Deus Cidadão e Cidadania Cristã
Na passada sexta-feira o Metanoia (Movimento Católico de Profissionais) promoveu um encontro dentro do tema Deus Cidadão e Cidadania Cristã. Lamentavelmente não o soube atempadamente para divulgar neste blogue, já que o tema me parece bastante oportuno para o teor do moradasdedeus.
O encontro foi preparado por três mulheres e congratulo-me por este estar a ser um ano em que o tema da homossexualidade tem passado o umbral das portas da Igreja em Portugal: recorde-se o encontro Fé e Cultura organizado pelos Jesuítas para o próximo dia 9 de Abril (ler mais aqui) e o Encontro do Lumiar (Na Fronteira de Deus e do Mundo), intitulado "Viver como cristão - a condição homossexual" no dia 8 de Janeiro (ler mais aqui, aqui e aqui).
Cito um texto sobre Deus Cidadão e Cidadania Cristã:
"Evangelizar um homem é dizer-lhe: “Tu és amado por Deus, no Senhor Jesus Cristo”. E não é apenas dizê-lo, mas pensá-lo realmente. E não é apenas pensá-lo, mas tratar esse homem de forma a que ele o sinta e descubra em si qualquer coisa de grande, qualquer coisa de maior, e assim desperte para uma nova consciência de si próprio – de filho de Deus e irmão de todos os homens. Isto é anunciar-lhe a Boa Nova!
Autor desconhecido
As nossas aproximações a muitos temas começam pelo amor concreto aos que nos são mais queridos. Na proximidade afectiva, ultrapassamos o desconhecido e vamos ao encontro do outro. O seu mundo torna-se-nos próximo, só porque é seu. E a realidade daquilo que vive, até então abstracta e obscura para nós, vem
iluminar o nosso olhar. Se reconhecemos no outro morada de Deus, no mesmo movimento em que nos convertemos [voltamos] para o outro, convertemo-nos [voltamo-nos] para Deus. Através do outro, Deus chama-nos a ir ao Seu encontro.Esta experiência é única, porque Deus faz-se presente em cada uma e cada um de nós, e nos chama a ir sempre mais longe. Comecemos pela proximidade afectiva, se nos for mais fácil no início, e não paremos por aí. O caminho é longo, mas o convite faz-se presente a cada instante.
No próximo encontro do Metanoia queremos trazer à reflexão o acolhimento das mulheres e homens homossexuais no seio da Igreja. Abordemos a possibilidade de as orientações da Igreja levarem, algumas vezes, a afastamentos e pertenças perdidas. Mas não fiquemos presos a essa possibilidade. Deus não se faz perdido nem distante, faz-se encontrado e próximo – em quaisquer circunstâncias.
O convite a esta reflexão é um convite à reconciliação e ao apaziguamento.
Tertuliano dizia que não nascemos cristãos, tornamo-nos cristãos. Mas não nos tornamos cristãos apenas no Baptismo. Tornamo-nos cristãos pelo acolhimento, pelo encontro com o outro. Só assim acolhemos a Cristo – cuja própria vida é uma sucessão de encontros. Acolher o desconhecido é também acolher a Deus no seu
mistério.
Procuremos ter sobre o outro um olhar reflexivo – que reflicta a Luz recebida. Ao procurar o olhar de Cristo, confiamos: Deus ama-me pelo que sou. O Deus cidadão convida – com vida – a uma cidadania cristã. Aos olhos de Deus possuímos a mesma dignidade e somos iguais. Deus não exclui, inclui. Deus não fractura, une.
Deus não divide, partilha.
Princípio da Igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de
qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo,
raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas,
instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.
Constituição da República Portuguesa, Artigo 13.º
Deus, que se faz igual através do Seu Filho, habita o princípio da Igualdade.
Importa viver o Amor enquanto encontro sério, compromisso de união e de partilha. O Amor não começa nem termina na conjugalidade – homossexual ou heterossexual – ou no celibato – também ele homossexual ou heterossexual. O Amor não começa nem termina na orientação sexual. O Amor começa e termina em Deus. É vivido no encontro. Na abertura ao outro. Nas nossas relações. Porque todos somos chamados ao Amor. Em Cristo.
Propomos que a preparação para este encontro comece por dentro, na procura do olhar reflexivo. E que prossiga com uma pesquisa de temas relacionados com o acolhimento das mulheres e homens homossexuais no seio da Igreja, com palavras-chave como: “homossexualidade e catolicismo”, “igreja católica e pessoas
homossexuais”. No site oficial do Vaticano, podem ser consultados os seguintes documentos oficiais: “Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre o Cuidado Pastoral das Pessoas Homossexuais”, “Considerações sobre os Projectos de Reconhecimento Legal das Uniões entre Pessoas Homossexuais”. Sobre uma
temática mais específica mas relacionada, a revista Viragem nº 52 inclui o artigo “Os homossexuais podem ser padres?”, de Timothy Radcliffe. (...)"
Mais sobre Metanoia – Movimento Católico de Profissionais:
metanoia.mcp@gmail.com
www.metanoia-mcp.org
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