Alexandra Lucas Coelho fala sobre o Papa
«Nas palavras escolhidas» pelo papa há «uma qualidade rara da própria palavra, do verbo resgatado à usura, ao abuso», assinala a cronista em texto publicado esta sexta-feira no portal Sapo.
Depois de referir que Francisco «é o primeiro papa» que ouve «como um contrapoder», ao tornar-se «uma voz visceralmente avessa ao capitalismo contemporâneo, a voz de um outro futuro», Alexandra Lucas Coelho escreve: «Não acredito num Deus mas acredito em Francisco».
«Quem já tenha estado no meio de uma multidão a escutar Francisco é testemunha de como este papa tem uma extraordinária capacidade empática, que vem da postura, da voz, da entoação, da proximidade, ou humanidade, que consegue pôr no que diz, sem nada soar a falso, ou a esforço», assinala.
Ainda que parecendo distantes de realidades específicas, as mensagens do papa contêm «uma força que só por si é ação» e podem ser aplicadas a acontecimentos particulares, como acontece quando evoca «um modelo de progresso já ultrapassado» que «continua a produzir degradação humana, social e ambiental».
«Mesmo para tudo o que este ano ardeu em Portugal estas palavras cabem, têm sentido, experimentem aplicá-las aos incêndios tal como eles se deram. Muito do mundo hoje, em todas as suas veredas, cabe nas palavras de Francisco, e essa não é a sua virtude menor. Encontrarmo-nos tantos, e tão diferentes, no que ele diz», aponta.
Alexandra Lucas Coelho manifesta a esperança de que Francisco «ainda venha a ser a pessoa que fará da Igreja Católica uma instituição menos injusta, mais à altura do papa que hoje tem. E como nessa nova imaginação sonhada por ele fariam diferença contrapoderes assim à frente de outras crenças».
Edição: SNPC
Fonte: Sapo
30 de Dezembro de 2017
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