Maurice Blondel: o pensamento da ação
Diz-se que o seu pensamento filosófico influenciou a teologia contemporânea, bem como o próprio Concílio Vaticano II (1962-1965), uma vez que focou a relação entre a história e a verdade, entre o homem e a graça por meio de uma inclusão originária na qual o verdadeiro real é o sobrenatural, isto é, a comunicação com Deus. O ‘filósofo da ação’ como é muitas vezes designado Maurice Blondel foi sem dúvida um filósofo eminente do seu tempo, influenciando teólogos católicos como Maréchal, Lubac, Rahner.
O ano de 1861 via nascer no dia 2 de novembro um dos maiores filósofos católicos do século XX. Filho de uma família de sólida tradição católica, Maurice Blondel, estudou no liceu da sua terra natal, onde começou a desenvolver a sua vocação filosófica, que continuará na universidade, onde toma contacto com os clássicos do pensamento filosófico, mas também com o espiritualismo francês e com a filosofia de Kant. Contacta com a obra de Maine de Biran e com o pensamento de Leibniz. Da aproximação a este nasce a ideia para uma tese de licenciatura. Em 1881, aos vinte anos, Blondel entra para a Escola Normal Superior de Paris.
Em 1883, um ano depois de casar com Rose Royer, da qual teve três filhos, Blondel defende a sua tese na Sorbonnem intitulada “A Ação. Ensaio de uma crítica da vida e de uma ciência prática”.
Nesta obra, o autor desenvolve uma ‘filosofia da ação’, uma vez que a condução dos espíritos à verdade do catolicismo passava por uma argumentação em torno do caráter decisivo da ação, porque é na ação que se decide a resolução do problema da vida. Blondel desenvolverá uma fenomenologia da ação, no sentido do agir moral como sendo intrinsecamente religioso, pois na vida é necessário optar, sendo que esta opção é essencialmente religiosa.
Todavia a sua tese não teve grande aceitação da parte do júri por ser considerada pouco filosófica, pois faz uma apologia da prática religiosa de onde parte. Fica-lhe mesmo vedado o acesso a uma cátedra de Filosofia em Aix-en-Provence, a qual lhe será dada em 1897, após ter sido “Maître de Conférences”.
Não obstante a crítica, o trabalho foi acolhido pelo público e muito criticado, nomeadamente pelos pensadores católicos da época. Embora tenha sido reimpressa três vezes, Blondel proíbe a sua reimpressão, em 1915, por a considerar uma obra imperfeita e uma filosofia incompleta.
O filósofo francês procede à sua revisão - que nunca concluirá – articulando-a numa primeira trilogia composta pelos dois volumes de “La Pensée” (1934), por “L’Être et les êtres” (1935) e pelos dois volumes de “L’Action” (1936-1937). Segue-se uma segunda trilogia intitulada “La Philosphie et l’Esprit chrétien”, da qual apenas são publicados dois volume em 1944 e 1946.
Os críticos, tanto filósofos como teólogos, parecem não se entender sobre esta reelaboração de Blondel. Contudo, é inegável a contribuição do filósofo cristão da ação, para o pensamento filosófico e teológico do século XX. Maurice Blondel morre no dia 4 junho de 1949 em Aix-en-Provence.
por Luís Oliveira Marques
In SNPC
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