Henri de Lubac
O padre Henri de Lubac foi um dos grandes teólogos do século XX e incorporou a chamada Nova Teologia. Em 1942 dirá numa lição que «toda a natureza é infinitamente vasta e um diverso símbolo através do qual a Face de Deus é misteriosamente refletida. Um homem é religioso ao ponto de reconhecer em toda a parte o reflexo desta divina Face, isto é, de que vive numa atmosfera religiosa».
Henri de Lubac passa a lecionar teologia fundamental, dogmática e história das religiões na Universidade Católica de Lyon, voltando assim a casa. Em 1940, face ao avanço das tropas alemãs, Lubac abandona a cidade de Lyon levando consigo um conjunto de manuscritos, entre os quais se encontrava o dossier sobre a sua obra maior “Surnaturel”. As primeiras anotações remontam a 1924, durante o seu noviciado na Companhia de Jesus. Os textos haviam servido, à época, como material para as conversas que mantinha com os seus companheiros aos Domingos. Seis anos depois, “Surnaturel” é melhorado com estudos posteriores. que constituiriam o volume final da obra.
O tempo que compreende a vida e obra do padre de Lubac situa-se durante um dos períodos mais violentos e confusos da história da Europa. É um tempo devedor do positivismo do século XIX, que teve nas figuras de Comte, Feuerbach, Marx, Nietzsche os seus expoentes máximos. A teoria acreditava na força do homem para forjar o seu próprio destino sem a influência da autoridade da religião e da superstição, concretizando cada vez mais o processo de secularização que a modernidade do século XVI havia aberto, mas agora sob o signo do ateísmo com o qual de Lubac se confrontará ao seu tempo.
Em “Drama do Humanismo ateu” (1944), de Lubac defende que muitos dos pensadores do século XIX, entre eles Marx e Nietzsche, têm em comum a rejeição de Deus, ou seja, que esta rejeição está na origem dos seus próprios sistemas, mas de Lubac considera que “onde não há Deus, também não há o homem”
No ano de 1949 escreve o artigo “Le mystère du Surnaturel”, que constitui um complemento a “Surnaturel”,para dissipar as dúvidas e ataques dos seus críticos, mas ninguém parece ter ficado convencido. No ano seguinte é aconselhado ao silêncio e a retirar-se do ensino. Mas mesmo durante este silêncio o padre de Lubac escreve, em 1956, uma das suas obras maiores: “O esplendor da Igreja”.
No ano de 1949 escreve o artigo “Le mystère du Surnaturel”, que constitui um complemento a “Surnaturel”,para dissipar as dúvidas e ataques dos seus críticos, mas ninguém parece ter ficado convencido. No ano seguinte é aconselhado ao silêncio e a retirar-se do ensino. Mas mesmo durante este silêncio o padre de Lubac escreve, em 1956, uma das suas obras maiores: “O esplendor da Igreja”.
Lubac é aconselhado ao silêncio não só pelo livro de 1946 e o artigo de 1949, mas também devido ao seu relacionamento com a chamada “Nova Teologia”, que outra coisa não visava se não o regresso às fontes (Escritura, Patrística, Liturgia), prestar atenção às influências filosóficas, a recuperação do universalismo, apenas para referir alguns aspetos. Contra esta ‘Nova Teologia’ estavam grandes nomes do pensamento católico teológico e filosófico do tempo, entre os quais se destacam os dominicanos Garrigou-Lagrange e Labourdette.
O padre de Lubac viverá este silêncio numa clara e respeitada obediência que durará cerca de uma década. Com a eleição de João XXIII, é chamado a participar, primeiro na preparação e depois como perito, no 2.º Concílio Ecuménico do Vaticano (1962-1965), dando o seu contributo para as constituições sobre a revelação divina (“Dei Verbum”) e sobre a Igreja no mundo atual (“Guadium et Spes”).
Após o Concílio, de Lubac continua a dedicar-se ao tema do “sobrenatural”, que resultará em 1965 no livro “O mistério do sobrenatural”, que recorda o artigo de 1949.
Em 1972 funda com von Balthasar e Joseph Ratzinger a revista “Communio”, e em 1983 o Papa João Paulo II nomeia-o cardeal, o primeiro não bispo depois do concílio. Morre a 4 de setembro de 1991, com 95 anos.
por L. Oliveira Marques
in SNPC
in SNPC
Sem comentários:
Enviar um comentário