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Teatro da Cornucópia apresenta "Morte de Judas", de Paul Claudel
O Teatro da Cornucópia vai levar à cena numa muito curta série de espetáculos um texto de Paul Claudel que, como acontece com toda a obra do autor toca em importantes temas de natureza teológica: o monólogo “Morte de Judas”, na tradução de Regina Guimarães.
Ao lado da cruz, imagem simbólica de uma História feita à luz da ideia de um Deus que se fez carne, num curto monólogo, Claudel mostra outro dos mortos daquela Páscoa, mostra outro madeiro, a figueira, onde Judas, o Apóstolo para sempre associado ao Mal, à Traição e ao Demónio, depois de trair Cristo, se enforcou. Inventa a fala do enforcado, faz o exercício de lhe dar voz, de, em oposição aos textos sagrados, contar a Morte de Cristo pelo ponto de vista de quem desencadeou toda a Paixão.
Ao contrário dos Evangelhos que mistificam a narrativa dos acontecimentos, Judas fala do lugar do Homem, e resgata a sua própria condenação moral com um ponto de vista exemplarmente dialético em que demonstra como a sua traição serviu Deus.
A figueira, árvore viva e de ramos em todas as direções torna-se no símbolo da crítica, da lucidez, do materialismo, do próprio "livre arbítrio", do próprio Homem, e opõe-se para sempre à cruz, madeira já morta, indicadora do caminho da salvação.
O resultado é um estranho e incómodo "objeto", o monumento a que o Mal não tem direito. Essa estátua ali fica para sempre e afirma, por outras palavras a frase popular: "Deus escreve direito por linhas tortas". E que é o Homem quem trabalha para Deus. Trata-se, no fundo, de uma resposta aos Evangelhos, sobretudo aos capítulos 26 e 27 de Mateus (cuja leitura integramos no espetáculo), trata-se de uma reflexão sobre a relação do Homem com o Deus do Cristianismo.
É o ator Dinarte Branco quem interpretará essa fala do enforcado. Trabalhou o monólogo em diálogo com Luis Miguel Cintra e Cristina Reis. E apesar de se tratar de um espetáculo para qualquer público, julgamos que tem especial interesse para um público católico e para quem assume responsabilidades dentro da Igreja. Sem que propositadamente para isso fosse preparado, não podia ser criado em melhor momento que o tempo litúrgico da Quaresma e ao mesmo tempo que o Papa publica novo livro sobre Jesus.
Os espetáculos, com a duração de 55 minutos, realizam-se nos dias 24, 25, 26, 27 e 31 de março e 1, 2 e 3 de abril, de quinta a sábado às 21h30h, e ao domingo às 16h00, no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa.
in SNPC
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