"Pátio dos Gentios" em contagem decrescente
O Vaticano apresentou esta sexta-feira, 18 de março, a sua nova estrutura para o diálogo com os não crentes, denominada “Pátio dos Gentios”, destinada a «derrubar» muros, segundo o presidente do Conselho Pontifício da Cultura (CPC), o cardeal italiano Gianfranco Ravasi.
«Crentes e não crentes estão em territórios diferentes, mas não se devem encerrar num isolamento sacro ou laico, ignorando-se ou, pior, lançando troças e acusações recíprocas, como desejariam os fundamentalistas de uma e outra parte», sublinhou o prelado na conferência de imprensa realizada no Vaticano.
O diretor executivo do “Pátio dos Gentios”, padre Laurent Mazas, recordou aos jornalistas que o “Cortile dei Gentili” vai ter a sua primeira iniciativa internacional a 24 e 25 de março em Paris, cidade escolhida por representar a «herança do iluminismo». Segundo os responsáveis do CPC, a iniciativa não quer ter um caráter neutro mas mostrar «testemunhos apaixonados» que consigam chegar a resultados e convergências.
A diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, o ex-primeiro-ministro italiano Giuliano Amato e o filósofo Jean-Luc Marion são algumas das presenças confirmadas.
Três colóquios sobre o tema “Iluminismo, religiões e razão comum” ganham destaque nesta «iniciativa de intercâmbio, diálogo e ação comum entre crentes e não crentes», promovida por indicação do Papa Bento XVI.
As conferências, que decorrem em espaços simbólicos do mundo laico, realizam-se na tarde de 24 de março (na sede da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), e no dia seguinte (Universidade de Sorbonne e Academia de França). Depois das sessões está prevista uma mesa-redonda no Colégio dos Bernardinos, edifício histórico do século XIII. A iniciativa inclui uma festa pensada para os mais jovens, designada “No pátio do Desconhecido”, que vai decorrer na catedral de Notre Dame, também na capital francesa, com música, espetáculos e um encontro de reflexão, seguindo-se uma vigília de oração e uma meditação.
Durante este momento, agendado para 25 de março, o Papa vai falar sobre o «significado e os objetivos» da iniciativa através de uma ligação em direto ao Vaticano.
O nome “Pátio dos Gentios” evoca o espaço com o mesmo nome que no antigo Templo de Jerusalém hospedava os não judeus.
O Conselho Pontifício da Cultura precisa que a nova instituição é «um espaço complementar para o diálogo inter-religioso, desenvolvido há muitas décadas, e constitui um compromisso da Igreja a longo prazo, que vai interessar a numerosas pessoas no mundo, crentes e não crentes».
O objetivo do “Pátio” é, segundo a Santa Sé, «contribuir para que as grandes interrogações da existência humana, sobretudo as de caráter espiritual, sejam verdadeiramente tomadas em conta».
O Vaticano assinala que, depois de Paris, as iniciativas do «Pátio dos Gentios» vão passar por Florença (Itália), Tirana (Albânia), Estocolmo (Suécia), Berlim (Alemanha), Moscovo (Rússia), Quebeque (Canadá), Praga (República Checa), Chicago e Washington (EUA).
O CPC, segundo as tarefas definidas em 1988 pelo Papa João Paulo II, tem como missão promover as relações entre a Santa Sé e «os cultores das ciências, das letras e das artes».
Octávio Carmo / SNPC
In Agência Ecclesia, publicado in SNPC
In Agência Ecclesia, publicado in SNPC
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