximando-se gradualmente, a partir de uma fenda de 60 cm de largura colocada no centro das grandes escadas, emerge o sinal que indica do outro lado o espaço em que o edifício parece flutuar.
Com o fundo do oceano à distância, ao aproximar-se das escadas, atravessa-se o limiar e, rodando em torno das paredes perimétricas, tem-se a visão aberta para o oceano. A relação entre este espaço e o oceano é mais próxima graças à posição mais elevada. A vista é isolada da praia e das pessoas, de modo a deixar ao olhar apenas a imensidão do oceano.
Há poucas aberturas na capela. A única grande janela horizontal com vista para o oceano está na fachada oriental. A sua altura de 2,7 m ajuda a evitar a entrada excessiva luz para o interior, mas também a enquadrar a vista do oceano.
Alguns cortes estreitos entre as paredes também difundem a luz natural. A iluminação é cuidadosamente controlada num espaço interior com 10 m de altura que reflete luz difusa.
Na fachada oriental triangular, uma abertura ilumina docemente, de baixo e de cima, uma cruz. Outro canal horizontal na parte superior do telhado permite que a luz natural seja filtrada através de um espaço de 30 cm entre a parede dobrada a norte e o teto inclinado.
Ao meio dia, na primavera, verão e outono, quando a altitude solar é quase perpendicular, a luz projeta-se diretamente na parede norte, gerando um efeito vívido de reverberação luminosa.
O espaço parece adaptar-se à pessoa com as paredes laterais que envolvem o corpo e ampliam a perceção visual em direção ao oceano longínquo. O desenho da capela reflete o estudo da ventilação natural. Para manter o aspeto uniforme e contínuo no exterior, todas as janelas estão escondidas nos vazios formados entre o invólucro principal e as diferentes aberturas deslizantes paralelas às paredes.
A capela está ao serviço da comunidade turística na parte ocidental do novo bairro de Beidaihe. Para a comunidade é o espaço construído mais perto do oceano. Na capela, além de ritos religiosos, estão previstos vários eventos públicos e comunitários. Juntamente com a biblioteca Seashore, trata-se de lugares espirituais colocados diante do oceano, onde as pessoas podem abrandar o seu passo, experimentar a natureza e examinar a sua condição interior.
Localização: Novo bairro de Beidaihe, China
Arquitetos: Gong Dong (arq. principal); Vector Architects (gabinete de arquitetura)
Projeto e construção: 2014-15
Vector Architects In Thema
Imagens: ArchDaily
Tradução e edição: SNPC
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